AMO A MULHER COMO CRISTO AMA A IGREJA

 

 

 

 

 

—– Original Message —–

From: AMO A MULHER COMO CRISTO ÀMA A IGREJA

To: [email protected]

Sent: Saturday, February 02, 2008 14:18

Subject: João de boca

 

 

Pastor Caio,

 

O Senhor Deus é a nossa Rocha e Fortaleza, Socorro bem presente nas angustias.

Estou vivendo meus momentos mais terríveis como homem, como ser. Fui traído; e o pior: por uma mulher que não e minha mulher; mulher com quem não durmo; mulher que nunca possuí… Uma mulher que conheci há alguns anos, quando pastoreava uma pequena missão. Sua mãe era minha ovelha e ela vinha só pra buscar a mãe na porta da igreja. Foram então anos de convivência, de amizade intensa, de conversas, de ajudas, a ponto de eu fazer quase que praticamente tudo por ela; até dinheiro emprestei pra que ela saudasse dividas.

 

Amei essa mulher como Cristo amou sua igreja. Nunca a cobicei, mas amei. Dei-me a ela integralmente; todo ser; tudo que tinha. Isso por anos ininterruptos.

 

Eu entrava na casa dela como se eu fosse da casa. Entrava no seu quarto, no seu banheiro, via suas pecas mais intimas; contudo, nunca me apropriei dela; mesmo porque ela era casada, mal casada, sem sexo, carinho, sem nada.

 

Porém, nunca ela valorizou o meu amor por ela. Nunca ela vibrou com aquilo que eu nutria por ela. Por ela eu entregaria minha vida; por ela eu  estenderia minhas costas para que ela pudesse caminhar sobre elas.

 

Caio, eu nunca amei alguém assim. Foi maravilhoso, foi algo indescritível. Porém, na ultima segunda feira, às 6 horas da tarde, tive que telefonar a ela, que estava trabalhando por 2 dias numa outra cidade. Ela me atendeu. Estava no hotel, em seu quarto. E, de repente, quando iniciava o dialogo, uma voz masculina sussurrou do outro lado. Ela não conseguia conversar comigo, não tinha concentração, parece que estava dividida, tentando falar comigo e tentando dar atenção a algo ou alguém que estava com ela.

 

Acabei a conversa, e desliguei.

 

E ai o mundo veio abaixo…

 

Conclui que ela estava com um homem dentro do quarto dela, possivelmente um de seus superiores da empresa.

 

Não tenho palavras pra dizer ao irmão o que está se passando comigo. Não durmo, não como, não tenho vontade de mais nada.  Já emagreci 2 quilos, e só tomo água e como um pouco de pão.

 

Quinta-feira ela me mandou um e-mail dizendo que agradecia o fato de eu não falar com a mãe dela, nem com o marido dela, porque ela não teria explicações convincentes pra dar a eles. Agradeceu tudo que fiz por ela, e pediu pra que eu nunca mais ligasse ou usasse sua caixa postal.

 

Depois de oito anos ela me jogou na rua como lixo, como cão morto.

 

Eu estou na pior irmão, choro todos os dias. Deus sabe da minha dor, Deus sabe da minha alma machucada.

 

Era só isso, irmão Caio!
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Resposta:

 

 

Meu irmão: Graça e Paz!

 

Você intitulou a sua carta “João de boca”. Não sei a sua razão; porém, na verdade, o “de boca” faz sentido com a sua carta. Afinal, esse amor que você disse sentir é “de boca” apenas.

 

Você disse:

 

“Amei essa mulher como Cristo amou sua igreja. Nunca a cobicei, mas amei. Dei-me a ela integralmente; todo ser; tudo que tinha. Isso por anos ininterruptos.”

 

Ora, você nunca a amou assim, pois, o amor da qualidade do de Cristo, tudo sofre, tudo crê, tudo espera e tudo suporta. Além disso, tal amor não se sente traído, nem ainda faz conta do tempo de serviço; e, menos ainda, julga que uma ajuda em dinheiro seja algo muito especial; e, para continuar, não se inflama jamais por uma mulher [que ele não cobiça] estar tendo um caso com quem quer que seja!…

 

De fato, mesmo você não tendo dito se é casado ou não, o que suponho é que você seja casado. No entanto, mesmo que não seja casado, nada muda, pois, de fato, ela o é.

  

O que creio é que você se apaixonou pela mulher, a desejou ardentemente, porém, de modo “platônico”; e, na impossibilidade de tê-la para você [possibilidade essa que você fugia de pensar e admitir] surgiu a “idealização”. Sim! A “possibilidade fantasiosa” de que mesmo não sendo possuída por você sexualmente, ela seria sua esposa platônica, grata, redimida, cuidada, e amada por você para sempre.

 

Conheço muitos homens e mulheres que sentem assim como você em relação a outras pessoas.

 

Já me vi amado por muita gente assim. A pessoa projeta algo sobre você e inicia um caso com você que somente ela conhece.

 

Um dia, por qualquer mudança em sua vida, certa ou errada, a pessoa se frustra e passa a odiar você; e passa a se sentir traída; e buscar até mesmo vingança.

 

Ser amada por gente com seu espírito é uma desgraça para quem quer que seja. É melhor ser amada por um caçador apaixonado e inveterado em seu desejo explicito do que ter alguém como você apaixonado.

 

Meu irmão, o que essa senhora faz da vida dela, ela mesma terá que saber como responder aos que ela deve — se é esse o caso!

 

Você, no entanto, precisa parar de se enganar.

 

Seja honesto! Você se apaixonou de modo lento e latente; foi sentindo-se o herói dela; julgou que seu amor e atenção eram melhores do que amantes; e disse a si mesmo, com toda piedade, que se um dia ela e você estivessem livres, você a tomaria para si mesmo. Embora, em seu auto-engano, você sempre dissesse que esse era o amor de “Cristo pela Igreja”.

 

Esta é a verdade!

 

Ela não lhe deve nada como mulher. E, caso você a tenha ajudado com sinceridade, ela também nada deve a você em nenhuma outra área, exceto gratidão; e isso, também, é algo dela para ela, e não um crédito a ser “cobrado” por você, a menos que você tenha sido manipulador e insincero por “anos ininterruptos”.

 

O mais é problema dela. E você deve apenas reconhecer o tamanho de seu engano e auto-manipulação emocional, afetiva e “moral”.

 

Faça isso para o bem de sua alma!

 

 

 

Nele, em Quem nada podemos contra a verdade senão em favor da verdade,

 

 

 

Caio

 

05/02/08

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