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From: A SOBERANIA DE DEUS NAS CALAMIDADES
Sent: Sunday, September 18, 2005 11:21 AM
Subject: KATRINA, CASTIGO DE DEUS?
Querido Caio,
A Graça e a paz do nosso Senhor Jesus Cristo!
Sempre que posso visito o site. Gosto e concordo com muito do que você escreve.
Não apenas no site, mas, também em seus livros. Sou metodista e identifico muito da sua pregação e pensamento com Wesley. Pena que muitos metodistas esqueceram a centralidade de Cristo – revelação e encarnação da graça de Deus.
Quando li seu artigo “Nabucoterranova: é o nome do louco!”, mais uma vez fui edificado pela palavra profética (é, os profetas muitas vezes falam irados!).
Todavia, confesso que fiquei um pouco decepcionado sobre a indicação que você fez sobre a questão do Katrina e de New Orleans. Antes de mostrar a incapacidade dos E.U.A lidarem com um fenômeno da natureza, o que ficou estampado foi o descaso daquela nação com a população negra e pobre. Não sei se foi a sua intenção (creio que não), mas ficou implícito no seu artigo que aquilo fora um castigo de Deus sobre os E.U.A.
Ora, será que o Senhor aumentaria a injustiça?
Castigaria, ele, aqueles que mais são castigados pela injustiça por serem pobres e pretos?
Os ricos continuam ricos, voando em seus jatinhos, aumentando a pobreza, devastando o meio ambiente e tudo mais.
Teria Deus errado o alvo? Não posso crer nisso.
Que o Senhor, justiça nossa, continue te sustentando.
Gedilson, procurando discernir entre conhecer a “Doutrina da Soberania de Deus” e conhecer o Deus Soberano.
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Meu amado amigo: Graça e Paz!
“Ou julgais que aqueles sobre os quais desabou a Torre de Siloé eram mais pecadores do que os demais habitantes de Jerusalém? Eu, todavia, vos digo: se não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis” — assim falou Jesus, analisando um desastre, e a interpretação dos religiosos acerca de que a mão de Deus age conforme critérios morais de causa e efeito, o que Jesus fez parecer coisa de criança, porém sem dizer a razão.
O Deus soberano não dá explicações, e deixa os filósofos, os sociólogos da solidariedade, os teólogos, e todos os seres pensantes, em estado de perplexidade.
Minha pergunta:
Negros inocentes são mais importantes do que mulçumanos pobres e esmagados pelo terror oficial da Potestade americana?
Bush está vivo e Saddan Husein também. O mesmo se pode dizer de Bin Laden!
A questão é que nem sempre o juízo de Deus pune os “culpados” específicos de algo, mas, muitas vezes, usa a calamidade do pobre a fim de trazer juízo sobre os culpados “específicos”.
Uma simples leitura da Bíblia sem as “lentes-humano-divinas” do humanismo ao qual desejam fazer Deus refém, e, na melhor das hipóteses, o Patrono, revela que o Deus revelado nas Escrituras não está preso a tais conceitos de bondade e seletividade humana.
Você já chorou pelos filhos do heveus, jebuseus, amorreus, filisteus, e cananeus em geral, os quais foram dizimados pelos exércitos de Israel no passado?
Provavelmente tenha se sentido “desconfortável”, mas como foi “ordem divina”, e em favor de “Seu povo”, então, parece que do lado de lá só havia “monstros”, indignos da vida.
Ou você crê que “nas guerras do Senhor”, conforme o Velho Testamento, somente os maus morriam? Na realidade, o povo morre, enquanto a Soberania de Deus lida com os mandantes em outro departamento.
Jesus não deu nenhuma resposta a tais questões. Apenas tratou o mundo como ele era. Todavia, não tentou ser seletivo quanto às calamidades humanas.
A leitura do livro de Eclesiastes acaba com essa nossa visão de bem e mal na Terra. Isto porque, diz o Eclesiastes, a Terra é habitada pela injustiça. Tudo, não só é vaidade, como também vaidade é a tentativa de fazer Deus bonzinho para os bons e mauzinho para os maus.
“O que ocorre ao injusto, ocorre ao justo também”—diz o Eclesiastes.
Em cada indivíduo Deus tem um propósito único, razão pela qual não se pode ter uma filosofia do bem e do mal universal, posto que não sabemos nada sobre Deus e um homem; e, ainda, não teríamos como saber de modo algum, posto que a relação de Deus com os indivíduos é pessoal, e os aplicativos de Seu amor, muitas vezes, colhem inocentes em calamidades, visto que para Deus, a morte não é o que a morte é para nós. Para nós, nada há pior do que morrer. Para Deus, muitas vezes, nada há pior do que existir na Terra. Isto porque para Ele todos vivem.
Ninguém morre, meu irmão!
Deus é Deus! E isto o põe para além das coerências e explicações humanistas!
A leitura dos salmos parece abrir tal fato para além de nossa compreensão. Ele destrói povos; levanta reis e os abate; trás calamidades e as faz cessar; explode vulcões, e, paradoxalmente, envia estações de fruto…
As “testemunhas que clamam debaixo do altar” no Apocalipse, dizendo: “Até quando não vingarás o nosso sangue?”— são todos os que foram vitimas da soberania maldosa do homens, assim como também podem ser vítimas de catástrofes que os abateram no ato de se eliminar um mal maior, e que por eles não foi provocado.
Além disso, num tempo como o nosso, o que se pode discutir é apenas o descaso do Bush com os negros pobres americanos, os quais foram abandonados às águas, criando uma imagem de refugiados de Ruanda. Mas e os de Ruanda? Foram objeto de nosso humanismo e de nossas preocupações filosóficas acerca do mal?
A leitura também do Apocalipse mostra que no enfrentamento das Bestas e do Falso Profeta, multidões morrem, e a Terra toda geme.
O que nos leva a ter tais “conflitos”, é a nossa Teologia Moral de Causa e Efeito. Sim, porque nós, os monoteísta crentes num Deus pessoal, o imaginamos sempre exercendo juízo sobre a Terra de modo cirúrgico e seletivo, o que tanto não é conforme a Revelação, como também não se parece com a realidade.
O justo anda pela fé também porque não conhece os caminhos de Deus!
De minha parte, todavia, não tenho dúvida quanto ao fato que as presentes calamidades são produzidas pelos homens, pelo seu egoísmo, pela sua Síndrome de Torre de Babel, quando decidem usar a Terra como quintal.
Num mundo como o nosso, que polui a criação, a devasta, a estupra, a torna lixo, e trata a Terra como algo desprezível, Deus não tem que fazer nada.
Nesse caso, Sua Soberania é deixar a natureza seguir seu curso de revolta!
Nós somos nossos próprios juizes e nossas obras são nosso próprio julgamento e sentença. O que fazemos todos os dias, até quando ligamos nossos abençoados carros, geladeiras, ou viajamos de avião, numa dependência de morte em relação a combustíveis fosseis, etc…— é o que habita a presente base de nossas calamidades naturais, bem como é a razão de nossas guerras.
Hoje, a questão deixou de poder habitar o mistério teológico acerca de Deus, e, sem titubeio, nos envia para os homens, para nossas produções, para o nosso uso indevido das riquezas e energias naturais, e, sobretudo, é um juízo divino contra os que destroem a Terra.
Infelizmente, ou felizmente, o Apocalipse não trata do drama de indivíduos no bojo da calamidade, mas deixa claro que a calamidade é produção do homem, tanto em relação à sua tentativa de ser o Senhor da Terra, quanto também no que tange a desejar ser dono de tudo, inclusive de almas humanas.
Ah, meu irmão! Já sofri tantas coisas sem explicação humana, que tive que aprender que Deus não dá explicações!
Nem mesmo a Jó Ele deu explicações. E quando chegou a hora de falarem os dois, Deus não tratou do sofrimento humano, mas apenas evocou Sua Soberania, com os terríveis “onde estavas tu?”—dirigidos a Jó.
Na História, os pobres, os humildes e os fracos, são sempre os que morrem em razão das decisões dos poderosos. Por isto, deles é a Terra Por Vir (dos mansos) e também deles é o reino dos céus (dos humildes).
Os ilustrados e certos de que existe uma explicação para as coisas desta vida, são os que sofrem buscando fazer Deus palatável para os sabores humanistas.
Ele, todavia, abate a quem quer e levanta a quem deseja. Nele trevas e luz são a mesma coisa. Bem e mal procedem da parte do Senhor. Ele cria a luz e Ele mesmo faz as trevas.
Ele reina sobre tudo e todos. Crianças nascem e velhos morrem; jovens são levados no meio da vida, enquanto perversos morrem em velhice interminável.
Todavia, enquanto se pretende fazer da História o palco das justiças visíveis de Deus, fica-se em profunda frustração; ou também quando, a fim de aliviar a angustia, tenta-se criar respostas humanas para aquilo que por natureza transcende o homem: a Soberania de Deus.
Nossa visão é mais fechada do que as da viseira de uma mula!
Ele ama a Jacó e aborrece a Esaú. Ele cria até mesmo o dia da calamidade. E quem se levantará contra Ele?
O interessante disso tudo é que não vi em nenhuma matéria a população negra americana revoltada contra Deus. Mas vi os teólogos buscando uma “explicação”.
Para mim, tudo implica na Soberania de Deus, sobretudo aquilo que foge à compreensão!
A pergunta é: “Quem pecou?” A resposta é: Ninguém pecou; e, também, todos pecaram!
De modo que o que Jesus disse acerca das calamidades, volta com força esmagadora: “Mas se vós não vos arrependerdes, todos igualmente perecereis”.
Sou criatura, e Deus tem direitos absolutos sobre minha existência. De minha parte, apenas reconheço que Ele é Amor-Mistério; e, como conheço Seu amor, mas não discirno Seus mistérios, apenas me agrado Dele em todos os Seus caminhos!
O justo vive pela fé sobretudo onde não há explicações a serem dadas!
Mas que os presentes ventos já sopram o inicio do vendável do juízo de Deus sobre a humanidade e sobre o Planeta que nós estamos destruindo, disso, amigo, não tenha dúvida alguma.
Mas, como disse, Deus nunca foi e jamais será “politicamente correto”, muito menos humanista, posto que Ele é Deus.
Receba meu beijo carinhoso!
E aqui quem fala não é um teórico, mas um homem que já deixou de entender muita coisa, e que ainda no dia de hoje chora a saudade de um jovem filho de 22 anos, e que se foi sem nenhuma explicação.
Nele, que é Deus Soberano,
Caio
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From: “GEDILSON OLIVEIRA DOS SANTOS”
Sent: Monday, September 19, 2005 7:20 PM
Subject: A SOBERANIA DE DEUS NAS CALAMIDADES
Querido Caio, Graça e Paz!
Obrigado por sua resposta, esclarecedora e humana. Sinto-me, mais uma vez, edificado.
Não são poucas as vezes que fico perplexo com tantos acontecimentos inexplicáveis. Reconhecer a soberania do Deus soberano é sempre o caminho para encontrar a graça do Deus da graça. Durante cerca de dois anos não conseguia aceitar o falecimento de minha mãe, vitimada em 1994 por um câncer de mama. Ela era uma mulher essencialmente do evangelho. Por isso, era difícil aceitar que Deus permitira a sua morte. Cria que por ela ser quem era e porque toda a família orava com fé, Deus não teria outra atitude a tomar. Ele tinha que curá-la. A morte me deixou perplexo.
Como pôde Deus deixá-la morrer? Como não ouviu nossas orações? Não sabia quem era ela? Estas perguntas me angustiaram. Até que um dia, o Deus da graça me ensinou sobre Sua soberania, através do meu avô materno: De quem é a sua mãe? – perguntou ele. De Deus! – respondi. Quem a levou? – perguntou novamente. Deus!!! – respondi chorando. Então! Por que questionar!?
Nele, que traz à memória aquilo que nos dá esperança!
Gedilson
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Meu querido amigo: Graça e Paz!
A razão pela qual mencionei meu filho, Lukas, que partiu para Deus, é porque sinto que muitas vezes tais angustias vêm de traumas pessoais.
Outro dia um amigo me mostrou um funcionário da empresa dele, o qual é cristão, e, a pouco tempo, perdeu sua mãe, também cristã.
Meu amigo me disse: “Olha aí! Diz que tá com raiva de Deus por Ele levou a mãe dele! Eu perguntei: Escuta, você crê que foi Deus, Deus mesmo, o Deus verdadeiro, o Deus que Jesus chamou de Pai aquele que levou sua mãe?” O rapaz respondeu que sim. Então meu amigo disse: “Que bom, né? Já pensou se fosse o Coisa Ruim que tivesse levado ela?” O moço não teve o que dizer!
O fato é que nossa fé em Deus é baseada na Teologia Moral de Causa e Efeito. Significando que toda calamidade deve ter alguma razão que a justifique ou explique.
Essa era a “teologia dos amigos de Jó”, os quais insistiam que Jó lhes confessasse o seu pecado; posto que para eles somente um “justo dissimulado”, e que escondesse grandes e perversos pecados, é que poderia ser objeto daquelas dores e juízos.
Mas Jó os resistiu firme, e negou-se a fazer a confissão de pecado que dele demandavam “seus amigos”.
Se Deus é Deus e é amor, então, meu irmão, a fé sabe que por trás de tudo o que não se compreende há um bem maior. Mas nossos olhos são cegos demais para ver amor naquilo que ceifa a vida e produz morte física.
Receba meu carinho e amizade!
Nele, que é o Logos, o Sentido de nossa existência,
Caio