AOS PORTEIROS DO REINO DE DEUS!

AOS PORTEIROS DO REINO DE DEUS!

 

  

Jesus parece sempre ter feito questão de deixar os cheios de suas próprias certezas presunçosas e arrogantes, incertos e vazios em Sua presença.

Aliás, foi Maria quem, no contexto do Evangelho, primeiro disse que Jesus seria assim.

“Despedirá vazios os soberbos, arrogantes e poderosos, e acolherá os pobres da terra” — disse ela.

Além disso, foi também dito acerca Dele pelo velho Simeão, que Ele seria “objeto de contradição”.

Ele, todavia, jamais se contradisse. A contradição era o que vinha dos outros, pois, supostamente, quem deveria amá-Lo, o odiou, e quem deveria rejeitá-lo, o amou.

 

E foi de contradição em contradição [não dele a contra-dição] que Ele andou entre espinhos, abrolhos e lírios do campo.

Ele via espinhos onde se dizia que era o Jardim Religioso de Deus: o Templo e a religião, com seus funcionários supostamente do interesse de Deus e da vida;, e pensava: “Aqui é o deserto!”

Ele via lírios onde se dizia que somente havia lixo; ou seja: entre coletores de impostos, meretrizes e gente considerada pecadora por ser sem religião ou informação religiosa; e dizia: “Aqui é o campo para o Jardim de Deus”.

Ele nunca se contradisse, mas o que dizia dividia o mundo!

Daí se dizer que Ele seria como uma Espada.

Ele próprio disse que trazia a espada e que seu batismo seria de fogo.

No caminho, todavia, Ele foi pontuando as incertezas que poderiam, em sendo acolhidas, salvar os certos das certezas.

Assim Ele diz que o reino de Deus seria como um grande banquete no qual estariam presentes todos os que a Religião deixaria fora, enquanto, de fato, estariam de fora os que tinham o suposto poder de dizer quem entraria ou sairia.

Ele, entretanto, não disse nada que pudesse melhorar o desconforto dos donos das certezas.

Ao contrario, disse: “Muitos virão do Norte, do Sul, do Oriente e do Ocidente, e tomarão lugar na mesa do reino de Deus com Abraão, Isaque e Jacó, enquanto ‘os filhos do reino’ ficarão de fora”.

Ora, os que Ele chamou de ‘os filhos do reino”, são os que assim se consideravam, na mesma medida em que desconsideravam os outros!

Portanto, é fácil saber quando uma pessoa mudou de time e agora joga no time do inimigo de Jesus:

Toda pessoa que julga ter recebido de Deus a chave que abre para os outros entrarem ou que fecha para que ninguém entre — esse tal já está fora e não sabe ou não quer admitir.

“As chaves do reino de Deus”, conforme Jesus mencionou a Pedro, não é uma chave que serve no portão do céu.

Também não é uma chave para o coração dos outros.

Menos ainda é uma chave que abra acesso espiritual à ninguém; e que também seja útil a quem julgue que tenha o poder de fechar para que ninguém entre.

Somente Jesus abre e ninguém fecha; fecha e ninguém abre!

“As chaves do reino de Deus” abrem apenas onde o braço do homem [e olhe lá!] pode abrir, que é o seu próprio coração.

E porque essas “chaves do reino de Deus” são da natureza intima que são, é que Jesus diz à Igreja em Éfeso que eles tinham a chave que poderia abrir a porta para eles mesmos; e tais “chaves do reino de Deus” existiam neles para que eles mesmos se abrissem.

“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa, comerei com ele e ele comigo”.

É nessa despretensão que caminha o verdadeiro discípulo!

Ele sabe, com alegre surpresa, que está dentro; porém, não ousa dizer quem está fora; posto que no dia que o faça seja porque ele mesmo já não esteja dentro.

Somente se preserva em Deus quem anda nesse espírito!

Os donos das certezas para os outros são os que estão andando para o buraco assoviando acerca da suposta desgraça dos diferentes, enquanto a viagem que a pessoa faz seja apenas para o fundo do buraco, embora ela chame isso de caminho do reino de Deus.

Portanto, abra o olho; e, enquanto pode, salve-se do engano.

Salvo em Jesus é quem não tem outra certeza senão a de que pela Graça [favor imerecido] está salvo.

 

Nele, que nos chama todos os dias para o arrependimento que sempre nos põe no bom lugar da Graça,

 

Caio

12 de março de 2009

Lago Norte

Brasília

DF