APRESENTO-LHES O REVERENDO GADARENO!
Ultimamente muita gente vem me perguntando quais são meus planos; ou, o que eu espero que eles façam.
Na realidade, parece que muita gente começou a entender que aquilo a que se vinha chamando de evangelho, não era, de fato, o Evangelho; e, também, é provável que vários estejam vendo que a proposta da religião evangélica, em geral, é ainda uma mensagem moral e legal; e que reduz o significado e o alcance da salvação já realizada em Jesus, a um encontro de contas com Deus; sendo que tal encontro de contas depende da justiça própria de cada um; o que, em si, é negação da mensagem do Evangelho e da Consumação legal e moral de todas as coisas na Cruz; onde o escrito de dívidas que havia contra nós e que constava de ordenanças legais, morais, rituais e cerimoniais, foi completamente abolido, pois foi encravado na Cruz.
Eu creio e vejo que muitos já discerniram que estavam traindo o espírito do Evangelho, sabotando consciente ou inconscientemente o Reino de Deus, falsificando Jesus para a História, e blasfemando contra Deus por anunciarem-no tão do tamanho das divindades criadas pelo homem.
Também encontro os muitos e muitos que estão provando na alma e no espírito, e com reflexos em toda a vida, a Graça como fato, fator e significado de suas existências, o que lhes tem proporcionado a libertação de muitos medos, fobias, neuroses, paranóias, compulsões, taras, invejas, amarguras, espírito faccioso e egoísmos.
Sim, tem muita gente tomando consciência de que viver na Graça não é uma opção, mas sim a salvação. E também de que tudo o mais que pretenda ser acréscimo a isso, é negação da Cruz, e é como estar crucificando a Jesus uma segunda vez.
Os inimigos desta mensagem estão se calando. Sim, estão se calando porque, à semelhança dos fariseus, saduceus, escribas e autoridades do templo, eles vão conforme a música do povo. E como vêem que o povo está abrindo os olhos, eles mesmos precisam, no mínimo, pensar o que farão.
Que grande milagre seria a sua conversão!
Mas, então, as pessoas me perguntam o que devem fazer. Se devem tentar salvar a instituição religiosa. Se ficam nela para testemunhar. Se a enfrentam ou se a ignoram. Se se deve começar um movimento como uma Reforma do Novo Milênio. Ou se apenas ficam crescendo na Graça de Deus pessoal e existencialmente, deixando o resto ‘pra lá’.
O que eu digo? Devo dizer alguma coisa? Tenho eu essa missão?
Na realidade, eu não sei e sei também. Não sei, porque creio na soberania de Deus. E sei, porque estou vendo algo acontecer.
Assim, não tenho preocupações, mas apenas sigo meu caminho com Deus, falando para quem desejar aquilo que em fé move minha existência.
Na realidade eu creio que todas as questões acima devem ser objeto de uma verificação no modo como Jesus as tratou, já que também estavam presentes nos Seus dias.
E o que vemos no Evangelho a esse respeito?
Ora, vemos Jesus visitando a sinagoga enquanto era possível, pregando e curando no templo enquanto suportaram-no, atendendo e encontrando fariseus e membros do Sinédrio quando solicitavam, jantando na casa de fariseus quando convidado—embora jamais tenha deixado de ensinar com pertinência em todas essas ocasiões—, e mandando leprosos curados darem ‘testemunho de gratidão’ aos sacerdotes.
No entanto, esse não era o seu caminho sobremodo excelente. O qual, para Ele, era estar com as pessoas simples, com pecadores e publicanos, curando-os em suas necessidades e ensinando-os conforme o entendimento de cada grupo.
O caminho de Jesus a maior parte do tempo foi ao ar livre, em movimento, de gente em gente, de grupo em grupo, de casa em casa, de parada em parada; ensinando enquanto ia…, pregando onde parava, curando onde se compadecia e libertando a todo aquele que dele se aproximava com fé.
Para Ele tudo o que acontecia, acontecia. Ou seja: a verdade era o que era, na hora, sem ritos e sem esperas. Assim, Ele seguia…, tratando cada instante como eterno e suficiente; semeando a palavra sem tentar ficar para controlá-la; pois ensinava que a Palavra frutifica de si mesma.
Sim, todos que o tocam e são tocados por Ele se vão livres… vão embora… seguem para os seus… vão para casa… contam o que Deus fez por eles… Apenas um grupo menor segue com Ele.
Literalmente Jesus trata as pessoas como trata as sementes da Palavra. Ele semeia a Palavra nas pessoas e, depois, semeia as pessoas no mundo.
Ora, no mundo cada um vai e acha os seus… e vive com eles e come com eles… e lhes dá testemunho com a vida pacificada e livre… fazendo assim novos discípulos… os quais se reunirão com a espontaneidade e com a alegria com a qual os amigos se encontram numa festa… ou mesmo com a simpatia que a face oferece aos enlutados.
Sim, todos devem ir… e pregar. Devem se ver como privilegiados, como seres que souberam antes o significado de toda a vida; e, por isso, não escondem o que sabem, até porque o que sabem se torna no que vivem.
Até mesmo o ex-possesso de Gadara é convidado a ir e pregar. Só Deus sabe o que aconteceu. Mas eu posso imaginar todas as possibilidades positivas, e ver aquele maluco pregando, contando…; e até batizando, se é que ele teve tempo de saber acerca disso. Mas ele sabia de Jesus. E, saber de Jesus, de fato, é tudo o que interessa. Sim, ele foi por todas as cidades de Decápolis (dez cidades) e nelas testemunhou e pregou sob as ordens de Jesus.
O Evangelho é extraordinariamente louco. E Jesus é supremo nessa insanidade que ordena o Gadareno que vá e pregue.
Quem o faria?
Pois é essa insanidade que dá a cada pessoinha tocada pela Graça de Deus a liberdade de ir…; e, indo, pregar; e, pregando, reunir pessoas; possibilidade essa que todos devem se sentir livres para realizar; ou mesmo compelidos pelo Evangelho a fazer acontecer.
Se eu tenho um sonho?
Sim, eu o tenho!
Sonho em ver essa liberdade do Evangelho se tornar uma grande revolução; onde cada discípulo pregue; e onde todo aquele que prega, faça novos discípulos; e não sentindo nenhuma culpa quanto a isso; ao contrário, sentindo-se livres para ‘privilegiar o momento’, conforme no Evangelho; a tal ponto que batizem as pessoas na fé onde elas crerem; se em casa, em casa; se no trabalho, no trabalho; se na esquina, na esquina; se na praia, na praia—tudo conforme a leveza e o espírito revolucionário do Evangelho vivido e ensinado por Jesus no Seu caminhar.
No dia em que ao invés de nos queixarmos da “igreja”, nós passarmos a fazer amigos, andar com eles, anunciar-lhes a Palavra, batizá-los na fé, reunirmo-nos com eles; assim, crescermos juntos em oração, amizade, ajuda mútua, tolerância e contínuo aprendizado do espírito do Evangelho, que é Graça, Misericórdia e Justiça; então, a revolução acontecerá, e a história nunca mais será a mesma.
Quem vai comandar isso?
Ora, quem comanda todas as coisas!
Quem será o líder?
Ora, todo aquele que o fizer, e que continue fazendo; sendo fiel ao espírito da Palavra; mantendo o coração em permanente estado de aprendizado e troca; sempre sabendo que Deus não é para ser conhecido para ser ‘ensinado’ aos outros, mas sim para ser provado em nós, por nós, e como supremo benefício de Graça em nós.
Cada um que crê já está ‘ordenado’ por Jesus, no Evangelho. Portanto, não tem que esperar validação ou cobertura de homem algum, pois o que os cobre é o Mandato de Jesus.
Agora, levantemo-nos e saiamos para viver o Evangelho e para pregá-lo a todos os homens; fazendo-o, todavia, com Graça e Normalidade de vida, sem juízos ou pré-julgamentos, manifestando amor e misericórdia, e sendo servos uns dos outros em amor e compaixão.
O que passar disso é apenas enrolação!
Chega de enrolação!
Esta é a Palavra. O resto é o pretexto para não vivê-la, ou o ardil que pretende controlá-la.
Nele,
Caio