PROFECIA DA ADRIANA: em 10 anos verei você como seu: pacificado!…
O engano que nos possui é tão poderoso e sutil, que, entre tantas coisas, nos faz pensar e crer que o viver como se existe seja normal.
Desse modo existimos pensando que seja normal andar angustiado, inquieto, ansioso, aflito, devendo sempre…; nunca em paz; sempre sentindo como se estivéssemos perdendo algo ou sendo preteridos pelo nada ou pelo invisível…
Entretanto, não é normal existir em angustia, medo e pânico…
Sim, não é normal ser medroso, ansioso, panicado, assustado, como se viver fosse uma seqüências de perdas para o nada… ou para a morte.
Todavia, a fobia da morte que possui a todo homem como tirana e inimiga existencial número 1…, não deixa a alma ter um segundo de paz desde sempre…
Lembro de como mesmo na infância eu vivia tomado de ansiedades…
A vida era um paraíso e o menino era feliz, mas ansioso…
Minha adolescência foi um suco de ansiedade, angustia e desejo pelo “não sei o quê…”
Encontrei Jesus e achei o melhor álibi possível para a minha ansiedade: o fervor missionário e a existencialidade missional devedora…
Mas por Jesus valia ser ansioso… — cria eu contra o ensino de Jesus!
Jesus mesmo, todavia, dizia que era para não ser ansioso de COISA ALGUMA…
No entanto, no engano de ser sem mudar na essência, sem se deixar pacificar desde o fundo do ser, surgem as Martas do serviço a Jesus angustiado; porém serviço devoto e auto-justificado.
Sim, ao ponto de que as Martas enfrentam até Jesus para demandar que Ele torne as Marias ansiosas e “responsavelmente neuróticas” quanto elas…
Existe a piedade da ansiedade e da angustia…
E quem não embarca na missão como angustia e na angustia como missão, não encontra um lugar de estabilidade no ministério ou na vida de piedade eclesiástica…
A “igreja” diz, sem assim se pronunciar com palavras…: “Bem-aventurados os angustiados e preocupados com a ‘igreja’ e sua obra!…”
E a maioria dos “cristãos” existe assim…, sem jamais suspeitarem que a paz de Cristo não é um discurso e nem um marketing bom para persuadir as pessoas a crerem como nós, que anunciamos a paz e nunca a provamos na vida…
Vivi pelo menos 25 anos de ministério achando que era normal ter perdido o medo de morrer, ao mesmo tempo em que também era normal viver ansioso, preocupado e cheio de muitos e muitos trabalhos; posto que eu enchesse a vida até ao tampo, e ainda acrescentava o impossível…
Para mim a paixão por Jesus gerava uma angustia boa e valente…
Esta era a piedade de minha paixão não pacificada por Deus!
Hoje vejo no meu corpo as conseqüências do fato que ansiedade é ansiedade; e que não existe ansiedade ungida e nem abençoada; pois, somente hoje vejo que até meu cérebro ficou viciado nos circuitos da ansiedade; o que impõe de minha parte uma repreensão freqüente ao “programa” interior que por tantos anos “rodou” em mim, mas que precisa ser descontinuado para sempre…
Na realidade, foi no estado de vagabundagem com Adriana, nos dois anos de nossa lua-de-mel livre sem compromissos, que, pela primeira vez, relaxei de mim mesmo e de qualquer divida minha com a neurose da missão.
Um dia, vendo minha angustia depois do massacre, ela disse: “Hoje você está angustiado, mas em 10 anos verei você pacificado como o seu pai. Vejo sua velhice cheia de mais pacificação e paz ainda… Eu verei você assim, meu amor!” — me disse isto em dia que visitávamos uma casa que eu estava acabando de construir para morar depois do Dilúvio, mas que estava tendo que vender para financiar uma grande necessidade de um dos filhos…
Além disso, a morte do Lukas me curou de um monte de ansiedades…
Quanto mais dentro da realidade da morte e da eternidade, menos espaço ou sentido há para ansiedades…
Foi quando aprendi na pratica que eu não era o Deus de meus filhos; sim, no cuidado neurótico e nas culpas neuróticas que assumia a todo e qualquer equivoco deles na vida…
Aprendi mesmo que não os tinha sob controle do bem; e que cada um deles teria que aprender com Deus, posto que eu mesmo só houvesse aprendido as coisas essenciais com Deus mesmo; e com eles não seria diferente.
Então descansei…
Descansei deles e descansei do ministério…
Era para não andar ansioso de coisa alguma, e provando a paz de Cristo mesmo, ainda quando o dia seja de perplexidade ou tristeza…
Foi por isto que Jesus disse que nos deixava uma paz diferente daquele que o mundo oferece.
E disse que tal paz seria tão paz, que, no meio das aflições da existência ela continuaria paz!
Ora, onde há paz não há ansiedade…
Portanto, duvide de você mesmo se tudo estiver bem…, mas você estiver inquieto…
O normal, o sadio, tanto espiritual, quanto psíquica e organicamente é ter paz e viver sem ansiedade…
Ora, o único remédio para a ansiedade é a confiança no amor e no cuidado do Pai.
Somente no descanso no amor do Pai todos os dias a gente pode desviciar os nossos cérebros de anos e anos de condicionamento ansioso e neuroticamente endividado…
Sim, pois o normal de Deus para mim deve ser uma vida quieta e pacifica; contente e grata; feliz independentemente das circunstancias…
Se você não se sente assim, sugiro que você veja quais sejam os processos de “ideais vaidosos” de suas existência; e, além disso, sugiro que você preste atenção em quais sejam seus objetivos herdados das imposições das convenções deste mundo de coisas [incluindo a “igreja” e a “família”]; e mais: sugiro que você veja o que você usa a fim de camuflar piedosamente a sua ansiedade…
O normal vem de Maria. O normal deve ser encontrar a paz para sentar aos pés de Jesus e absorver a vida que Dele procede…
O mais não se justifica no Evangelho, nem como “serviço” a Jesus, como era o pretexto sincero de Marta.
No fim… — pouco é necessário; ou mesmo uma só coisa; e bem-aventuradas sejam as Marias que escolherem a boa parte; ou as Martas que se convertam à quietude…
Meu Deus! É tão boa a Tua paz!
Aleluia!
Caio
1 de agosto de 2009
Lago Norte
Brasília
DF