CAIO, ONDE ESTÁ O PROTESTO?
—–Original Message—– From: Neval Casa Grande Batista Sent: domingo, 25 de abril de 2004 00:08 To: [email protected] Subject: CAIO, ONDE ESTÁ O PROTESTO? Querido irmão e Pastor Caio… Desculpe o tom de desabafo, mas definitivamente o ser humano é um ser de protesto! Essa talvez essa seja uma das maiores expressões da “Imagem” de Deus no homem. Eu chamaria de “dom do protesto”. Me refiro aqui a capacidade de escolher e de protestar quando algo parece não estar de acordo! Por isso gosto tanto do movimento que separou o cristianismo em duas faces, o “protestantismo”; e por isso nós somos “protestantes”. Lamento muito que o protesto tenha saído da pauta dos evangélicos nestes tempos, e que a “diluição” do evangelho da”entrega” pregado por Jesus, pareça já tão corriqueiro e normal… Há muito os ideais de “negar-se a si mesmo”, ou “tomar sua cruz”, estão fora de moda; empoeirados em algum baú por aí; talvez o mesmo baú onde perdemos nossa sinceridade, nosso amor, não apenas pelas ” almas”, mas pelo homem por completo; bem como onde perdemos nossa avidez, nossa expectativa e, sobretudo, a nossa ” metanóia” de vida, de espaço, e de conquista do reino das trevas para o reino do Filho do amor do Pai. Vende-se Jesus… Liquidação do evangelho… 3x sem juros, no cartão, com cheque pré; à vista o cliente ganha descontinho especial… e vamos aplaudir o senhor Jesus. Coloco “senhor” com letra minúscula propositadamente, pois o evangelho servido na “janta” dos brasileiros é justamente o que gostaria de chamar de “o evangelho da porta larga”, que promete bênçãos sem compromisso, prosperidade independente de entrega; e onde o Senhor Jesus passa de largo no trono das vidas e no reino dos egos! O evangelho torna-se tão utilitarista quanto o sistema que o rodeia, e Deus torna-se apenas mais uma grande chance da gente “levar alguma nessa parada”! Levando à cabo o mesmo raciocínio de Jesus , diria que: ” no juízo”,os próprios fariseus levantarão e julgarão essa geração! Amado Pastor, minha oração é que o Senhor, aquele que TIRA o pecado do mundo (como é bom ouvir isso de novo), aqueça o coração dos seus verdadeiros discípulos, e que mesmo em meio a protestos, contrariedades, lutas e oposição, o evangelho puro, da “entrega”, e do amor, mais uma vez ressoe nos corações vazios e sedentos de paz! Na graça dEle….. Neval ____________________________________________________________ Resposta: Amado amigo Neval: Graça e Paz! Quem ama a Palavra e conhece o significado do Evangelho, embrulha o estomago quando vê o Grande Estelionato que aconteceu. A maior falsificação de toda a História da Civilização Humana foi a perversão do Evangelho, que virou Cristianismo, depois Catolicismo, depois Cristandade, depois Protestantismo, depois virou essa Hidra de milhares de cabeças e chifres no qual o “mundo cristão” se tornou. O próprio grito do “Protestantismo” já era um grito do eco, não da Voz por inteiro; visto que o proposto e o modo como foi proposto, nos jogou de volta no colo da Lei. O Protestantismo já nasceu viciado pela “metodologia” católica de formulação de teses, de tal modo que Lutero é nosso Agostinho, e Calvino é nosso Tomás de Aquino. Qualquer “reforma” que proponha um pacote de doutrinas—ao invés de propor o caminho da consciência em permanente estado de transformação (arrependimento; metanóia)—, já nasceu em estado de estagnação; visto que o “pacote protestante” virou algo como a “tradição dos anciãos”… Não é Palavra de Deus, mas não pode ser questionada. Meus heróis do Bom Combate não são reformados. De fato, eles são poucos e, em geral, anônimos; sendo que entre eles, o mais celebre atende pelo nome de Paulo, ex-Saulo de Tarso. Mas do que um protesto, temos que ter a Palavra da Profecia. O protesto é obra da revolta que analisa, julga e declara a falência; porém morre na amargura. A Palavra da Profecia enfrenta, propõe e se oferece como “libação em sacrifício da fé”…com doçura…endurecendo-se maciamente…sem jamais perder a ternura…e a esperança. Hoje, todos os revoltados precisam se unir, e transformar seu grito de protesto em obras de graça e misericórdia. O vestido está velho; não dá para salvá-lo com remendos de “pano novo”. O vinho se misturou com o odre—seus gostos já não se diferenciam; conteúdo e forma viraram um coisa só; o vinho agora tem o gosto do couro do odre velho da religião—, e não serve para abrigar os conteúdos do “vinho novo”…que não é “novo”…é o Evangelho Eterno. Assim, que os mortos sepultem os seus mortos; e que os vivos preguem o Reino de Deus! Para vencer não temos que ganhar essa parada. Temos é que vencer do único modo, do jeito de Jesus, que é dando a nossa vida, e anunciando o Evangelho da Graça, dentro e fora da “igreja”. Minha sensação é que tanto faz…se prego para “crentes” ou para “incrédulos”. Em todos os lugares prego sempre a mesma mensagem…com variações apenas no tema…mas com absoluta certeza de trazer a mesma conclusão para os ouvintes. Se todos os que desejam “protestar” se unirem não em torno do protesto contra os outros, mas sim em torno da proposta, para nós mesmos; logo, logo a sociedade perceberá a diferença. Hoje eu sei que com protesto não se faz nada. Protestei tanto que fiquei sozinho, nu, com a mão nos bolsos que não tinha…e cada um foi para sua casa… Hoje meu protesto é minha vida, e minha mensagem é minha existência. Quando digo isto não estou afirmando que eu seja a encarnação da proposta, mas sim a encarnação do benefício. Eu sou o maior beneficiário da Graça. Não há necessidade de que uma multidão se converta. Se alguns poucos líderes se converterem de verdade; e se junto com a conversão deles acabar a Lei da Média—que é o Grande Mandamento Pastoral—, então veremos uma revolução. E não adianta botar a culpa no povo. Assim como é o sacerdote assim é o povo! A liderança é que tem que se converter e dar a cara pra apanhar. Sem essa coragem viveremos apenas nos auto-enganando, repudiando aquilo do que fazemos parte…ainda que seja pela “alegada impotência” de não se sentir em condições de fazer nada prático em contrário. Não podemos ser a antítese. Nós temos que ser a tese! Conte comigo e com muitos outros amados manos no Senhor. O que precisamos é nos reunir…e andar juntos…aperfeiçoando-nos uns aos outros em amor, e testemunhando com nossas vida e palavras qual seja a verdade do Evangelho da Graça que nos foi entregue de uma vez e para sempre. Sucessão apostólica não é hierarquia e nem obra de homens… Sucessão apostólica é a continuidade do Evangelho anunciado em sua pureza e simplicidade…e que diz: “Eu vos entreguei o que também recebi…” Vamos juntos que a caminhada será mais fácil; pelo menos não será tão solitária. Isto sem falar que se o grão não morrer, fica ele só; se porém morrer, produz muito fruto. Que Deus nos derrame sobre a cabeça tamanho poder e graça que ninguém nos possa resistir…mesmo que isto aconteça enquanto nos apedrejam, conforme fizeram com Estevão. Se jogarem pedras eu quero que vejam meu rosto iluminado como o de um anjo, não amargurado como o de um invejoso; pois o que eles chamam de sucesso, isto mesmo nós chamamos de perdição e morte da Palavra como vida e libertação. Receba meu beijo carinhoso e meu convite para que nos unamos em torno da “Mesa”. Nele, que bradou a nossa vitória—Está Consumado! Caio Escrito em 2004