AMO MINHA MULHER, MAS PENSO EM HOMENS!
—– Original Message —– From: AMO MINHA MULHER, MAS PENSO EM HOMENS! To: contato Sent: Thursday, February 17, 2005 1:07 PM Pastor Caio, Vou tentar resumir em tópicos minha situação: Sou casado, 47 anos, freqüento igreja evangélica desde os 15 anos de idade, e sou convertido desde os 17. Meus pais são separados desde que eu tinha 05 anos, numa separação horrível. Desde pequeno sentia atração sexual por homens. Infelizmente depois dos 25 anos acabei tendo algumas relações homossexuais. Então, conheci uma mulher cristã, me aproximei por ela, e casei com ela. Amo muito minha esposa. Adoro a sua companhia. Gosto quando fazemos sexo. E meu problema é ficar ou não logo excitado… antes de transar. Então demora muito para eu conseguir me excitar… O problema mesmo é que eu não aceito estar com ela na cama e minha mente ser “invadida” por imagens de homens e lembranças de outros homens transando. Por isso, acabo não permitindo me excitar. Vivo num dilema enorme. Pois ela me deseja. Eu a amo. Ela diz que sexo comigo é maravilha puuura… Diz que eu a levo às nuvens. Mas eu demoro muito… e isso ela não diz, eu é que vejo, sinto e sofro. Estou escrevendo por essa razão. Tenho perguntas: 1) Esse tipo de desejo e (ou) prática é pecado. Mas é tão pecado quanto qualquer outro descrito na Palavra. Isso não se discute… O que me intriga é: Se a Graça é tão grande, então por que pela Graça também não vem a vitória total sobre o pecado? Não vem a transformação mais íntima? 2) Jesus disse várias vezes quando se encontrava com pecadores o tal do “Vá e não peques mais”. Eu sei que temos uma natureza que só será totalmente transformada na eternidade, mas creio que é possível vivermos, mesmo sendo tentados, sem cairmos na prática de qualquer pecado; certo? 3) Um assassino, um ladrão, um mentiroso, um adúltero, pela Graça de Jesus é salvo, perdoado e pode viver sem matar, sem roubar, sem mentir, sem adulterar. E eu creio que um homossexual também pela Graça pode viver sem praticar esse pecado. Mas por que, se creio, se encontrei uma mulher a quem amo, não consigo me libertar desses pensamentos e tampouco consigo me excitar normalmente com minha mulher? Por causa dessas agonias, que me deprimem, já cheguei ao ponto de pensar seriamente em acabar com a minha vida! Sempre me questiono: será que eu estou sendo sincero com Deus? Será que realmente eu quero ser liberto desse pecado? Será que realmente eu quero viver sem praticá-lo? Será que realmente eu me arrependi e quero mudar de atitude? O erro é um problema só pode estar comigo, pois sei que Deus é perfeito, sei do Seu amor, sei da Sua Graça e Misericórdia. Portanto, se não estou conseguindo, o problema é comigo. E eu acabei envolvendo uma pessoa maravilhosa, que merece muito ser amada, que eu amo muito, que eu quero muito, mas minha mente… É como se eu precisasse sofrer uma re-programação mental para que minha alma fizesse meu corpo reagir aos estímulos visuais com minha mulher, e não com homens!!! Como???? É possível???? Um abraço, ______________________________________________________________________________ Resposta: Meu querido irmão: Graça e Paz! Meu irmão, todos nós somos muito mais marcados nesta vida do que imaginamos! Há um ser em nós que é como uma semente, mas os adubos de tal semente parecem ser profundamente contaminados, e são feitos—à exceção de casos profundamente genéticos—dos elementos das circunstancias do existir. Coisas como onde nascemos, em que família, dentro de que circunstâncias, quem eram e como sentiam e viviam meus pais e irmãos; que coisas diferentes, marcantes e traumáticas me aconteceram na infância e adolescência; o que elas realizaram em mim…, são os materiais que nos constituem nesta vida; e também é dentro desse espaço e chão que a semente do ser tem que germinar e se apresentar, preferencialmente se impondo sobre as circunstancias; a fim de não se deixar mudar para pior, macular, manipular, e escravizar pelo ambiente. Essa é a luta do existir! Pela sua carta, ainda que você não tenha sido explicito, deu para perceber que você foi bastante influenciado pela presença feminina em casa, posto que na difícil separação entre seus pais, você deve ter ficado com a mãe. Certamente o enfraquecimento da figura masculina deve ter vulnerabilizado você, criando o espaço para uma resposta passiva, sexualmente falando. Não é incomum que meninos que tenham vivido nesse estado na infância, e cercados por tais circunstancias, desenvolvam uma espécie de ambivalência sexual. Na realidade conheço muitos exatamente assim, e que são capazes de ambas as coisas, sendo que o lado que primeiro foi estimulado (no seu caso a homossexualidade), tende a ter uma certa prevalência na sua “naturalidade”. Um gay-gay-mesmo não tem a capacidade psico-sexual de conseguir se relacionar com uma mulher continuamente; do mesmo modo como uma mulher heterossexual não pode se imaginar se relacionando com outra mulher. Assim, isso deixa você fora da possibilidade de ser definido como gay, mas o torna uma pessoa com uma ambivalência sexual, sendo que homossexualmente mais estimulado em razão de duas coisas: 1a sua criação e conseqüente experiência homossexual; 2a sua repressão evangélica, e que transforma isso numa coisa infernal e demoníaca, e que produz em você justamente o oposto; ou seja: um aumento enorme das pulsões dessa natureza, e que são exacerbadas pela culpa em relação a desejar aquilo que se sente forçado moral e espiritualmente a abominar. Assim, pela culpa religiosa você não tem praticado sexo homossexual por muitos anos, e, ao mesmo tempo, se sente cada vez mais tentado a voltar a praticar; e isto na mesma medida em que declara sua abominação a tais praticas. É como um cachorro correndo atrás do rabo! Além disso, sua renitência em admitir que todos pecaram igualmente e igualmente estão destituídos da Glória de Deus, atrapalha muito o seu ser. Você chega a pensar que não praticar um ato equivale a não pecar mesmo sem praticar externamente aquele ato. Por isso você acredita que a mulher adultera (para quem Jesus disse: “Vai, e não peques mais!) saiu da presença de Jesus e nunca mais teve um pensamento sexualmente “impuro” em sua mente. Ora, não sabemos nem se ela não mais adulterou, quanto mais se ela nunca mais pensou no tema, ou o imaginou mais adiante na vida. Meu irmão: estamos todos, sem Cristo, sob o pecado, posto que somos pecado; ao mesmo tempo em que em Cristo, se cremos, mesmo ainda sendo imperfeitos e pecadores, já sabemos que o pecado morreu para Deus contra nós; e, por isso, podemos ter paz com Deus e em nós mesmos para viver, e, cada vez mais, não pecar mais… De fato, eu creio que uma pessoa pode crescer na Graça de Deus ao nível de ir ficando completamente pacificada em relação a todas as coisas. A idade pode fazer isto. Tanto mais, portanto, pode fazê-lo a experiência na Graça! Tudo o que você perguntou se baseia num único pressuposto: que um ser humano que não comete um ato, não pecou acerca daquilo. Ou: se um ser humano deseja aquilo que não faz, está em grande pecado. Ora, há ambivalência em tudo, até na sua lógica… como há na de todos nós. Essa ambivalência é pecado. Você é compreensivo e intolerante. Ama o amor de Deus, porém se detesta. Reconhece a Graça de Deus, mas se rebela contra o fato de que em você ela ainda não produziu a libertação desse “sentir abominável”. Lembra do cachorro correndo atrás do rabo? Pois é! Se nada for feito ele continuará correndo para sempre! Tem-se que quebrar esse ciclo vicioso. Ora, normalmente se estimularia você a se deixar levar, a ser honesto com você mesmo “assumindo tudo o que você sente”, com ambivalência e tudo… Eu, todavia, não me pauto por nada que não seja o Evangelho e a consciência conforme a Graça. E digo isto porque creio honestamente que somente na Graça de Deus tais ciclos podem ser quebrados. E creio que podem ser quebrados mesmo! Como eles se quebram? 1o Quando a pessoa assume que é pecadora mesmo; que é pecado; mesmo e ou especialmente quando se sente bem e virtuosa. Ser “honesto com a Queda”, como diz minha mulher, é sempre o primeiro passo para tudo. 2o Quando a pessoa entende e crê que Jesus, o Cordeiro eterno, tirou, tira e tirará sempre o pecado do mundo, o ciclo é quebrado. Sim, Ele tira… Em Cristo o pecado nasce morto. “O Senhor já perdoou o teu pecado”, disse Natã a Davi antes mesmo de Davi se dar conta em arrependimento de que havia pecado adulterando com Bateseba. Ou seja: a pessoa tem que crer que o pecado agora é algo para ser tratado em paz. Isto porque é somente em paz que se pode ter vitória interior e exterior contra o pecado. Mediante os rigores da Lei o pecado apenas se avulta como sombra interior, e com a possibilidade de se tornar algo incontrolável também externamente. Por essa razão, a segunda coisa a ser feita é se deixar pacificar pela certeza de que em Cristo tudo já está pago em nosso favor; pois, Deus já se reconciliou com o mundo; o mundo é que ainda se fecha e não aceita se reconciliar com Deus, para o seu próprio mal. No entanto, quem crê já tem o por quê de se pacificar, pois sabe que está “Consumado”. 3o Quando a pessoa descansa tanto em confiança nesse perdão, que pára de lutar com a carne contra a carne. Nesse caso, ao invés disso, ela se entrega em paz à certeza de que o que ela ainda sente, de fato sente; mas não é nada mais do que dor de dente ou de rins… Ou seja: ninguém tem que ter uma crise de culpa e impressão de separação eterna de Deus porque está com dor de dente ou de ouvido. Assim, em Cristo, ninguém tem que se suicidar porque sente atração também por homens; assim como ninguém deve se suicidar por ter tido hepatite na infância. Ora, quando a pessoa chega aí…, o ciclo se quebra. Então, liberta do vício de se medicar com aquilo que a estava matando, a pessoa pode começar a se medicar com aquilo que a faz viver. No seu caso, isso significará algumas coisas simples e práticas: 1a Não se grile com os pensamentos. Não os expulse e nem os exorcize. Não os “choque” em oração como se fossem ovos. Nem tente responder para você mesmo e para Deus que você está sentindo aquilo, mas que aquilo não tem lugar ali… Isto porque esse “aquilo” existe exatamente por ser afirmado como “existente”, posto que existe, mas, se não for “afirmado”, lentamente deixará de existir… Ora, somente em paz com Deus uma pessoa pode ficar tranqüila assim… para lidar com tais coisas, pois, desse ponto em diante, esses espinhos na carne deixam de ser “traves na carne”, e ganham seu próprio tamanho. 2a Não fique pensando em performance sexual ou em ereção. Sim, nem ereção nem oração. Quando alguém transa pensando em ereção, mesmo sem ter o conflito que você tem, brocha. Sexo dispensa tal preocupação. E demando apenas do individuo que se envolva, que aprecie, que coma degustando, sem a aflição de saber se seu olfato e paladar estão em dia e normais… Se alguém se preocupa com algo no meio de uma atividade que demanda total relaxamento, então, ainda que seja a preocupação de “relaxar” deixará a pessoa tensa e sem espontaneidade. Portanto, esqueça as performances e também os próprios pensamentos, e se vierem, trate-os sem culpa, pois, eu sei, dentro em breve todas as essas coisas darão lugar a quase nada; e, em contrapartida, suas relações sexuais com sua esposa crescerão em espontaneidade e força. Aceite o desejo de sua mulher, e, literalmente, brinque de ter prazer. Se você relaxar, e brincar, logo verá algo novo nascendo espontaneamente dentro de você. Isso não significa que aqui e ali você não venha a ser alvejado por alguma seta de pensamento; todavia, você tratará tudo na paz e caminhará sempre para um descanso maior. É assim que na Graça a gente pacifica o coração, controla o incontrolável, e caminha para uma crescente paz no coração. Receba meu carinho e orações! Nele, em Quem estamos justificados e santificados, Caio