CAIO, E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE?

—–Original Message—– From: Antonio Polo Sent: segunda-feira, 24 de maio de 2004 13:45 To: [email protected] Subject: CAIO, E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE? Amado Caio, Deus continue te abençoando. É triste constatar algumas igrejas nas quais existe uma “competição” para ver quem é mais espiritual, quem fala mais línguas, interpreta, expulsa mais demônios, e profetiza mais. Concordo com você quando diz que o que está faltando nessas comunidades é a Palavra de Deus, e um ensinamento correto; talvez se essas igrejas tivessem uma escola dominical, seus membros aprenderiam que somos reconhecidos por nossos Frutos, e não por nossos dons. Eu já passei por muitas fases e consigo observar as aberrações, mas é muito gostoso de vez em quando ouvir uma profecia dentro do mesmo Espírito. Mas o que me toca atualmente é o assunto da Teologia da Prosperidade. Você não acha que o evangelho cresceu abruptamente no país devido a termos novas igrejas sem os antigos costumes e legalismos, onde a aparente prioridade é tentar abençoar o povo, sem cobranças, costumes, ou policiamento e competição pra sabe quem é mais santo? Sinceramente vejo um lado muito bom em tudo isso; tenho visto igrejas onde realmente os irmãos e reúnem para adorar a Deus e não olham para a vida do outro. Você não acha que esse nova geração de igrejas ganha das antigas nesse aspecto de conseguirem trazer muito mais pessoas para os pés de Jesus? Creio que o problema não é vir pela prosperidade, mas ficar somente nisso. Acredito que tão perigosa quanto a Teologia da Prosperidade, é a teologia que prega somente baseada em exemplos de mártires cristãos, dizendo que para ser do Senhor Jesus você tem que necessariamente sofrer e penar; também é uma teologia não acha? Acredito que em uma boa igreja deva ter hora para tudo dentro da palavra, hora de pregar para quem está falido, orar pela área sentimental, pregar contra o pecado, orações e dons, etc … Um abraço Caio !!! ____________________________________________________________ Resposta: Amado Antonio Polo: Nem tanto ao mar, nem tanto à terra! Você usou a palavra Evangelho como sinônimo de evangélico. Fez isto quando disse: “Você não acha que o evangelho cresceu abruptamente no país devido a termos novas igrejas sem os antigos costumes e legalismos, onde a aparente prioridade é tentar abençoar o povo, sem cobranças, costumes, ou policiamento e competição pra sabe quem é mais santo?” Não! o Evangelho não cresceu. Cresceram as igrejas evangélicas! Sua carta bem traduz o espírito evangélico. Tipo: Você não acha que o que temos agora é melhor do que o que tínhamos antes, pois o que antes tínhamos era mais legalista, e tomado por usos e costumes? Ou: Você não acha que as igrejas da prosperidade são menos legalistas que as anteriores? Minha resposta é a seguinte, e vai de modo bem simplificado: 1. Ambos os grupos, diria Jesus, são como meninos na praça, dizendo: “Nós choramos e vocês não choraram conosco”; enquanto o outro grupo responde também emburradamente: “Nós tocamos flautas e ninguém de vocês quis dançar.” Ou seja: estamos falando de soluções e grupos de meninos fariseus. Afinal, se o modelo fosse tipo “João Batista”, eles diriam, “é radical demais”. Mas se é Jesus, eles não têm coragem de dizer nada—podem até tocar muita flauta, e não cobrar nada das pessoas, exceto dinheiro—, mas também ficam achando que o Evangelho não basta, que tem que haver sempre um novo show, pois é desse novo show que eles vivem. O interesse não está na Palavra do Evangelho, pois a Palavra eles não conhecem, daí a necessidade de tantos “novos moveres”. O primeiro grupo chora o passado. O segundo desconsidera o Evangelho, e vive de festas que reúnam muita gente; pois é aí que está o lucro. E quando digo isto, não fala de todos—há muitos líderes sinceros—e muito menos falo do povo, que, na pior das hipóteses, é ainda vitima. 2. Legalismo não é apenas o que diz respeito a usos e costumes. Legalismo é não se entregar à Graça. E se entregar à Graça não é apenas não ter usos e costumes antigos. Também não é apenas não se meter no dia a dia do povo—a maioria dos pastores não quer nem ouvir falar em “dia a dia” do povo; dá trabalho!—, ou ter um louvor alegre. Não meu amigo, a Graça é mais que roteiro de show, e mais que liberdade para pular e dançar. O Evangelho da Graça é o cessar de toda barganha com Deus. E digo que em nenhum desses lugares a barganha acabou. Entenda isso para sempre: nunca confunda liberdade litúrgica ou até concessão moral ou legal, com a mensagem da Graça; visto que a Graça não é legalista e nem moralista, porém, ela não faz barganha alguma com Deus, e não ensina nenhuma troca entre o homem e a divindade. Assim, meu amigo, mesmo pulando muito, a maioria desses ambientes não pregam a Graça, mesmo quando usam a palavra “graça”, visto que para eles ela só vai existir de fato no dia em que eles não barganharem mais nada, e nem ensinarem ao povo o caminho da barganha. E para seu governo eu lhe digo: Não há teologia da prosperidade sem barganha com Deus. Toda tentativa de barganha com Deus é legalismo, pois estabelece a virtude humana como capital de troca, mesmo que seja na doação do dinheiro. Me diga: Onde você encontrou essa igreja da prosperidade e que não acentue profundamente a barganha entre as contribuições financeiras e a benção de Deus, mesmo que deixem as pessoas terem liberdade para dançar? Por enquanto, meu amado amigo, deixo você com essas poucas questões. Mas saiba, o problema é muito mais profundo, e o mal é muito mais sutil e arraigado, visto que não habita a forma, mas o conteúdo—não importando a forma na qual ele seja embalado. Nele, em quem a Verdade não é uma forma, mas um conteúdo na Vida, Caio