CAIO, AINDA HÁ APÓSTOLOS?



From: Carlos Moreira Sent: terça-feira, 18 de maio de 2004 11:50 To: [email protected] Subject: CAIO, AINDA HÁ APÓSTOLOS? Querido Pastor Caio Fábio, a Paz do Senhor. Espero que o irmão e os seus estejam bem. Amado, eu gostaria de saber do irmão—sem espírito de crítica e zombaria—sobre o “Ministério Apostólico” que está se desenvolvendo nestes últimos anos; pois o grande problema é que não há muita informação bíblico-exegético-teológica sobre o assunto. E até os próprios apóstolos do Brasil não sabem explicar, biblicamente, a razão de seus apostolados. Em Cristo. Bispo. C. Roberto L. Moreira Igreja Central do Evangelho Pleno. _________________________________________________________________________ Resposta: Meu amado irmão: Graça e Paz! Você é um apóstolo, se você é um enviado para pregar a Palavra onde ela não foi ouvida! Nesse sentido, você pode ser apóstolo de sua casa, de seu bairro e de sua vizinhança, mas apenas neste sentido; e nunca usando disso como um “título”, mas exclusivamente andando no espírito do apostolado. Na língua grega “apóstolo” quer dizer, simplesmente, “enviado”. Ou seja, qualquer pessoa enviada para qualquer tarefa, é um “apóstolo” no sentido normal da palavra grega. Porém, na linguagem do Novo Testamento a palavra “apóstolo” é usada para designar apenas o grupo de discípulos que Jesus enviou: os Doze; tendo havido, de modo tácito, o acréscimo posterior de Paulo, “como…um nascido fora de tempo.” Assim, além dos Doze apóstolos, esta palavra é também aplicada a Paulo, e foi reconhecida, em Paulo, pelos doze de Jerusalém; de tal forma que Paulo se tornou o apóstolo dos gentios; ou seja: dos não judeus. Portanto, neste sentido bíblico, não há mais “apóstolos” hoje. A palavra apóstolo, no grego, significa simplesmente delegado ou mensageiro, conforme eu já disse. Porém a palavra é usada na perspectiva da fé a fim de designar os mensageiros de Deus, de uma maneira ampla; todavia, sempre tem que designar “mensageiros confirmados” para levar uma mensagem credenciada. Assim, quando alguém é comissionado e é enviado para um trabalho onde ele (a) vai anunciar a Palavra para pessoas que não a ouviram, esse tal é um apóstolo; ou seja: um enviado. No grego clássico a palavra era usada para significar muitas coisas, mas principalmente a idéia de “mensageiros de Deus”, sendo usada até para os sábios da filosofia. Na Bíblia o termo é usado de modo sobremodo excelente em relação a Jesus, que é o Apóstolo de nossa alma, conforme Hebreus 3:1. Fora do grupo dos Doze, a palavra aparece em relação a Barnabé, Andrônico, Junias, e Tiago, o irmão do Senhor. Em geral, para “testemunhas da ressurreição”. Depois dos Apóstolos, a palavra apóstolo tem apenas sido usada, como já vimos, para designar os primeiros missionários cristãos que levaram a mensagem para países que nunca tinham recebido a Boa Nova. Desse modo, se pode dizer que no grego clássico, o termo é usado com respeito até mesmo a tarefas comerciais ou militares. O apóstolo, portanto, no grego clássico, pode ser também visto como um Explorador de novos horizontes. Há quem diga que o tal significado, secularmente falando, poderia ser equivalente a “aquele que é enviado para longe”, numa missão de embaixador, por exemplo. Na perspectiva bíblica, que é a sua questão, a palavra “apóstolo” é, portanto, apenas usada para designar os Doze; ou, também, em um sentido muito mais restrito, pode ser usada para designar os “enviados” de uma igreja, e que são comissionados para servir em outras igrejas, com finalidades bem definidas, ou levar a Palavra longe, onde ela nunca foi ouvida como tal. Vale dizer, entretanto, que a palavra apóstolo sofreu dois grandes traumas da Reforma protestante para cá. O primeiro trauma veio da repelência que os reformadores tiveram pela palavra em razão dela estar associada ao Papa, na Igreja Católica. Desse modo, a fobia papal dos protestantes matou o termo, até mesmo para a sua utilização mais restrita, que seria a designação de um abridor de novas frentes. Ora, nesse sentido, e apenas nesse sentido, Lutero e Calvino foram apóstolos; assim como Sadú Sundar Sing, na Índia; ou Frederico Orr, nas barrancas do Rio Purus, no Amazonas—isto para não mencionarmos milhares de outros irmãos. O segundo trauma que a palavra sofreu veio do uso abusivo, hierárquico, político, promotor de superioridades, e jactancioso que se fez dela nos últimos 12 anos no meio evangélico; especialmente depois do movimento das Comunidades e do G12. Tais usos, com todo respeito, me parecem pretensiosos e carregados de desejo de expressar uma “unção nova”; e sempre vêm atrás de todas as ondas dos chamados “novos moveres”. No Brasil, todos os apóstolos que eu conheci, morreram como missionários, ou pastores ou evangelistas. Os atuais “apóstolos”—os quais eu conheço desde sempre…— não parecem as pessoas próprias para carregar a palavra—nem elas e nem seus ministérios—; até porque “apóstolo” não é título, é dom, é chamado, e é acompanhado pela vida que corre o risco dos novos exploradores da Terra; e que vão…não atrás de honras, mas de seres humanos; sempre no desejo de levar as Boas Novas onde elas ainda não foram ouvidas. Espero ter lhe ajudado em alguma coisa! Receba meu carinho e minhas orações. Nele, que é o nosso único Apóstolo, e em Quem somos erigidos como Igreja no Fundamento dos Apóstolos e Profetas, segundo o Espírito e o Testemunho da Ressurreição, Caio