CAIO, E O CAIR PELO PODER DE DEUS?

—–Original Message—–
From: Antonio Polo 
Sent: segunda-feira, 10 de maio de 2004 19:50
To: [email protected]
Subject: CAIO, E O CAIR PELO PODER DE DEUS?

Caio,

Graça e Paz!

Seu site é uma benção, mas é muito “perigoso” para quem realmente ama Jesus, porque aqui a gente entende que o Evangelho de Cristo não é uma condenação; e, assim, quanto mais a gente entende, mais revoltado a gente fica com o que se tem visto por aí…

Jesus nunca condenou ninguém pelo vestir, pelo falar, por vícios, ou qualquer outra coisa.

Jesus só condenou um tipo de pessoa: as pessoas que condenam as outras.

Mas vamos à minha pergunta:

O que você acha do mover de cair pelo poder de Deus?

É de Deus, do diabo ou modismo da carne?

Algumas igrejas têm verdadeiro pavor desse mover.

Um abraço,

Antonio Polo
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Resposta:

Meu amado Polo: nem tanto ao mar nem tanto à terra!

É verdade! Jesus nunca perdeu tempo com besteira; daí Ele não ter feito parte da confraria dos rabinos, nem tampouco fazia palestras no Sinédrio; menos ainda Ele gastava tempo com as questões que não fossem Vida.

Assim, para Ele, o sábado espera; o Templo pode ser derrubado; e os filhos do reino podem ficar de fora, ou podem ser precedidos por publicanos e pecadores.

Entretanto, Ele se preocupou bastante com as nossas “palavras”, e disse que de toda palavra frívola que procede da boca dos homens, de cada uma delas se dará conta no dia da Verdade.

Quanto ao “mover do cair no Espírito”, digo o seguinte:

Igrejas na África se permitem tais transes, pois a cultura deles conhece o sagrado como transe.

Desse modo, se estou na África, onde a cultura lida com tais categorias há milênios, e vejo, num culto, um irmão cair em transe, acho normal; ainda que no Novo Testamento tais coisas não aconteçam.

Portanto, em sendo culturalmente algo normal, não me preocupa; até porque, em tais casos, não há induções ao desmaio; visto que todos os presentes já trazem esse software rodando de modo inato, assim como protestantes fecham os olhos para orar.

Todavia, aqui no Brasil, esse mover “logo se moverá” para “outra coisa”, visto que não faz parte de nossa constituição cultural; sendo apenas moda e desejo de expressar “poder”. Entretanto, tais abusos criam um espaço psicológico para o qual nossos seres não carregam uma cultura constitutiva. Na hora do culto a alma do povo precisa ser respeitada, e toda tentativa de tornar algo alienígena normal para nós certamente fará mal à psique.

Os chamados “moveres” de Deus nada mais são que invenções e manipulações de quem, não tendo Palavra para ensinar, precisa ter transes para distrair a audiência.

A essência do culto ensinado no Novo Testamento nos recomenda a preferir dizer umas poucas palavras inteligíveis do que milhares de palavras em outras línguas mas que não sejam inteligíveis.

A consciência de Deus, conforme o Evangelho, é um chamado para andar de olhos abertos, mesmo quando se ora.

O culto racional do qual Paulo fala em Romanos 12 é uma convocação à lucidez, não ao racionalismo; entretanto, essa lucidez acontece como expansão da consciência em fé, e que se deixa extasiar pelas misericórdias de Deus, conforme o contexto de Romanos 12.

Eu tenho dito há muitos anos —e não mudei de idéia— que se alguém “cai no Espírito”, o mínimo o que se deve esperar é que acorde melhorado, não apenas alienado e tonto.

Desse modo, devo dizer que a maioria das “quedas no Espírito” que vejo não passam em nenhum teste psicológico.

A maioria entra num transe; e como há estimulo para tal, e como os que caem ganham status em tais comunidades, o individuo cai para poder ficar mais de cima, olhando para os inferiores, os que nunca caíram. 

Poderia escrever muito sobre isto, mas é que em muitos livros e palestras minhas no passado já falei tanto no assunto, que hoje não tenho, literalmente, mais nenhum gás para a questão.

Nele, que nos chama para andar e não para rolar no Caminho,


Caio