A MORTE, O TEMPO E A VIDA

 

A MORTE, O TEMPO E A VIDA

 

Sem a morte jamais haveria noção de tempo, e sem noção do tempo não haveria o valor da vida.

 

Adão existia como alma vivente. Mas apenas depois de comer da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal é que a vida ganhou para ele valor, pela morte.

 

O Caminho da Árvore da Vida só passou a ser uma Tentação depois da Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal.

 

Adão, antes de comer do fruto, não seria tentado com a oferta de viver para sempre.

 

Ele sabia, intrinsecamente, que existiria sempre.

 

Árvore da Vida, para ele, eram todas as árvores das quais comia no Jardim.

 

Mas a Árvore que prometia Conhecimento era uma tentação.

 

Conhecer como Deus.

 

Saber a diferença entre o bem e o mal.

 

Ser detentor da verdade por si mesmo.

 

Isso, sim, era uma tentação para quem, naturalmente, se sentia sempre existindo.

 

Daí, logo após o fruto ser comido, uma das primeiras providências divinas foi plantar um ser celestial com espada de fogo na mão impedindo o caminho para a autoperdição definitiva; ou seja: impedindo o acesso independente à Árvore da Vida.

 

Comer do fruto da Árvore da Vida não seria a vida eterna, mas a morte eterna.

 

E morte eterna é existência conhecida como eternidade.

 

A Árvore da Vida não gera vida eterna quando é roubada.

 

Ela somente trás vida eterna quando é oferecida.

 

Então, estamos falando antes de tudo acerca da consciência da morte.

 

Que horror?

 

Ora, não!

 

Num mundo caído, sem a noção do tempo, não há o valor da vida. E sem a morte, jamais haveria noção de tempo.

 

Então, eis que com a morte surge o tempo: o passado, o presente e o futuro!

 

A morte criou a percepção da história.

 

Hoje é dia 5 de agosto de 2003.

 

Já vivi 48 anos.

 

Quanto anos mais eu viverei?

 

Só Deus sabe!

 

Mas isto me imerge em profunda consciência histórica e faz desejar remir o tempo, ou contar os dias, ou quem sabe amadurecer para o que seja vida!

 

E aqui estou, com consciência de toda essa pequenez!…

 

E para quê?

 

Para agradecer Àquele que, por Sua Graça, transformou o mal em bem, e o bem em algo que somente Ele, de fato, sabe o que é para cada um.

 

Na Árvore do Conhecimento sabe-se na perspectiva coletiva aquilo que se experimenta como bem e mal, mas nunca para além daquilo que é bem ou mal para todos —conforme a percepção, sempre extremamente pré-condicio-nada.

 

Já na Árvore da Vida, o conhecimento é aquele da pedrinha branca: cresce para dentro, conforme o Templo de Ezequiel, e se particulariza num nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe!

 

Assim nos conta o Apocalipse quando faz tanto o fruto da Árvore da Vida como a Pedrinha Branca serem prêmios de percepção para aqueles que vencem pela perseverança de andar, pela fé, no Caminho.

 

O resto é apenas uma questão de tempo!

 

NEle,

 

Caio