ÀS VEZES VOCÊ SOA UM “LIBERAL-FUNDAMENTALISTA”



Outro dia alguém me escreveu perguntando como um homem que crê na Graça com a amplitude da Ordem de Melquizedeque, pode conciliar isto com afirmações acerca da verdade, conforme o Evangelho? Também, a mesma pessoa, me disse que eu não dava o mesmo conselho sempre. Que ‘as vezes ele lia crente que eu diria uma coisa, mas, se surpreende com o fato de que digo outra. Respondi dizendo que aprendi com Jesus! Entretanto, hoje, me deu vontade de expandir só um pouquinho mais essa afirmação. Ora, em tal questão reside um engano essencial, que é o de pensar que porque a Graça a todos cobre em Cristo, isto significa que a verdade tenha perdido seu significado. Ao contrário, seu significado aumenta; e cresce, sobretudo, porque, agora, em Cristo, a verdade já nem é mais um debate, e nem tampouco algo a ser tratado com o temor das vítimas de inquisições; pois, ela, a verdade, não é pra ser discutida, mas vivida. Porém, esse “tal viver” da verdade “na carne” — ou seja: no corpo —, e que é pela fé no Filho de Deus que me amou, não acontece em silêncio zen budista em relação à confissão de Jesus com a nossa boca. Por esta razão, vejo Graça em tudo aquilo que é conforme a Graça recebida. Mas, ao ver a Graça derramada como revelação explicita em Jesus, ser tratada como um fenômeno religioso, como fazem muitos teólogos, isso me entristece ao ponto de dizer-lhes “ai de vós”. Nos evangelhos nós vemos que Jesus olha para as pessoas e sabe o que pode esperar delas ou o que elas têm para dar e ser na vida. A Parábola dos Talentos torna esta minha afirmação mais que factual. Por isto há aqueles que Ele convida; há os que Ele descarta com o anuncio da proposta; há os que Ele deixa “irem ficando…”; há os que Ele manda para casa; há os que Ele diz para não voltarem para casa nem que seja para ver a noiva ou enterrar o pai; há os que Ele ama, mas faz a pessoa ter que se encarar de tal modo que já não quer seguir com Ele; há quem Ele chame sabendo que por tal pessoa será traída; há os que Ele não quer por perto, pois são como lobos espreitando as ovelhas ou são escândalo no obstacularem o caminho dos pequeninos; e, por último, apenas como exemplo de tamanha variedade no trato humano, vemos Jesus tratar o centurião ou a siro-fenícia com todo amor surpreendido, porém, sem convida-los a com Ele caminharem no chão da História. Nem nomes ambos ganham nas narrativas. No entanto, nem mesmo em Israel se viu fé como a de ambos! Assim, vemos que Jesus via quem era quem; e quem desejava o quê em relação a Ele. Entretanto, ao assim fazer, especialmente no caso dos que demonstraram fé, Jesus não estava, ao convidar ou não alguém para a jornada com Ele, dizendo quem era melhor ou pior; mas apenas fazendo o que era melhor para cada um deles. Ora, partindo desse pressuposto podemos saber que nem todos têm vocação para a “caminhada comum”. Outros não sentem nem mesmo necessidade. Outros não têm o alcance para certas ambições do espírito. Outros, entretanto, não se fariam bem se caminhassem a jornada da fé com Pedro, Tiago e João; por exemplo. Todos têm, todavia, para seu melhor bem, que conhecer Jesus. Mas nem todos para o seu melhor bem precisam andar com Pedro. Nem Paulo assim sentiu em relação a nenhum dos apóstolos ou da Igreja em Jerusalém. Todavia, se alguém diz tê-Lo conhecido, e que conhece as Suas palavras, esse não pode mais continuar a existir como se Dele nada soubesse. Assim, a Graça que nos cobre e veste, é também a mesma que, ao ser percebida por nós precisa se tornar vida e palavra de vida; pois, o que entra no coração só se faz verdade quando se encarna e quando se torna confissão da boca ao mundo, ao todo da vida. Por esta razão, quem conhece e sabe, não pode calar jamais! Nele, Caio