—– Original Message —–
From: CAIO, NÃO ME DEIXE A PÉ!
To: [email protected]
Sent: Monday, July 10, 2006 2:52 PM
Subject: Não me deixe a pé! (comentário sobre Sem barganhas com Deus)
Prezado Rev. Caio Fábio,
Serei direto, pois imagino como deve ser duro você ter que responder tantos e-mails.
Seu livro “Sem barganhas com Deus” é lindo, cativante, empolgante; e eu ousaria dizer, dentro da minha pequena cultura, que ele (seu livro) resume como devemos encarar o relacionamento com Deus através da graça como nenhum outro livro o fez até hoje; a não ser as cartas de Paulo, o apóstolo.
Também a maneira como você fala do que as igrejas evangélicas estão fazendo hoje é um grito que todos nós já pensamos “gritar”. Eu sempre quis falar desses vendilhões de bênçãos, milagreiros, shopping centers de acesso ao céu, etc. Mas nunca tive coragem por dois motivos: tinha medo de estar pecando em fazer tal denúncia; e porque me achava indigno, visto que eu também erro; afinal sou pecador.
Mas enfim seu livro me dá esperanças, e por outro lado me deixa “meio a pé”.
Gostaria de saber o seguinte: 90% ou mais das igrejas são aderentes da Teologia Moral de Causa e Efeito. Que devemos fazer nós então? Ficar sem igreja e ir lendo livros maravilhosos como o seu? Ler a Bíblia em casa?
Puxa, você não sabe como tenho vontade de conviver com irmãos que tenham sede da graça de Deus!
Como é bom estar doente e receber uma ligação de um irmão que sinceramente quer orar por você!
Como é bom ter comunhão!!!
Claro, isso pode ser feito com “duas pessoas ou mais”… Jesus estará no meio delas. Mas eu queria mais de duas pessoas rs… Queria uma comunhão com muita gente. Como diz Roberto Carlos, “eu quero ter um milhão de amigos” que compartilhassem a Graça, o Caminho, a Fé em Jesus.
Se a maioria das igrejas pratica a TMCE (sigla para teologia moral de causa e efeito) onde posso buscar comunhão?
As outras 10% das igrejas que não são praticantes da TMCE onde eu encontro?
Elas existem?
Tenho um grupo de amigos aqui no Rio. Nós vivemos as ilusões; e ficamos a pé. Somos todos quase da mesma idade, entre 27 e 30 e poucos anos. Todos se converteram em igrejas tradicionais, pentecostais ou evangélicas. No passado chegamos a trabalhar em algumas igrejas. Mas cansamos. Todos saímos das igrejas. Estamos “por aí”. Sempre buscamos ler teu site (pois teu site para pessoas como nós é mais ou menos como “puxa existe mesmo esta tal de graça, não foi ilusão não). Mas estamos sem igreja. Ou melhor: sem comunhão com pessoas que amam a Jesus.
Quando falo igreja quero dizer: não um lugar físico onde se paga dízimos, mas sim um lugar de encontro com pessoas normais e regulares na freqüência, e que se amam em Cristo Jesus.
Amigo, peço que nos indique onde podemos ter comunhão aqui no Rio de Janeiro.
Ah! Como tenho saudade de ver você lá no Café com Graça. Você não imagina como é ver e ouvir alguém que prega sem nada de hipocrisia. Precisamos de uma igreja (a comunhão dela!) e de amigos que se amem. E precisamos de um líder, um pastor local (temos a Cristo eu sei) que nos guie para que no momento de fraqueza não nos percamos.
Sinceros abraços. Amo você sem mesmo você me conhecer.
E minha esposa também gosta muito de você. E muitos amigos meus também!
Bye
Paulo Arend
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Resposta:
Meu amado Paulo: Graça, Paz e Comunhão no Espírito Santo!
Sim, o que fazer? Aonde ir? Com quem estar? Existe isto fora do mundo virtual do site?
Sim, Paulo querido, existe!
No Rio, se você não quiser sair da instituição, sugiro a Catedral Presbiteriana do Rio, onde, saiba: todos vivem e deixam viver; pois este é o exemplo que têm de seu líder, o reverendo Guilhermino Cunha, meu querido amigo. E digo isto porque sou amigo dele e deles há quase trinta anos. E quando precisei, eles sempre estiveram “lá”, presentes, práticos, amigos, e reverentes para com a dor e a tristeza; sempre respeitando minha condição humana.
Se vocês, entretanto, desejarem algo mais informal, há uma nascente Estação do Caminho da Graça começando aí, com o pessoal do Café com Graça; e sob a ajuda do Fernando Merlino e do Marcos Batista. Enviarei sua carta ao Marcos e ao Fernando e pedirei que façam contato com você.
Todavia, se você desejar fazer algo, você e seus amigos, saiba: também dou a maior força. E mais: podemos ajudar vocês na prática, como fazemos com todas as Estações do Caminho da Graça.
Neste último caso, você pergunta: o que então devemos fazer?
Vamos lá, passo a passo:
1. Peça a seus amigos, todos eles, para lerem o site e também os “Sem Barganhas”. Assim eles saberão do que se trata. Do contrário, vira “igreja” em pouco tempo, visto que o “vício” é mais profundo do que você e seus amigos imaginam.
2. A fim de saberem como proceder no espírito do que o Evangelho ensina acerca de reunião de irmãos na fé, peço que leia o meu livreto “O Caminho da Graça Para Todos”, que reúne muito material do site acerca de como não deixar o Caminho virar um Clube ou um Regimento Militar ou mesmo uma espécie de “Caminho da Graxa”.
3. Comecem a se reunir aos domingos, às 19 horas a fim de ouvirem, na Radio do Site, as reuniões aqui do Caminho em Brasília, e que são geradas ao vivo. Além disso, faça a mesma coisa às quartas-feiras, às 20:00, quando falo ao vivo na Vídeo-Radio-Conferência. É só clicar na Radio e ouvir com eles. Na quarta-feira feira é muito bom porque podemos interagir. Falo cerca de 1 hora; e depois respondo também 1 hora de perguntas.
4. Depois que o grupo base estiver bem afinado e com bastante consciência do significado do Caminho conforme o Evangelho, então, comecem a convidar outros amigos. Sei que se fizerem assim, em poucos meses, vocês serão vários, e, logo depois, muitos. Mas no Caminho o “muitos” vem sempre depois do “muito”. Em inglês eu diria que o “many” vem depois de “much”. “Muitos” é quantidade. Muito é qualidade. Assim, é preciso crescer em “much” a fim de poder, sadiamente, crescer em “many”. Do contrário, os vícios da religião evangélica, tão arraigados ainda em todos os que ainda estão como você, por mais ansioso que você esteja por algo novo, logo voltarão; bem rapidinho; e o segundo estado será pior do que o primeiro. Afinal, criar-se-ia algo como uma Religião da Graça, o que seria trágico, pois acabaria com toda Graça entre vocês.
5. O mais é piedade e bom senso; sempre conforme o Evangelho.
Também sinto saudades dos tempos do Café. Foi um tempo essencial para mim também.
Pense no que lhe disse e me escreva. E dê um beijo em sua esposa e amigos. Beijão pra você também.
Nele, que tem prazer no ajuntamento dos filhos que o chamam pelo Nome,
Caio
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Para meditar:
APRESENTO-LHES O REVERENDO GADARENO – retirado do site, está em Reflexões.
Ultimamente muita gente vem me perguntando quais são meus planos; ou, o que eu espero que eles façam.
Na realidade, parece que muita gente começou a entender que aquilo a que se vinha chamando de evangelho, não era, de fato, o Evangelho; e, também, é provável que vários estejam vendo que a proposta da religião evangélica, em geral, é ainda uma mensagem moral e legal; e que reduz o significado e o alcance da salvação já realizada em Jesus, a um encontro de contas com Deus; sendo que tal encontro de contas depende da justiça própria de cada um; o que, em si, é negação da mensagem do Evangelho e da Consumação legal e moral de todas as coisas na Cruz; onde o escrito de dívidas que havia contra nós e que constava de ordenanças legais, morais, rituais e cerimoniais, foi completamente abolido, pois foi encravado na Cruz.
Eu creio e vejo que muitos já discerniram que estavam traindo o espírito do Evangelho, sabotando consciente ou inconscientemente o Reino de Deus, falsificando Jesus para a História, e blasfemando contra Deus por anunciarem-no tão do tamanho das divindades criadas pelo homem.
Também encontro os muitos e muitos que estão provando na alma e no espírito, e com reflexos em toda a vida, a Graça como fato, fator e significado de suas existências, o que lhes tem proporcionado a libertação de muitos medos, fobias, neuroses, paranóias, compulsões, taras, invejas, amarguras, espírito faccioso e egoísmos.
Sim, tem muita gente tomando consciência de que viver na Graça não é uma opção, mas sim a salvação. E também de que tudo o mais que pretenda ser acréscimo a isso, é negação da Cruz, e é como estar crucificando a Jesus uma segunda vez.
Os inimigos desta mensagem estão se calando. Sim, estão se calando porque, à semelhança dos fariseus, saduceus, escribas e autoridades do templo, eles vão conforme a música do povo. E como vêem que o povo está abrindo os olhos, eles mesmos precisam, no mínimo, pensar o que farão.
Que grande milagre seria a sua conversão!
Mas, então, as pessoas me perguntam o que devem fazer. Se devem tentar salvar a instituição religiosa. Se ficam nela para testemunhar. Se a enfrentam ou se a ignoram. Se se deve começar um movimento como uma Reforma do Novo Milênio. Ou se apenas ficam crescendo na Graça de Deus pessoal e existencialmente, deixando o resto ‘pra lá’.
O que eu digo? Devo dizer alguma coisa? Tenho eu essa missão?
Na realidade, eu não sei e sei também. Não sei, porque creio na soberania de Deus. E sei, porque estou vendo algo acontecer.
Assim, não tenho preocupações, mas apenas sigo meu caminho com Deus, falando para quem desejar aquilo que em fé move minha existência.
Na realidade eu creio que todas as questões acima devem ser objeto de uma verificação no modo como Jesus as tratou, já que também estavam presentes nos Seus dias.
E o que vemos no Evangelho a esse respeito?
Ora, vemos Jesus visitando a sinagoga enquanto era possível, pregando e curando no templo enquanto suportaram-no, atendendo e encontrando fariseus e membros do Sinédrio quando solicitavam, jantando na casa de fariseus quando convidado—embora jamais tenha deixado de ensinar com pertinência em todas essas ocasiões—, e mandando leprosos curados darem ‘testemunho de gratidão’ aos sacerdotes.
No entanto, esse não era o seu caminho sobremodo excelente. O qual, para Ele, era estar com as pessoas simples, com pecadores e publicanos, curando-os em suas necessidades e ensinando-os conforme o entendimento de cada grupo.
O caminho de Jesus a maior parte do tempo foi ao ar livre, em movimento, de gente em gente, de grupo em grupo, de casa em casa, de parada em parada; ensinando enquanto ia…, pregando onde parava, curando onde se compadecia e libertando a todo aquele que dele se aproximava com fé.
Para Ele tudo o que acontecia, acontecia. Ou seja: a verdade era o que era, na hora, sem ritos e sem esperas. Assim, Ele seguia…, tratando cada instante como eterno e suficiente; semeando a palavra sem tentar ficar para controlá-la; pois ensinava que a Palavra frutifica de si mesma.
Sim, todos que o tocam e são tocados por Ele se vão livres… vão embora… seguem para os seus… vão para casa… contam o que Deus fez por eles… Apenas um grupo menor segue com Ele.
Literalmente Jesus trata as pessoas como trata as sementes da Palavra. Ele semeia a Palavra nas pessoas e, depois, semeia as pessoas no mundo.
Ora, no mundo cada um vai e acha os seus… e vive com eles e come com eles… e lhes dá testemunho com a vida pacificada e livre… fazendo assim novos discípulos… os quais se reunirão com a espontaneidade e com a alegria com a qual os amigos se encontram numa festa… ou mesmo com a simpatia que a face oferece aos enlutados.
Sim, todos devem ir… e pregar. Devem se ver como privilegiados, como seres que souberam antes o significado de toda a vida; e, por isso, não escondem o que sabem, até porque o que sabem se torna no que vivem.
Até mesmo o ex-possesso de Gadara é convidado a ir e pregar. Só Deus sabe o que aconteceu. Mas eu posso imaginar todas as possibilidades positivas, e ver aquele maluco pregando, contando…; e até batizando, se é que ele teve tempo de saber acerca disso. Mas ele sabia de Jesus. E, saber de Jesus, de fato, é tudo o que interessa. Sim, ele foi por todas as cidades de Decápolis (dez cidades) e nelas testemunhou e pregou sob as ordens de Jesus.
O Evangelho é extraordinariamente louco. E Jesus é supremo nessa insanidade que ordena o Gadareno que vá e pregue.
Quem o faria?
Pois é essa insanidade que dá a cada pessoinha tocada pela Graça de Deus a liberdade de ir…; e, indo, pregar; e, pregando, reunir pessoas; possibilidade essa que todos devem se sentir livres para realizar; ou mesmo compelidos pelo Evangelho a fazer acontecer.
Se eu tenho um sonho?
Sim, eu o tenho!
Sonho em ver essa liberdade do Evangelho se tornar uma grande revolução; onde cada discípulo pregue; e onde todo aquele que prega, faça novos discípulos; e não sentindo nenhuma culpa quanto a isso; ao contrário, sentindo-se livres para ‘privilegiar o momento’, conforme no Evangelho; a tal ponto que batizem as pessoas na fé onde elas crerem; se em casa, em casa; se no trabalho, no trabalho; se na esquina, na esquina; se na praia, na praia—tudo conforme a leveza e o espírito revolucionário do Evangelho vivido e ensinado por Jesus no Seu caminhar.
No dia em que ao invés de nos queixarmos da “igreja”, nós passarmos a fazer amigos, andar com eles, anunciar-lhes a Palavra, batizá-los na fé, reunirmo-nos com eles; assim, crescermos juntos em oração, amizade, ajuda mútua, tolerância e contínuo aprendizado do espírito do Evangelho, que é Graça, Misericórdia e Justiça; então, a revolução acontecerá, e a história nunca mais será a mesma.
Quem vai comandar isso?
Ora, quem comanda todas as coisas!
Quem será o líder?
Ora, todo aquele que o fizer, e que continue fazendo; sendo fiel ao espírito da Palavra; mantendo o coração em permanente estado de aprendizado e troca; sempre sabendo que Deus não é para ser conhecido para ser ‘ensinado’ aos outros, mas sim para ser provado em nós, por nós, e como supremo benefício de Graça em nós.
Cada um que crê já está ‘ordenado’ por Jesus, no Evangelho. Portanto, não tem que esperar validação ou cobertura de homem algum, pois o que os cobre é o Mandato de Jesus.
Agora, levantemo-nos e saiamos para viver o Evangelho e para pregá-lo a todos os homens; fazendo-o, todavia, com Graça e Normalidade de vida, sem juízos ou pré-julgamentos, manifestando amor e misericórdia, e sendo servos uns dos outros em amor e compaixão.
O que passar disso é apenas enrolação!
Chega de enrolação!
Esta é a Palavra. O resto é o pretexto para não vivê-la, ou o ardil que pretende controlá-la.
Nele,
Caio