A ALMA PRESA ENTRE A NEUROSE E A PARANÓIA





A ALMA PRESA ENTRE A NEUROSE E A PARANÓIA




Não há nada mais horripilante para a alma do que ter que se fazer merecer aos olhos de Deus!

 

Também não há nada mais sedutor para alma que o poder fazer-se merecer aos olhos de Deus!

 

Aí está a alma: entre a Paranóia e a Neurose, em si mesma.

 

A queda nos plantou nesse chão psicológico da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal. Id e Superego — e “você” entre eles em conflito.

 

A Lei acentua ambas as “forças em conflito”, pois opera reforçando-as como tais.

 

Somente a Graça desmobiliza ambas dentro de nós, e isso na medida em que a pessoa se apossa, pela fé e com confiança, de Todo o Bem Já Realizado em nosso favor na Cruz e na Ressurreição de nosso Senhor Jesus Cristo.

 

Sem a Graça, não há terapêutica em nenhuma terapia. Haverá apenas análise, mas a cura só vem com a Graça que abraça e beija a verdade — e não despreza a alma após fazê-la conhecer-se.

 

Sem a Graça, quando a alma conhece a alma, isso gera psicose, mas jamais libertação. Verdade que liberta só é vista na Graça de Deus em Cristo!

 

Somente na Cruz minha autopercepção não neurotiza, pois na mesma medida em que eu me conheço, em igual medida conheço também o amor de Deus.

 

Ser honesto com a Queda é o caminho para ser honesto e franco com a verdade da Graça de Deus. Assim como abundou o pecado — seja como expressão visível, seja pela percepção interior —, assim também superabundou a Graça. Desse modo, em Cristo, o conhecimento do pecado pela Lei deveria nos remeter direto para a Lei da Graça.

 

Ora, isso só acontece se o coração não tiver justiças próprias. E não há como o coração ter desistido dos disfarces da justiça própria senão pela fé em que Deus é bom e haverá de aplicar sua Bondade sobre aquele que crê. Sem fé é impossível agradar a Deus, porquanto é necessário que aquele que dEle se aproxima creia que Ele existe e que se torna o galardoador de todo aquele que O busca.

 

Essa fé só opera como confiança na Graça de Deus.

 

Caio

 

Escrito em novembro de 2003