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From: DUAS MENINAS E UM GAY!
Sent: Thursday, January 31, 2008 15:11
Subject: ANGÚSTIAS DE LISBOA: duas meninas e um gay!
Pastor, fico aqui revivendo o passado… entre muitas lágrimas (que teimam em não secar). Lembro-me a alegria que foi quando meu primeiro filho nasceu. Não quis saber o sexo antes pra ter a surpresa na hora. Como um presente…
No dia as pessoas ligavam perguntando e orgulhosa respondia: é menino, varão. Meu primogênito é um varão.
O pai cheio de si dizia: é machinho, o pinto é enorme, sacudo o guri. E é roxo…
E agora me dou conta que não é isso. Nunca foi. Não! Não tenho duas meninas e um menino. Tenho três moças
Às vezes penso não ser verdade… O meu filho sempre foi de pregar peças, fazer pegadinhas, dar o maior susto na gente e depois sair dando gargalhada… Quem sabe não é mais uma peça dele??!! Pode ser pastor, ele é tão crianção… Ele pode estar só “curtindo com a nossa cara”.
Como queria de todo meu coração, de toda minha alma, meu espírito… de tudo em mim que isso não fosse verdade…
Hoje estou não só lamentando o triste destino de meu filho “moça”, mas também estou com raiva, ódio mortal desse mundo maldito, desgraçado…
Estou vendo meu único filho homem sofrer por uma paixão correspondida por outro homem… é o absurdo da vida…
Ele sabe o sofrimento todo que a vida lhe reserva… Por isso um dia me disse que queria ser monge… eu não entendi…fiquei paralisada sem saber o estava se passando no coração aflito de meu filho…
No auge de meu desespero disse ao pai dele: Conceição, você devia ter vergonha desse nome… Se fosse comigo teria mudado… Como pode um homem de verdade não ter vergonha de ser chamado por nome de mulher??? Faltou macho na sua casa. Onde já se viu um pai deixar uma mãe idiota colocar um nome de mulher no filho. Primeiro filho ainda…? Muda…. muda pra Antônio, João ou Francisco que seja… Nome de macho, de homem de verdade….
Pense bem pastor, o quanto chorei de arrependimento por estas palavras… Ele é meu marido, companheiro de 30 anos, meu amado, amigo, meu pastor… É ele quem me ama, me cuida, me apascenta…
Pastor estou simplesmente desabando em choro e lamentos…
Sabe o que ele fez? Humildemente e mansamente abaixou a cabeça e disse não ter culpa… Ele está machucado, chorando calado, no íntimo, escondido…
Sabe pareço estar de LUTO! O meu filho morreu na semana passada!!!!
Ou será que não? Será que ele nunca existiu? Foi um fantasma…
Agora esse que está aqui nunca vai trazer a sua tão esperada primeira namorada… Não vou ver meu primeiro neto de meu primeiro filho…. O Varão da casa…
Pastor quanta coisa se perdeu….
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Resposta:
Minha amada irmã: Graça e Paz!
Eu conheço esses sentimentos com toda profundidade de minha alma. Mas também sei que eles se fundamentam em nós, em nosso egoísmo tanto quanto em nosso amor.
Sim! Tem a ver com seu amor, pois, todo e pai e mãe sadios esperam que seus filhos cresçam para ser conforme a definição sexual que biologicamente os caracteriza. E mais: eles sabem que se a opção, orientação, escolha ou condição do filho for a de um homossexual, muito sofrimento ele poderá ter; especialmente num mundo tão cheio de filhos do ódio reacionário e que desconhecem o caminho da misericórdia e do respeito para com o próximo. Além disso, quando os pais são crentes, vem ainda, pelo amor, o medo de que o filho, por ser homossexual, já seja um filho do inferno; e, por tal razão, a dor dos pais aumenta para um nível insuportável: o da assistência do caminhar do filho em danação eterna. Ora, é por tal “amor” dos pais que muitos filhos acabam se matando, buscando o suicídio, apenas para não serem o inferno visto e observado pelos olhos dos pais anos a fio. Ou, então, pelas mesmas razões, muitos filhos se tornam promíscuos, pois, não podendo se abrir com os pais, prefere viver na escuridão; e é na escuridão do submundo da promiscuidade onde residem todos os piores males para a alma desses pobres seres em fuga e disfarce. Assim, por causa do “amor” dos pais, muitos filhos acabam indo parar na sepultura como escolha suicida, ou, então, nos submundos da vampiragem e da promiscuidade.
Por outro lado, você também sofre de egoísmo. Sim! As suas idealizações ruíram. Seu filho é gay. Seu primogênito não lhe dará uma nora. Nem lhe dará netos. Nem lhe suscitará descendência. Nem será seu orgulho. Enfim, como você disse: “Ele morreu… Nunca existiu… É um fantasma!…”. Ora, tudo isto tem a ver com você mesma, pois, o que você preferiria? Que seu filho vivesse sob disfarce e mentira o resto da vida?
Ora, desse modo, sofrendo com muita “dignidade e dor nobre”, você peca contra os céus e a terra, e, sobretudo, contra a alma de seu filho, homem, varão, primogênito, e que não é “moça”, mas sim um rapaz mesmo, o qual, por razoes que só Deus sabe por hora, nunca se sentiu capaz de amar uma mulher, porém, sente capacidade de amar o igual, o semelhante, um outro homem como ele.
É mais que obvio que a dor que os pais sentem nessa hora é grande, é uma frustração imensa, e, dependendo da carga moral dos pais, é pior do que a morte e sepultamento do filho.
Entretanto, ninguém que seja de Deus tem que dar razão e direito de instalação a tais dores.
Os fariseus é que têm um senso de justiça e de culto às idealizações que é digno desses sentimentos. Nós, que somos de Jesus, temos que ter uma justiça que exceda a dos escribas e fariseus, conforme ensinou o Senhor; e, por isso, devemos amar e tratar bem o inimigo! — quanto mais o filho, seja ele qual for, e em que condição estiver?
Se discípulos de Jesus não souberem tratar gays com amor, de onde mais lhes virá amor e misericórdia?
O que faremos? Entrega-los-e-mos para que sejam “amados pelo diabo”?
Primeiro, saiba que seu filho não é uma mentira. Ele está confessando a verdade. Vocês é que prefeririam jamais terem ficado cara a cara com tal fato-verdade na vida dele. Se esta é a verdade, então, ela libertará a vocês todos, caso sejam gente de Deus e da verdade.
Segundo: Recolha, diante de Deus, as suas palavras de maldição amargurada. Faça isto com verdade, arrependimento e sinceridade. Sim! Pois, vivendo, e muito, já vi tais coisas voltarem sobre as vidas das pessoas com dia de aniversario da fala passada e tudo mais. Você não suportaria as conseqüências das tolices que falou.
Terceiro, saiba que vocês estão tendo a chance de crescer em amor, verdade, honestidade e decisão de amar de cara limpa, ainda que seja contra todos os fariseus sem alma, e que chegam a louvar pais que sejam capazes de amaldiçoar os filhos.
Se vocês levarem a coisa assim como estão levando, então, há três caminhos: 1- O rapaz se mata; 2 – O rapaz se torna promiscuo e irreconhecível; 3 – O rapaz desaparece da existência de vocês: morto morre…
Por outro lado, se vocês confiarem no amor de Deus, e crerem que Jesus ama o filho de vocês infinitamente mais que vocês, e se não tratarem diferente, mas antes o acolherem em amor e naturalidade, ao invés de o estarem entregando ao pecado [que é o medo dos pais nessa hora de ser bondoso], vocês o estarão resgatando e dando a ele a chance de buscar saúde em Deus em meio a qualquer que seja o estado ou a condição de sua sexualidade e afetividade.
O falta mesmo é confiança em Deus e certeza de que Ele age.
Você crê que Deus age? Ou você crê que será a vara de pais cansados lambendo as costas de um bom filho aquilo tirará dele a tendência à homossexualidade?
Nessa questão ou se confia em Deus ou se perde o filho mesmo!
Portanto, mais do que falar com o filho de vocês, o que preciso agora é que me ouçam, pois, do contrário, não haverá depois de um tempo filho algum com o qual eu possa conversar ainda.
O que lhe digo o digo com todo amor e com toda consciência do que estou propondo!
Nele, em Quem nossos filhos estão sempre guardados,
Caio
30/01/08
Lago Norte
Brasília
DF