—– Original Message —–
From: COMO APRENDER E CRESCER?
To:
Sent: Monday, January 03, 2005 1:13 AM
Subject: ORIENTAÇÃO ACADÊMICA!
Graça sobre graça, ó agraciado!
Mano, tenho 21 anos e a alma desse garoto foi entregue a Jesus na adolescência. Desde então uma avidez incontrolável tem possuído minha mente e coração.
Não sei na intencionalidade-misteriosa da graça o que me reserva à cooperar com o reino.
Meu coração sente uma pulsão alienígena me atraindo a viagens filosóficas e teológicas, e uma paixão deliberada em questões psicanalíticas.
Sei como você tratou essas questões na sua caminhada, que foi progressiva, polimorfa.
Em que você poderia me ajudar?
Diria… se você se disponibiliza a me enviar as relações dos livros que você acha indispensáveis para quem quer servir a Deus com dons de ensino e reflexão da palavra…me ajudaria.
Sabe cara, sou mais um daqueles que ouve a voz de Deus dizer com singeleza-esmagadora: “Pedro, tu me amas; então cuida das minhas ovelhas”.
Fui ao Seminário Teológico, durei um semestre, discerni que lá há muita surperficialidade e otários. Não tenho mais entusiasmo ao retorno. No entanto, estudo em minha casa e vou caminhando em paz para o alvo da soberana vocação.
Bicho, você está de dentro, já tem as coisas estratificadas e apuradas… Ajude esse debutante que vocifera por orientação.
Um abraço, ó tição tirado do fogo!
Jailson Santos
________________________________________________________________________________
Resposta:
Amigo querido Jailson: Graça e Paz!
Se você der uma entrada no site, em “Minha História”…
ou “Histórias”… você verá quem foram os autores e quais foram os livros que mais me influenciaram.
No entanto, também devo dizer a você que toda influência, por melhor e mais sadia que seja, está longe de poder formar o próprio ser do indivíduo. Isso porque a “verdade” como filosofia pode ser ensinada e aprendida, mas jamais se tornará realidade se não for visceralmente
experimentada, existencialmente falando.
Verdades que não se tornam psicologia existencial e que não se misturam com o sangue e o suor da vida, nada são, e de nada aproveitam!
Por formação familiar (meu avô e meu pai), aprendi acerca das belezas clássicas e da majestade de uma filosofia do humano. Na realidade o que vi no ambiente familiar, mesmo antes da conversão de meu pai, é que havia uma espécie de ética do humano e que pervadia o próprio ar que se respirava em família.
Quando meu pai veio a conhecer o Evangelho, e nele creu de coração, juntou-se a esse legado familiar difuso, porém real, o conteúdo dos conteúdos—o Evangelho—, e, assim, começou a se formar algo novo, e que me veio depurado.
Além disso, as viagens existenciais da juventude—movimento hippie,
anarquismo, polimorfismo relacional, o Jiu Jitsu, e a boêmia—, sem dúvida, por mais estranho que pareça para algum puritano, foram realidades que, em tendo sido posteriormente processadas, acabaram por me trazer grande contribuição.
Ora, tudo isso foi profundamente filtrado e depurado por sete anos de jejuns e orações, e de muita prática ministerial de natureza
semelhante à dos Atos dos Apóstolos, o que fez com que o “caldo cultural anterior” fosse molhado de orvalho, e queimado com fogo ardente do Pentecostes.
Meu pai, por seu turno, embora tenha feito uma carreira intelectual e
acadêmica extraordinária, nunca se impressionou com essas coisas, sempre me dizendo que o verdadeiro saber não era cultura, mas sabedoria e percepção espiritual. Daí, também, bem cedo na vida, eu ter me cansado dos autores teológicos, quase todos muito repetitivos e obrigados a escrever de modo ortodoxo aquilo que já é obvio, ou mesmo que é apenas a base, mas não o edifício da própria continuação do aplicativo da revelação.
Saber que toda boa dádiva e que todo dom perfeito vem do alto, conforme Tiago, me abriu todos os mundos, na perspectiva de Paulo, quanto examinar todas as coisas e reter o que é bom.
E como a minha tese de ordenação, aos 22 anos, já foi sobre a Ordem de Melquizedeque e sobre a Liberdade de Deus para ser Deus fora das fronteiras da religião, tudo o mais que me veio foi
apenas contribuição.
Desse modo, leio tudo o que me atrai, sem compromisso com nada, exceto com a Encarnação. Tudo aquilo que é como o espírito do Evangelho, não importando a origem ou o autor, é verdade; isso mesmo que o cara cometa e diga muitas outras coisas tolas.
“Reter o que é bom” é a liberdade de percepção que o Evangelho nos propicia.
Meu negócio, todavia, é com a Escritura!
Para cada livro que leio, saiba, leio muito mais a Palavra. E não posso dizer que minhas pregações se estribem em livros, posto que, sinceramente, na maioria das vezes, uma coisa que eu leio hoje só me será útil muito tempo depois; e, muitas vezes, eu nem mais me lembro onde estava aquela informação, a qual, para mim, já sofreu tantas mudanças e acréscimos meus, que já nem mais posso remete-la intacta para qualquer autor.
Além disso, tendo o coração cheio da Palavra, tudo o mais é “livro”. A vida, as tramas, as almas, os encontros, os desencontros, os amores, as dores, as perdas, as piadas, as alegrias, as lágrimas, a luta livre, o Discovery, o National Geoghaphic Channel, a Amazônia, a família, os amigos, o lazer, o prazer, o gemido, a euforia, as depressões, os medos, os enfrentamentos, as injustiças, as calúnias, as infâmias, a boa fama, as perseguições, as
adulações; e, sobretudo, o “momento-transe” da pregação, são os canais pelos quais conteúdos novos brotam todos os dias.
Esta, até aqui, em resumo, é a minha “síntese”. Mas não serve para você e nem para ninguém mais… posto que a verdade, nesse âmbito, é intransferível.
Você terá que fazer o seu caminho e o seu caldo na presença de Deus.
Recomendo-lhe a leitura do site, de todo ele, pois, por ele, eu sei, você haverá de ter pistas acerca de seu próprio caminho.
Receba meu abraço.
Ah! Só uma coisa: em geral o ensino dos seminários é obsoleto e irrelevante. No entanto, há muita gente boa lá, e que, com certeza, não é gente otária. Otário é o sistema, nem sempre as pessoas!
Nele, em quem estão todos os tesouros da sabedoria e do conhecimento,
Caio