AOS QUE AINDA […] SERVEM AO LOUCO DO AMOR ETERNO!
A fim de manter a integridade do Evangelho nesta existência, paradoxalmente tem-se que cair em estado de loucura.
Leio as Escrituras, nelas vejo aqueles e aquelas que singraram a História com a quilha da eternidade, e percebo a loucura inescapável de cada um deles.
Sim, temos que admitir que todos os nossos heróis foram e são loucos…
Dizendo isto não nego que existam também aqueles que cultuem a média […] e se alimentem apenas daquilo que exista em estado de total paralisia […] ou de medianidade confortável…
Quanto a mim, devo confessar que tudo no que creio e que vale a vida nesta existência é loucura!…
Afinal, Abraão é meu pai na fé… O mesmo que em obediência […] saiu para sacrificar seu maior amor, seu filho, no altar que a Voz lhe indicara…
Antes de Abraão todos os que lhe antecederam em fé, foram loucos também […] e os que lhe sucederam foram igualmente loucos…
Que juiz, profeta ou visionário mencionado nas Escrituras não foi completamente louco e não se deu por causas totalmente perdidas ante o olhar da História?…
Quem pode ler os evangelhos e, sem divinizar Jesus de modo romântico, chegar à conclusão de que ali está o Caminho da Vida?…
Sim, com um Líder que não quer liderar […], que só quer servir e dar a Sua vida por todos, inclusive por todos os que Lhe odiarem, e que morre pedindo aos Céus que não haja Vingança, e completa tudo dizendo que Sua vitória era a Sua morte?…
Que sanidade mental existe em tal projeto?…
Sim, quem pode ler os evangelhos e não achar que aceitar o seu convite, o chamado de Jesus, não é exatamente a opção dos fracos, dos desesperançados, dos incompetentes, dos sem coragem para socar a cara do inimigo, do frouxo existencial que transfere sua decisão de provar a vida apenas depois da morte?…
E para piorar não se vê no Líder nenhuma ambição, nenhum senso de “estratégia”, nenhuma média ou busca de ser agradável, nenhuma predileção especial pelos prediletos e nenhuma rejeição para com os rejeitados; e nenhuma fé nos poderes deste mundo […]; ao contrário, vê-se uma rejeição total de Sua parte quanto a ser Líder deste mundo; que, segundo Ele, já tem seu próprio Príncipe… — e acerca de quem Ele diz: “Ele nada tem em mim!…”.
Sim, qualquer leitura dos evangelhos nos mostrará que somente loucos e desarvorados podem aceitar o Convite de Jesus!
Sim, pois…
É convite para negar-se a si mesmo, tomar a crua e seguir a Ele, ao Líder… — sim, o líder que somente vê poder no servir e no se dar…
É convite para morrer todos os dias; para se arrepender e mudar todos os dias; para não buscar segurança humana que se ponha acima do amor; para confiar mesmo quando não há razões para confiar; para amar até ao que nos odeie; para viver por um código que diz que aquilo que é elevado diante dos homens é abominação diante de Deus…
É convite para salgar o mundo pelo desaparecimento nele, como acontece com o sal que dá gosto às coisas…
É convite para ser uma luz que não faz outra coisa senão iluminar na direção da própria Luz…
É o convite da Esperança que diz que a primeira esperança é reconhecer que tudo está perdido…
É convite à loucura sim!… Pois, nos manda esperar uma salvação que vem dos céus, que vem de outro mundo ou dimensão, e que nos visitará como milhões de sóis cercando a Terra de uma só vez…
É convite à loucura sim!… Pois nos diz que os mortos ressuscitarão e que os vivos que forem loucos em Deus serão capturados por anjos para a Glória que invadirá este Planeta, mundo e dimensão…
Ora, esta é uma pilulazinha da loucura que de fato existe no Evangelho…
Quem diz que crê em tais coisas, se existir de modo normal […], saiba: não crê em nenhuma delas; pois, quem nelas crê […] de fato é louco e vive bem-aventuradamente como tal […]; sem desejo de cura; sem cura; e sem possibilidade de recuperação; conforme se viu em gente como um pescador surtado chamado Pedro, ou um outro chamado Paulo, ou ainda um velho insano exilado em uma ilha, tendo visões do futuro da História e da Eternidade, e que atendia pelo nome de João…
A alternativa de maquiagem sem vida […], mas que imita a loucura do Evangelho […] é a vidinha morta que se pode ter no Cristianismo, que é a vitória de Roma [do mundo] sobre a loucura da Cruz.
Escrevo isto aos que esqueceram que o Evangelho é Loucura!…
Benditos os que não se envergonham de tal tamanha Loucura de Sanidade Eterna, mas que diante dos homens é total surto e irrealidade!
Nele, o Louco do Amor Eterno,
Caio
24 de novembro de 2009
Lago Norte
Brasília
DF