A IGREJA QUER ME CONTROLAR

 

—–Original Message—–


From: A IGREJA QUER ME CONTROLAR


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Sent: quarta-feira, 17 de março de 2004 16:03

 

Subject: Contato do Site – Confidencial



Caro Pr. Caio, paz e bem!

 

 

Antes de começar a relatar qualquer coisa, gostaria de parabenizá-lo e dizer que é uma grande honra falar com um homem de Deus como você!

 

 

Agradeço a Jesus por ter te capacitado a nos mostrar o verdadeiro sentido e propósito da graça de Deus.


Te escrevo este e-mail porque gostaria de compartilhar e desabafar com o irmão a minha trajetória cristã, e tudo o que venho aprendendo, sofrendo; e alegrando-me nestes breves três anos de entrega ao Senhor.


Tenho vinte e sete anos, trabalho com informática; fui encontrado por Jesus há três anos… e de uma forma um tanto incomum… através de um site na internet.


É verdade! Buscando respostas para as minhas neuroses existenciais em sites de Nova Era e Maçonaria, fui “encaminhado” pelo Espírito Santo a um site cristão que trata sobre maçonaria, nova era, nova ordem mundial e todas essas “curiosidades”.


Lá eu encontrei todas as respostas, não nos artigos que tratam destes assuntos, mas numa página cujo título é “Página da Salvação”, que expõe de maneira bem simples o evangelho de Jesus.


Depois de minha conversão, entrei em contato com o webmaster do site e ele me aconselhou procurar uma “Igreja Batista ou Presbiteriana”, porque as Pentecostais e Neo-Pentecostais estavam muito corrompidas e cheias de heresias.



Confesso a você que quando li o e-mail não tinha a menor idéia do que era batista ou pentecostal… mas segui o conselho do amigo e comecei a procurar uma, perto da minha casa, e encontrei uma… (eu omito o nome).

 

Tudo muito bom, tudo muito bem, lá estava eu congregando numa Igreja Tradicional.


Cheguei com a corda toda, super empolgado e querendo aprender tudo. Nesse ínterim, tinha uma noiva com quem estava prestes a me casar, e que não tinha se convertido. Ela estava se divertindo muito com essa minha nova “onda” de convertido, mas a diversão dela durou pouco tempo, pois como eu estava “pegando fogo”, caí logo nas graças do “pastor”, e fui me envolvendo nas atividades da igreja.


Com seis meses fui batizado, entrei para o ministério de louvor, e me matriculei em um seminário.


Foi aí que começou a minha queda e minha decepção.


Como eu estava super envolvido com tudo na igreja, fiquei muito próximo do pastor, que logo começou a me “aconselhar” sobre como continuar “servindo ao Senhor” da maneira correta; como deve ser a vida do cristão; principalmente daquele que “almeja o ministério” (eu achava que tinha recebido um “chamado” para ser pastor, e ele dava a maior força).


Não demorou muito ele começou a pegar no pé do meu noivado, porque eu estava “em jugo desigual” com uma “incrédula”.


Resultado: foi questão de tempo para meu noivado ir para o espaço!


Não sem primeiro, é claro, causar um imenso estrago em mim e em minha noiva, pois nos amávamos muito.


Depois do rompimento do noivado foi que eu “cresci” mesmo dentro da igreja…


O pastor me “aconselhou” a namorar uma “mulher de Deus” que tinha na igreja; me encaminharam para a liderança dos jovens, e em pouco tempo eu já era o “vice-presidente da mocidade”; ficava super orgulhoso da minha posição, confesso.


Foi aí que, atolado até o pescoço de atividades, desanimado e sozinho (o namoro com a tal “mulher de Deus”, não agüentei levar nem por um mês), comecei a “cair de rendimento”.



Passei a fazer menos cadeiras no seminário, já não tinha aquela empolgação toda (ficaria admirado era se mantivesse empolgação depois do furacão em que tinha me metido), e o pastor começou a me cobrar aquela disposição de antes.


Depois de um ano (seis meses sem a minha amada), ela se converteu, que felicidade eu tive!


Não preciso nem dizer que ela se converteu bem longe de nossa igreja, pois, com razão, ela não suportava o pastor por ele ter me manipulado para terminar o noivado.


Depois disso foi questão de pouco tempo para reatarmos o noivado, graças a Deus esse meu erro teve remédio, nós nos casamos no civil em fevereiro.


Apesar de minha felicidade por ter minha noiva de volta e dessa vez sem o “jugo desigual”, a pressão em cima de mim foi aumentando cada vez mais dentro da igreja.


O pastor achava que ela só tinha se convertido por minha causa, não por causa de Cristo, por isso começou a “cortar minhas asinhas” dentro da igreja.


Sem uma justificativa convincente, me afastou de todas as atividades e passou a me tratar de forma extremamente ríspida.



Junto com isso vieram as especulações dos outros membros, fofocas, afastamentos, comentários maldosos tipo: “Ele foi afastado porque está em pecado”.


E eu sem entender por que estava sendo tratado daquele jeito, pois me esforçava ao máximo pra “manter uma vida santa” e estava recebendo aquele tipo de tratamento dentro da igreja; como fiquei revoltado! (Minha noiva, nem preciso comentar que ela estava achando tudo isso, no mínimo, ridículo).


Confesso a você que fiquei muito decepcionado com o pastor, com a igreja e com a forma como fui tratado lá.


Depois disso, saí daquela igreja, tranquei o seminário e comecei a procurar um outro lugar para congregar.


Visitei algumas igrejas e percebi que não tinha muita diferença entre elas e aquela da qual eu tinha saído.


Isso me deixou extremamente desanimado. Durante esse tempo continuei buscando consolo em Cristo e na sua Palavra, foi aí que encontrei uma igrejinha bem pequena e comecei a congregar lá, e ajudar na escola dominical e pregação da Palavra.

 


Por enquanto continuo por lá, mas no meu íntimo continuo com aquela impressão de que as igrejas de hoje estão doentes, inclusive aquelas igrejas “Batistas e Presbiterianas” que o meu amigo me aconselhou a procurar.


Eu chamo essa doença de farisaísmo, e minha alma se entristece em constatar que essa epidemia é um caminho sem volta dentro das instituições ditas “Igrejas Evangélicas”.


No fundo do coração tenho vontade de parar de freqüentar “templos”; na verdade, a igreja não é aquele “templo” onde vamos todos os domingos; a igreja somos nós, as pessoas, e onde estiverem dois ou mais em nome de Cristo, lá estará Ele também.



Te agradeço por ler este meu desabafo, e gostaria de saber o que você acha do culto doméstico e se este tipo de reunião pode ser suficiente para o povo de Deus.


Mais uma vez obrigado por tudo o que tem escrito para nós.


Muito do que eu já sentia no coração foi confirmado através do seu site.


Continue firme, você nem imagina a bênção que têm sido os seus estudos para mim e, com toda certeza, para muitos irmãos espalhados por aí.


Um abraço,

 

 

 

 

Resposta:

 

 

 

Meu amigo: Graça e Paz!

 

 

Infelizmente não sei onde você mora, do contrário, tentaria ajudá-lo a encontrar uma igreja sadia. Diga-me de onde você é, e tentarei ajudá-lo.


Sobre reunir-se em casa, devo dizer que a fé em Jesus não se abrigou em nenhum “templo” até o quarto século. Portanto, por mais de trezentos anos os cristãos não tiveram nenhum templo, nem sentiram falta de nada; e mais: foi o tempo mais feliz que a Igreja já experimentou na História, apesar das muitas perseguições.


Quanto ao mais, infelizmente, é isto mesmo.


Pelo menos 85% das “igrejas” estão assim…


Umas, doentes de algo tão grotesco que não dá nem pra passar na porta.


Outras sofrem desses males intervencionistas, fruto do desejo de poder e controle.


Algo corrompeu a alma pastoral da maioria e, por conseguinte, também da comunidade.



Mas você não se converteu a uma “igreja”.


Você conheceu Jesus, e, por esse simples fato, se tornou Igreja.


Tenho um amigo muito amado e muito cristão que disse outro dia, que não leva mais as filhas a nenhuma “igreja”, a fim de que as meninas, adolescentes e críticas, não percam a fé.


Meu dilema nos últimos 30 anos sempre foi esse.


Pregava para milhões na televisão, no rádio, nos estádios lotados, em teatros, por meio de meus livros, revista, fitas, vídeos etc.; milhares se convertiam, pediam recomendação de uma igreja, eu indicava, alguns poucos se davam bem, mas a maioria dizia: Quero saber onde é que pregam a Palavra, conforme ouço você pregar, porque onde estou, é “outro evangelho”


Naquele tempo — até cerca de dez anos — ainda havia igrejas recomendáveis.



Hoje está brabo, como nunca esteve antes.


Até muitas das igrejas históricas entraram no esquema de controle de almas humanas.


É um inferno.


O Diabo agradece!


Fique na sua “igrejinha” e sirva aos irmãos lá.


Quanto ao mais, crie sua própria comunhão de irmãos.


Reúna-os para lerem a Palavra e orar.


Faça como Jesus e Paulo: passavam pela sinagoga; se bem recebidos, ficavam; se não, passavam adiante.



Nosso negócio é com gente, e não com Xerifes adoecidos e auto-intitulados de pastores.


Digo isso numa boa, sem amargura, como sempre disse.
Aliás, tudo o que lhe disse está escrito em muitos de meus livros. Deixarei de dizer essas coisas apenas quando as coisas mudarem.


Até lá, sinceramente, o que escrevi, escrevi.


Não desanime.


O amor de Cristo é maior que a doença da “igreja”.

 

 



Nele, que ajunta Seus filhos num único Corpo, em torno da Cruz,



Caio

 

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Resposta do amigo:


 

Pr. Caio, obrigado por responder a meu e-mail; suas palavras são cheias de sabedoria.

 

 

Respondendo à sua pergunta, moro em [disse onde] e, por enquanto, acho que o melhor mesmo é continuar naquela “igrejinha”, conforme você me aconselhou.


Ela ainda não está contaminada pela “Teologia Moral de Causa e Efeito”. Continuarei lá, orando e ensinando o verdadeiro sentido do evangelho e da graça de Deus, a fim de que a congregação continue sadia.


Um abraço,

 

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Minha resposta:

 

 

Amém, meu amado!

 


Pregue a Palavra da Graça de Deus.


Igreja é quem crê no Evangelho da Graça. Deles é o direito de primogenitura espiritual sobre essa Incomparável Confissão de Fé.

 




Nele,

 

 

Caio

 

17 de março de 2004

 

Copacabana

 

RJ