—–Original Message—–
From: ACHEI QUE AMAVA, MAS NÃO AMO…
Sent: sexta-feira, 9 de julho de 2004 15:31
Subject: O amor acaba?
Prezado Pastor,
Quase passei por uma separação… Eu não queria mais a união, pois julgava que não o amava mais. O certo é que quando casei, pensava que o amava. Hoje, com mais de 13 anos de casada, e com filhos, percebo que não se trata de amor “homem-mulher” o que nos une.
Ele me disse, à época da quase-separação, que se eu não o amo hoje, é porque nunca o amei, e se nunca o amei, então os filhos gerados são frutos do amor somente dele, e de um amor impuro de minha parte (coisa desse tipo). Isso angustiou muito minha alma, pois amo muito meus filhos e sempre os amarei.
Por favor, me responda, quando puder. Na minha alma ainda há muitas angústias e interrogações quanto a esse assunto. Procurar qualquer conselheiro nesse momento traria a ele muita insegurança, e receio quanto aos meus sentimentos por ele.
Abro meu coração a Deus somente, e, nesta oportunidade, a você, Pastor, que apesar de não o conhecer pessoalmente, tenho a liberdade de abrir a alma com a certeza de que há carinho e sinceridade em cada palavra. Então pergunto:
– é possível casar-se pensando que amava o cônjuge e depois, com o tempo, ver que o amor era só amizade e companheirismo?
– o amor pode se transformar de amor a amizade ou é porque nunca se amou de verdade? pois quem ama, ama!?
– os filhos são sempre fruto de amor?
Muito obrigada, desde já.
Em Cristo,
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Resposta:
Amada amiga: Graça, Paz e Amor!
Não, o verdadeiro amor nunca acaba. Mas pode mudar de fisionomia com o tempo. Entretanto, ele sempre é amor, e sempre busca o bem do outro. Na relação homem-mulher é mais complicado, visto que além do amor fraterno, se demanda que haja desejo e vontade de viver com o outro.
E é aí que os desníveis mais se manifestam. Isso, porque se o amor não tiver todas as sintonias — mental, psicológica e física — um dos dois, ou os dois, se sentem num “jugo desigual” do ponto de vista afetivo. Nesse caso, aquele que ama e se satisfaz no amor que sente, se mostra ressentido quando descobre que o outro não está casado em todos os níveis.
Geralmente requer-se de pessoas muito jovens que tomem decisões para o resto da vida, numa época em que a pessoa nem sabe o que quer, muito menos o que a vida é.
No meio cristão fica ainda pior, em razão da “tirania do casamento”. Dois jovens cristãos namorando mais de dois anos, já se sentem obrigados a casar, até porque a “igreja” começa a querer saber se eles estão tranqüilos — não se casando — porque estejam fazendo amor (o que se considera um grande pecado, uma “impureza”).
Assim, a fim de resolver uma questão “social” e “religiosa”, dois jovens se casam para descobrir, muitas vezes, algum tempo depois, que não se amavam daquela forma que faz um casamento feliz. Aí então começa o sofrimento…
Quanto às suas perguntas, eis o que penso:
1ª – É possível casar-se pensando que amava o cônjuge e depois, com o tempo, ver que o amor era só amizade e companheirismo?
Resposta: Sim, e pelas razões que eu mostrei acima. Especialmente no meio cristão, e em razão daquilo que chamo de a “tirania do casamento”. É comum acontecer isto. Nesse caso, a pessoa que “descobriu” isto acerca de si mesma, tem que dar um tempo e não pensar que isto deva ser resolvido com pressa. Muitas vezes é apenas um tempo de reajuste na relação, vindo depois algo novo.
Todavia, se houver o melhor coração e, ainda assim, nada mudar, então é forte sinal de que a percepção não está equivocada. Ora, uma vez que este seja o caso, a pessoa tem que decidir se separa-se, ou se fica.
Digo isto, porque certos casamentos podem até não ser lá essas coisas, mas certas separações podem ser catastróficas. Há casamentos que funcionam melhor do que a separação. Cada um tem que discernir seu próprio caso.
2ª – O amor pode se transformar de amor homem-mulher em amizade? ou será assim por que nunca se amou de verdade? pois quem ama, ama!?
Resposta: Muitas coisas podem fazer com que o sentimento mude de forma e de expressão.
3ª – Os filhos são sempre fruto de amor?
Resposta: Mesmo que os cônjuges não se amem como homem e mulher, isto nada tem a ver com os filhos. Os filhos do amor não são os que foram gerados numa relação sexual apaixonada, mas são os filhos que a gente ama. Filhos são fruto do amor de cada coração que os ama, mesmo que os progenitores não se amem como homem e mulher. Os filhos não dependem do fato dos pais se amarem, a fim de se sentirem amados. Filhos se sentem amados quando são amados. É só isto!
Ora, não se sinta culpada por não amar seu marido como você gostaria. Ninguém manda nessas coisas. A gente pode amar o inimigo, mas Jesus não pediu que se o amasse de modo romântico. O amor romântico acontece só quando acontece, e ninguém tem o poder de ordenar que ele apareça.
Escreva-me, dizendo em que pé que a situação está. Uma separação depende de muita coisa. Um casamento também. E neste caso, ninguém deve ficar casado apenas porque um dia casou, e nem se separar apenas porque descobriu que não ama com o amor que outro pede. Deve haver muita ponderação. Do contrário, calamidades podem acontecer.
Mas não havendo meio de convívio, ou havendo muita dor no convívio, melhor é se separar em paz e com todo respeito e amizade.
Receba meu carinho e minhas orações!
Nele, de Quem somos todos noiva,
Caio