—– Original Message —–
From: CICLOS E VÍCIOS NA ALMA!
Sent: Wednesday, September 10, 2008 10:10 AM
Subject: ME AJUDE!!!!
Querido amigo, irmão e pastor Caio!
Permita-me assim tratá-lo, pois, após tantas leituras do seu site, de vários dos seus livros e de assistir suas pregações em DVD, considero-o, sem qualquer dúvida, um homem de Deus, um verdadeiro irmão e amigo.
Preciso muito de sua ajuda, quem sabe um bom conselho, um puxão de orelhas, não sei; mas o que sei é que me encontro no limite e, se não receber auxílio, não sei o que será de mim. Já, de antemão, peço desculpas, pois vou precisar ser um tanto prolixo para explicar-lhe tudo.
Meu problema é, acredito eu, emocional, psicológico, mas, talvez, com raízes espirituais.
Vamos lá:
Nasci numa família pobre, meu pai caminhoneiro (empregado) e minha mãe lavava e cozinhava para outras famílias. Quando nasci, tive um problema já no parto – o cordão umbilical era enrolado duas voltas em meu pescoço, o que me causou quase uma asfixia. Nasci, como diz minha mãe, “roxinho”, mas, mesmo em 1965, com os poucos recursos que havia, o médico conseguiu me salvar.
Cresci com um pai ausente (viajava muito, às vezes até 20 dias sem retornar), mas, quando estava presente, era mais ausente ainda, me causava medo (nunca me bateu, nunca me maltratou fisicamente), pois, era muito severo; um pai à moda antiga, que considerava: eu sou o pai, vocês os filhos, vocês me devem obediência e respeito.
Não havia carinho, afeto, nada. Seu olhar de desaprovação me transformava numa pedra de gelo, me causava tremores, insegurança. Infelizmente, eu dava graças a Deus quando ele viajava de novo.
Passei a ter medo de escuro, medo da noite, medo de ficar só, medo de morrer, e sintomaticamente, me apeguei muito à minha mãe, que sempre foi acessível e carinhosa; e aí passei a ter medo que ela morresse; se eu ficasse algumas horas sem ver minha mãe, eu chorava de profunda tristeza.
Com sete para oito anos de idade sofri um inexplicável atropelamento e fiquei desacordado por 12 dias. Tive muitos ferimentos. Não me lembrava de nada, só me lembro quando acordei, no 14º. dia, em minha casa, e perguntei o que estava acontecendo, o por que de meu corpo doer tanto.
Daí pra frente, foi só sofrimento (interior); eu me sentia inferior, feio, culpado não sei de quê; pior do que os outros. Passei a ser o “bobo da corte” das crianças de minha idade, dos meus “amigos”; pois, eu era fraco, não corria como eles, não jogava bola como eles, não me igualava a eles. Sempre que havia uma briguinha, eu apanhava e saía humilhado.
Com oito ou nove anos aprendi coisas sobre sexo, na rua. Sexo – segundo eu aprendi – era algo sujo, vergonhoso, e que só o homem deveria gostar; a mulher que disso gostasse era puta, vagabunda!
Acredite Pastor, eu nessa época não sabia como havia nascido, não sabia que eu era fruto de uma relação sexual! Pois bem, como já lhe falei, eu era muito apegado à minha mãe, que para mim comparava-se a uma santa… Então, quando fiquei sabendo como eu nasci, tive raiva, muita raiva; de mim, do mundo, de minha mãe (que ficou rebaixada de santa à puta), e, principalmente, raiva de meu pai.
Meu mundo, que até ali já era quase só sofrimento, caiu; desabou sob os meus pés.
Nesse ritmo, adolesci, cresci amargurado, solitário, deprimido (naquela época nem se ouvia esse termo), medroso e, cheio, cheio de dúvidas. Eu, com 12 ou 13 anos, me perguntava o porquê da vida, o porquê de estar neste mundo que só me judiava… Eu tinha uma imensa tristeza e uma profunda saudade “não sei do quê”.
A esta altura eu era rejeitado, explicitamente, pelo meu próprio irmão, 04 anos mais velho que eu, que dizia que eu era pivete e ele não andava com pivetes tontos. Aonde eu ia ele não ia; se eu ia onde ele estava ele ia embora. Meu próprio sangue!
Aos 14 anos, entrei para uma escola só de garotos, o Senai, para fazer um curso que durava 02 anos, com aulas em período integral, 08 hs por dia. Ali a humilhação foi demais, porque eu era limitado, cansava-me muito fácil e não tinha a habilidade esportiva dos outros, chamavam-me de inepto, de bunda-mole e outras coisas piores. Mas o pior estava por vir, pois sempre, após as aulas de educação física, tinha-se que tomar banho, todo mundo nu, e então, pude perceber que eu era diferente, já tinha quase 15 anos e não tinha pêlos nas axilas e no púbis. Então, eu nunca tomava banho. Passei a ser chamado de porco, cascão, fedido, etc.
Fui, então, ao médico da escola, que chamou meus pais e explicou que, em virtude do acidente que sofri aos 7 anos, minha glândula hipófise paralisou e não produzia hormônios de crescimento. Eu teria que fazer um tratamento longo e caríssimo (na época). Minha mãe buscou ajuda e um endocrinologista se propôs a fazer tudo de graça (menos os remédios), desde que meus pais permitissem a publicação do meu caso, que segundo ele era raríssimo, numa revista médica. E assim me tratei.
Um tratamento doloroso que, às vezes, exigia 5 ou 6 injeções diárias, mais inúmeros comprimidos, mais exames, mais viagens à capital, pois, em minha cidade, não se faziam alguns exames e nem se encontravam alguns medicamentos.
Tive alta médica aos 19 anos, com estatura normal e todas as demais características de um adulto. O tratamento foi exitoso, graças a Deus.
Vejo que Deus estava sempre ao meu lado, pois, nunca permitiu males maiores. Não permitiu que eu morresse ou que ficasse com a doença incurável (essa doença, se não tratada a tempo, não tem cura).
Porém, tudo aquilo, aquelas humilhações e sofrimentos estavam encravados dentro de mim. Me tornei tímido, infeliz, inseguro, amargo. Certa época, suicídio era idéia quase fixa.
Aqui, abro um parêntese para dizer que, muito mais tarde, quando tive condições de ir a psicólogos, me disseram que tanto o cordão umbilical asfixiante, quanto o inexplicável atropelamento, tinham sido tentativas inconscientes de suicídio; e que a doença que paralisou o crescimento, não foi um acaso, mas uma tentativa inconsciente de não crescer, de ser criança para sempre, diante de um mundo tão maldoso.
Essas idas ao psicólogo ocorreram somente muito mais tarde, quando eu tive condições financeiras para tanto. Já tive diagnósticos como “complexo de castração”; “complexo de vitimização”; “complexo de culpa”, “complexo de pobreza”, “complexo de inferioridade”, “complexo de rejeição”; um deles, inclusive me disse que “emocionalmente, eu ainda sou uma criança, pois meu inconsciente se nega a abrir mão dos traumas do passado e ‘cristalizou-se’ naquela fase de vida”.
Passei a sofrer, então, de depressão crônica e profunda; e de crises de pânico; fui então ao neurologista e ao psiquiatra. Do neurologista, após muitos e apurados exames, ouvi que tudo estava bem comigo, que não havia qualquer problema fisiológico, não havia qualquer seqüela. Já do psiquiatra ouvi que eu tinha “depressão”, “ansiedade generalizada” e “síndrome do pânico”, mas que isso era “normal” no mundo de hoje, que bastava me tratar com antidepressivos, estabilizantes de humor e ansiolíticos, que minha vida seria normal.
Realmente, consegui viver a “vida exterior” de modo normal; trabalhei, estudei; com muito sacrifício fiz o 3º. grau e pós-graduação.
Mas minha vida interior não era, como ainda não é, nada normal! Na faculdade – fiz direito numa faculdade extremamente elitista, onde estudavam filhos de juízes, de promotores, de empresários – eu me sentia um lixo, não tinha amigos, não acompanhava os movimentos da turma; enfim, eu me sentia totalmente rejeitado.
Para encurtar a história, hoje tenho 43 anos, me casei aos 28, tenho 02 lindos filhos, uma excelente e bela esposa, minha vida familiar é muito harmoniosa e boa (dentro do que pode ser diante desse quadro); e estou financeira e profissionalmente “quebrado”, de modo que, embora saiba que um bom psicanalista possa ser de alguma ajuda, não posso pagar.
Mas o problema não é esse! O problema é que não consigo me libertar desse fantasma que vive dentro de mim, pois vivo triste, inseguro, com medo da morte, com medo de Deus, com receio de tudo. Se paro a medicação, tenho fortes crises de pânico que quase me enlouquecem.
Vivo uma vida interior cheia de dúvidas existenciais. Sabe, pastor, é como se eu fosse duas pessoas (nada daquela “dupla personalidade da psicologia”); mas é assim: No meu pensar racional, desejo ser melhor, ser humilde, sempre perdoar, nunca me vingar, nunca agredir ninguém, nunca me irar; enfim, ser como o Cristo ensina; e, de fato, sempre procuro, com o máximo de forças, proceder assim; mas eu sinto que lá no fundo, no inconsciente, no íntimo, no âmago do meu ser, eu nem sequer consigo amar a mim mesmo; eu sinto que esse “homenzinho interior” deseja fazer tudo do modo contrário que eu quero; eu sinto que ele quer ser vingativo, irado, violento, humilhar os outros, e ser revoltado; talvez até contra Deus (que o Senhor me perdoe!).
Sabe, pastor, é como se o meu coração, de tanto sofrimento, tivesse se tornado refratário ao amor, como se houvesse um “caminhão de ódio latente” depositado em algum lugar no meu ser.
Eu oro; me curvo diante do Senhor; mas sinto que esse curvar-me é só no plano racional; pois, o meu coração, que é o que interessa, não se curva junto. Mas é isso que eu quero, entregar-me integralmente, sem reservas, a Deus, mas o inconsciente tem vencido a batalha sobre o racional, e eu não tenho conseguido o meu intento.
Tudo isso me traz ainda mais culpa, culpa de ser assim, pois não me considero normal. E esses pensamentos (essa briga interior) de tão antigos e crônicos, já se transformaram em sentimentos, que eu sinto o dia todo (só não sinto quando durmo).
Finalizando, esclareço que minha educação religiosa foi católica, meus pais me orientaram ao catecismo, onde se aprendia o que não se devia ensinar (adorar santos, novenas, e outras idiotices). Cansado disso e com aquela “saudade não sei do quê”, aquela “falta de paz interior”, passei a ser um buscador de paz; e, na minha ignorância, busquei no espiritismo, na rosa-cruz, no daime, no budismo, na nova-era, etc.
Só há dois anos atrás conheci o evangelho, e ainda de maneira errada, pois, no desespero, fui para o neo-pentecostalismo, com suas renúncias, quebras de maldição e coisas afins. Fui batizado, inclusive. Somente em março deste ano, conheci o seu site, o qual leio quase diariamente. Já li vários de seus livros (O Enigma; Sem Barganhas, No Divã de Deus, Batalha Espiritual, Confissões), e, sempre que posso, assisto um DVD seu.
Somente aí fui perceber o quanto eu estava errado em aprender o que me haviam ensinado.
Mas a verdade, é que o problema persiste!
Tornei-me uma pessoa sem força de vontade, sem perseverança, triste, inconstante, sem controle emocional… Me sinto muito mal. Estou financeira e profissionalmente derrotado; e, lamentavelmente, isso afeta minha esposa e meus filhos (não o fato de estar financeiramente mal, mas o fato de estar sempre emocionalmente mal).
Tenho 43 anos, mas sinto-me como se já tivesse vivido 200, tamanho é o sofrimento interior que me é infligido.
Me ajude, pelo amor do Senhor Jesus Cristo.
Deus o abençoe e ao seu ministério, que a tantos tem beneficiado. Deus abençoe sua família e sua vida.
Seu amigo e irmão.
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Resposta:
Meu amado amigo: Graça e Paz!
Meu amado irmão e amigo no Senhor:
Você disse tudo quando disse:
Sabe, pastor, é como se o meu coração, de tanto sofrimento, tivesse se tornado refratário ao amor, como se houvesse um “caminhão de ódio latente” depositado em algum lugar no meu ser.
Quando uma criança entra em sofrimento, é porque está demorando a nascer; e quando uma criança fica enrolada no cordão umbilical [que sempre é da mãe, e nunca do pai], também entra em sofrimento, o que, não raramente, gera todos os elementos de sofrimento psicológico que você relata como sendo sua experiência.
O que disse acima é que você é duplamente filho do sofrimento: do atraso de nascer e do nascer como atraso.
Sua vida inteira tem sido a repetição desse ciclo intra-uterino: atraso de nascer e o nascer como atraso.
No espiritismo talvez até dissessem que você teria se enforcado em outra vida e que nasceu com tal pulsão latente nesta.
No entanto, é o caminhão de ódio latente aquilo que o enforca desde antes de nascer. Daí, muito para além do catolicismo e da catequese que enfeia o sexo, sua alma ter tido tamanha predisposição de ódio ao sexo em razão de por ele você haver nascido.
Às vezes as heranças que temos são mais fortes que o normal, e, a meu ver, este parece ser o seu caso.
Ou seja:
Pode ser que você tenha absorvido já desde o ventre as dores psicológicas de sua mãe e de seu pai.
Hoje eu creio nisso com muita clareza: que certas pessoas são radicalmente afetadas pela energia do ato sexual que as gerou.
Sim! Para alguns, é como se aquela matriz energética formatasse sua alma de modo indelével.
Para outros, todavia, nada acontece como impressão, sendo esta a razão porque você faz parte de um grupo bem menor de seres humanos, que são os que assim sentem, e de modo atávico.
Ora, não há nenhum consolo no que lhe digo. Todavia, como sei que a verdade liberta, digo-o a você crendo que a compreensão da fonte de certos sentimentos existentes em nós, já significa a cura de luz que se precisa a fim de iluminar o que, sendo-nos desconhecido, assombra-nos como um demônio.
Além disso, também creio que quando se sabe qual é o inimigo, pode-se compreendê-lo; e, assim, melhor nos posicionarmos quando ele atacar.
Você, no entanto, amargurou-se, e não é de estranhar; embora eu tenha que lhe dizer que enquanto a amargura que você sente contra você mesmo, como membro excedente da “normalidade”, estiver presente em sua alma, pouca melhora ou cura você poderá alcançar.
É por esta razão que o justo vive pela fé e por nenhuma outra realidade!
Sim! Pois como você poderia sobreviver ou poderá sobreviver se viver pelos seus sentimentos? Ou pela sua auto-imagem? Ou pelo seu olhar interpretativo do mundo?
Certas pessoas nascem com hormônios de alegria em excesso, e sofrem pelo excesso de impulsos de alegria inconsequentemente alegre!
É o outro lado do sentir! Igualmente devastador!
O fato é que ninguém será bem sucedido se deixar-se guiar pelo sentir!
Além disso, a pior doença na existência decorre da entrega do ser aos próprios sentimentos, pois, a alma, fonte do sentir, é enganosa, é corrupta; e é sempre ela mesma, até quando pensa que enxerga os outros.
Jesus diz a você o que disse a Nicodemos:
Não falo de voltar ao ventre materno e nascer uma segunda vez, mas sim de nascer da água, significando arrependimento essencial, e do espírito, significando a decisão de viver pela fé, e por nenhum outro poder.
Asafe, Jeremias, Oséias, entre outros, foram homens como você, carregados de uma tristeza essencial, homens de dores. Entretanto, todos eles pegaram suas dores e as deram a Deus, e, assim, tornaram-se poetas da esperança, homens de ferro no amor que a tudo resiste, pois, entenderam que somente andando em fé seriam mais fortes do que aquilo que os cercava e os esmagava.
Assim, quando sentir, sinta a dor com louvor; se tremer, trema sem temor; se temer, tema sem tremor; se angustiar-se, escreva um salmo; se deprimir-se, cante hinos; se acuar-se, abra a porta e anda; se escurecer na alma, vá para o sol; se estiver abafado no coração, mergulhe em água gelada; se não tem emprego, empregue-se na prática do bem em sua vizinhança, junto aos filhos e amigos deles; se for atropelado pelo caminhão, diga a ele para esperar, pois, você tem muito entulho para nele depositar, de uma vez e para sempre, ainda que, no inicio, você tenha que fazer isto todos os dias.
Hoje o problema já está no cérebro também. Depois de anos de condicionamento químico e emocional, a cérebro passa a ser o que sentimos. Então, o vicio do cérebro terá que ser enfrentado com toda perseverança, sem que você fique impressionado. Afinal, saiba: é assim mesmo.
E mais:
Sua alma terá que aprender o equilíbrio entre a santa e a puta.
Ora, o melhor lugar para se curar disto é junto à sua esposa, amando-a e possuindo-a sem pudor, com liberdade, com alegria, sem culpa, e, ao contrario, como um culto a Deus!
Leia:
Deixo com você alguns links do site que lhe serão úteis: