CAIO, POR QUE VOCÊ SE DEFENDE?…

   

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From: CAIO, POR QUE VOCÊ SE DEFENDE?…

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Sent: Friday, April 17, 2009 4:29 PM

Subject: UMA INTERROGAÇÃO

 

Caro Caio Fábio.

Saudações cordiais.

Em 43 anos eu tenho andado por tantos caminhos diferentes; ainda que no meio evangélico.

Sou médico e psicanalista; estudei teologia na Assembléia de Deus, onde fui pastor.

Deixei aquele ministério e/ou instituição porque a questão trabalho e servir me envolveram e não consegui mais ser servido. Rsrs (usei seu jogo de linguagem).

Eu tenho ouvido seus sermões. Na verdade eles têm sido uma benção em minha vida.

Mas me encabula essa sua necessidade de responder a críticas, etc.

Intriga-me o fato de você ter rompido radicalmente com os usos e costumes dos evangélicos, mas conservado o título de pastor.

É tudo muito estranho, parece que tem alguma coisa para acontecer… Ou seja, está acontecendo, mas nos ouvintes ainda não a vimos.

Se eu tiver direito te fazer um pedido, será o seguinte: SE CUIDA MEU IRMÃO VOCÊ É IMPORTANTE PARA NÓS E VOCÊ NÃO PRECISA PROVAR NADA A NINGUEM.

Abç

Em Cristo o SENHOR.

 

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Resposta:

 

Meu Querido irmão: Graça e Paz!

 

Na verdade você não conhece ninguém que se defenda menos do que eu nesse mundo “cristão”, considerando o volume de acusações que sofro o tempo todo, especialmente desde 1998.

Creia: você não levaria […] % da carga… E mais: viveria ou explicando-se de tudo, ou pararia tudo, imerso em amargura!

Quem pensa que eu faço ‘jogo de palavras’ ainda não me entendeu. Eu não jogo. Se parece um trocadilho, destroque, pois, eu sempre digo o que digo, ao invés de esconder sentidos em dubiedades.

E mais: não busco ser servido para ficar ou fazer nada.

Também não me defendo; apenas explico aos verdadeiramente carentes de ajuda, a razão de não me ser possível atender a todos.

Outras vezes, quando falo acerca do que “dizem”, como foi o caso hoje [MÍSTICA OU MISTICISMO?] , quando falei do que dizem a respeito de eu estar ficando “muito místico”, o fiz por prazer; e tinha em mente uma intenção pedagógica apenas.

Quanto a ter rompido com tudo, mas não com o titulo de pastor, basta que você veja que eu assino apenas Caio, e nada mais; e ainda: não me trato como nada além do Caio, que sou quem eu sou.

As pessoas me chamam de pastor, reverendo, Caio, Caio Fábio — ou como queiram!

Eu não estou aqui para ficar neuroticamente pedindo que não me chamem de pastor em razão de que pastor seja um dom, e não um título.

No Caminho da Graça quase todos me chamam de Caio apenas…

Quem chama de pastor o faz pelo habito do passado ou apenas pela significação pastoral que minha vida tem para muita gente boa de Deus.

E mais: quando você disse que tem algo acontecendo, mas que o povo, ou os “ouvintes”, conforme você falou — ainda não entenderam nada; creio que você fale a partir de “sua distância”, porém, não dos fatos; visto que se você convivesse ficaria claro para você que nós estamos anos luz de distancia dessas temáticas.

Creio que você esteja falando de sua ainda não compreensão do que está de fato havendo.

No entanto, é minha convicção que você logo entenderá.

Receba meu amor e minha insistência para que você leia o site, e não apenas ouça as mensagens na radio.

Os conteúdos mais instrutivos acerca das questões que você levantou estão nos textos do site, e não nas mensagens de áudio ou vídeo.

Daí minha insistência com todos seja a de que não se sirvam apenas de uma das mídias, mas de todas as que aqui no site estão disponíveis.

Agora, falando sério…

Sobretudo, meu irmão, somente uso as acusações contra mim que me sejam interessantes responder, não por mim, que tanto não estou nem aí, como também não estou nem aí… —; mas sim em razão dos que me lêem com bom coração. 

Para alguns deles, não a pergunta [que é irrelevante na maioria das vezes como questão], mas sim a utilidade daquela minha resposta [não para mim e menos ainda por mim; ou: em meu favor] — lhes é de imensa utilidade de discernimento espiritual.

Sinceramente, somente uso as questões como “levantadas de bola”, a fim de que eu mesmo diga o que me interessa dizer visando o crescimento da maioria.

Na realidade eu acabo somente dando ênfase nas respostas que respondam a maioria das questões das pessoas sobre a vida, não sobre mim; e quando me incluo na resposta como exemplo positivo ou negativo…, o faço por razões de uma deliberação particular, que, sinceramente, ainda por muito tempo lhe fugirão ao entendimento.

Meu nível de autodeterminação e consciência está muito pra além do que você imagina.

O que serve ao propósito maior, é esclarecido se esclarecer algo maior do Evangelho; se não, não tem resposta.

Por exemplo, a sua carta. Por que a respondi? O que havia nela de melhor do que nas demais que eu tenha visto? Sinceramente? Não vai se ofender? Nada!

Ora, era esse nada tão importante o que havia na sua carta, e que me era útil responder em razão da grandeza de sua superficialidade de percepção camuflada por dois ou três jargões; além de ser uma contradição de termos: você me mandar descansar, na mesma medida em que me tiraria o descanso se eu levasse você a sério no seu conselho; mandando-me ir descansar dizendo que eu ficasse sabendo que não tenho que provar nada a ninguém.

Imagine só: o cara luta a II Guerra toda, e, no final, quando até os alemães já se divertem com ingleses e americanos, e os jovens se beijam na boca em Londres e Nova York, você escreve dizendo a essa pessoa que vem desse maior ataque, ileso, que se cuide; pois, julgava que a pessoa se defendesse muito, dizendo: “já não existe necessidade para isso”. Rsrsrs. Ao mesmo tempo em que me diz que deixou o “ministério” por que o trabalho psicanalítico era mais importante do que o outro; ou seja: dizendo que deixou de servir ao ministério porque o ministério não servia a você. E mais: ainda me diz que essa é uma lógica de trocadilho à minha moda [Deus me livre!].

Respondi em razão de que a pateticidade do conselho [e falta de proporção], considerando de onde venho e o que tenho provado na alma, torna seu super-conselho apenas uma irreflexão transformada em um espasmo de um sabedoria que nunca pousou nem no cocuruto de sua cabecinha.

Na realidade a vontade que deu foi pegar a sua carta e publicá-la sem resposta, ou, no máximo, como sugeriu a minha mulher, com uma risada, e, depois, com a seguinte declaração: “E você? Precisa provar o que a quem, em razão de me escrever tão profundamente/superficialmente apenas para você mesmo?”

Ou seja: não respondo quase nunca às questões curiosas das pessoas, mas quase sempre respondo ao que seja patético, apenas para ver se as pessoas, assim, olhando de fora, conseguem ver como as pessoas arrotam o que nunca nem mesmo conheceram como sabor na ponta da língua.

Não me encare mal. Quem diz o que quer… pode acabar ouvindo o que não buscava. E como eu não escrevo perguntando nada a ninguém…, perguntar a mim, para alguns, parece ser um modo de falar de si mesmos, ou, muitas vezes, a partir de si mesmos me mandarem recados ou até sutis provocações.

Ora, eu me sirvo dessas situações a fim de expor o nível de doença que vejo instilado nas pessoas, sem que elas mesmas percebam, como é o caso de sua carta.

Se eu dissesse o que eu vi na sua carta talvez você ficasse muito chocado e envergonhado. Mas, mano, eu vi…

E mais: você sabe, no fundo do seu coração, a razão de ter me escrito e a razão da pertinência desta minha resposta; que diz: “Tire essa trave do olho; pois, depois, quem sabe, com amor, você até me ajude a tirar um cisco aqui na beirada de meu olho esquerdo”.

Eu sou livre… Você é apenas indiferente…

Existe grande diferença entre uma coisa e outra…

Aparentemente não foi por isto que você escreveu, mas, para mim, este foi o retrato que você me mandou.

Digo isto com amor, na esperança de que você deixe de apenas planar pela superfície, e, quem sabe, pela Graça de Deus, enfiar a cabeça na água e, também por Graça, mergulhar, ao invés de pensar que porque passeia na superfície esteja comendo da profundidade do lago sereno.

Foi a sua carta que me provocou a responder?

Não! Foi a doença da desproporção que nela vi.

Assim, estou falando de mim a fim de poder falar com você e de você mesmo para você.

Eu sou livre… Mas o que você chama de descolamento, eu chamo de cinismo.

Esta resposta é à sua carta? Ora, não. É apenas uma resposta a você, à sua alma, ao seu anestesiamento…

E se você se ofender? Ora, eu, que não estou aqui para fazer média, nada tenho a perder; pois, se você se ofender, não perdi você, visto que não tinha você mesmo comigo e nem andando no mesmo entendimento; e se você entender, então, ganhei você, não a sua simpatia iludida pela minha desfaçatez…

Desse modo, uso a sua carta a fim de dizer o que quero sobre você, sobre muitos como você — embora meu interesse seja acabar com a brincadeira dos meninos.

Sobretudo, meu interesse é acordar você desse seu sono de superficial orgulho e vaidade.

 

 

 

Nele, que nos chama para o “novo nome que ninguém conhece, exceto aquele que o recebe”,

 

Caio

18 de abril de 09

Copacabana

RJ