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From: AMIZADE, O QUE É ISSO?
Sent: Monday, March 02, 2009 4:45 PM
Subject: Amizade
Amado Pr. Caio, Graça e Paz!!
Num mundo dos orkuts da vida, das tribos para todos os gostos, das terapias sem fim devido aos dissabores dos relacionamentos, da religião cheia máscaras, do “eu te amo, em nome de Jesus” dito porque o “levita” mandou dizer, o que é uma verdadeira amizade? O que a qualifica?
Pode parecer simples a pergunta, mas a cada dia que passa, mais “amizades” ocas tem aparecido e as inimizades tem se espalhado.
Davi foi amigo de Jonatas.
Jesus chamou seus discípulos de amigos.
Quais os critérios e o que qualifica uma amizade saudável e verdadeira?
Nele, Jesus
Marcos
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Resposta:
Mano amado: Graça e Paz!
Se o amor está esfriando, então, quase já não se sabe o que é amizade.
Amigo hoje é o cara que seja vantajoso no que traga para o relacionamento, ou, então, é o cara que faz as mesmas coisas que a gente faça, goste ou pense; ou, ainda: o cara que, não sendo excessivamente chato, precise de nós, o que em geral nos dá um sentido de importância e de bondade — isto na melhor das hipóteses.
Entretanto, no geral, hoje em dia, amigo é o cara que se oferece para se acumpliciar com a gente nas coisas que, em geral, os demais não topam. Assim, nesses casos, o amigo é o comparsa fiel.
Há, todavia, especialmente na Internet, o amigo por disponibilidade de teclar, seja pelo interesse, seja pela solidão, seja pela comunhão de doenças e angustias — digo isto sempre falando “geralmente”.
Há também, na Net, o amigo por interesse sedutor. Muitos se conectam e entram em sites de chats apenas para criarem personas; e, assim, tentarem uma experiência de auto-fabricação virtual, a fim de se sentirem impressionantes nem que seja no mundo virtual.
Sem encontro, sem que se coma sal juntos muito tempo, sem que se atravesse o vale das sombras, ou da morte, ou das lagrimas — não se faz um amigo jamais.
Amizades aparecem pela identificação, mas somente se firmam pelo passar de dissabores juntos, em lealdade e verdade.
Davi e Jonatas, diz o texto hebraico, se aglutinaram um ao outro quando se encontram. Foi o típico caso de amor à primeira vista. Porém, a amizade deles somente se mostrou amizade quando Jonatas, impedido pelo pai, Saul, que desejava matar Davi — contra tudo e todos, mesmo quieto e pacifico, permaneceu leal a Davi, sem que com isso traísse ou abandonasse seu pai; e demonstrou isso até o fim da vida; o mesmo acontecendo com Davi, que não apenas amou a Jonatas, mas expressou isso de modo imorredouro em sua poesia bíblia, como também, mediante o amor e a consideração que teve para com a descendência de Jonatas após a sua morte.
Ao ver a Davi, após a vitória deste contra Golias, o gigante, Jonatas tirou tudo o que lhe dava proteção: escudo, lança, espada, flechas, capa, etc. — e deu tudo a Davi, como gesto de total nudez e desarmamento.
Amizade, portanto, demanda encontro de gente boa e cheia de caráter e de palavra. Sim! Demanda gente em que se possa confiar.
Isto porque não há amizade no coração do mentiroso, ou do de animo dobre, ou do frouxo e covarde, ou do moralista ou legalista…
Não há amizade no coração do mentiroso, ou do de animo dobre, ou do frouxo e do covarde, posto que não saibam ser amigos, pois, amizade demanda verdade e sinceridade franca.
Já o moralista ou legalista, não sabe ser amigo quando o amigo não está bem, ou quando teve problemas morais, ou quando errou, ou quando ficou fraco, ou, por alguma razão, tornou-se, em alguns aspectos, diferente.
Moralistas são pagãos, pois, saúdam e se tornam amigos apenas dos que sejam como eles ou lhes dêem razão, assim como acontece com pagãos, segundo disse Jesus.
O moralista ou legalista é amigo no sucesso, na ortodoxia, na semelhança externa, ou em razão dos mesmos discursos e demonstrações de superioridade moral. Daí um amigo que caia em algum erro, vir logo a ser ex-amigo.
O modelo de amizade, no entanto, é Jesus.
Ele é o verdadeiro amigo, aquele que dá a vida pelos amigos, e não espera que os amigos dêem a vida por ele, mas que tão somente continuem vivendo em coerência com os valores da amizade.
Os amigos eram tolos, ou sentiam-se importantes por estarem com ele, ou até disputavam lugares próximos a ele; outras vezes eram ousados, prometiam coisas que não conseguiriam cumprir; ou até, sem noção, mas por amor infantil, o repreendiam; em outras ocasiões, porém, se convidados para uma noite de espera, dormiam; e, uma vez, até mesmo diante de uma Transfiguração, adormeceram de cansados. Na hora do vamos ver os amigos correram, apenas algumas mulheres ficaram. Ele, porém, não se impressionou com isso, pois, sabia que era amado pelos amigos, embora eles ainda fossem muito frágeis no caráter.
Jesus, no entanto, sabia que eles eram gente boa, e, assim, não os humilhou jamais, antes, mesmo quando caiam ou falavam bobagem ou até fugiam, Ele apenas os acolhia, sabendo que Ele era O Amigo, mas que os outros ainda cresciam para saber o real significado de se tornarem amigos de Deus e uns dos outros.
Por isto, ao ver um amigo que o negara, não o exorta e nem o questiona, mas apenas lhe pergunta: Tu me amas?
Entretanto, nenhum de nós, pode dizer aos nossos amigos: Vós sois meus amigos se fazeis o que Eu vos mando! Rsrsrs. Esta é uma prerrogativa apenas do Absoluto, Jesus.
O amigo é…
Pode-se ficar anos longe dele ou sem falar com ele, que, quando há o reencontro, percebe-se que ainda que muito tenha mudado na existência, nada mexeu na essência do amigo; e, entre esses tais, não há cobranças e nem caprichos.
Amigos que cobram ainda não aprenderam a ser amigos. Amigos que cobram são os que não respeitam a naturalidade dos eventos e das circunstâncias. Amigos que cobram nunca têm amizade espontânea lhes sendo oferecida, mas apenas amizades bondosas e pacientes, no máximo.
Assim, resumindo, digo:
Se Jesus é o paradigma da Amizade, e se Ele é Deus e Deus é amor, então, amizade é amor; e, em tal caso, é amor segundo Jesus, que é aquele amor do qual a maioria não gosta, pois, dele se diz que tudo crê, tudo espera, tudo suporta e jamais acaba; enquanto não age nunca de modo inconveniente, não se exaspera, não se ressente do mal, não se alegra com a injustiça, antes, regozija-se com a verdade.
Quem assim é torna-se amigo até dos inimigos, ainda que continue odiado. Porém, quem seja assim, caso encontre outro que assim também seja, ambos tornar-se-ão amigos para sempre.
De modo muito breve é isso que digo a você, meu irmão e amigo de esperanças no Evangelho.
Nele, que é O Amigo,
Caio
3 de março de 2009
Lago Norte
Brasília
DF