CAIO, O AMOR E O CAÇADOR DE PIPAS…

 

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Sent: Thursday, August 27, 2009 6:03 PM

Subject: Caio, o Amor e o Caçador de pipas

 


Matutando…

Terça-feira, 25 de Agosto de 2009

Caio, o Amor e o Caçador de pipas

Até nos embriagarmos com o Espírito Santo, acreditamos que apenas as drogas ou o álcool tem o poder de nos liberar para ‘viagens’ interiores. Não digo que seja esse o meu caso, mas afinal, por que não? Se O quero, se O desejo, se peço a Deus todos os dias a misericórdia de conhecê-Lo um pouco mais, a fim de amá-Lo melhor, por que não ter esta santa pretensão? Por que não crer que os fiozinhos que têm se conectado dentro de mim possam estar me revelando um pouco mais sobre a Verdade que nos liberta de uma sobriedade anestesiante? Assim, posso dizer que viajando nessa embriagues, continuo com os meus fiozinhos se conectando infinito a fora para dentro de meu ‘infinito particular’. Registro aqui, alguns deles.
Amor. Ponto máximo na escala dos sentimentos. Talvez o mais perto que se chegue dele seja através da poesia ou nas opções espirituais sob forma de caridade. No mais, temos o amor romântico, a forma mais popular e usual que conhecemos e que encontra sua expressão preferida em Vinicius de Morais, no famoso ‘que seja eterno enquanto dure’. Assim ficou mais fácil ‘amar’, podendo o amor durar apenas uma noite ou alguns anos; depois cada um se vira como pode com o que restar dessa ‘eternidade’. Todos querem e parecem não prescindir desse amor romântico, tão vendido e descartável, porém, embelezado pela poético-cosmética da eternidade – enquanto dure. Bom, mas isso já é outra coisa. Volto para meus fiozinhos.
Nos últimos dois anos, lendo e ouvindo o pr. Caio clamar no deserto Lassálico [no La Salle] de nossos corações as verdades do Evangelho, muitas revoluções têm acontecido no meu pensar e, ainda que acanhadamente, no meu agir. Percepções e compreensões têm se alterado… Talvez a mais radical delas tenha sido sobre o Amor. Como? Simples assim: amor não é sentimento nem é idealização. Amor é ação. É escolha. É decisão. Isso é chocante! E frustra toda ‘idéia’ de amor que eu tinha até então. A idéia, quase álibi, de amor como algo muito profundo, muito difícil de se ‘sentir’ – quase fora de nosso alcance – e que acaba por gerar em nós, penso eu, um acostumar-se a não mais amar. Apenas idealizar.

Eu, particularmente, sempre tive tanto receio de macular esse amor que, não me utilizando do clássico ‘eu te amo’ na era das paixões, cheguei a receber um ultimato do tipo ‘ou diz eu te amo ou terminamos’. É claro que depois de uma longa defesa sobre a banalização do tema, nos entendemos e um ‘adoro vc’ resolveu o impasse.

Mas e o amor? amor não…’amar é coisa muito séria com muitas implicações’, e não queria de forma alguma arriscar desrespeitar nenhuma delas.

Assim prossegui, amando o amor ideal até que o amor maternal reivindicou certos direitos de existência… Mas isso também já é outra história.
Uma quase eternidade depois, quantas vezes eu me disse com tristeza ao ler os Evangelhos que, por não saber amar, eu jamais poderia seguir Jesus…que jamais poderia estar entre ‘os seus’, posto que seu mandamento supremo seja o de amar o outro como a mim mesmo, e assim não fazendo, nada mais poderia fazer com o Evangelho, ou o Evangelho nada mais poderia fazer em mim.

Amar o inimigo então é o fim da linha, rua sem saída.

Diante disso só me restava fechar o livro, pedir perdão a Deus e descer na próxima parada.

Daí escuto, ou leio talvez, que amor não é sentimento.

Não é sentimento?!

Não, é atitude, e o que nascer disso é bônus’.

Bom, se é assim, então há esperança… Afinal está em mim o poder decidir, o poder tentar, o poder querer fazer. E, assim fazendo, torno-me sujeito dessa história, pois querendo o Evangelho, escolhendo-O todos os dias, o amor começa a se encarnar em mim, da forma mais simples. Ganhando corpo, forma, concretude. Morre o amor ideal para fazer nascer esse amor real, que nada mais é que o reflexo do amor ideal que agora ressurge no amor real.

Haja! Haja luz. Haja delírio na luz.

Jesus é a expressão/encarnação máxima desse amor ideal/real/ideal num eterno circulo virtuoso de amor dando à luz ao amor.

Bendito Louvado Seja Deus.

Bendita embriagues do Espírito.

Bendita revolução na consciência – que põe o mundo de pernas para o ar  ou  de cabeça para baixo*
Ontem, ao assistir O Caçador de Pipas, visualizei mais alguns desses fiozinhos conectados. O amor, a ação, e aquele que ama. Mas vi também sua distorção – quando não encaramos nossas próprias iniqüidades, fazendo do amor uma espada afiada contra nós mesmos.
A explicitude de algumas cenas mostram a cara do amor, sem nenhuma retórica. A criança que prefere ser ‘violentada’ a trair o seu amigo, o adulto que prefere morrer a deixar que violentem uma mulher desconhecida. Sim, desconhecida. Mas não desconhecida do Amor; não desconhecida por Aquele com quem aprendemos que se pode morrer por quem se ama, mas dificilmente por quem não conhecemos e nem se conhece o caráter. Mas o amor, sim. Ele tem vida própria, mas precisa de nós para encarnar-se. Para ser real e manifestar o ideal de Deus em nós.

Era isso. Nada mais tenho a dizer à cerca do Amor, pois no muito falarmos sobre ele é que nos perdemos a caminho de encontrá-Lo.

Naquele que nos abraça em cada culto de amor a Ele.

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Resposta:

 

Artemis amada: Graça e Paz!

 

Dou graças a Deus por você, por sua vida, sim, pelo seu sentir e discernir, fruto de muita dor e de muita busca de encontro com você mesma, em razão do amor no Evangelho, o qual nos faz ter prazer no encontro com a verdade em nós na Graça de Jesus.

Minha alegria é que quem discerniu o que você discerne em Deus, já entendeu tudo o que se precisa entender nesta vida a fim de viver.

Amo você no Senhor, minha amiga, companheira no Caminho e, também, minha querida conterrânea.

Como é bom saber que você tem feito tão bom proveito da Palavra.

Receba meu beijo, carinho e alegria por você e pelo fruto do Evangelho na pacificação do seu ser.

 

Nele, que é amor, apenas tudo isso, amor,

 

Caio

28 de agosto de 2009

Copacabana

RJ