CONSERTOS PARA A JUVENTUDE

 

 



—–Original Message—–
From: CONSERTOS PARA A JUVENTUDE
Sent: terça-feira, 20 de julho de 2004 13:10 To: [email protected]
Subject: Sobre pacto com Deus


Oi, Querido Rev.Caio Fábio!


Deus sempre me abençoou muito através do programa Pare e Pense, dos livros e principalmente da sua vida através deste site.

Louvado seja Deus por você existir. Te amo, meu irmão!

Preciso do seu conselho. Tenho 32 anos e Deus sempre foi maravilhoso comigo (se eu for contar as bênçãos recebidas não caberia neste espaço).

Em 1995, num congresso, houve uma campanha (Quem ama espera!). Fiz o voto de me entregar somente no casamento!

Nesta época eu tinha 22 anos e achei que seria fácil, mas passaram 10 anos e tive alguns namoros que não deram certo (parecia que havia uma barreira e o namoro não ia pra frente). Mantive a promessa.

No ano passado aconteceu um fato interessante. Antes de sair para um culto na casa de uma amiga, li na Bíblia (não lembro onde) sobre um vidente de Deus que falou com Davi (Foi Natã).

Quando cheguei no local, havia um servo de Deus que, ao final, chegou em mim, e disse que Deus havia mostrado a ele uma muralha muito alta em minha vida (muito mesmo), e esta muralha era na área emocional. Ele disse que havia dois corações, um de um lado e o outro atrás.

Ele orou por mim em línguas (Eu apesar de “tradicional”, acreditei que vinha do Paizinho). Ele aconselhou que eu fizesse 7 dias de jejum e oração. Fiz! E logo após esses dias, conheci um homem bom e com muitas qualidades que, às vezes, um homem que se diz cristão não tem. Porém, ele era um homem separado (fiquei sabendo do motivo sem que ele me contasse e vi que ele realmente merecia ser feliz novamente).

Foi a primeira vez que me senti tão especial pra alguém. Tudo o que eu queria.

Resumindo: No começo ele aceitou a minha condição, mas depois ficou difícil pra ele (eu entendi). Mas por causa do voto, tentei terminar o namoro umas 3 vezes. Na última vez orei ao Senhor, pedindo que o Luíz (nome fictício) terminasse comigo.

Então ele chegou e disse que pra não me magoar e pra que eu não arrependesse caso eu me envolvesse desta forma, ele preferia terminar.

Sofremos muito, e ainda continuo sofrendo. Fiquei confusa e arrependida de ter feito o voto.

Não tínhamos condição de casar ainda!

Agora já faz 3 meses que estamos separados e acho que perdi ele, como estou triste!

Tenho medo de procurá-lo e ele não querer mais.

Tenho orado ao Senhor e Ele está em silêncio.

Me
oriente, por favor.


Obrigada.

Que Deus te proteja dos homens maus!

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Resposta:


Minha amada amiga: Paz sobre o seu espírito!

É sempre assim. A gente côa o mosquito apenas para abrir o apetite para comer o camelo. Esse padrão não muda nunca na igreja, nem no farisaísmo religioso, seja ele qual for.

É verdade que quem ama espera. Mas é preciso haver alguém para esperar. E esperar quando se ama e a pessoa é real e concreta, é como dizer que só se comerá o bóbó depois que ele esfriar. Esse conselho serve para ajudar as pessoas a não banalizarem o sexo, mas é perverso como um guia de namoro. E mais: o tal conselho ou gera uma legião de neuróticos —com fortes tendências a graves disfunções sexuais—, ou gera arrogantes infelizes, e que como “não têm”, tornam-se os fiscais dos que “têm”.

Veja o que o Eclesiastes diz sobre a estação da juventude:

Alegra-te, jovem, na tua juventude, e recreie-se o teu coração nos dias da tua mocidade; anda pelos caminhos que satisfazem ao teu coração e agradam aos teus olhos; sabe, porém, que de todas estas coisas Deus te pedirá contas. Afasta, pois, do teu coração o desgosto e remove da tua carne a dor, porque a juventude e a primavera da vida são vaidade. Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer!

Aqui há quase um paradoxo.

O jovem deve se recrear, andar por caminhos que alegram o coração e agradam os olhos. Ele, porém, deve saber que os atos da juventude podem deixar marcas e seqüelas. Por sito a recomendação é no sentido de que se experimente a vida com bom-senso, buscando sempre os “bons prazeres”. Isto porque no desejo de atender às demandas do coração nos dias da mocidade, e na intenção de andar por caminhos que satisfazem aos olhos, pode-se entrar no caminho da dor e do desgosto. Por isto os “bons prazeres” precisarem ser vividos sem “os maus prazeres”. Sim, há bons prazeres e maus prazeres nesta existência.

A recomendação, portanto, é para que se remova do coração o desgosto e da carne a dor. Do contrário, a estação que é primavera da existência pode ser a fomentadora das dores existenciais de toda a vida.

Ora, na minha maneira de ver, a “igreja” decidiu que não há bons prazeres e nem maus prazeres, visto que, para ela, o prazer em si é mau. E é em razão disto que instalam-se na alma dos crentes os “vazios” nos quais entram os maus prazeres.

O que estou dizendo?

Sim, o que digo é que a tentativa de viver sem prazer cria o espaço para os maus prazeres, visto que a repressão do bom prazer gera as pulsões interiores que explodirão como maus prazeres.

O que precisamos saber é que é assim que a alma funciona. Se você faz SUPRESSÃO e sublima um desejo ou sentimento, não sendo uma decisão do equilíbrio, isto mesmo voltará como tormento. E se alguém faz REPRESSÃO de sentimentos e desejos, eles voltarão como compulsões, e, dependendo do nível da repressão, podem aparecer como taras, fetiches e desejos incontroláveis.

Agora, vejamos o seu exemplo:

Você fez o voto de, em namorando, jamais transar até que se case com o homem de sua vida. Ora, a gente só sabe quem é o homem de nossa vida ou a mulher de nossa vida, ou quando a vida está pra acabar, ou, pelo menos, muito tempo depois de conhecer tal pessoa. Antes disso é tudo emoção, conveniência, necessidade psicológica, dever social, busca de amparo, ou muito desejo sexual reprimido, e que tem no outro uma espécie de “meu prazerzinho de estimação”.

A esposa ou o marido de muitos crentes são essa “coisa própria” na qual o prazer, quem sabe, pode ser experimentado, isso se não for demais…pois se for bom demais…pode até se tornar pecado.

E, assim, os crentes casam sem saber o que querem e nem o que gostam. Quando dá certo nunca sabem se está dando certo, e quando não dá certo, nunca crêem que podem consertar, exceto ficando e sofrendo na carne, com desgosto, o resultado de uma decisão da juventude.

Ou seja: na juventude a gente pode se fazer muito mal caindo na dissolução, ou também mergulhando na abstinência total. O segredo de tudo está no equilíbrio.

Leia Eclesiastes 11:8 a 12:1-13. No contexto antecedente o pregador nos estimula a termos uma atitude de fé no melhor e a não nos deixarmos paralisar com medo da vida e de seus infortúnios (11:1-7). Ou seja, ele diz para vermos a vida em nosso favor. No entanto, sua intenção é ensinar um caminho de bons prazeres para todos nós.

A questão é: como ele nos estimula ao caminho dos bons prazeres? Bem, ele diz que há dias de trevas e que serão muitos (8). Portanto, não sofra por aquilo que sua de-cisão pode evitar!

Por isto ele prossegue dizendo: “Afasta do teu coração o desgosto e remove de tua carne a dor” (10). Ou seja: Viva a alegria e o prazer que sejam alegria e prazer! E faça isto antes que venham os maus dias, os anos nos quais se perde o prazer (12:1). Chega a hora em que a alegria passa da hora, e a canção da alma é Yesterday. Portanto, antes que os sentidos diminuam e as forças do corpo desapareçam; e antes que os nossos ornamentos duráveis -cordão de prata, o copo de ouro -, quebrem-se; e antes que as coisas que nos deram acesso à vida se desgastem com o uso (12:2-7), viva a vida com todo bom prazer possível, e faça isto de modo responsável com você mesma. Assim, aproveite o vigor e a vitalidade da alma e suas constelações da poesia (2). Isto porque haverá o tempo no qual o vigor e as percepções diminuirão, ou a força para expressá-los desaparecerão (3-4). Nesse dia as portas de entrada e saída para a vida se fecharão, e tudo será pesado para você (5), pois os seus próprios olhos anunciarão a você que está próximo o dia em que outros prantearão a sua partida ( 5d).

Ora, a questão persiste: Como é que se vive os bons prazeres num mundo onde a promessa é que há muitos dias maus?

A resposta é simples:

Inicialmente vivendo o prazer como valor existencial; ou seja: sabendo que as ações geram conseqüências para o resto da existência da gente. É Deus (a vida) quem “pedirá contas” (12:1) E se Ele perguntar “Você teve genuíno prazer?” O que você responderá?

Assim, Deus quer que tenhamos verdadeiro prazer, por esta razão é que Ele manda a gente entender o desgosto e a dor como valores existenciais: “Remove o desgosto e a dor” (12:2).

Qual é, então, a síntese desse “prazer responsável” e dessa consciência de que os “dias maus” não precisam gerar desgosto?.

Primeiramente deve-se saber que o prazer só é prazer quando ele tem valor: “Alegra-te, recreie-se o teu coração, satisfaz os teus olhos – mas sabe que há valores em todas as coisas” (11:9). Assim, regozije-se em todo o tempo (11:8). Mas não deixe que o prazer seja o pai de seus des-gostos e o promotor das dores da sua carne (11:10). É como morrer de ar em excesso; e se afogar de água servida em copos!

A síntese é simples:

Viva e satisfaça seus sentidos, mas não exagere. Prazer de-mais faz mal; assim como prazer de-menos também faz mal!

Não fuja da cronologia das estações da vida, pois, não vivê-las a seu tempo gera desgosto. O des-gosto do jovem que se excedeu é a falta de sentido, a diluição. Já o des-gosto do velho que não viveu é a covardia de não ter vivido o que poderia ter sido bom. Portanto, o desgosto, nesse caso, é amargura.

Não tema a alegria —viva-a!—, pois o tempo da diminuição dos prazeres é um outro, e você ainda está na estação da primavera da vida.

O dia de viver os bons prazeres é agora (12:1). Ou seja: Deus, que é quem criou o prazer, quer que mesmo na queda o gozo do prazer nos seja restituído. Daí Jesus ter começado Seu ministério realizando um milagre de prazer: transformar água em vinho!

Experimente o equilíbrio. Ponha-o entre suas emoções prazerosas e a fragilidade de seu corpo, pois somente aí o prazer faz bem ao corpo e à alma.

Quem não curte a juventude ficará amargurado na velhice!

Ora, se for assim, quando chegarem os anos em que as gravidades da vida aparecerão, você terá nas fraquezas do corpo um elemento limitante para as retardadas erupções de sua alma (12:1), e se tornará num “maduro” que não aceita o princípio de odres e vinhos. Ou seja: vinho novo em odres novos e vinhos velhos em odres velhos.

Somente esse “equilíbrio” nos salva de sermos jovens no corpo, e existencialmente velhos; e velhos no corpo, e existencialmente des-gostosos!

Essa sabedoria para viver só vem das seguintes pré-compreensões:

Não se vive com prazer sem Deus (12:1-13).

Não se vive bem desconhecendo os limites da experiência que a sabedoria já estabeleceu (12:11). Nada há novo debaixo do sol.

Não se vive bem fazendo um exercício filosófico e amargo sobre a vida. Melhor que escrever livros é “escrever vida” (12:12).

Não se vive bem quando se esquece que seremos julgados não apenas pelo que se viveu, mas também pelo que se não viveu.

Não se vive bem quando se esquece que a alegria é um mandamento de Deus, tanto quanto o fugir daquilo que faz mal (14).

O ser amargo de alma é aquele que decidiu pecar contra a alegria de ser!

Assim, não quero falar desse “tópico Luiz” em sua vida, mas sim de sua consciência. Portanto, sendo a vida sua, não transfira para ninguém a responsabilidade de como você deve vivê-la.

O que temos hoje acontecendo é que uma menina não se permitiu namorar conforme a sua própria consciência, e, depois de um tempo, começa a viver sob a tirania do inconsciente e de seus desejos reprimidos, e acaba se envolvendo com um homem casado porque tinha consigo o ideal de não se envolver com um namorado solteiro.

É ou não é coar o mosquito e comer o camelo?

O que você vai fazer com esta informação é questão sua. O que estou lhe dizendo é que o preço a pagar por tais votos é maior que o mal que se pretende evitar.

E mais: Nunca mais faça voto nenhum. Você não tem poder de bancar nada. Ninguém tem. Apenas ande pela fé e conforme a sua própria consciência.

E por último: Deus fica tão triste com alguém que viveu mal a juventude como com aquele que não viveu nenhuma juventude com medo de pecar.

Deus não teve nenhum trauma sexual. A “igreja” sim.

Receba meu carinho e minhas orações no sentido de que Deus lhe dê sabedoria.


Nele, em Quem não temos votos a fazer, pois Ele já votou por nós,


Caio