—- Original Message —–
From: CULPA DE MEDITAR…
Sent: Wednesday, December 19, 2007 08:18
Subject: Tao Te Ching
Olá Caio
O senhor já leu o Tao Te Ching?
Li que o Sadu Sundar Sing era um cristão sem nunca ter abandonado por completo seu lado “místico”.
Tenho ficado em paz com isso, pois gosto de meditar e das filosofias orientais.
Grata
Iara
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Resposta:
Querida amiga no Reino: Graça e Paz!
Sua carta é até engraçada para quem cresceu pensando que meditação era coisa de discípulo de Jesus e não apenas um privilégio de monges orientais.
Entretanto, considerando o que “os protestantes e evangélicos” fizeram da vida espiritual, fica fácil entender a sua quase busca de permissão para gostar de meditar.
Li Sadu Sundar Sing no meu primeiro mês de fé, e sempre achei normal que ele jejuasse e orasse; se recolhesse em meditação e entrasse em êxtases; além de se vestir como um “sadu” indiano — homem santo.
Todavia, naquele tempo, gente piedosa e apaixonada por Jesus fazia essas coisas na vida intima e pessoal. Meu pai fazia. Israel Guerra fazia. Antonio Elias fazia. Eu passei a fazer…
Sadu Sundar Sing não ficou com o pé no oriente religioso. De fato ele sofreu demais por não ter feito qualquer sincretismo ou adaptação. Tudo nele tinha a ver com Jesus e com o Evangelho, e não com uma tentativa de aprender com os monges hindus. Ele orava, jejuava e meditava porque aprendera isso com Jesus. E vestia-se como um “sadu” de modo deliberado, pois desejava diminuir o “espaço cultural” entre a pregação [feita por ingleses] e o público a ser alcançado [hindus de crença na sua maioria].
Lamento muito que você seja de uma geração que quase só conheceu cristãos nervosos e medrosos em relação ao silêncio.
Silencio para “crente” é coisa do diabo!…
“Crente” busca mesmo é “agito”, não quietude. Aliás, se ficar calmo e quieto “eles” buscam logo um lugar de muita pulação e devoção aflita.
Infelizmente a maioria de sua geração pensa que meditação é coisa de oriental. Infelizmente também crê que meditar é coisa que nada tem a ver com o Evangelho e com Jesus.
Sim! Já li muita coisa dita por hindus, maoístas, budistas, etc. Entretanto, nunca o fiz como quem busca “ajuda”, mas apenas compreensão da mente e da cultura de tais pessoas; pois, para mim, toda meditação é conforme Jesus praticou nos evangelhos: entre silencio e serviço prático às pessoas e à vida.
Sou discípulo de Jesus no conteúdo e no modo também. Assim, é lendo a Palavra que encontro todo estimulo que preciso para meditar e estar em silencio mental diante de Deus.
É obvio que há muitas técnicas de meditação ensinada pelos orientais que são bons exercícios para a mente e o corpo.
O principio é um só: “Examinai todas as coisas e retende o que é bom”.
Entretanto, digo: Olhe para Jesus e você terá sempre mais que tudo!…
É importante também saber que a fé em Jesus carrega “mística” embora nada tenha a ver com “misticismos”. Mística é a qualidade daquilo que abraça o imaterial pela certeza da existência do mundo espiritual. Misticismo, no entanto, é a crença na mecânica, no sistema, no ismo da coisa…
Assim devo dizer que existe uma mística do Evangelho, e que ela é totalmente anti-misticismo.
Tudo o que tem sua ênfase na mecânica das coisas no mundo espiritual não é do Evangelho. Isto porque no Evangelho a ênfase toda recai na relação de amor com Deus e com o próximo. É simples assim!…
Receba meu carinho e minhas orações por você!
Nele, em Quem minha alma repousa em silêncio,
Caio
19/12/07
Lago Norte
Brasília
DF