AS FORÇAS DESTE MUNDO— Fabio Mendes

—–Original Message—– From: Fabio Mendes Sent: quinta-feira, 8 de abril de 2004 17:11 To: [email protected] Subject: AS FORÇAS DESTE MUNDO— Fabio Mendes Rev. Caio Fábio, As forças… Interessante ouvi-lo falar das “forças” que operam neste mundo. Eu o acompanho há muitos anos, e sempre o tive como um referencial, sendo isso um bem pra mim. Sempre fui impelido, pelos bons ventos do Espírito a estar orando pela sua pessoa, mesmo na época de total falta de informação a seu respeito. Entre os livros seus que li, havia um cujo título era: Nos bastidores dos Espíritos; um tema interessante; aprendi muito com ele; mas confesso vejo que a sua percepção no que concerne a esse tema, baseado nos textos que andei lendo no seu site, está, como se pode dizer, mais aprofundada, mais alargada, ou até, mais minuciosa. Eu acolhi com grande apavoramento essa afirmação sua: “Todas as demais forças—tenham elas as roupagens que tiverem—são sempre agentes secretos do próprio mal, se travestindo de justiça, e vitimando tanto quem oprime como quem é oprimido, num ciclo interminável, e que conduz à morte, inapelavelmente.” O mundo e seu velho sistema é como um câncer que vai correndo tudo que vê pela frente; ele não perdoa nada, nenhuma de suas engrenagens são boas; nada que possa ser seduzido passa desapercebido; o engano seduz os homens, que chegam a ser desacreditados, diante da grosseria do próprio discernimento de que há alguma outra justiça operando que não seja a deles próprios… Deus virou parte de uma nomenclatura insensível, imperceptível; enfim, a gente se perde na sutileza dos tantos detalhes, mas, pro meu entendimento limitado, há muito que se considerar; e nisto gostaria da sua opinião sobre alguns aspectos das doutrinas praticadas pelas instituições evangélicas dos nossos dias. Uma coisa é a Graça e a Verdade; outra era a lei. Paulo fez de forma singular e objetiva esta separação; e por isto eu discordo de algumas coisas que falavam a respeito do Pai, na “igreja”. Há um paradoxo, um contra-senso: Jesus viveu preservando a vida das pessoas; diferente do Êxodo em relação ao Evangelho. No Evangelho há um derramamento de perdão, virtude e graça. No Êxodo há uma sucessão de atos ditatoriais, e até maquiavélicos. É fácil outorgar a responsabilidade de algo como se fosse o efeito dos próprios erros daquela gente “privilegiada” por tantos sinais—os Hebreus—, mas, a mesma gente que seguia um, seguia outro; porém, uma era impelida pela Lei; outra era atraída pela Graça. Jesus sabia por que as pessoas o seguiam; e sabia que não era pela Palavra, mas pelos sinais, porque comeram pão e se saciaram! Os frutos revelam a árvore, e isso certamente nos ajudará a fazer distinção entre as forças que operam neste mundo espiritual; pois, foi dito que se até nós que somos maus sabemos dar boas dádivas aos nossos filhos quando mais o Pai celestial? Existem diferenças gritantes nas atitudes entre o que um (a Lei) e outro (a Graça) ensinam. Um quer que sejamos como ele, humilde e manso de coração (o Evangelho); outro faz viver se irando contra tudo e todos (a Lei)! Li em outro livro seu (Elias está nas ruas) que do ponto de vista de “teologia de libertação” a campanha de Israel na terra prometida poderia ser rotulada como “expansionista e opressora”. Isso daria margem pro evangelho pregado nas “igrejas” dos nossos dias ser tão triunfalista e conquistador, visto que a Lei é vigente para muito cristãos. Sim, essa mesma Lei que priva você da Graça, e nos enfia debaixo de jugo que privilegia os próprios méritos! Nele, Fabio Mendes ____________________________________________________________ Resposta: Meu amado Fábio: Paz e Bem! Quando meus filhos eram meninos, eu os tratava com lei, embora a graça do amor fosse a razão das regras. Mas à medida em que foram crescendo, e ia chegando o tempo dos ritos de passagem acontecerem, quando para cada um deles ficava implícito que o tempo da “tutela paterna” estava cessando, fui deixando-os mais livres, visto que a estação da “consciência própria” estava pronta para se abrir em frutos de auto-compreensão. Paulo diz que a Lei foi uma “aio”, um escravo à serviço da infantilidade da consciência. Quando porém veio a “plenitude dos tempos”—a idade para se ficar adulto—, Deus enviou o Seu Filho, e nos deu a nova aliança, a do Evangelho da Graça; a fim de que deixássemos de ser crianças em estado debiloide de tutela permanente, e nos tornássemos homens, com consciência própria. A Lei não ensina nada que seja mal até que se faça o mal que ela proíbe! A questão é que somos maus—mesmo os melhores de nós—; e por isto, aquilo que em-si-é-bom ( Lei), se nos tornou em morte, visto que Lei avulta e aumenta a nossa pré-consciência como neurose, mergulhando-nos em estado de culpa latente, e, posteriormente, patente, em neuroses e outros males da alma. Não há contradição entre o Deus do Êxodo e do Evangelho. Há um só Deus, e que é Pai de todos, e age por meio de todos, e está em todos! O Choque que há entre as “duas visões” (a do V.T. e a do N.T.) tem equivalência com o tratamento dado a uma criança rebelde—que é com vara e muita disciplina que se deve tratar, em amor—, e aquele que é dispensado a um ser em fase de se tornar adulto. No Velho Testamento tem-se a pedagogia histórica de nossa infantilidade. No Novo Testamento há convite para a vida adulta, e que não é filha do medo e nem da Lei, mas do Amor e de uma boa consciência para com Deus. A Lei morreu em Cristo! E mais: ela não ressuscitou dos mortos. Ficou sepultada para sempre! O que nós temos hoje é um povo que quer a “tutela da Lei” como se fossem eternos imbecis, sem saber que é a libertação da Lei aquilo que justamente nos abre o caminho para a vida adulta, e que só acontece quando todo medo é vencido pela fé na Graça de Cristo. Desse modo, mesmo com toda a carnificina do Velho Testamento, o que vejo é amor de Deus…ensinado as crianças…do modo como a pedagogia do momento requeria. De fato, o amor de Deus é doce e duro! Deus é paciente e apaixonado; benigno e, ao mesmo tempo, capaz de nos abater. Nosso problema é que a gente vê na morte de um corpo humano uma espécie veredicto eterno; e não é. E aqui está o Grande Escândalo: Deus mata também a quem ama; visto que para Ele todos vivem. Jesus disse aos discípulos que aqueles sobre os quais caíra uma torre, não eram mais pecadores do que os que escaparam da catástrofe; e também disse que aqueles que haviam tido seu sangue misturado aos sacrifícios malignos do rei Herodes, não estavam sendo punidos, mas apenas “acidentados” pela soberania de Deus. Deus é Deus! Faz tempo que não tenho perguntas a fazer a Ele. Entendi desde logo que Ele faz como Lhe apraz, e que mesmo que o cenário seja o da carnificina, há um bem oculto em todos os Seus atos…especialmente quando eu não enxergo! Atos 12 nos mostra Tiago sendo morto ao fio da espada, enquanto Pedro é livre de tal morte. Um anjo foi enviado. E por que foi enviado a Pedro e não também a Tiago? Ele é o Senhor, e até os Seus atos de juízo carregam misericórdia. Afinal, a misericórdia triunfa sobre todo juízo. Quanto à minha percepção das trevas, eu lhe digo que a cada dia estão ficando tão nítidas quanto as minhas percepções da luz. No fim, para Ele, “as trevas e luz são a mesma coisa…” Receba meu beijão e todo o meu carinho. Nele, que nos chama a virarmos homens, Caio