—– Original Message —–
From: ACHO QUE ESTOU VIRANDO PEDÓFILO!…
Sent: Thursday, May 07, 2009 6:31 AM
Subject: Pornografia e Pedofilia…
Pastor,
Escrevo esse e-mail porque eu estou numa situação horrível; situação sobre a qual Jesus disse: “Qualquer um que fizer tropeçar a um desses meus pequeninos, melhor seria que
amarrasse uma corda ao pescoço e se suicidasse.”
Eu só não me suicido, porque eu ainda tenho esperanças de que eu possa ficar curado disso e ter uma vida normal e cristã.
Vou contar minha história pra você me entender melhor.
Eu moro numa cidade do interior do Sul; tive uma infância ótima até o dia em que os meus pais se separaram.
Meu pai deixou minha mãe por outra (o casamento deles não era lá essas coisas) — e eu, minha irmã e minha mãe ficamos na cidade enquanto meu pai foi embora com a outra para a capital. Meu pai continuou com contato conosco, pagando pensão e tudo o mais e vinha me visitar sempre que podia, nunca deixei de ter contato com ele, tanto que hoje eu moro com ele por causa da faculdade.
Meus problemas começaram quando minha mãe se casou novamente; ela casou com um farmacêutico da minha cidade natal e ele era bem desregulado, bebia e era um pouco violento; embora eu não saiba se ele chegou a bater na minha mãe com certeza, mas mesmo assim ele possuía comportamentos violentos.
As filhas dele também vieram morar conosco e eu acabei tendo “intimidades” com uma delas, na época eu devia ter uns 8 para 9 anos ou menos, e elas tinham praticamente a mesma idade.
Vi meu primeiro filme pornográfico quando nós nos mudamos pra cima da farmácia do meu padastro e, depois disso, mesmo com 21 anos hoje, nunca deixei de assistir filmes eróticos e me masturbar vendo isso.
Mas meus problemas com pornografia nunca foram só isso! Acabei tendo intimidades com uma das filhas de meu padastro, mesmo sendo novos e tal… Crescemos juntos e, às vezes, a gente “brincava”, se é que você me entende… Não cheguei a penetrá-la, mas uma vez eu fiz ela gozar…
Fizemos assim, simulando sexo oral nela…
Fora o fato que meu padastro tinha brincadeiras estranhas e uma vez ele acabou tirando minha calça e molhou o dedo dele e “brincou” com o dedo…
Você sabe onde em mim…
Nunca senti tanto nojo dele na minha vida; odiei aquilo, pastor; eu nunca contei isso pra ninguém…
Nesse tempo meu padastro acabou se convertendo(?) e mudou muito seu comportamento; e isso chamou minha atenção. Começamos a freqüentar a igreja e essas coisas… E, com o tempo, eu conheci um pastor, do qual sou amigo até hoje; e que praticamente me “adotou”, já que eu vivia meio desregrado na época, e acabei me convertendo também; isso foi em 2001.
Pastor! Foi uma maravilha e mudei muito, me tornei uma pessoa feliz e com o vazio existencial completamente preenchido; vivi aquele tempo completamente apaixonado por Jesus; orava todo dia, de madrugada e essas coisas do “primeiro amor”, como alguns gostam de rotular.
Tinha um problema que ainda me perseguia no entanto: a pornografia e seus servos… Além do mais, essas paradas de eu simular sexo oral na filha de meu padastro foi tudo depois de me converter…; e pior: o vício da pornografia, depois de um tempo parado devido a minha conversão, voltou com uma força incontrolável alguns anos depois, mais ou menos uns 2 anos depois, tempo esse que alguns dizem que eu havia esfriado.
Pastor, depois desse tempo, a minha situação só piorou, e de abismo em abismo, fui caindo nessa porcaria de vício até o ponto de eu fazer algo que, pra mim, nem um porco endemoninhado faria: cair em pedofilia… (já conto essa parte…)
Mesmo eu sabendo que era pecado a pratica da masturbação olhando pornografia, eu nunca consegui parar; é pior que drogas isso!
Desde 2003, mais ou menos, que eu tenho esse problema… E hoje, com 21 anos, eu ainda tô nessa…
Uns tempos atrás eu orava todo dia pedindo perdão pra Deus sobre o que eu olhava na Internet, mas quando chega outro dia, lá estou eu de novo… Uma vez eu me masturbei dentro de uma locadora! Tinha um espelho na seção pornográfica e o guarda chegou pra mim e disse: Tem mulher aqui, não pode se masturbar aqui não… Por favor, retire-se.
Aonde eu iria enfia minha cara??!!
Depois, quando eu saí, chorei de vergonha pelo o que eu tinha feito e pela situação e abismo em que eu tinha chegado, mas não adiantou nada… E o pior: tudo isso crendo em Jesus! Tudo isso com o “titulo” de evangélico ou crente… Isso me esmagava todo dia e ainda me esmaga… Mas o pior ainda tava por vir.
Depois ter terminado o ensino médio, fui fazer faculdade e morar com o meu pai, e todo dia pedindo perdão pelo pecado que eu não conseguia largar… Até uma vez eu fui de férias para minha cidade natal e fiquei na casa da minha vó, onde minha prima de 8 anos também morava lá… Estava tudo bem até que de noite, senti um desejo enorme de me masturbar (como acontece toda a vez que sinto vontade de ver pornografia, se eu estou num lugar onde não tem uma “fonte”, de alguma forma eu busco alternativas, como no caso da locadora ) ou de ver algo pornográfico para que eu pudesse aliviar uma tensão estranha que sinto quando eu não me masturbo…
Foi quando eu vi minha prima de oito anos deitada… Eu nem sei como dizer isso, eu simplesmente vou dizer: Fui lá e comecei a passar a mão nela e simulei penetração nela, tudo isso com as calças dela arriadas… Depois eu parei, botei as calças dela no lugar, e voltei pro meu quarto; e, como todas às vezes, o arrependimento e consciência só vêm depois que o “carnaval” termina… Depois disso eu caí em mim (não, eu não estava inconsciente, sabia o que eu tava fazendo) e fiquei completamente neurótico e culpado (lógico: que cristão não ficaria?).
Voltei para a cidade e começou um turbilhão de culpas (verdadeiras)… Não conseguia dormir mais, comecei a pensar em suicídio seriamente, dúvidas da minha salvação e conversão eram constantes; não podia ler a bíblia de tão grilado que eu tava, principalmente Hebreus naquela parte que fala daqueles que caíram e que era IMPOSSIVEL voltar… Na verdade, a vontade de suicídio era justamente por causa disso. Eu fiquei igual a Saul, querendo achar Deus de todas as formas, queria que Ele falasse comigo qualquer coisa, nem que fosse através de algum profeta ou cigana, nem que Ele falasse que eu não tinha mais jeito e que de fato eu já tava caído… Qualquer palavra Dele seria o suficiente apenas para eu ter certeza que de fato não havia mais esperanças…
Depois desse tempo achei teu site e comecei a lê-lo. Hoje eu entendo o Evangelho da Graça e também sei que eu não tenho barganhas nenhuma para fazer com Ele… Mas ainda…, pastor, não consegui deixar a masturbação e pornografia pra trás; e pior: …ultimamente andei entrando em sites de pedofilia ou que mostram meninas de
Depois de afirmar tudo isso, como posso dizer que sou filho de Deus pastor?
Eu digo que creio no Evangelho e entendendo ele bem, mas quando olho pra dentro de mim eu vejo coisas contrárias que Deus deseja. Tenho sentimentos completamente anticristãos e fiz coisas de porco endemoninhado, mesmo “sendo” crente!
Pastor, se eu não tenho barganhas a fazer com Deus em relação à salvação, mas o que eu posso fazer pra me livrar desse inferno psicológico, das culpas (verdadeiras e não-neuróticas, pelo fato de eu ter cometido e visto coisas de pedofilia sendo cristão), dos sentimentos anti-sociais, da estranhice ou nerdice (me tornei nerd) que me afasta de um relacionamento saudável com as mulheres (quando passa uma mulher gostosa eu acabo olhando) — o que eu faço!?
Me converter?…
Sabe, às vezes, eu vejo os crentes mandando os outros se converterem, como se a pessoa virasse Jesus depois disso.
Eu “me converti” em 2001 e eu te confesso pastor: foi a melhor temporada da minha vida os 2 anos seguintes a esse, eu freqüentava vigília, orava o máximo que eu podia com toda vontade, era totalmente sociável e tocava na banda da igreja e tudo o mais.
Por mim, eu me considero “convertido” embora depois de todas essas porcarias que fiz, eu já não saiba mais de nada… A única coisa que quero agora é me livrar desses sentimentos e vício e seguir o Caminho que Jesus falou, levando minha cruz.
Sinceramente, eu quero viver o Evangelho tal como você fala pastor Caio: com sinceridade, não querendo ser maior que ninguém, ser de fato e não parecer que é, amar as pessoas boas e ruins, fazer o bem sem querer nada de volta… Mas não dá pra continuar assim do jeito que eu estou; não quero mais; chega; e eu também tenho um amigo que sofre com pornografia embora não chegou ao abismo em que estou.
Pastor, eu sei que foi longo esse e-mail, mas te escrevo porque eu não quero contar pra ninguém mais o que se passa comigo; eu simplesmente quero a cura disso; não quero fazer mais nada de errado e estou disposto a ir pra cadeia pagar pelos meus atos se for preciso, desde que eu ache cura pra essas coisas que me impedem de seguir o Caminho
Qualquer ajuda e sermão são bem-vindos pastor, estou te escutando.
Graça e paz!
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Resposta:
Meu filho: Graça e Paz!
Procure no site sobre Hebreus Seis e você entenderá o texto!
Creio que muita coisa que nos acontece na infância [infância sempre considerada pura, simples], pode ter influencias determinantes no resto de nossas existências, até que venha o tempo de cura e refrigério.
Tudo o que você narrou antes do “dedo do padastro” é “normal” que possa acontecer entre meninos e meninas sozinhos em casa, sem vinculo de sangue entre eles…; ao contrário, estimulados pelo fato de que os pais de cada um estão transando no quarto [o que pode aumentar a curiosidade sexual dos filhos de tal casamento de pais diferentes]…
Até aí tudo “normal” considerando a natureza curiosa das crianças, a idade e o estimulo inconsciente advindo do fato que faz pensar: “Mamãe está dando pro pai delas, logo, eu também posso brincar com elas de sexo…” E elas sentiram a mesma coisa; ou melhor: aquela que topou brincar e até simular orgasmos…
Creio, todavia, que o mal se instalou em você pela via da raiva que brotou do abuso de seu padastro, quando molhou o dedo com saliva e brincou na aureola do seu anus.
Este foi o 1º ato pedófilo de sua vida; e foi perpetrado pelo seu padastro contra você.
Sim, eu creio que a raiva se vinculou ao desejo como perversão!…
Em geral toda perversão é fruto de raiva, rejeição, abandono ou descaso — os quais encontram um ponto de contato que seja duplo: de um lado dê sensação de poder, de abuso, de controle; e, de outro lado, gere prazer no ato abusivo ou escondido.
Enquanto esta raiva latente estiver aí dentro de você, creia: a pulsão estará presente, pois, ela se alimenta e se justifica no abuso que você sofreu…
De fato, tal excitação aparece como um peso insuportável dentro do ventre, como uma energia incontrolável percorrendo o corpo, e, também, como um tremor estranho, que não pára enquanto a pessoa não libera aquela energia… Ao mesmo tempo, ele, o tesão, também vem como raiva, como desejo homicida, como vontade de mandar, de abusar, ou de ver outros sendo usados em circunstancias semelhantes…
Daí seu gosto pelos sites de pedofilia.
O problema é que a pessoa fica numa câmara de angustias… De um lado há o desejo perverso… De outro lado há a culpa, a raiva de si mesmo, e, por vezes, até mesmo a vontade de morrer…
O que fazer então?
Ora, não sei onde você mora, mas creia: você tem que encontrar alguém, um terapeuta, um psicólogo, um profissional do ouvir, e que possa ser sua testemunha de doença ou de processo de cura… Sim, o simples fato de que haja alguém que saiba, e que saiba perto de você, e com quem você possa falar antes…, e abrir o coração, e explorar os sentimentos que deflagram o processo — já lhe tirará pelo menos 50% do peso psicológico, o qual também se alimenta do sentimento criminoso de fazer e ocultar… Portanto, ache alguém sério e abra o coração… Fazer isto já lhe será de grande ajuda imediata.
A segunda coisa é perdoar o seu padastro. Você não precisa sequer falar com ela sobre o assunto… Basta que você o perdoe no coração, de todo o coração, e que tire de você toda essa raiva guardada… Quando a raiva sair muita coisa irá embora com ela…
Terceiro: pare de esperar um milagre… O milagre é a decisão, é determinação, é a luta consciente, é o querer novo e que se estabeleça contra o desejo… Sim, pois, o querer é a decisão do bem… O desejo é apenas a pulsão, mas não é a vontade… O desejo é a falta de vontade… É a entrega ao controle da pulsão que nasce fora da consciência… Portanto, o desejo não é a vontade, é necessidade como escravidão… O querer, porém, que é vontade consciente, este tem que ser desenvolvido, um dia depois do outro, com muita determinação e sem medo de que o não atendimento do desejo vá fazer você explodir… Digo isto porque uma das desculpas da pessoa é que o desejo seja mais forte do que ela própria, o que nunca é verdade.
Sim, eu digo e repito: NUNCA É VERDADE!
Nós é que dizemos que era maior do que nós… Mas assim dizemos apenas porque não queremos admitir que “nós” queremos aquilo; ou melhor: que não queremos não querer aquilo…
Um homem pode babar de desejo por algo, e, ainda assim, decidir não ir…
Sim, nesse caso, é uma decisão de suicídio do desejo perverso…
Ora, ao invés de considerar se matar por causa disso, por que você não considera matar isso por causa de você?…
Quer saber?…
É apenas porque você não quer ainda…
Entre a chegada da consciência a certas determinações práticas na vida, muitas vezes existe um hiato de conflito, que é quando a natureza doída, viciada, vingativa, zangada, carente, frágil, e tudo o mais — diz para nós mesmos que temos o direito àquela perversão, pois, afinal, a vida não foi boa para nós.
Deus, no entanto, não é Psicólogo. Ele é Deus. Ele sabe o que nos deu. Ele sabe que podemos.
Por isto Ele disse a Caim: “O pecado mora na tua porta. Domina-o”. Sim, o texto hebraico do Gênesis é assim: “O pecado mora na tua porta. Domina-o” Não há voltas e nem arranjos… Apenas isto: O pecado mora aí. A ti cumpre domina-lo!
E mais:
Muitas vezes nós transferimos para o “milagre” a cura que só virá do milagre de nossas decisões.
O mais difícil de tudo será parar a pornografia na Internet.
O mais… — ainda não é. Você ainda não é um pedófilo. Você está apenas começando a ensaiar os passos de um pervertido. Portanto, pare já.
Além disso, pelo sintoma da masturbação associada ao sexo infantil [que foi o único que você teve até hoje], me falam da infantilidade de seus desejos sexuais… — sendo que o problema é que você já é um homem.
O maior sintoma de sua infantilidade sexual e de seu fetiche por crianças da idade de suas “irmãs” está no fato da atração forte que sua priminha gerou
Ora, como parte de sua determinação de cura, não espere ficar bom para ser bom ou normal.
Ninguém fica bom ou normal se não praticar a bondade e a normalidade, ainda que, no início, pareça apenas um treino.
Portanto, largue a Internet e abrace o sol, a lua, as estrelas, a água, a grama, a relva, a vida normal… E mais: faça algum esporte também… E ainda: comece a andar, gostando ou não no início, com gente da sua idade…
Você não é nerd e nem esquisito porcaria nenhuma. Você está se fazendo assim, pois, é o melhor álibi para que você se justifique dizendo que se tornou no que se tornou porque não soube voltar à vida normal com gente da sua idade…
Tudo papo furado!
Na realidade o vício gera compromisso com a impotência na pessoa…
Ela fica dizendo para si mesma que “é assim mesmo” e que “não tem forças”, e que, agora, “já é tarde”.
Tudo mentira…
Assim, de início, enquanto a sua consciência se fortalece, você precisa de um olho humano, de um ouvido humano, e de uma presença humana ao seu lado…
Você também não tem nenhum problema com as mulheres mais velhas. Você apenas tem medo delas… Por isto é que ao invés de estar com elas você se masturba pensando nelas…
Se, porém, você fugir da decisão da normalidade, se evadir-se das meninas e do mundo real, então, a tendência é que a perversão se fixe como padrão. Aí, então, a desgraça fará morada na sua casa.
Portanto, estou MANDANDO você namorar como terapia!…
Sim, estou dizendo a você para provar mulher, não fantasia; para provar um corpo feminino, não a sua mão; para tocar numa mulher, não numa criança.
Quanto ao mais, por hora, leia o meu livro Sem Barganhas com Deus e veja tudo o que nele se diz sobre os vícios e as pulsões da “carne”.
Além disso, veja no site a lista de endereços de Estações do Caminho da Graça e busque uma próxima a você, no caso de haver. Mas, caso não haja, mergulhe na leitura da Palavra, no site, na VVTV, e, sobretudo, mergulhe no mundo real, de gente da sua idade…; e do mesmo modo e com a mesma energia, fuja da Internet por um tempo…
Experimente dizer não às suas pulsões e você verá que elas começarão a obedecer você.
Mas não diga apenas não ao que é ruim. Diga sim às coisas boas e normais, e, por seu turno, comece a praticá-las com simplicidade…
O site está cheio de textos que tratam de pulsões semelhantes às suas… Procure no site e leia tudo. Mas não fique obcecado com o tema. Leia outras coisas também.
Mas não esqueça: perdoe de coração o seu padastro!
Nele, que disse: “Pai, perdoa-lhes, pois, não sabem o que fazem”,
Caio
8 de maio de 2009
Lago Norte
Brasília
DF