ANJOS COMO GENTE NO HOSPITAL!
Papai teve um servo de amor, entre tantos que o serviram em amor.
Dirigiu para meu pai por 12 anos. Todos os dias. Longas viagens até à floresta. Dormidas. Conversas e conversas. Conselhos. Amor, muito amor entre eles.
Um dia, ao chegar a Manaus um tanto mal-humorado não gostei do modo duro, meio bruto do amigo/servo dele.
Em razão disso emiti um juízo sobre o mau-humor do rapaz.
Insisti no veredicto…
Papai me pediu para não falar aquilo. Mas, chateado, continuei…
Então ele gritou como não o via fazer desde que eu era um rapaz de 15 anos, levando minha última bronca dele:
“Caio Fábio, meu filho! Pare! Não traga juízo de Deus sobre a sua vida. Você está sendo injusto. O moço está cheio de problemas, mas, uma coisa eu sei: ele ama você; pois, é ao meu lado que ele vive.”
Gelei com a palavra dele!…
Mamãe e Adriana estavam no carro a caminho da floresta com a gente.
Ficamos em silencio!…
Pois bem, anos depois, já agora em 2007, estando meu pai se preparando para partir para o Pai, chamou seu servo em amor, o Gildo, e pediu que ele o levasse para que ele, papai, se despedisse dos amigos.
O Gildo o levou… E viu papai dizendo adeus aos amigos como quem diz “Vou até ali e a gente se vê logo!”.
No penúltimo dia ele perguntou ao meu pai o que seria dele…
Papai disse: “Quando eu voltar resolvo o seu problema” — e disse isso com um sorriso na face.
O moço não entendeu nada. Papai estava se despedindo de todos, mas, acerca dele dizia: “Quando eu voltar resolvo o seu problema”.
Quarenta dias passaram e papai se foi…
À porta do hospital o Gildo chorava copiosamente deitado sobre mim…
“Mas ele disse que o meu problema ele iria resolver quando voltasse… Por que o pastorzinho não voltou, pastor filho?”
E chorava…
“Gildo! Seu problema já está resolvido”, dizia eu.
Durante o longo velório de quase 30 horas ele veio a passar mal e foi internado morrendo…
Um AVC dos monstruosos o atingira…
Conseguimos interna-lo em um hospital dirigido por um amigo meu.
“Só um milagre”, me disse o amigo médico.
Enquanto chorávamos as saudades de papai orávamos pelo Gildo.
Foram duas semanas em coma…
Diziam: “Voltará, se voltar, como um vegetal. O AVC foi dos mais fortes… na ponte…”
Um dia ele acordou falando como se nada tivesse acontecido. Apenas chorava muito, muito…
Ele sempre me dizia que havia algo a contar, mas nunca contava.
Outro dia me ligou e, aos prantos, me contou…
Disse que enquanto estava em coma via e ouvia tudo no quarto, como se ele estivesse de fora…
Então, de súbito, enquanto ouvia os veredictos acerca de sua irrecuperabiliadade, viu que o quarto estava cheio de gente de luz…
“Pastor, era gente de lá… Não sei… Pareciam anjos… Anjos como gente… E eu chorava e perguntava pelo pastor Caio pai. Eles me disseram: ‘Ele resolveu o seu problema, como dissera a você! ’ ‘Mas que problema? ’, eu queria saber pastor. Eles então me disseram: ‘Este problema. Você serviu com todo amor um homem genuinamente de Deus na Terra. Isto foi visto e você achou Graça aos olhos de Deus. ’ ‘Então, pastor, eu disse: ‘Mas foi um privilegio para mim; eu o amava’. ‘Nós sabemos que foi assim, com amor”, eles disseram pastor. ‘Agora, levante. Você está curado. Seu problema está resolvido’. Então, pastor, eu abri os olhos e vi todos ali; enquanto eu não sentia nada e nem sabia o que havia acontecido… Não tive nem como contar pros outros com medo de ser julgado louco!’”
Jesus disse que aquele que serve com amor um copo de água a um profeta terá galardão de profeta.
Lição simples:
No amor a gente recebe todos os galardões do amor, assim como a gente se torna diante de Deus e dos anjos exatamente conforme os atos de amor que praticamos pelos outros, ainda que não saibamos; e, preferencialmente, se não soubermos.
Pense nisso!
Nele, que nos ensina que a grande nuvem de testemunhas testemunha em nosso favor,
Caio
25 de fevereiro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF