CORRENDO ATRÁS DE “FIGURINHAS”
—– Original Message —– From: CORRENDO ATRÁS DE “FIGURINHAS” To: [email protected] Sent: Friday, June 17, 2005 1:18 PM Subject: Mais um Sr. Desistido Caro Caio, Tem histórias que acontecem em nossas vidas, que acabam sendo como “ícones”, e depois elas apenas se repetem de uma maneira diferente. Porém são as mesmas, sempre as mesmas… Quando eu tinha seis anos de idade, uma historia dessas me aconteceu. Eu era um menino pobre, feliz, alegre e disposto a conseguir o que eu queria, mais ou menos como é todo menino… Um rapaz de nossa rua, não sei seu nome nem idade, me ofereceu algumas “figurinhas”, que na época estavam bem em “alta” colecionar… Ele me disse que elas estavam guardadas em um lugar secreto, numa chácara nos fundos de nossa casa… e eu acreditei e desejei muito aquelas “figurinhas”… Porém, quando lá cheguei com ele, as “figurinhas” só poderiam ser entregues depois de eu fazer sexo com ele… E eu fiz; e nada das figurinhas. Em outro dia foi do mesmo jeito; e nada das “figurinhas”, até hoje. É assim que eu tenho a impressão que eu vivo: sempre procurando as tais “figurinhas”. Achei que ia encontrá-las no casamento, e nada… Achei que ia encontrá-las na igreja, e nada… Achei que ia encontrá-las no ministério (sou pastor), e nada… Achei que ia encontrá-las numa busca de intimidade (tipo caçador de Deus) com Deus, e nada… Será que elas existem? Tenho vivido alguns problemas difíceis. Algumas situações dolorosas. E sempre fica a impressão que estou me deixando violentar para conseguir algumas “figurinhas”. Hoje não sou mais um menino inocente de 6 anos (que pena!); porém carrego a vergonha, a dor; e, pior: a culpa de ficar sempre achando que haveria algo melhor em todas as histórias de minha vida. Um abraço. ___________________________________________ Resposta: Meu amigo: Que a Palavra da Verdade liberte você das Imagens e das Figurinhas! Sua imagem das “figurinhas” é perfeita para ilustrar o que acontece com a alma, quando ela se põe em busca de algo que um dia foi uma promessa infantil, não cumprida, e que, depois, se tornou uma obsessão; e cujo poder de sedução muitas vezes se transforma em busca latente; e que pode fazer com que a pessoa passe a vida buscando, em lugares diferentes, aquilo que não existe em nenhuma chácara oculta que não seja o seu próprio coração. É em busca de “figurinhas” que a humanidade caminha e se mata. As tais figurinhas também podem ser vista de um modo geral como toda e qualquer fixação ilusória. A maioria das “figurinhas”, todavia, chegam às nossas vidas na infância. É de lá, desse tempo mágico e lúdico, que vêm e fixam-se em nós essas tais ‘referências’; conforme você mesmo falou, chamando-as de “ícones”. Sua imagem das “figurinhas” não é diferente daquela outra imagem, a do “poço de Jacó”. Aquele poço era uma “figurinha” para aquela mulher; pois, aquele era um lugar mágico na alma dela, e que era simbolização de suas esperanças; embora também representasse a insatisfação dela por jamais encontrar a “figurinha”: carência. Você lamentou hoje ser adulto e não mais uma criança de 6 anos de idade. Você disse: “Que pena!” Ora, tal exclamação me fez pensar, pois, vinda de você e no contexto em que veio, não é possível não ser associada à imagem infantil das “figurinhas”. Ou seja: o que senti foi a emoção de um homem que não amadureceu na alma; e que, de fato, ainda não abraçou a realidade da existência adulta, na qual, as “figurinhas” se transformam em realidades mais que reais; e que precisam ser abraçadas como tais. Jesus não disse que no mundo teríamos “figurinhas”, mas sim aflições. O problema é que as aflições da maioria das pessoas são as tais “figurinhas de ilusão”. Para mim, mais do que tudo, sua crise é de transição para a idade adulta emocional. De algum modo sua alma continua muito infantil. Não existem as tais “figurinhas”. O que existe é a consciência de que este mundo é caído; que viver, muitas vezes, dói; que a existência não é feita de promessas humanas; e que a grande verdade básica da vida é que a gente tem que aprender a deixar coisas para trás e caminhar para aquelas que adiante de nós estão; sendo que tudo acontece apenas num certo Dia Chamado Hoje. “Síndrome de Peter Pan” foi um livro famoso há uns 20 anos, o qual apresentava essa incapacidade dos homens de assumirem as realidades da vida adulta. Hoje, todavia, recomendo a você a leitura do livro “A Trilha Menos Percorrida”, de Scott Peck. Tenho certeza que ajudará muito você. Bom seria também se você conseguisse um bom terapeuta e gastasse algum tempo abrindo o coração e buscando entender esses caminhos interiores. Todavia, meu amigo, eu sei que se você apenas levar a sério as simples coisas que lhe disse, grandes já serão as mudanças. Elas, todavia, muitas vezes, precisam de acompanhamento. Leia o site sempre. Sei que ele o ajudará a entender melhor muita coisa que está acontecendo com você. Aguardo seu retorno! Nele, em Quem a figurinha virou Figura Humana, Caio