CAIO, A CRUZ É A SAÍDA PARA EVITAR O DIVÓRCIO!

——— Mensagem Original ——–
De: CAIO, A CRUZ É A SAÍDA PARA EVITAR O DIVÓRCIO!
Para: “[email protected]
Assunto: ESTA É MINHA EXPERIÊNCIA!


Mensagem:

Amado Caio Fábio,

Sou apenas mais um do rebanho de Deus que, rendido ao Senhor na década passada, não tem como negar a sua influência na nossa fé.

Li muitos dos seus livros, e atualmente sou freqüente no site.


Acrescento que seus comentários no “A Mente de Paulo” estão contribuindo em muito no meu particular caminho.

Como também andei fazendo aulas de psicanálise, considero muito lúcida sua “pequena” dissertação sobre ID’s, Superegos e outros bichos.

Com 7 anos de Caminho, e muitas coisas do Reino acontecendo na minha história, gostaria de compartilhar muito com você, mas o respeito que tenho por você, como mestre, me faz reconhecer que o tempo não é uma virtude apropriável daqueles que, como você, são sábios e servos, e farol para os perdidos.

Sobre casamentos fracassados por adultérios das mais diversas formas de expressão, e a partir do aconselhamento que recentemente você disponibilizou para um irmão desesperado, só quero te dizer, de coração gemendo, que há outra saída.

Considere apenas isto: há uma outra saída!

Há a cruz, há o sangue de Jesus Cristo que foi derramado sem o nosso merecimento. Dizer isto para você? Sou algum louco? Estou apenas repetindo o eco constante do Espírito Santo que encontra em você mesmo um dos maiores propagadores do amor de Deus pela humanidade.

O casamento é uma aliança, não um contrato como o meio secular o considera. Tanto que Paulo o compara com a aliança de Jesus Cristo com a Igreja (a verdadeira, tá!). Só estou me expressando (com muito temor, para ser sincero) porque ao ler a carta do irmão, me identifiquei imediatamente com o sofrimento dele, mas a minha resposta ao mesmo gemido, encontrou uma outra saída, que diverge do seu conselho. Há uma outra saída, repito …

Pense Nisso! Não por mim mesmo, mas pela sua própria sabedoria, que mergulha constantemente no Amazonas e no Rio da Vida.

O gemido do irmão é identificável, pois passei pelo mesmo gemido. Mas no meu caso o conhecimento veio à tona durante minha participação no Curso Casados Para Sempre (é claro que na prática o casamento estava fracassado), e aí eu estava sendo tratado por Deus, aos cuidados do Pai, e pude liberar perdão, como também fui perdoado, pois o adultério tinha via dupla.

Mas não é só isso. Naquele momento isto era apenas a ponta do iceberg. O Espírito Santo continuou e continua trazendo luz e trabalhando em nossos corações. De repente você descobre que não foi adultério que rompeu sua relação, ele foi apenas conseqüência. Muitas vezes começou lá no útero (para encurtar a conversa) e você foi preparado para fracassar no casamento. Foi sua indiferença, seu medo, seu amor próprio, sua arrogância intelectual e religiosa (veja: estou falando para mim mesmo), não importa. O importante é a cruz, o importante é que Deus se fez carne, para sofrer no nosso lugar. Ele veio aos doentes, e não para os sãos. Só conseguimos entender a cruz se antes nos entendermos doentes, e depois curados. Este amor verdadeiro, o de perdoar aos que nos ofenderam, assim como Jesus Cristo nos perdoou, é que reconstrói muralhas derribadas e reconstrói um lar devassado pela escravidão da justiça própria.

Mesmo parecendo terrível, o mais fácil é sair pela porta dos fundos, dizer adeus e esperar que a justiça dos homens nos leve a um bom acordo.

Difícil, aparentemente, é deixar Jesus Cristo entrar pela porta da frente, em aliança, e deixar que sua luz ilumine nossas trevas, e os seus cuidados de médico expurgue a inflamação e cure a ferida.

Por favor, pense nisso, choro a você. Jesus nos ama e ama de qualquer forma, da forma como somos hoje e como estamos, mas por favor pense nisso, pois um dia uma irmã não aceitou os diversos conselhos que teve para se separar (já estava fisicamente separada), inclusive dos presbíteros, pastores e líderes de sua igreja a aconselharam. Ela buscou a Deus, buscou a palavra, orou, o céu desceu, o Pai a escutou, ela recuperou o marido, o casamento, seu amor, a família, iniciaram um ministério, o MMI – Marriage Ministries International, que já está em 90 países, 38 línguas e a cada ano cerca de 125 mil pessoas passam pelo curso Casados Para Sempre.

Bem, os testemunhos do amor de Deus falam por aí por si próprios.

Concluindo, não estou querendo propagar um Ministério em particular. O que desejo, de forma até desajeitada, é dizer que, bem, se não há propriamente uma outra saída no caso específico de cada um, há com certeza, outras possibilidades, outros testemunhos, antes de se tomar uma decisão. Mas o amor de Jesus Cristo nos une e nos dá esta liberdade de falar, sinceramente com as melhores intenções das intenções.

Que o amor de Cristo nos una mais e mais.
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Resposta:

Meu amado irmão: Paz e Bem sobre você!

Obrigado pela sua carinhosa carta. Também creio em outra saída para o casamento. Afinal, quando há saída para o casamento, é porque o amor é a saída em-si.

Sim, quando há outra saída é porque as pessoas se amavam na mesma freqüência e com a mesma expectativa de encontro, e que pelas razões que você descreveu, se tornaram frias, orgulhosas, indiferentes, e se magoaram; tornando-se cada uma delas, pelos seus próprios ressentimentos, pessoas com bandeiras a defender, e direitos a buscar e afirmar.

Ora, quando o caso é esse, a solução não é fácil ainda, mas mediante o perdão tais casais podem se reencontrar.

Eu disse que mesmo nesses casos “não é fácil ainda”. Afinal, conforme creio e já expressei aqui no site, perdão é um dever, mas nem todos têm tal consciência. Todavia, perdoar é brincadeira se comparado ao real problema, que é a falta daquela qualidade de amor homem-mulher. Repito que perdoar é brincadeira, o difícil é inventar o amor. De fato, é impossível entre um homem e uma mulher.

Ora, um homem pode amar uma mulher como amiga querida e reconhecer nela todas as qualidades—e vive-versa—, e ainda assim morrer de depressão e dor ao lado dela, e ela ao lado dele.

Sim, perdoar é fácil quando comparado à criação do amor que une um homem a uma mulher.

O que une um homem a uma mulher não é uma “aliança seca”, mas molhada de amor, não de razões. E essa aliança não é forjada por ourives, e nem é disponível àqueles que nunca a possuíram. Essa aliança é alienígena à nós. Não somos nós que a criamos; nós no máximo a guardamos e a protegemos.

No entanto, nenhum ser humano—mesmo o mais santo, e que ame até aos seus inimigos, conforme Jesus mandou—consegue “produzir” amor relacional-conjugal apenas porque reconhece que a outra pessoa é boa.

Nesse caso, quando tal amor não existe, o que fica é opressão e angústia, fica a vontade de sair correndo, fica o medo de se ser mal para quem a gente reconhece como sendo bom…mas nem por reconhecer no outro tudo isto, consegue ficar. Aliás, em geral, não consegue ficar justamente por reconhecer que o outro merece o que procura, e que o coração não encontrou em si para oferecer.

O sofrimento de quem não ama é saber que não consegue dar o que a outra pessoa deseja e espera dele. Esta é a tortura de quem ama menos em relação à freqüência do outro, ou que ama com outra qualidade de amor, o que para o outro ainda não satisfaz.

O grande sofrimento dos que amam fraternalmente enquanto são amados visceralmente, é justamente sofrer por amor fraterno a incapacidade de dar algo que não possui, e que o outro espera de nós, pois tem e nos dá, não conseguindo demandar menos do que oferece.

E você sabe que nenhum Curso e nenhum homem tem esse poder de criar amor que é verdadeiro para com uma mulher, e vice-versa.

O amor que se dá ao inimigo é filho da sabedoria e da razão, conforme Jesus ensinou e praticou; e também conforme Gandhi ilustrou no século passado, bem diante dos olhos da humanidade.

Aquele amor, sinceramente, eu acho infinitamente mais fácil, até porque não cobra de você nada além de dar capas, túnicas, a outra face, e ainda assim resistir o outro como inimigo.

O amor entre um homem e uma mulher, todavia, não tem tal privilégio. Ele não é filho nem da sabedoria e nem da razão, mas de um ambiente muito mais profundo, e onde o que vale não é a boa intenção, mas a verdade de ser. O amor pelo inimigo é sábio. O amor entre um homem e uma mulher não é nada, ele apenas é ou não é.

Se um dia tal amor existiu entre amantes, então, ainda existe como semente nos corações no qual murchou. Mas se nunca houve, quem terá o poder de fazê-lo nascer?

O amor que une um homem e uma mulher tem que ser verdadeiro e inexplicável como o amor de Cristo pela humanidade. O amor de Deus pelos homens é loucura, assim como o é o amor de um homem por uma mulher. Quando digo loucura, não falo e não creio que o verdadeiro amor seja loucura como confusão; mas ele é loucura como falta de razão.

Esse amor não pode ser inventado, ele tem apenas que ser admitido!

Quanto à Cruz ser a “outra saída” para a separação entre um homem e uma mulher, eu creio completamente. Na Cruz a gente vê o que é perdão. E casais que se separam por falta de perdão estão precisando da salvação como perdão. A Cruz é a saída para os que se amarguraram, mas não é esquina da paixão.

Você já prestou atenção no fato que na Cruz inimigos são perdoados porque não sabem o que fazem, e mães solitárias são agasalhadas por filhos adotivos —e João levou Maria para casa— mas não há ali nenhuma menção à criação do amor que inexiste entre um homem e uma mulher?

A Cruz? Meu Deus! Ele sabe o que ela significa para mim. Aliás, sem ela nada significa para mim. A Cruz é a causa metafísica de todas as coisas, não um adendo histórico à calamidade humana.

O Cordeiro de Deus foi imolado antes que houvesse qualquer criação!

Portanto, a “outra saída” não é apenas um jeitinho cristão para a inexistência de algo que se existe é, e se não existe, não é. Não, a Cruz não é auto-engano, mas é a Porta da Graça de Deus para nos livrar de todo engano.

Tenho milhares de pessoas como testemunha de que passei a minha vida “unindo” casais, não separando-os.

Hoje mesmo, aqui neste site, no link Cartas ou Testemunhos, você encontrará pessoas falando de como foi aqui que encontraram soluções para seus casamentos. Mas isto só acontece quando o problema deles era falta de perdão, não inexistência de amor.

No meu cotidiano pastoral o que mais faço é ajudar as pessoas a não se separarem, quando elas se amam.

Se eu escrever hoje e pedir para todos os que de um modo ou de outro foram ajudados a permanecerem casados mediante alguma forma de participação minha, você verá que multidões aparecerão.

Eu mesmo sou filho de dois velhinhos que estão casados há 50 anos.
 
Cresci e vi minha mãe sofrer com as infidelidades de meu pai, e vi como quando ele encontrou a Cristo, aos 45 anos de idade, tudo mudou.

Tenho também milhares de outros testemunhos tristes, diferentes do da irmã que fundou o curso Casados Para Sempre.

Sim, há gente que fez a mesma coisa que ela, com a mesma intensidade e desejo, que buscou a Deus e a Palavra, que agiu com sabedoria e graça perdoadora durante décadas, e não conseguiu o que ela alcançou.

E por quê?
Porque it takes two. Uma só vontade solitária não muda nada entre um homem e uma mulher. Nem tampouco duas vontades amorosas, porém sem a “qualidade” de amor que vincula um homem e uma mulher, conseguem realizar para si mesmas o que como vontade gostariam de fazer acontecer.

Também não se pode pedir a alguém —a menos que a pessoa deseje— que fique numa relação indigna e esmagadoramente desumana. Isto porque amar sem ser amado é algo opressivo e esmagador.

O “caso” que você diz ter lido nas Cartas aqui do site é a vida de um pai, antes de ser a vida de um marido. Sim, é a vida de um homem que está casado com uma mulher que não o ama e não o quer; e que o deixa em casa com o filho de 4 anos e, às vezes, só volta três noites depois.

Que fazer?

Pedir a ele que fique sofrendo para sempre?

Nesse caso, teríamos que abrir o curso “Sofrendo Para Sempre”, que só precisa existir como “curso”, visto que já existe como fato no curso da existência de milhões de seres humanos. E a “igreja” está cheia deles. De fato seria o curso mais freqüentado de todas as paróquias.

Ele diz que não agüenta mais. Nesse caso são os capítulos 5 e 19 de Mateus que prevalecem. Ele tem o direito concedido por Deus de resolver a situação.

Ou queremos que até as concessões feitas por Deus à realidade do mundo caído sejam suspensas pela experiência pessoal de uma senhora querida que foi bem sucedida no Estados Unidos?

A questão não é e nunca será a de uma “outra saída”!

“Tome a sua Cruz, minha filha” —foi o conselho de uma mãe a uma filha sistematicamente espancada pelo marido.

O meu conselho foi outro: “Minha filha, é a Cruz que vai libertar você desse carrasco, sem medo e sem culpa religiosa”.

Folgo diante de Deus por todos os casais que conseguem se reencontrar. Deus sabe que com eles me alegro de todo o coração, pois vejo a maravilha desse milagre nas vidas de meus país.

A questão é outra. E aqui neste site você verá, se o ler de ponta a ponta, que nunca estou falando de nada que não seja uma incompatibilidade essencial de almas pela total falta de amor conjugal entre as partes, ou da total indisposição de uma das partes em relação ao casamento.

Deus criou um querubim chamado Lúcifer, mas quando ele quis sair da “aliança” da criação, Deus o deixou ir!

Quando um casal vive as situações acima descritas, não se os está divorciando, mas apenas se está “oficializando” o que já existe: a total separação!

E, meu amado, nesse caso, não vejo como fazer um casal ficar junto se não se amam como homem e mulher mesmo.

O Divórcio é uma amputação para ser praticada apenas e tão somente se as partes ou uma delas está morrendo. É apenas para salvar. Ninguém gosta de andar de bengala ou muleta pela rua. Mas entre perder a perna e a vida, prefiro andar manco!

No meu livro “Perdão, Encarnação da Graça”, falo de como o perdão é a solução para os casamentos magoados e feridos —seja ou não pela traição, como foi o seu caso—, mas nunca me propus a indicar como caminho para um casal a permanência no casamento se eles não se amam ou se um deles não quer de jeito nenhum.

Nem Paulo achou que essa fosse a solução (I Co 7).

“Como sabe se converterás o teu cônjuge?” — era a pergunta prática e realista que ele fazia. E por quê? Será que ele ainda não havia discernido a Cruz?

O “incrédulo” também é aquele que perdeu a fé em alguma coisa, ou aquele que não crê mais que algo tenha jeito, ou que não queira de jeito nenhum!

Como um “crente” no seu próprio casamento e coração poderá viver com um “incrédulo” em seu próprio casamento e crente de sua “incredulidade” quanto a amar?

O que vejo na sua carinhosa carta é apenas uma coisa: você está tentando fazer de sua vitória pessoal uma regra para milhões de casos cujas variáveis não passam pela situação de seu casamento.

E se sua esposa, que você disse que também “traiu” você, não quisesse mais você por nada desse mundo? Você acha que ela teria ido ao Curso? E se fosse, você acha que o resultado teria sido o mesmo?

Veja: vocês só estão juntos porque vocês quiseram ficar juntos; digo: os dois, não apenas um!

Se dois estão casados, e os dois traíram, mas ambos se amam, e se perdoam, ALELUIA!

Repito: e se sua esposa não quisesse mais de jeito nenhum? O que você faria? A amarraria ao pé da cama?

Não, meu irmão! Nesse dia você teria que aprender um outro lado da Cruz. Aprenderia que a Cruz traria Graça para você poder se separar dela sem ódio e sem amargura, mas com perdão.

Dois não andam juntos se não houver acordo entre eles!

E mais: o adultério não é o pior problema a ser superado num casamento. O pior problema é a inexistência de amor.

Quando falo em “amor”—quem lê este site já deve estar cansado de saber as “diferenciações”—, não me refiro ao Amor Ágape, nem ao fraternal—aquele que faz gerar amizades—, mas falo de amor homem-mulher, onde as duas formas de amar anteriormente mencionadas se tornam também dependentes de Eros para iniciar; assim como Eros se torna dependente delas para continuar como amor.

Se um casal já passa dos 55 ou 60 anos o amor homem-mulher já deu completamente lugar à “delicadeza”, e fica infinitamente mais fácil. A velhice realiza muitos milagres de pacificação!

Mas quando você vê casais jovens, cheios de sonho, vigor e desejo de encontro pleno, vivendo no inferno, fica impossível convencê-los a “ficarem” numa relação feita de nada, onde o que prevalece é a certeza do engano da “união”.

Teria muitos exemplos a dar de pessoas que conheço que freqüentaram o curso em questão—Casados Para Sempre—, e que conseguiram superar as crises; também tenho o testemunho de muitos outros que conseguiram por um tempo, e depois se separaram; e também daqueles que não conseguiram desde o início.

Qual dos “testemunhos” você acha que se fará a eleição para contar?

A diferença é a seguinte: quem vai a um curso como esse já carrega a vontade de “ficar”, de aprender o caminho da permanência. Ou seja: são pessoas que se amam, ou que vêem chance, e que querem aprender a viver a vida com sabedoria. Então, é claro, as chances de sucesso são maravilhosas. E fico mais que feliz que seja assim.

A Vinde realizou Congressos Para a Família durante anos, e até hoje recebo cartas ou encontro pessoas que tiveram seus casamentos refeitos pelas ajudas que lá receberam. Mas a maioria ia porque já buscava uma solução.

Aqui, no entanto, a maioria dos que escrevem não admitem nenhuma hipótese de “ficar”, e ainda assim, quando sinto que há alguma chance, sempre insisto nela.

O que você precisa saber é o seguinte: quem me escreve não o faz porque conseguiu, mas porque não tem nem mesmo coragem de falar o que está acontecendo, especialmente numa “igreja” que apedreja os infelizes. Já escrevem depois do “curso”, ou depois de verem que não dá mais, ou mesmo porque não querem mais nada, na maioria das vezes porque não suportam mais as afrontas, as violências ou a total falta de interesse da outra parte.

A Cruz não é a saída, é a Porta de entrada. E é porta aberta. Nele a gente entra e sai e acha pastagem.

Ora, como se pode relacionar a Cruz à Porta da Liberdade em Cristo, e o casamento à escravidão por toda a vida?

Conheço a dor da separação de quem a gente ama de verdade, mas não com aquele tipo de amor que a outra pessoa espera da gente. E sei a desgraça de dor visceral que é tomar tal decisão. Quando o fiz, todo rasgado de angústias e oprimido por sonhos que me perturbavam todas as noites, tive que conhecer a Cruz mais uma vez. Nesse dia conheci mais uma dimensão da Cruz, que acontece como Graça para sobreviver ao julgamento de todos em razão da decisão tomada.

Um dia todos os segredos do coração estarão abertos, e todos entenderão tudo.

Você deve agradecer a Deus a benção do que aconteceu a você. E sempre que encontrar casais magoados, mas ainda insistindo na permanência, tente ajudá-los a aprenderem o caminho do convívio e da paz, e que só acontece como perdão e sabedoria, pois, o essencial neles existe, que é a qualidade do amor conjugal verdadeiro.

Mas NUNCA faça de sua experiência uma regra, e muito menos diga que a Cruz é a solução para o casamento sem amor. A Cruz é a solução para o perdão, até para os que admitem a inevitabilidade do Divórcio. Até para se deixar alguém tem-se que fazê-lo na Cruz.

Da Cruz também vem a Graça que nos ajuda a conviver. Todavia, como já disse, um é o amor que se tem que ter pelo inimigo, outro o que se tem que ter pelo amigo, outro ainda o que se tem que ter por todo e qualquer ser humano, e outro é o amor que um homem e uma mulher têm que ter um pelo outro.

Ficar casado e ter que amar o “outro” com o amor que Jesus mandou amar o inimigo, eu lhe digo, não é desejo de Deus; é tortura “cristã”.

Você vê o exemplo dos que freqüentam o Curso. Eu vejo o curso de milhares de vidas para as quais cursinho nenhum pode trazer a solução.

E creia, dá pra ver estampado no rosto o desejo de casais que desejam ficar juntos, mesmo que toda sorte de feridas os tenham machucado. Desses, eu digo, tenho milhares de testemunhos a contar a você também, a começar de meu pai e minha mãe.

Mas jamais farei experiências pessoais de alguns se tornarem regras para todos. Seria a mesma coisa que transformar a minha experiência pessoal de divórcio numa proposta para os casados se separem. Seria loucura e grande pecado assim proceder!

A grande ironia é que enquanto me separava, e depois, enquanto apanhava de todos os lados, ajudei muitos a não se separarem. Apesar disto, as “esposas” de alguns amigos os “proibiram” de continuarem a amizade comigo por julgarem que agora a minha proposta era o divórcio? Meu Deus! Que loucura!

O Divórcio é uma grande porcaria, mas é o único remédio para quem não agüenta mais viver no chiqueiro; ou seja: na pocilga das angustias interiores, mesmo que o parceiro seja bom e amigo. Pois como antes disse, tal permanência só faz aumentar mais ainda a dor do convívio, e gera grande infelicidade, e nada mais que isto.

Por que digo isso?

Porque sei que o Divórcio não é o ideal de Deus para ninguém, e tudo o que se puder fazer para ajudar as pessoas a conviverem em paz deve ser feito.

Um dia me divorciei, mas o divórcio não me fez perder o bom senso.

O problema é que as pessoas perdem a memória. Desde 1976 que digo as mesmas coisas.

Quando se ia votar a lei do Divórcio eu era pastor na cidade de Manaus. Fui convidado para um debate na televisão, ao vivo, com o Arcebispo, o seu auxiliar, alguns casais felizes, e o presidente da OAB. Defendi a lei do Divórcio.

E por quê?

Porque era óbvio que seres felizes não iriam se divorciar. O Divórcio só legaliza o que já é um fato: a separação.

Ora, eu não advogava em causa própria. Só vim a me divorciar 23 anos depois.

Mas se é assim, por que falei o que falei?

Ora, defendi a Lei do Divórcio em 1976 apenas pelo bem de meu próximo que sofria dores diferentes da minha.

E mais: toda pessoa que viveu uma experiência radical como a sua e sobreviveu, tende a querer fazer de sua sobrevivência uma regra de obrigação para todos os demais casos.

Sabe por quê?

É a mesma síndrome dos ex-viciados em álcool: ficam com medo de que o consentimento com a liberdade dos outros ou com as diferenças entre as situações, fragilize a sua própria decisão de não mais beber. Então, transformam seu problema pessoal numa regra para o mundo.

A fé que tu tens, tem-na para ti mesmo!

E não julgue que a Cruz vai fazer um homem passar a desejar uma mulher, e nem fazer com que uma mulher passe a amar os espancamentos do marido!

A Cruz nos leva para a Graça que liberta, não para a escravidão. E a Graça não é o ópio do povo, é o Olho da Verdade!


A Cruz não é a “outra saída”, ela é a Única!

Um beijão muito carinhoso, e não se constranja quanto a escrever-me outras vezes.


NEle, que nos salva para a Vida,


Caio