Campo Ambicionário? Ou seria, missionário?

Nomes, lugares e possíveis elementos de identificação foram removidos. —–Original Message—– From: Candidus Sent: quinta-feira, 17 de julho de 2003 13:01 To: [email protected] Subject: Deixado no Campo dos Sonhos… Mensagem: Caro Caio, Esperamos que vc esteja bem. Somos, ou melhor, éramos, pastores na Europa. Acabamos de passar por um horrível momento em nossas vidas….a sensação é que o hoje e o ontem se desmoronam a cada dia… Sonhos?! Paixão?! Acho que morremos…talvez ainda estejamos na agonia. Bom só gostaríamos de compartilhar com vc um pouco de tudo… Abaixo tem a carta de desligamento que foi enviada para o ministério do qual fazíamos parte. Temos encontrado bons tesouros neste site. É engraçado como tanta gente, nos momentos de solidão, encontra em vc um amigo, ainda que distante..mas um amigo. É isso que acontece com a gente! Um grande abraço e obrigada por nos “ler”… Aguardamos um contato… ****************************** Texto da Carta de Desligamento e as Devidas Razões. Europa, 05 de Julho de 2003 Ao Apóstolo e Presbitério, Durante muito tempo fomos ensinados à crer em uma aliança com a igreja. Isto falava de confiança, respeito, submissão e amor à visão. Acreditamos e colocamos nossas vidas nisso. Entretanto começamos a perceber que, na prática, este conceito era unilateral. Entendíamos que aliança era um compromisso entre duas partes, mas percebemos que nós tínhamos uma aliança com a “IGREJA”, mas a mesma não possuía aliança nenhuma conosco. Há dois anos e três meses atrás viemos pra a Inglaterra obedecendo uma chamado, acima de tudo de Deus, e crendo num projeto de nossa igreja. Nunca houve pretensão nenhuma de nossa parte ao vir pra cá e deixamos claro que não usamos a “IGREJA” para isto (como julgou o Apóstolo). Sempre nos submetendo e obedecendo começamos a trabalhar o pequeno e problemático grupo que chegou a ter entre 5 a 7 pessoas. Preparávamos a terra, tirávamos os tocos e por vezes, já no início, encontrávamos dificuldades com o, hoje, Pastor, João e sua esposa. Entretanto semeamos as primeiras sementes e elas frutificaram. Vimos a “IGREJA” nascer e crescer… Procurávamos honrar o casal citado, mas eles muitas vezes agiam em aberta rebeldia. Entretanto engana-se quem estiver pensando que o problema era o casal. Não, eles são apenas como crianças mimadas que só precisam de disciplina e correção. O que, de fato, nos entristece muito é a posição da liderança em relação às atitudes desses irmãos. Desde a volta do Pr. João, depois de alguns meses no Brasil, víamos que havia algo acontecendo. As atitudes explícitas de insubmissão já incomodavam a igreja. Desde então comunicávamos todo o mal estar à nossa coordenação. Na visita feita pelo Bispo, o pastor em questão, depois de vários dias sem comparecer à igreja, não somente veio, mas nos humilhou com suas acusações na frente de todos os obreiros. Não entraremos em detalhes; o Bispo sabe o que foi dito. No fim dessa reunião houve a decisão de ordenar o casal (viemos a descobrir depois que esta decisão já havia sido tomada antes e o bispo só estava executando). Apesar de não havermos sido consultados, como manda a visão da igreja, para a indicação desse irmão, e de expormos que não concordávamos, acreditamos que realmente era um tempo novo, de reconciliação e perdão, como foi falado pelo Bispo. Desta forma começávamos a traçar novas metas e a levar adiante a obra. Durou pouco! Uma semana depois o irmão já começou a nos difamar procurando pessoas e até começou uma reunião sem nosso consentimento. Nunca mais apareceu na igreja até o presente momento. Como já dissemos, o irmão não é o cerne da questão, mas sim a atitude de vocês, pois o mínimo que esperávamos, quando as primeiras coisas foram levadas até vocês, era que nos ligassem para saber o porque de tudo. Esperávamos que, como nos foi ensinado, houvesse cobertura e confiança. Ninguém nunca nos procurou para checar o que se passava. Agindo assim vocês enfraqueciam nossa liderança e davam espaço para a desvalorização e desrespeito de nossa pessoa também na igreja local. Respeitando a hierarquia comunicávamos tudo ao Bispo Coordenador. Até que soubemos da sugestão do Apóstolo de haver dois grupos. Isto nos arrebatou! Já era difícil compreender como poderiam “ordenar” alguém em tais circunstâncias, pior seria ter uma divisão dentro da mesma instituição. Ora um reino divido contra si mesmo não subsistirá! Esta opção seria no mínimo muito insensata! Não haveria aqui espaço para citar todos os fatos que acompanharam nossa decepção. Também porque não temos energia pra entrar em situações antigas como as propagandas do Projeto Missionário afirmando que éramos mantidos pelo mesmo; até mesmo uma carta, a qual foi transformada em artigo e recebeu alguns acrécimos, como um agradecimento nosso ao projeto por nos manter aqui… Aos que não sabem, sempre trabalhamos, não temos interesse nenhum em dinheiro. Viemos com a condição de cuidar do nosso próprio sustento. Mas é inadmissível que se faça propaganda com algo que não existe. Em todo este tempo Deus sempre cuidou de nós e só passamos a receber auxílio da igreja “daqui” a partir de agosto do ano passado até junho deste ano, o que consistia em nosso aluguel. Contrariando ao que o Apóstolo nos disse na última conversa; não somos mentirosos e nem desonestos. Só estamos nos sentindo esquecidos, traídos, feridos…e sobre a frase dele de que Deus iria por a mão sobre nós, dizemos o seguinte: “Caiamos nós na mão do Senhor e não na mão dos homens, pois o nosso Deus é misericordioso.” Não queremos nada da igreja. Aliás seguem em anexo o relatório financeiro e o patrimônio da “IGREJA”. Também não queremos abrir uma igreja, mas vamos sim, procurar um local onde possamos ser acolhidos. É verdade que a “IGREJA” cresce muito e que há uma unção de Deus sobre ela. Só que qualquer crescimento demanda mais recursos humanos, pessoas que necessitam ser capacitadas e treinadas. Em meio a tantas estratégias de crescimento e cobrança, ninguém se deu conta do que acontecia no coração e na vida de algumas dessas pessoas. Tantas delas em meio a vários cargos e responsabilidades, se viram acuadas, espremidas em meio a tanto trabalho exaustivo. Resultados foram alcançados, mas precisamos perguntar pelo valor das pessoas, que deram delas mesmas, para alcançá-lo. O fato é que muitos que antes eram verdadeiros faróis e colunas, hoje estão em profundo desgaste. Quantas vezes ouvimos falar de estratégias, ações ministeriais contextualizadas… Enfim, tantas coisas com o objetivo de expandir o que chamamos de reino de Deus. Mas se tem quem pensa nisso tudo, quem pensa nos líderes? Quem os ajuda? Líderes também sofrem, também precisam de cuidados e também sofrem solidão; e nisso não excluímos nenhum de vocês. É necessário que se despenda tempo e amor para ajudá-los a construir famílias mais seguras e vidas espirituais mais estáveis. Não só estratégias e crescimento são importantes, pois muitas vezes em prol delas, pessoas são afetadas. Em meio a momentos de pressão, quando se espera uma palavra de sabedoria e sensatez, ouvem–se palavras que agridem, machucam e humilham. Pode–se até conseguir o que se queria, mas com um alto preço: o de vidas que se dedicaram, mas que não esperavam tanto desrespeito. Acreditem, seus líderes precisam tanto de Deus quanto aqueles que estão na base do organograma. Mas são vocês, e não Deus que precisam amá-los e respeitá-los, já que Deus jamais cometeria um gesto de desamor em benefício de um objetivo. Pelo contrário, Ele em tudo nos edifica. É hora de cuidar daqueles que parecem fortes, daqueles que quando pedem socorro é porque já estão em angústias profundas. Sim, cuidar daqueles que não sabem mais o que dizer para Deus porque eles também se deprimem. Acaba restando a eles esconderem seus temores e lamentarem a falta que sentem de solidariedade e apoio. Queremos agradecer à liderança da “IGREJA”, pelos princípios eternos que aprendemos. Pelo também pelo espaço de tempo em que Deus nos levou a caminhar e crescer. Oramos sinceramente para que esta igreja seja uma benção e para que todos nós aprendamos mais um pouco. Hoje não nos encaixamos mais nesse sistema. Nosso desligamento vem acompanhado de muita dor. Mas… estamos na presença de Jesus e cremos que Ele vai nos curar. ************************************************** Resposta: Meus queridos: Que o Espírito Consolador derrame orvalho celestial sobre a alma de vocês! Sei como vocês estão se sentindo. Conhecendo o contexto em questão, sinceramente, acho que vocês duraram uma eternidade aí “dentro”. Hoje, dói. Amanhã, vocês já nem se lembrarão mais das dores, pois, terão nascido para a varonilidade em Cristo. Procurem mesmo um outro lugar. Não entrem nessa de “abrir outra porta”, só pra dar uma resposta. Deixem Deus abrir as portas. Trabalhem, façam tendas—daí vem a liberdade e a independência de consciência que vocês estão tendo hoje! Já imaginaram se vocês estivessem comendo sal na mão deles? Graças a Deus por missionários que trabalham com as próprias mãos enquanto semeiam a Boa Nova. Outro dia me contaram uma história. O contexto da “Igreja” era como parecido com o contexto de vocês. O Apóstolo queria uma demonstração do “rebanho” de que todos ali o obedeciam inquestionavelmente. Então, ele, o “apóstolo”, se pôs diante do rebanho, com a mão estendida, cheia de sal, e disse: Quem come de minha mão, que venha lamber o sal! Formou-se uma patética fila. O rebanho estava comendo sal—sal mesmo—na mão do pastor. Aquela lambeção… Cada um ia e lambia… Parece tanto com o Evangelho! É a cara de Jesus, não é? Deve ter base bíblica em João 13, o que você acha? Não! é João 13 ao contrário. De fato, é uma sexta-feira 13 cristã. É medievalismo grotesco. É idade das Trevas. É feio e maligno. É desumanizante. É assim que é…é assim que tem sido! Sabem por que eu lhes fiz isto?—indagou o Apóstolo. É que boi come assim. Vem lamber o sal na mão do dono—concluiu ele. Então, me encho de pena das ovelhas, dos bois e vaquinhas desse presépio, melhor: dessa presepada! Mas enquanto fizerem fila para comer sal na mão do lobo, sinto informar: pode ajudar se a pressão arterial for baixa, mas se for alta, você terá um derrame! Estão brincando demais com Deus! E esse negócio de mandar missionário para o Campo, pedir dinheiro, agradecer a quem dá, e não mandar nada ou quase nada para o Campo, não é de hoje. Trata-se de uma antiga forma de estelionato, e que vem sendo praticada todos os dias, e por muita gente. Parece até ONG no Rio. Havia 600 cadastradas para trabalhar com meninos de rua, no centro da cidade. Cada uma levantava uma média de 4 mil dólares por mês. Sabe quantos meninos de ruas perambulavam pelas ruas do Rio? Apenas 600. Eram 600 ONGs levantando dinheiro para cuidar dos “milhares” de meninos de rua das noites do Rio. Mas, na realidade, havia uma ONG para cada menino, e, esse menino, não conhecia essa tal ONG. O Evangelho, já dizia Paulo, pode ser fonte de lucro, e o é a toda hora. Portanto, fiquem frios e calmos. Deus está livrando vocês para algo muito melhor. Mas não se cansem de fazer o bem. Todos ceifaremos, se não desfalecermos no caminho. O Senhor os guardará. Nele, Caio