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From: ANTROPÓLOGA EM SOFRIMENTO DE AMOR: o marido se apaixonou por outra
To: [email protected]
Sent: Thursday, April 06, 2006 4:30 PM
Subject: Por Deus, leia!
Prezado Pastor,
Meu nome é “Mara”, tenho 37 anos, sou mãe de um menino (4 anos) e de uma garota de 6 anos. Sou antropóloga, mas trabalho na área de meio ambiente. Atualmente sou gerente de projetos de grande porte nessa área.
Vivo (digo “vivo”, pois ainda somos casados) com o pai de meus filhos (39), a 9 anos. Hoje estamos vivendo uma situação muito difícil; pois nosso relacionamento está muito abalado por diversas situações. Num primeiro momento pela falta de atenção dele, o que gerou uma forma doentia de ciúme de minha parte. A cada vez que eu me sentia deixada eu aumentava mais minhas neuroses.
Fomos trazidos onde estamos por Deus; pois aqui estava o meu deserto; eu precisava ser tratada. Só que eu não agüento mais o peso do fardo.
Ele hoje me confessou que há muito tempo me trai; e o que é pior: apaixonou-se por outra pessoa.
Apesar disso, ele, sabendo que precisava retornar a Deus, deixou essa prática, e tenta viver comigo. Tenta, mas não está conseguindo; pois se tornou uma pessoa fria.
Hoje não tenho carinho nem um dele. Minha vida é trabalho; pois é a forma de não voltar à insanidade do ciúme; mas eu estou morrendo a cada dia.
Mas eu suplico por socorro; pois estou morrendo por dentro. Ajude-me e, por favor, me responda. Hoje o conflito é muito grande.
Fique na Paz de Cristo, Pastor!
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Resposta:
Minha querida amiga: Graça e Paz!
Qualquer casamento falido é uma grande tristeza; pois, quem casa, não quer descasar, mas sim deseja que seja algo para sempre.
Conheço na carne e no espírito o significado de uma separação; especialmente quando até mesmo os que separam, amam-se com outro tipo de amor; mas ama-se mesmo —; embora nem mesmo isto tenha diminuído as conseqüências de dor, depressão, angustia, e muita tristeza.
Quando há filhos a dor é muito pior. Sofre-se por eles muito mais do que por si mesmo; isto no caso de gente minimamente normal.
Entretanto, certos divórcios são inevitáveis exatamente porque autenticá-los legalmente é apenas um último passo na direção de algo já acontecido: a separação real —; posto que somente se separaram os que, como macho e fêmea, homem e mulher, jamais conseguiram se casar na alma.
Não há hora boa para se separar quando há filhos presentes na questão. Entretanto, conforme Jesus disse a Judas, quando chega à hora de tomar decisões, “o que se tem de fazer, que se faça depressa”; pois, a enrolação, quando não há a chance do amor, apenas aumenta o ressentimento, a mágoa, a raiva, a frustração — e, não raramente, até mesmo faz aparecer um sentimento de ódio, que assola a algumas pessoas.
Você não falou de um tempo bom entre vocês. Não apresentou lembranças boas. Não falou de amor, de romance, de amizade, de prazer, de companheirismo, de nada… Apenas falou o que é; ou de como ficou ou está. A única coisa que relaciona você a ele na carta é o seu ciúme; o que me faz crer que você deve tê-lo amado; embora, possivelmente, ele já nem saiba se pode dizer que algum dia foi assim para ele.
No casamento, ou em qualquer relacionamento conjugal, se uma parte ama, mas a outra nem tanto; ou não faz nenhuma questão de demonstrar; ou até mesmo não ama, por isso se assanha tanto diante de “outras” — os ciúmes acabam se tornando inevitáveis. Entretanto, há uma forma de ciúme que é doentia mesmo. E mais: se tal ciúme sem causa se manifesta com insistência, tal ocorrência tem o poder de acabar qualquer casamento; posto que a parte enciumada perde a cabeça e o controle das emoções; e a parte que é objeto do ciúme (no caso, o seu marido), muitas vezes se cansa tanto que já não quer mais nem ver a pessoa.
Na realidade o ciúme é um inferno para quem sente; e uma desgraça que causa ânsia de morte em quem prova seu poder implacável como acusação.
No seu caso, todavia, me parece que seus ciúmes, se um dia foram infundados, logo tiveram seu fundamento real, ainda que você não soubesse.
Há dois tipos básicos de ciúmes: o fabricado e o factual. O ciúme fabricado é fruto de insegurança. Já o ciúme factual tem toda razão de ser. Portanto, se um dia você foi uma ciumenta sem causa, hoje você sabe que teve e tem razão o seu sentimento.
Você é que tem que decidir o que quer. Pode até decidir ficar e deixar tudo como está. É seu direito. Entretanto, a escolha por um relacionamento desrelacionado como é o seu, certamente apenas aumentará o mal-estar entre vocês; e, indubitavelmente, gerará muitas amarguras e raivas. Sim, porque você não suportará ver seu marido vivendo como solteiro; e mais: apaixonado por outra mulher; só que morando no quarto ao lado do seu, na mesma casa. Quem agüenta minha querida?
Pela sua descrição me deu também a impressão que no casamento, financeiramente falando, você é mais independente do que ele é de você. Posso estar enganado, mas essa foi a impressão passada. Portanto, se você pode sustentar a sua casa em paz; e se sabe com certeza que ele não somente traiu muito você, mas que está apaixonado por outra pessoa — não há razão para fazer de seu casamento um Funeral Americano; no qual o defunto é todo maquiado e fica dias esperando, lindamente, para ser sepultado.
É melhor ter uma conversa franca com ele e deixa-lo livre. Peça que ele seja responsável com os filhos; e que os visite com amor e carinho; dando a eles também os cuidados práticos que todo pai-pai sabe dar e não sabe ficar sem fazer.
A fim de ajudar você transcreverei uma carta que está no site, e que pode lhe ser útil agora:
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—–Original Message—–
From: William
Sent: quarta-feira, 8 de outubro de 2003 12:13
To: [email protected]
Subject: EXISTE UM MODO CRISTÃO DE SE SEPARAR?
Mensagem:
Li numa resposta que deu a uma pessoa sobre separação… a seguinte frase: “…existe um modo cristão de se desligar…”
Qual é esse modo? (dentro da doutrina!)
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Resposta:
Meu amado William: Perdão É perdão!
Não há doutrinas para a vida e a morte. Há vida e morte.
Também não há amor sem amor. Amor É amor.
Se alguém ama você do jeito que você ama essa pessoa, a relação deve ser conforme o amor que existe. Mas se você ama alguém de um modo, e essa outra pessoa ama você de outro modo, nenhuma relação confortável se estabelecerá em razão da distinção do amor que sentem.
Há muitas formas de amar. Mas no casamento não se pode amar de qualquer forma, pois, se nele, há alguém amando como espera amar e ser amado no casamento, por mais que o cônjuge ame e possa até dar a vida para salvar o outro; ainda assim, a tal pessoa, receberá esse sacrifício como sacrifício, e não como o amor que gratifica; visto que no casamento ninguém tem que morrer para salvar o casamento, mas ambos têm que viver em razão da certeza do amor.
Casamento não é para a morte, mas para a vida!
Assim, quando duas pessoas descobrem que se amam com amores diferentes, e um dos dois se frustra com tal constatação, a única solução do amor — não da doutrina — é a libertação.
Isto porque se eu amo alguém que não me ama do modo como eu espero receber amor naquela relação especial, minha mais pura consciência da Graça me manda deixar essa pessoa livre; pois quero amá-la com um amor correspondente; e, nesse caso, não tenho para dar… ou a outra pessoa não tem para me oferecer… Não da forma que preciso e sei que é natural. Por isto, em nome do amor e por amor, liberto-a; a fim de que possa amá-la com verdade; e esperar que um dia essa verdade seja mais forte que qualquer mágoa do coração que se sente “rejeitado”, muitas vezes sem ter sido; visto que foi e é amado (a), só não o é com a forma de amor esperada.
Amar o inimigo é uma decisão. Porém amar um homem ou uma mulher é um mistério cujas razões não são contadas pelo coração nem mesmo para aquele que ama perdidamente.
Assim, mais importante que o casamento é a Verdade; assim como o amor é mais importante que a Lei; e assim como o homem é maior que o sábado.
Portanto, quando não se ama como e do modo com o qual o outro espera que o amemos, a melhor saída, é a única: a verdade.
Há um caminho para entrar e sair quando se vive na Porta. Jesus disse que Nele a gente entra e sai e acha pastagem.
Deus não está interessado em casamentos que são guerras!
Posso até me separar de alguém por não amar como a pessoa esperaria que eu a amasse; mas mesmo me separando, devo lutar com todas as forças para que o divorcio seja um ato de RECONCILIAÇÃO na verdade.
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Continuação:
O mais importante agora é preparar os filhos para a separação. E isto deve acontecer sem brigas e com todo respeito mutuo. Só assim eles não serão tragicamente afetados; como na maioria das vezes acontece — especialmente na idade deles.
Espero que tenha me entendido. Pondere no que lhe disse, e me escreva. Afinal, o material de informação que você me deu foi muito pouco. É e foi baseado nesse “pouco” que julguei prudente lhe dizer as coisas que lhe disse.
Tudo está diante de Deus!
Creia!
Nele, que ama para sempre, pois é amor,
Caio