ARRANQUEI MEU FILHO DO MEU VENTRE

—–Original Message—– From: ARRANQUEI MEU FILHO DO MEU VENTRE Sent: segunda-feira, 5 de janeiro de 2004 11:20 To: [email protected] Subject: ELE TINHA SÉRIOS DEFEITOS FÍSICOS Mensagem: Sabe Caio, é muito bom quando a gente descobre que é pecador em toda a essência e não fazemos disto algo monstruoso. Apenas quero desabafar com você e queria um conselho… Perdi meu filho, no oitavo mês de gestação. Até então estava tudo bem, com ultrasons “errados” à respeito da vida que eu tinha dentro de mim. Uma semana antes dele morrer, ficamos sabendo do seu estado, que era muito delicado e irreversível. Meu marido já era estéril, e achava que a nossa filha seria filha única. Quando o neném veio entendemos ser uma benção de Deus, e todo mundo acreditou nisto. O mundo desabou nas nossas cabeças…tive de dará luz a uma criança morta e acompanhá-la em um funeral…ví meu sonho se esvaindo… Sempre quis ser mãe de um menino, e era lindo ele! Entrei no conflito mais profundo da minha vida, pois tivemos de decidir pela vida dele. Era inevitável que se nascesse, morreria em pouco tempo. Optamos em não vê-lo agonizar em uma UTI até sua morte…ele tinha uma síndrome raríssima, e não há explicação médica para um casal saudável como nós a termos gerado. Ele já tinha quatro órgãos seriamente comprometidos e sua deficiência mental era severa demais. Optei por um caixão…por um dia…e arranquei ele de dentro de mim. A dor é inexpremível, não posso te dizer a intensidade… Lutei com Deus, durante seis meses…O odiei. Achei que tudo estava sem sentido para mim, menos a vida da minha filha. Nesse momento Deus me deu um sonho, do céu. Jesus estava com ele nos braços, de olhos abertos, e me disse que meu sofrimento acabaria naquele lugar. Foi dolorido vê-lo vivo, pois o tinha visto morto, quietinho. A minha vontade de vê-lo vivo, de saber a cor dos seus olhinhos, vou levar para a eternidade… Fiquei mal naquele dia do sonho. Depois fui levada a uma visão…pois não aceitava o fato de ter decidido a vida dele…me sentia culpada. Nós o vimos…era totalmente mal-formado. A medicina fetal tinha razão, uma medicina de última geração com a qual gastamos muito, muito dinheiro. Nessa visão eu estava em um monte, sacrificando o meu filho já morto, assim como Abraão. Ouvi uma voz que dizia: Você me deu seu filho como sacrifício. Parei de chorar desde aquele dia. Foi incrível! minha filha não pede mais o irmãozinho que ela amava tanto. Senti uma paixão profunda por Cristo,e ela vive até agora no meu coração. Vejo a cada dia que isso é passageiro, em todos os sentidos, e aguardo ansiosa o dia em que o verei face a face. Vivo um dia de cada vez, compreendo a corrupção deste mundo como nunca, entendo a humanidade de Deus. Quero fazer algo, preciso fazer algo. Estou escrevendo um livro, que retrata o que sentí nesta dura caminhada. Não sei se menciono a eutanásia, nosso mundo cristão é católico demais… Gostaria de te ouvir, Um grande abraço, ****************************** Resposta: Querida Simone: Paz e Bem! Alguém já disse que se não está ainda tudo bem é apenas porque ainda não chegou ao fim. No fim tudo acaba bem. Também tive um filho que nasceu de sete meses, viveu seis horas, e partiu para o Senhor. Dei nome a ele, e o sepultei no Cemitério de Manaus. Está lá, na tumba da família…junto com outros amados meus, incluindo meu irmão, que morreu com dezenove anos de idade, em 1975. Todas as dores têm cura. Especialmente quando a gente crê no amor de Deus! Eutanásia? Não! Vocês não fizeram nenhuma eutanásia, mas sim um aborto misericordioso! Que bom que todos estão bem, especialmente a sua filha. O perigo numa hora dessas é os pais chorarem tanto a morte de um filho, que acabem se esquecendo dos vivos. Há um tempo para chorar…e há um tempo para parar de chorar. Insistir no choro depois do tempo acaba por matar quem está vivo, mas sendo esquecido como se sua vida não carregasse o devido valor. Quando fiquei sabendo que meu filho morreria, pedi a uma de minhas irmãs para ir até a minha casa contar aos outros dois filhos que o mano deles estava indo direto morar no céu. Ela chegou. Os dois estavam em pé no portão. “Cadê o maninho?”—perguntaram. “Ah, ele era tão lindo, tão lindo…que Jesus o levou logo pro céu”—respondeu minha irmã. O mais velho, então com quase quatro anos, colocou o braço sobre o outro do mais novo, então com três anos—há 11 meses de diferença entre eles—, olho para o alto, e disse:”Jesus, leva o Viquinho também!?”—referindo-se ao irmão mais novo. Assim fui curado no mesmo dia, ouvindo a simplicidade da meu filho mais velho. Todo filho—por mais que tenha outros irmãos—quer ser único, de algum modo! A morte já não mata. E morrer é normal. Sim! neste mundo caído morrer é mais que normal. “Tudo é vosso, seja a vida, seja a morte…”—disse Paulo. “Ele não é Deus de mortos, mas de vivos; pois para Ele todos vivem”—disse Jesus. E Jó não teve filhos em “dobro” para compesar as perdas. Teve tudo em dobre, menos filhos… Filhos não morrem… Receba meu beijo, Caio