CARTA ENTRE AMIGOS: o amor renova o coração! (Dieter e Caio)
Caio,
Há anos que não nos vemos. Quase igual tempo desde que não nos comunicamos. A última carta fui eu que escrevi, mas sem resposta. Provavelmente nem te lembres, talvez sequer tenha chegado às tuas mãos. Mas agora a oportunidade……. Que oportunidade triste!
Lembro-me do Darcy com tu o descreves… é ele mesmo: alemão, trabalhador, dedicado, convicto, lutador,fiel,integro…
…. bem , assim por diante.
Tive fora do país quando as maiorias das coisas aconteceram… A tua história, mesmo a do Darcy… Eu já vivia no auto-exílio do movimento evangélico, que assumi viver após meu retorno.
Não participei do Congresso de Evangelização da AEVB, nem de qualquer movimento maior. Somente depois de anos aceitei participar de um CN da ABUB Vivi este auto-exílio, pois também me quebrantei ao perder uma filha em meio ao meu ativismo louco meu.
Dor, arrependimento… vontade de reconstruir o que parecia destruído…
Salvou-nos a generosidade de uma organização internacional que nos deu um ano Sabático, verdadeiro renovo. Óleo curador. Sem ele não teríamos sobrevivido. Mas voltei decidido a não mais participar da ciranda evangélica. Não cria mais em seu barulho em ostentação ou legalismo (somos os certos/éticos). Vinha de uma experiência de igreja ecumênica, não melhor, mas certamente menos arrogante.
Bem daí vieram notícias de sua separação, e da do Darcy. Eu me sentia também visto pelos amigos como um derrotado, que abandonou a militância evangélica por uma igreja pura. Agora ouço das oposições e marginalização que outros estão sofrendo e experimentando. Quando encontro os velhos amigos vejo que também abraçaram uma visão de espiritualidade clássica… E agora…?
Mas fico ainda me perguntando:
O que aconteceu ao nosso sonho? Sonhamos loucura? Irrealidade? Ou caímos de verdade… Fomos onipotentes em nossas aspirações…? Ou fomos derrotados pelo diabo! Por que o sonho não aconteceu? A igreja Evangélica cada vez mais fragmentada. Quem ainda aglutina? A Sepal? VM… é mínimo . Deus não quer que a Igreja Evangélica tenha papas, falou outro dia um de nossos colaboradores antigos…
Mas o que passou com nossa geração. Como vamos ler os fatos, nossa própria história?
Sei Caio que tentar de ler estes fatos nos leva a locais de dor!
Mas estou eu mesmo buscando entender melhor minha própria história, e o que não aceito que a história entre nós tenha acabado… Isto sim me pareceria um desastre: uma história mal acabada. Não creio ser esta a vontade do Pai.
Bom, Caio, por hoje, estou feliz que logrei me contatar de novo contigo… e saber algo de ti.
Quanto à min saberás algo do que estou fazendo entrando no site da Lapinha www.lapinha.com.br
Também estou ainda na Diretoria Internacional da IFES, algo que gosto de fazer… e o que me empolga são pequenos grupos e gente em busca de um significado, simples grupos e Estudo Bíblico Indutivo; compartilhar: Vinho e mesa.
Um Abraão, de seu amigo,
Dieter
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Resposta:
Dieter: amado amigo de sempre: Graça e Paz!
Esta sua carta é para mim resposta de oração!
De fato, a última vez que falamos foi no ano 2000, aí pelo mês de fevereiro, quando pedi a você ajuda de acolhimento para uma pessoa muito amada, e que precisava de um spa de amor. Você disse “sim”, mas a pessoa, por razões dela, acabou não indo; lembra?
O que aconteceu?
Ora, simplificando, diria: o Apólogo de Jotão explica tudo!
As motivações de muitos quando do surgimento da AEVB poderiam não ser as melhores. No entanto, à época, era o que de “menos ruim” se poderia fazer.
A IURD já dava as cartas do poder e das barganhas, usando a Record como capital de suborno pastoral: muitos entraram para doar a própria mãe por uma oportunidade.
Minha visão, sem segregação, e depois de longas conversas com o Macedo, era a de que aquilo ali seria o fim do sonho se os “irmãos da caminhada” e os “amigos dela” não se unissem por uma nova forma de ser igreja, contra o projeto já perverso que se instalara.
Todos concordavam; mas na hora H [agá mesmo] — fui ficando só. No fim, lá estava eu com o pau da bandeira na mão e lutando contra todos como se eu fosse o único. Ver os amigos éticos preferirem a quietude à guerra pela verdade do Evangelho; ou mesmo preferindo não apoiar para não parecerem subservientes a mim [como se eu buscasse isso], foi para mim a certeza de que o Espinheiro reinaria sobre o povo; afinal, as macieiras, as videiras e as oliveiras haviam decidido não dar nada a ninguém; e, menos ainda, correrem o risco da verdade…
Então, em 1994, meu romance acabou; e passei os próximos dois anos pedindo a Deus que minhas responsabilidades com os evangélicos cessassem logo; o que veio a acontecer quando passei a Presidência da AEVB para outro irmão.
Na viagem que fiz verifiquei que não só o modelo é diabólico e narcisista, como também o conteúdo não era e não é Evangélico, no sentido do que carrega a qualidade do Evangelho.
Também logo vi que muitos dos amigos não eram legalistas estéticos, mas que eram judiciosos ao extremo; e tão santos e éticos, que neles não havia misericórdia; embora neles tudo seja elegante e politicamente correto.
Caio caiu…! — gritaram todos!
E o que vi foi uma total pressa para realizarem meu sepultamento e verem se sobrava alguma coisa do espolio ministerial. Infelizmente vi e tenho muitos que viram e presenciaram as tentativas de “partilha” — e isto vindo dos “melhores”.
De lá pra cá já visitei muitos mundos, e vivi muitas dores. Mas, em meio a tudo, bem lentamente, fui sentindo a paixão voltar; e voltar de onde e para onde ela sempre me levou: para o Evangelho puro e simples; e nada mais.
Hoje, oito anos depois, sinto que há algo novo acontecendo. Novo e lindo. Novo e puro. Novo e simples. Novo e sem compromissos com nada que não seja a simplicidade absoluta apenas do que Jesus ensinou.
Gostaria muito que você entrasse no meu site [www.caiofabio.com] e lesse as reflexões, cartas, histórias, opiniões, devocionais, etc. Pois, em todo o site, as analises que você disse que precisam ser feitas, com dor ou sem dor, de minha parte estão feitas e são feitas todos os dias.
E mais: o sonho não acabou e jamais acabará; pois, o sonho que acabou foi o dos meninos vaidosos; e o que não acabou é o sonho dos homens despojados, e que não estão procurando a História, mas apenas a vida com Deus; única história que significa.
Na realidade não tenho qualquer esperança que seja para a “igreja evangélica”. Para mim ela é como o judaísmo obsoleto ante a revelação da Boa Nova.
É triste, mas é assim!
E a carta a ser escrita aos evangélicos é a dos Hebreus. Afinal, eles voltaram para além dos fundos de onde haviam saído.
Quero que você saiba que sua carta me foi um lenitivo. E mais: também concordo com você que quem for homem de Deus e da vida em toda essa história, tem que ter a coragem do encaramento, do encontro, da verdade, do arrependimento, do perdão, e, quem sabe, a coragem de uma nova caminhada; sem papas, especialmente aqueles que são apenas os papas dos papos sem papada e sem conseqüência para a vida real.
Entretanto, meu mano, nos últimos anos surgiram tantas pessoas gente boa de Deus no pedaço que os seres de referencia do passado, caso queiram participar do novo, terão que como que nascer de novo; do contrário, não agüentarão as implicações da jornada; e, a maioria deles me parece estar sem disposição para nada que não seja um bom sofá e um par de chinelos de aposentados.
Mas o sonho não acabou.
Eis como o vejo e proponho; e milhões [literalmente] o abraçaram e começam a fazer diferença em toda parte:
Artigo 1 – Fica decretado que agora não há mais nenhuma condenação para quem está em Jesus, pois, o Espírito da Vida em Cristo, livra o homem de toda culpa para sempre.
Artigo 2 – Fica decretado que todos os dias da semana, inclusive os Sábados e Domingos, carregam consigo o amanhecer do Dia Chamado Hoje, por isso qualquer homem terá sempre mais valor que as obrigações de qualquer religião.
Artigo 3 – Fica decretado que a partir deste momento haverá videiras, e que seus vinhos podem ser bebidos; olivais, e que com seus azeites todos podem ser ungidos; mangueiras e mangas de todos os tipos, e que com elas todo homem pode se lambuzar.
Parágrafo do Momento: Todas as flores serão de esperança; pois que todas as cores, inclusive o preto, serão cores de esperança ante o olhar de quem souber apreciar. Nenhuma cor simbolizará mais o bem ou o mal, mas apenas seu próprio tom, pois, o que daí passar estará sempre no olhar de quem vê.
Artigo 4 – Fica decretado que o homem não julgará mais o homem, e que cada um respeitará seu próximo como o Rio Negro respeita suas diferenças com o Solimões, visto que com ele se encontra para correrem juntos o mesmo curso até o encontro com o Mar.
Parágrafo que nada pára: O homem dará liberdade ao homem assim como a águia dá liberdade para seu filhote voar.
Artigo 5 – Fica decretado que os homens estão livres e que nunca mais nenhum homem será diferente de outro homem por causa de qualquer Causa. Todas as mordaças serão transformadas em ataduras para que sejam curadas as feridas provocadas pela tirania do silencio. A alegria do homem será o prazer de ser quem é para Aquele que o fez, e para todo aquele que encontre em seu caminhar.
Artigo 6 – Fica ordenado, por mais tempo que o tempo possa medir, que todos os povos da Terra serão um só povo, e que todos trarão as oferendas da Gratidão para a Praça da Nova Jerusalém.
Artigo 7 – Pelas virtudes da Cruz fica estabelecido que mesmo o mais injusto dos homens que se arrependa de seus maus caminhos, terá acesso à Arvore da Vida, por suas folhas será curado, e dela se alimentará por toda a eternidade.
Artigo 8 – Está decretado que pela força da Ressurreição nunca mais nenhum homem apresentará a Deus a culpa de outro homem, rogando com ódio as bênçãos da maldição. Pois todo escrito de dívidas que havia contra o homem foi rasgado, e assustados para sempre ficaram os acusadores da maldade.
Parágrafo único: Cada um aprenderá a cuidar em paz de seu próprio coração.
Artigo 9 – Fica permanentemente esclarecido, com a Luz do Sol da Justiça, que somente Deus sabe o que se passa na alma de um homem. Portanto, cada consciência saiba de si mesma diante de Deus, pois para sempre todas as coisas são lícitas, e a sabedoria será sempre saber o que convém.
Artigo 10 – Fica avisado ao mundo que os únicos trajes que vestem bem o homem diante de Deus não são feitos com pano, mas com Sangue; e que os que se vestem com as Roupas do Sangue estão cobertos mesmo quando andam nus.
Parágrafo certo: A única nudez que será castigada será a da presunção daquele que se pensa por si mesmo vestido.
Artigo 11 – Fica para sempre discernido como verdade que nada é belo sem amor, e que o olhar de quem não ama jamais enxergará qualquer beleza em nenhum lugar, nem mesmo no Paraíso ou no fundo do Mar.
Artigo 12 – Está permanentemente decretado o convívio entre todos os seres, por isso, nada é feio, nem mesmo fazer amizades com gorilas ou chamar de minha amiga a sucuri dos igapós. Até a “comigo ninguém pode” está liberta para ser somente a bela planta que é.
Parágrafo da vida: Uma única coisa está para sempre proibida: tentar ser quem não se é.
Artigo 13 – Fica ordenado que nunca mais se oferecerá nenhuma Graça em troca de nada, e que o dinheiro perderá qualquer importância nos cultos do homem. Os gasofilácios se transformarão em baús de boas recordações; e todo dinheiro em circulação será passado com tanta leveza e bondade que a mão esquerda não ficará sabendo o que a direita fez com ele.
Artigo 14 – Fica estabelecido que todo aquele que mentir em nome de Deus vomitará suas próprias mentiras, e delas se alimentará como o camelo, até que decida apenas glorificar a Deus com a verdade do coração.
Artigo 15 – Nunca mais ninguém usará a frase “Deus pensa”, pois, de uma vez e para sempre, está estabelecido que o homem não sabe o que Deus pensa.
Artigo 16- Estabelecido está que a Palavra de Deus não pode ser nem comprada e nem vendida, pois cada um aprenderá que a Palavra é livre como o Vento e poderosa como o Mar.
Artigo 17 – Permite-se para sempre que onde quer que dois ou três invoquem o Nome em harmonia, nesse lugar nasça uma Catedral, mesmo que esteja coberta pelas folhas de um bananal.
Artigo 18 – Fica proibido o uso do Nome de Jesus por qualquer homem que o faça para exercer poder sobre seu próximo; e que melhor que a insinceridade é o silencio. Daqui para frente nenhum homem dirá “o Senhor me falou para dizer isto a ti”, pois, Deus mesmo falará à consciência de cada um. Todos os homens e mulheres que crêem serão iguais, e ninguém jamais demandará do próximo submissão, mas apenas reconhecerá o seu direito de livremente ser e amar.
Artigo 19 – Fica permitido o delírio dos profetas e todas as utopias estão agora instituídas como a mais pura realidade.
Artigo 20 – Amém!
Caio e tantos quantos creiam que uma revolução não precisa ser sem poesia.
[ Não precisa lembrar que estrutura em artigos é inspiração de meu amigo e conterrâneo Tiago de Melo].
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Aqui no site você encontrará literalmente milhares de expressões de esperança humana; e um monte de sinais de que o vento de fato sopra aonde quer…
Ontem dei uma entrevista que julgo resumir bem minha visão do que está acontecendo.
Veja:
ENTREVISTA com Caio Fábio
Realizada por:
Ivan Cordeiro – Administrador do site.
Jonathan Menezes – Professor da Faculdade Teológica Sul Americana.
Decepcionados com a igreja
1. Você tem dito que viver o evangelho não implica necessariamente ser parte da igreja evangélica em sua configuração atual. Comente um pouco os porquês de tal postura.
Resposta:
Sim! Não implica em configuração alguma, de tempo algum; pois, de fato, a única coisa que implica é ser de Cristo; e quem é de Jesus conforme a consciência do Evangelho, este é Igreja e nunca deixa de encontrá-la; seja no caminho, seja indo ao encontro de irmãos em horas de adoração comum.
Quanto aos porquês, na realidade não os tenho para além do fato de que sempre pensei assim a partir do Evangelho. Minha tese de ordenação foi sobre a Salvação Fora das Instituições, e isto fundado na compreensão acerca da Ordem de Melquizedeque, que é superior às linearidades históricas pelas quais viajam as informações que geram as instituições.
Viver o Evangelho nada tem a ver com ser Evangélico histórica e institucionalmente falando; mas sim tem a ver com ser evangélico de acordo com Paulo aos Filipenses; ou seja: evangélico como um ser que carrega em si a qualidade do evangelho; portanto, trata-se de uma categoria existencial, e não institucional.
Em minha opinião, pensar diferente é negar a fé.
Ou seja: Pode-se viver o Evangelho em qualquer lugar, até na “Igreja Evangélica”.
2. Você tem dito também sobre um modo revolucionário de viver a vida cristã, o qual você denomina de “o Caminho”. O que é ser “dos do Caminho”?
Resposta:
Não há nada novo no que digo. A linguagem vem do Livro de Atos: “os do Caminho”; “este Caminho”; “encontrou alguns que eram do Caminho”; “…persegui este Caminho”.
O Significado do Caminho é o significado da Igreja que é-indo… Afinal, Igreja fixa é Templo ou ajuntamento; e nada mais.
A Igreja é feita dos chamados para fora, e que vão ao encontro de Jesus fora do arraial levando o Seu vitupério.
A Igreja de Jesus foi anunciada no caminho para a Cesareia de Filipe. No caminho…; e também na direção da geografia mais pagã do território de Israel. Sintomático.
Além disso, toda a idéia de Igreja no N.T. tem a ver com o sentido “peregrino e forasteiro” que busca resgatar o significado de ser Hebreu; que é aquele que se faz se não pára de andar…; de ser e crescer na fé e na aventura da renovação permanente da mente.
Também, a idéia de caminho, tem tudo a ver com o que é essencial; e que no “Cristianismo” foi extinto — que é a fé como jornada, e não exclusivamente como corpo fixo de doutrina ou de representação institucional.
Sobretudo, o Caminho é apenas o que diz. Sua revolução é a de sempre: a explosão da consciência de Jesus como fé apaixonada no coração de indivíduos gerando um corpo vivo e simples; ordenado a partir dos dons; organizado o suficiente para que os potenciais se maximizem, mas não se fixem hierarquicamente.
De fato, decidimos chamar o que cremos que tem significado como Igreja, de “Caminho”; e os crentes de “os do Caminho” — e isto apenas porque ambos os termos estão emprenhados por contaminação cultural-radioativa-evangélica; e assim permanecerão ainda por muito tempo. Tornaram-se imprestáveis para significar o que Jesus propôs.
Certos termos ficam tão corrompidos que é melhor esquecê-los por um tempo, e viver a partir do que eles significavam [e significam] originalmente; e não do que eles passaram a conotar; pois, o que importa não é a letra, mas o sentido. Aliás, com Jesus o que não é assim?
Isto sem falar que termos como “igreja”, “presbítero”, “diácono”, etc. — todos foram tirados do sistema de administração das cidades do mundo greco-romano; e, outras vezes, das formas encontradas nas próprias Sinagogas dos Judeus. Portanto, nada disso é inspirado, mas apenas circunstancialmente útil. Na revelação a única forma inspirada é a Encarnação. As demais formas são, quando são, vasos-circunstanciais de barro contendo algo essencial: o tesouro do conteúdo imutável do Evangelho.
3. Se a igreja evangélica brasileira não tem correspondido às dinâmicas da vivência nesse caminho, o que falta?
Resposta:
O qual falta? Faltará algo a ser feito e consertado apenas se for possível botar vinho novo em odres velhos e se for sábio remendar veste velha com pano novo.
4. Em seu site, você tem se relacionado com muitas pessoas que de alguma forma se decepcionaram com a igreja. Na sua percepção, o que tem levado as pessoas a se desapontarem e se afastarem dela?
Resposta:
Ora, a “Igreja”. Ninguém deixa a fé por quase nenhuma outra razão. As pessoas perdem o romance com Deus porque a “visibilidade de Deus” na “igreja” é muitas vezes desumana e diabólica.
A “Igreja” que ganhou a parada histórica [estivemos num momento crucial na década de 90, entre 91 e 94] é uma maquina de explorar e dissecar seres humanos até à medula. Não sobra nada.
Além disso, a prevalência do surto neo-pentecostal, de um lado; e a aridez estéril dos históricos, de outro lado; provocaram um subproduto que faz os dias anteriores a Reforma Protestante parecerem piores apenas na rudeza, mas inocentes no processo de manipulação, de paganismo e de blasfêmia contra o Evangelho.
“Os escândalos” acerca dos quais Jesus falou não são “fraquezas humanas” [essas não tiram a fé de ninguém; apenas entristecem], mas sim a perversidade humana contra o pequenino; e, nesse quesito, nada é mais ofensivo à percepção humana do que a pratica do que é “desumano” ou do que é “perverso” feitos em nome de Deus. Portanto, a “Igreja” é o próprio escândalo.
5. Você acredita que tais decepções têm fundamento, ou quem sabe uma parcela delas pode ser fruto de infantilidade espiritual? Não existe uma certa expectativa que distorce o próprio Evangelho?
Resposta:
Não! As pessoas sabem fazer diferença entre pecado humano e perversidade desumana. A imaturidade é dos filhos? São os pequeninos agora os responsáveis pelos que dizem “eu sei”? Ninguém que de fato conheceu Jesus deixará coisa alguma de valor da e na fé em razão dos “escândalos” dos que lideram como bandidos. No entanto, as pessoinhas que estão apenas chegando, vindas do paganismo mais supersticioso, entram cheias de esperança; e, com o tempo, descobrem que os macumbeiros exploram menos, e que despacho sai mais barato; já que em ambos os pólos “Deus” e “deuses” só aceitam oração simbolizada por dinheiro e feita com base
Portanto, transferir a conta para quem é ensinado é como culpar os filhos por seus pais lhes molestarem.
6. Como você vê a participação da liderança eclesiástica em tudo isso? Quais são as práticas imediatas que um bom líder precisa adotar a fim de superar esse cenário crítico?
Resposta:
Primeiro: acabar com essa história americana de líder. As raízes do conceito de liderança na e da “igreja” são pagãos: vêm dos gregos, passaram pelos romanos, participaram de todas as alquimias de poder na Europa, e ganharam sua versão atual nos modelos americanos de gestão e de importância empreendedora e funcional.
Segundo: é preciso entender que no Evangelho de Jesus liderar é servir, é se dar, é esperar que todos se abriguem pra que você ache um lugar.
Terceiro: é essencial que se acabe com toda essa fanfarrice de liderança e se inicie o processo do lava-pés; de fato e de verdade.
Quarto; e último: o bom líder é um servo simples e que dá a vida pelas ovelhas do Cordeiro que foi morto antes da fundação do mundo; e, por isso, lidera como o Cordeiro: não domina, mas exemplifica; não ordena, mas mostra; não impõe, mas deixa claro o que é; não oprime, antes remove pesos; é misericordioso, mas trata tudo na verdade; é forte na fé e fraco na Graça que tem mais prazer em perdoar do que em julgar; e que prega e ensina a Palavra em total simplicidade, com seu jeito, com sua própria cara, com sua própria essência; e que não busca para si nada que não seja oferecer de graça o que pela Graça lhe veio. Ora, eu não tenho que falar disso. Esta tudo tão simples no Evangelho. Por isso Jesus apenas diz: “Vem e vê!”
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De minha parte quero que saiba que você é uma dessas pessoas que jamais saíram de mim como Gente Boa de Deus.
Amei você quando o conheci em 1978.
E continuo o mesmo, amando sempre, crendo sempre, e mantendo a gratidão como graça de Deus para minha saúde e esperança!
Não fiquei quebrado; mas fiquei imensamente quebrantado!
Meu abraço à Meg e todos os seus. E, quem sabe uma hora dessa eu chego à Lapinha.
Receba meu beijo e minha amizade intacta!
Nele, em Quem o sonho só acabará se a Ressurreição morrer,
Caio
22/08/07
Manaus
AM
Acompanhando meu paizinho, que está a 15 dias na UTI, e que já morreu e ressuscitou umas quatro vezes; e que caminha para de lá sair carregado da esperança que o moveu e move até o dia de hoje; e para sempre.