—– Original Message —–
From: AQUELA QUE BUSCA, NÃO ENCONTRA…
To: <[email protected]>
Sent: Thursday, January 18, 2007 6:55 AM
Subject: Vida afetiva…
Tenho 32 anos, sou/estou solteira e fui criada no berço da “religião” evangélica.
Quando conheci o meu primeiro namorado, também primeiro homem, freqüentávamos a Igreja Central. O melhor de tudo, foi que nessa época (
Leio Cartas através do seu site, nas quais as pessoas ficam ou ficaram meio perturbadas com a “igreja”. Graças a Deus, já não era e não é o meu caso…
Bem, sendo mais objetiva…
O nosso namoro era muito conturbado, cheio de brigas, traições de ambas as partes e ciúmes. Até que um belo dia, resolvi procurar ajuda terapêutica para curar-me da relação doentia que nós tínhamos, e depois, enfim, acabou-se tudo.
Ele, coitado, ficou muito mal com o término do relacionamento. Afundou-se em drogas, tentou suicídio; e, depois, casou-se com uma mulher 10 anos mais velha.
Depois desse relacionamento, nunca mais tive êxito em relacionamento afetivo algum.
Só apareceram homens casados ou comprometidos, querendo alguma coisa…
Até me envolvi com um homem casado durante um ano e três meses. Mas terminamos, porque no final ele viu que ainda tinha muito que “resolver” com a mulher dele.
Cheguei a pensar muitas vezes que tinha alguma “maldição” em minha vida. Visto que o casamento dos meus pais não deu certo. E há em minha família muitas frustrações nesta área, muitas separações (tia, tio, prima e etc.).
Tenho muito medo do futuro. Medo de ficar cada vez mais sozinha. Sem nenhuma perspectiva de melhora nesta área.
De uns tempos para cá, os ‘homens casados’ pararam de atormentar-me. Quando eles me rondavam, ainda dava para tapear mais a solidão…
Minha vida está totalmente solitária, sofrida e sem saber mais o que pensar sobre o assunto.
Já ouvi também muitas “profetadas”… Mas a pior de todas foi um dia em que o Pastor-X “orou” por mim; e disse que a minha vida sentimental estava “bloqueada”. E que para “desbloquear”, eu teria que queimar uns papéis nos quais ele estava escrevendo; tomar banho de vinagre; pregar um prego numa árvore qualquer; etc.
Fiquei pasma! Mas depois de ler muito as “reflexões”, “devocionais” e as “cartas”, as dúvidas em relação a essas mandingas foram por água a baixo.
Então, meu querido e amado pastor, gostaria de uma orientação quanto a isto.
Como disse no parágrafo anterior, não sei mais o que pensar. Não sou uma mulher bonita e de dotes, mas também não sou feia.
Já me revirei por dentro e por fora, para saber o que há de errado comigo. Já pedi para Deus, tirar as vendas dos meus olhos, se houver. Já fiz de tudo.
Li outro dia, em “opinião” (site): “MULHERES LINDAS E FRUSTADAS… E HOMENS SEM ATRATIVO”.
Maravilhoso! Fui definitivamente, muito edificada!
Bem, espero que tenho sido clara. Muito obrigada por ouvir-me.
Um abraço de sua fã,
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Resposta:
Querida amiga: Graça e Paz!
A única coisa que vi na sua carta foi uma imensa perda de tempo, energia e reais oportunidades na vida.
Veja: Você tem apenas 32 anos, é bela e inteligente, tem sua própria vida, mas não fez nenhum progresso na vida afetiva e relacional, pois, isto só é possível com um homem, não se distraindo com vários, sejam eles solteiros ou casados.
Assim, o que temos?
Uma mulher de 32 anos, portanto, ainda jovem, e que passou a primeira parte da idade adulta namorando e se dando a um homem que, em você, encontrou apenas muita perturbação, com traições de ambos os lados… Desse modo, ele sofreu se relacionando com você muito mais do que você com e por ele. Entretanto, mesmo tendo casado com uma mulher 10 anos mais velha (o que você incluiu entre as coisas ruins que aconteceram ao “coitado”) — ele está lá, vivendo a vida dele, e quem ficou coitada foi você.
Originalmente a palavra “coitado” equivalia a dizer que alguém “tava ferrado …” — posto que coitado é aquele que tem sido objeto de coito contra a vontade.
Assim, o “coitado” dessa história não é ele.
Quando pessoas passam sucessivamente pela nossa vida e nunca ficam, saiba: é porque muito provavelmente haja algo errado na gente.
Essas coisas não são feitas de maldições externas a nós, mas sim de maldiçoes criadas por nós mesmos, pela nossa vida, pelo caminho e escolhas que fazemos; e, sobretudo, pela maldição de quem, suavemente, vamos nos tornando…
Assim, seu problema é você, e não a vida. Seus pais podem ter deixado um legado ruim para você, mas apenas em termos de cultura familiar e psicológica.
Explico:
Muitas vezes as coisas que nos constituem nunca foram checadas por nós; pois, pensamos que já nascemos com elas, e que, por isto, elas são parte de nós — como um braço, uma perna, ou um olho.
Ora, elas se tornam parte de nós, mas não são o que Deus chama de ‘eu’ em mim.
Foi desse tipo de coisa que Jesus falou quando disse que deveríamos arrancar em nós tudo aquilo que trabalhasse contra nosso ser real.
Desse modo, eu creio que muito do que hoje faz mal a você, está em você, e muito disso é herança familiar, tanto da criação como do convívio com eles — os pais e a família.
Portanto, por mais doloroso que seja, veja o que existe de ruim deles em sua vida, em seus sentimentos, em suas explosões de raiva, em seu humor, em seus caprichos, em suas expectativas, valores, e significados.
Sim! Esse é o diabo que ninguém quer enxergar!
Quem dera essas coisas fossem curáveis numa sessão de “quebra de maldiçoes”, mas, não todos os dias (como eles fazem, gerando a maldição da dependência a eles) — porém, de uma vez e para sempre.
Mas não é possível…
A cura, entretanto, pode até ser num dia, num abrir e fechar de olhos, embora, em geral, seja um processo sem fim, mas não mais doído e sofrido. Entretanto, será assim, apenas se a pessoa olhar com verdade para si mesma, discernindo sua própria constituição interior, a qual designa o caminho de cada um. Pois a gente é conforme o nosso ser.
Então, voltemos a você.
Você já pensou na razão verdadeira do seu primeiro namorado ter surtado com você, e, aparentemente, ter conseguido ficar com a mulher mais velha?
Você já parou para pensar em sua imaturidade emocional e afetiva?
Você já se perguntou se morar, viver, e estar com você é algo fácil para um homem?
Você é complicada, ainda que prendada?
Você tem desejos que não podem ser frustrados?
Você é o tipo de pessoa que vai ficando desinteressante no convívio com a outra pessoa?
Como você vê quero ajudar você, e não afagá-la com ilusões!
Você disse que os homens casados pararam de “dar em cima” — e concluiu dizendo que isso pelo menos ajudava a distrair, a tirar o tédio. Agora, entretanto, nem eles…
Sem saber de nada, mas apenas sentindo, eu diria o seguinte:
Você é a dona da bola; tem caprichos fortes; é altamente frustrável; acha que os homens têm que existir para você; e, possivelmente seja também uma pessoa muito sufocante na relação; e do tipo que cobra muito, exige demais, e sempre quer ser amada antes…; muito mais do que amar.
Em resumo: sua carência é tão grande, e seus enganos pessoais são tão sutis, que você não se enxerga, transferindo os problemas para fora de você, desde que não seja para um diabo muito cheio de mandingas…
Supondo que a idade de se começar a pensar em casamento seja aí pelos 24-25 anos, e considerando que você só tem 32, o que vejo foi tempo perdido. De fato, uns sete anos de tempo jogado fora. Entretanto, isto, como disse no início, não é problema, pois, de fato, você é ainda muito jovem.
Todavia, o seu “sou/estou solteira”, me chamou atenção. Sim! Porque você se nega a viver o que vive. Daí o ter relativizado o ‘sou solteira’ por um ‘sou/estou’ — típico de quem tem vergonha do status de solteira.
Ora, você sempre foi solteira. Nunca casou. E, todos os relacionamentos que teve, por mais que também tenham sido com homens casados, não significaram nada além de vínculos de transa, ou, no melhor disso, paixões de desejo — e nada mais que isso.
Desse modo, assuma que você é solteira, e ponto.
Tire de sua alma a fixação no ter que encontrar alguém; pois, nesse caso, quem busca, não encontra; quem bate, só acha monstros atrás da porta; e quem pede, só recebe gorjeta…
Assim, busque viver em paz, sem a aflição de ter que ter alguém, sem medo do futuro, e sem ansiedade… — pois, quem vive assim, assusta a quem chega perto!
O que suponho é que, inconscientemente, sua energia seja ‘pegajosa’. Assim, os casados ficam com medo de se fecharem atrás de uma porta de cadeia emocional, com potencial do tipo “atração fatal”; e, os solteiros, ao sentirem você, temem ter que tomar uma decisão acerca de casamento sem nem mesmo terem conhecido você.
Mulher que quer casar, em geral fica solteira!
Mulher que casa bem é, em geral, muito tranqüila, leve e discreta, mesmo quando bela; e que não tenta seduzir de modo algum.
Mulher sedutora seduz tanto que não leva nada!
Mulher que casa bem é, em geral, aquela que não busca, não pede e não bate na porta.
Mulher desejosa é comida, mas não se alimenta; é provada, mas não prova nada; é cheia de histórias, mas não faz história com ninguém.
Mulher desejosa vive frustrada!
Mulher cheia de caprichos é coberta deles até que o cara diga: “Aqui já tive e já tirei tudo o que queria. Daqui pra frente é chatice!”
Mulher cheia de caprichos se carrapicha enquanto anda…
Portanto, amiga querida, peço a você que ao invés de derramar vinagre em algum lugar, ao invés de rasgar esta carta, e ao invés de pregar um prego em alguma árvore — que veja se há vinagre em sua alma; se há cartas de vida e amor sendo rasgadas por você inconscientemente; e se você não é um prego, que fixa as pessoas, ao invés de amá-las.
Pense no que lhe disse, pois, mais simples para mim era nada dizer. Mas, Deus sabe, o disse querendo ajudar você como um pai ajuda a filha — afinal, tenho filho mais novo que você apenas 1 ano.
Receba meu carinho. E, se possível, apareça nas reuniões do Caminho.
Nele, em Quem tudo tem que ser em espírito e em verdade,
Caio
22/01/07
Lago Norte
Brasília