AMOR COM ASPAS E SEM ASPAS
Amor é palavra mal aplicada, pois serve para quase tudo que se chama bom ou ardido de carinho e desejo. Mas amor é o que ‘amor’ não é. O amor que é ‘amor’ só sabe amar possuindo, e quanto mais possui, mais ama; pois, se sente amado. É amor com aspas visto que põe garras na vida. O coração humano é capaz de muitas formas de amor. Alguns com aspas—aliás, todos—; pois apenas um tipo de amor é sem aspas. Penso no amor de Deus como Pai assim como me sinto pai. Porém, levo a sério o que Jesus disse: “…vós que sois maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos; quanto mais meu Pai celeste não dará boas coisas àqueles que lho pedirem?” Ou seja: entendo que o melhor de meu amor como pai ainda é maldade se comparado com o amor do Pai por mim. No entanto, é nesse meu amor de pai que é ainda doce maldade do bem, que tenho a melhor projeção do que é amor sem aspas na terra. E por quê? Porque amo meus filhos sem desejar possuí-los. E é nesse amor que tem prazer em ser, não em possuir, que o amor sem aspas se expressa. Assim, pode-se amar a muitos e muitos sem sofrer porque existe amor sem desejo de possuir. Mas os demais ‘amores’que amam tanto mais quanto também possuam, esses não deixam de ser amor; mas, também, são perversos. São perversos porque se não possuem, viram raiva, amargura, ódio, mal querer… ou frustração. Ou quando não seja assim, pelo menos acontece da polida e elegante forma de amor que diz: “Amei tanto que nunca mais quero ver.” É por esta razão que no céu não se casam e não se dão em casamento; isso para que todos possam amar a todos; do contrario, até no céu o amor teria aspas. Caio