CAIO, SERÁ QUE SOU SEXUALMENTE COMPULSIVA?
Caio, a Paz do Senhor Jesus!!! Bem eu nem sei por onde começar; talvez se eu fosse falar tudo que tenho vontade, não acabaria de escrever esta carta. Eu tenho 36 anos, sou casada, mãe de 3 filhos, sou evangélica há 14 anos, e conheci o seu site através de um irmão que freqüenta o Café aí no Rio. Eu sou Auxiliar da minha Pastora e sou líder de vários ministérios na minha igreja. Às vezes, no entanto, eu acho que não houve em mim uma real conversão; isto pelo fato de eu gostar de freqüentar salas de bate-papos evangélicos, e normalmente eu acabo fazendo sexo virtual com alguns irmãos; e muitas vezes faço sexo por fone; e é algo que me dá muito prazer. Eu luto muito contra isso, mas infelizmente a carne me vence…e lá estou de novo. Eu gosto de visitar sites pornôs e tenho muito prazer em ver mulheres nuas e se masturbando; e sinto desejo de fazer sexo com mulher (por favor, sei que tudo isso é muito nojento, mas eu precisava conversar com alguém). Sinto prazer com isso, e já fiz sexo por telefone com duas mulheres… Tenho muitas fantasias sexuais na minha cabeça; adoro sexo de todas as formas. E sempre que isso acontece carrego uma culpa muito grande, porque não consigo desempenhar o meu ministério com êxito. Quero ser liberta! Eu me lembro que quando eu era ainda muito menina, a minha irmã mais velha pediu para que eu fizesse sexo oral nela; e eu fazia. E até pouco tempo eu não me lembrava disso .E o meu irmão, quando também eu era uma menina, tentou fazer sexo comigo; nunca foi algo consumado porque éramos muitos crianças; mas essas coisas aconteciam… Eu me envolvi com meu esposo muito cedo. Perdi minha virgindade aos 14 anos e engravidei da primeira vez que fizemos sexo. Eu não me lembro exatamente como perdi minha virgindade com ele… sei que muitas vezes ele tentou… forçando com o dedo. O meu esposo, antes de se converter há 5 anos, era um homem prostituto , adúltero; tinha várias mulheres; e eu orando pela vida dele… Algo intrigante é que eu não consigo ter orgasmos com meu marido; acho que nunca tive; só consigo quando eu me masturbo; ele não sabe disso; não tenho coragem de contar. Eu comecei a me masturbar muito cedo; acho que tinha uns 11 anos de idade; e até hoje me masturbo da mesma forma. Todas as vezes que termino o ato com meu esposo, eu me masturbo sem que ele veja. Então, há 4 anos, quando vivia uma fase muito difícil no meu relacionamento conjugal—achava até que não amava o meu marido—, eu o trai… Ninguém sabe disso; preciso confessar; me arrependi e pedi perdão ao Senhor. Caio, talvez essa carta esteja meio confusa; na realidade eu é que me encontro confusa… Me ajuda Caio! Não tenho a coragem de conversar essas coisas com a minha pastora, apesar de que ela é uma pessoa bastante acessível a todos que a procurem… mas não sei com quais olhos ela veria essa situação. Não tenho mais entrado nos sites, ou nas salas de bate-papo para evitar qualquer tipo de conversação. Mas tenho falado com um rapaz sempre; e já fizemos sexo duas vezes no fone; e depois de tudo carrego uma culpa muito grande; tenho vontade de sumir… Sabe Caio, quero viver uma vida em santidade; não aceito o fato de ser quem sou, ministerialmente, e agir assim. Me sinto falsa, fingida e hipócrita; queria morrer; mais sei que se morresse hoje, iria para o inferno! Tive um sonho hoje (17/05/04). Estava num lugar com mais duas irmãs, e eu dizia para elas que queria ser muito usada pelo Senhor; e de repente o Senhor (eu não o via mais sabia que era Ele) me carregava, e fazia voar; e eu sobrevoava um campo muito verde, lindo; e nesse lugar tão lindo e, aparentemente, cheio de paz, havia um rio cujas águas eram muito sujas e barrentas; em seguida eu ouvia a voz do Senhor, dizendo: Eu quero te levar a lugares altos….E aí o sonho acabava… Bem, isso é tudo, espero…que tenha conseguido me entender. Sabe, sofro muito pelo fato de ter que fingir com meu esposo quando fazemos sexo; finjo os orgasmos; e isso tem me deixado enlouquecida. Me ajuda por favor…não demore em me responder. Jesus continue te abençoando nesse árduo ministério, ___________________________________________________________ Resposta: Minha amada irmã em Cristo: Ele é a nossa Paz! Antes de tudo quero dizer que para a gente poder tratar dessas coisas, a primeira requisição, além de querer—e você já disse: “Quero ser liberta!—, é aceitar, pela fé, a Graça que tira toda a culpa; e isto antes do problema ser resolvido. Aí está mais um paradoxo da fé: para que alguém resolva a questão de seu próprio pecado, a pessoa precisa crer que a questão do Pecado já está resolvida! Agora, acerca do que você me disse, devo dizer que é impossível a pessoa se envolver com sexo virtual e com todas as demais formas de fornicação oferecidas na Internet, tendo a consciência que você tem, e conseguir se sentir bem; e mais: é impossível não adoecer se o envolvimento perdurar; digo: a utilização desses meios… A virtualidade é um exercício de fantasia, e que não materializa nada, mas tem o poder de gerar algo pior: um sentir compulsivo e crescentemente fetichista. É interessante como a religiosidade pensa que a virtualidade faz menos mal que a realidade. Puro engano! A prova do que eu disse acima vem de você mesma; afinal, você sente que traiu o seu marido uma vez, por ter transado factualmente com alguém; porém não sente a mesma coisa quando a transa é uma masturbação telefônica, e onde os implicados, a fim de realizarem esse “ato virtual”, precisam, antes de tudo, aprender a falar muita coisa erótica, e de todos os tipos, aceitando todas as sugestões de “entradas e saídas”; bem como todas as demais formas de fetiche; tipo: “Agora você é fulana, e está num lugar assim, e está amarrada, e eu vou chegar e vou fazer assim e assim…” De fato, a pessoa nem diz que “vai fazer”, diz que está fazendo; daí ser tão “excitante”, ao mesmo tempo em que é diluente para o indivíduo e para a saúde de sua constituição psíquica; visto que lhe rouba o senso de realidade e o mergulha nas prisões invisíveis da fantasia adoecida. Não posso dizer nada a você além do que você me deu para pensar, e com base nisto, digo a você o seguinte: 1. Pare com os papos na Internet. Invariavelmente, se a pessoa está carente, a conversa com alguém também carente evoluirá para onde as coisas evoluem; como você já sabe. 2. Pense seriamente no seu casamento, o qual você tratou o tempo todo como “um relacionamento”, não como real conjugalidade. Há algo muito errado entre você e seu marido. Não dá para compreender um casamento onde a mulher nunca sinta nada com o marido, e que precise se masturbar após o ato. E mais: que necessite de sexo virtual como complemento, ou, na verdade, como satisfação. Das duas, uma: ou você não gosta mesmo de seu marido, ou você transferiu para ele—pela via da familiaridade—os traumas infantis aos quais você fez alusão. Todavia, por uma razão ou por outra, você precisa de tratamento urgente; pois uma ajuda de natureza psico-terapêutica lhe será indispensável na identificação da causa dessa compulsão. Se você descobrir que o problema vem do fato de você não amar o seu marido, psicologicamente fica mais fácil, embora a separação seja sempre penosa; um horror mesmo! Se, porém, a questão é de natureza psicológica, então, o processo será mais longo, e você terá que ter perseverança a fim de colher os melhores frutos psicológicos, em seu próprio favor. 3. De longe, e sem maiores informações, eu diria que provavelmente sejam ambas as coisas: você tanto tem essa sombra da sexualidade proibida presente em você—e não lhe faltam causas de natureza psicológica para tal—; e, também, provavelmente, não gosta de seu marido mesmo. 4. A menção que você fez do desejo por mulheres e homens, combina com o padrão infantil de sexo oral com a irmã e de sexo com o irmão. E é aí que é o buraco da compulsividade. Ora, aquilo que era escondido e incestuoso se instalou em você como prazer, e criou um padrão psicológico de desejo-tremor-aflição, que é como a compulsão se manifesta até na carne de quem sofre dela. O indivíduo fica com a sensação do homicida que tem que esconder o corpo da vitima após o prazer que culminou na morte; sofre um tempo…mas depois volta a sombra…com suas força esmagadora…pedindo obediência ao desejo…enquanto afirma que a desobediência será punida com o desespero. É ou não é assim que você se sente? 5. Quanto ao seu ministério na igreja, bom seria se você, devagar, pedisse um tempo, e dedicasse sua energia no tratamento; e, enquanto isto, não busque problemas adicionais. Isto porque antes de você saber o que está havendo, não é sábio entrar em nada com ninguém; afinal, além de tudo, você é casada…e isto só lhe traria muitos outros problemas. 6. Enquanto isto, não se trate como se você fosse “um monstro”. Esse mesmo sofrimento se cumpre em pastores, esposas de pastores, filhos de pastores, e em crentes em geral; e até, ou sobretudo, em bispos, apóstolos e demais seres auto-elevados à categoria da semi-divindade. Ou seja: isso dá em gente, só não dá em poste de ferro! 7. Enquanto isto, leia este site todo. Há muitas cartas aqui que podem ajudar você a se compreender, conforme o testemunho que recebo de centenas de milhares de pessoas. Eu creio nisto, por isto é que escrevo tanto. Receba meu carinho e orações. E, de acordo com o que você julgar que me seja útil saber, me informe; assim eu poderei lhe ser mais útil. Nele, para quem tudo e todas as coisas estão patentes e reveladas, e que nem por isso diminuem o Seu amor por nós, Caio Escrita em 2003