CONVERSÃO SEM EMOÇÃO…

 

—– Original Message —–

From: CONVERSÃO SEM EMOÇÃO…

To: [email protected]

Sent: Tuesday, March 24, 2009 7:33 PM

Subject: DIVAGAÇÃO DE FIM DE TARDE

 

Caro Caio, a Paz!

 

Tenho lido e assistido muito você nos últimos tempos. Sou advogado, e por ser profissional liberal (sem patrão), acabo me dando ao desfrute de pôr de lado o que não é urgente e, durante a tarde, uso seus escritos e vídeos como uma avenida aberta para eu aprender e apreender a Palavra. Tem sido uma benção, sobretudo – permita-me dizer – por vir de uma pessoa que não só conhece a miséria humana como também já a experimentou na carne. Creio que seja esta uma das razões de haver tanta propriedade nas suas palavras sobre a natureza humana.

Assim é que, de tanto lê-lo, resolvi escrever-lhe. Não precisa responder, se não quiser. Fique tranqüilo.

Cheguei aqui há 14 anos, com um diploma do curso de Direito embaixo do braço e muita vontade de trabalhar. Arrumei emprego no escritório do qual hoje sou sócio e minha vida foi só prosperidade material (fique tranqüilo, que não é “testemunho iurdiano”). O fato é que experimentei uma ascensão profissional inexplicável aos olhos do mundo e, com ela, uma mudança radical na minha estrutura financeira.

Entremeando a tudo isso: fui batizado numa igreja metodista, por um pastorzinho (ele é baixinho) fantástico, homem de Deus, mesmo; minha esposa (entre namoro, noivado e casamento, estamos juntos há 16 anos) é evangélica desde criança e foi quem me levou a conhecer Jesus logo no início do namoro, por minha própria vontade de conhecer a igreja em que ela congregava no interior; porém, sempre segui Jesus de longe, com aproximações fervorosas seguidas de sucessivos distanciamentos.

Quando digo que este não é um daqueles “testemunhos” quero dizer, Caio, que não venho falar de bençãos materiais. Quero falar de paz, de descanso, de aconchego nos braços do Pai e do conhecimento e reconhecimento de que Jesus nos reconciliou com Deus e selou nossa Paz eterna com Ele.

Sempre tive um pendor para a melancolia. Parece ser algo recorrente na minha família (de pai, mãe e irmãos). Assim foi que descobri que tudo o que recebi no campo material não foi capaz de preencher um vazio existencial que passou a me comer por dentro, de modo que fui me moendo, primeiro por dentro e depois por fora (aos que estão ao meu lado e a quem eu mais amo: esposa e filho), influenciando até mesmo meu trabalho. De tanto apanhar, procurei um terapeuta, que diagnosticou uma distmia ou uma depressão moderada que, se não tratada, poderia evoluir sim para algo mais severo. Algo que não tem demandado medicação alguma, mas tão somente terapia e auto-conhecimento.

O fato, Pastor, é que de tanto pensar na minha condição e refletir sobre o que está à minha volta, sobre o que já conquistei, seja no campo material, seja, sobretudo, no campo familiar (uma mulher virtuosa e um filho maravilhoso) e também sobre minha boa saúde, sobre minha carreira bem sucedida, etc., descobri que O QUE FALTAVA ERA JESUS (!), pois só Ele poderia preencher aquele vazio existencial, só Ele poderia me dar o que me faltava, que era PAZ COMIGO MESMO, EM VIRTUDE DE HAVER ENCONTRADO PAZ COM DEUS (na verdade, faltava tudo, né). Mas o que me chama a atenção é o fato de que, dessa vez, aproximei-me de Jesus sem aqueles rompantes emocionais produzidos pelas catarses coletivas experimentadas em cultos. Freqüento uma igreja de linha pentecostal, onde me sinto bem e tenho sido ministrado com boa palavra e, com o auxílio do estudo que faço da Palavra, tenho tido condições de filtrar o que nos é oferecido. Foi assim que cheguei à conclusão simples, que está na cara da gente: Jesus está com as mãos estendidas, apenas esperando que paremos de nos bater em vão e nos entreguemos dizendo “Senhor, não dá! Sozinho eu não consigo”.

Ocorre que, justamente por não ter sido algo emocional, mas refletido, é que me pego pensando se está certo agir assim com as coisas de Deus. Se não estou sendo demasiado racional com algo que a gente está acostumado a ver de modo visceral e bombástico.

Era essa a divagação que tinha fazer, debutando no “contato” com você.

Continue na Paz.

 

Forte abraço,

___________________________________ 

 

Resposta:

 

Meu mano amado: Graça e Paz!

 

Obrigado pela carta tão meiga.

C. S. Lewis também se entregou a Deus sem nenhuma emoção.

Ele conta que apenas se curvou e disse: “Deus, Tu és Deus!” — e pronto.

Também não se diz nos evangelhos que os convertidos saíam chorando ou arrepiados ou dizendo terem visto anjos, mas apenas que haviam sido curados, ou apenas convencidos pela Palavra, ou ainda porque já estivessem preparados, em espera, desde sempre…

Saber e ver tudo o que se sabe e vê não deveria deixar homem nenhum a outra decisão sábia além dessa.

Não é porque você não precise de bordoada na cabeça para enxergar, que, por causa disso, o anormal seja você!

Deus nos fez para reconhecê-Lo sem luta. Nós é que, pela incredulidade, adicionamos esse sintoma tão desnecessário.

Tudo deveria ser como no coração de Maria:

Senhor, eis aqui a tua serva, faça-me em mim a Tua vontade!”

Amo ver gente cujo testemunho não precisa ser um tristemunho!

Continue firme conferindo tudo na Palavra.

Assim fazem os verdadeiros discípulos.

Um grande beijo!

 

Nele, que nos chama para amá-Lo, não apenas para eventuais emoções,

 

Caio

24 de março de 2009

Lago Norte

Brasília

DF