Dá vontade até de se matar!

—–Original Message—– From: Menina Problemática Sent: quarta-feira, 6 de agosto de 2003 To: [email protected] Subject: Dá vontade até de se matar! Mensagem: Irmão Caio: A paz de Deus! Há solução pra mim ou estou sujeita ao inferno? Preciso de sua ajuda….de seu conselho…estou passando por muitas dúvidas, neuras, conflitos, questionamentos… Sou solteira, tenho 24 anos e estudo. Conheci a Jesus em 1999. Hoje tenho quatro anos de fé, e estou precisando de ajuda… Moro longe de casa há alguns anos. Desde que me converti sempre tive boas igrejas. Mas por alguns motivos eu saí da minha última igreja e hoje congrego num outro lugar. Minha fé hoje se encontra abalada. Nestes anos de caminhada muitas coisas aconteceram e me sinto uma pessoa fracassada, travada, parece que minha vida não vai pra frente em todas as áreas, meu testemunho dentro de casa é péssimo…nem parece que nasci de novo…brigo muito com minha mãe que não é crente. Na minha família toda, somente eu sou cristã e as lutas não são fáceis. Já tive momentos de muita comunhão com o Pai, mas nestes últimos meses tenho vivido muita aflição na alma, muita dor e muitos sentimentos ruins. Acho que sou uma pessoa mal resolvida psicologicamente, descontrolada emocionalmente, e preciso de muita ajuda…. Às vezes chego a pensar que não tem mais solução pra mim… Já tive síndrome do pânico…tomava remédio controlado (ansiolítico e antidepressivo), mas resolvi parar de tomar por conta própria. Sempre fui muito namoradeira… Quando me converti eu namorava um rapaz e terminamos porque eu queria andar com Jesus e ele não. Nós tínhamos relações sexuais e não dava mais para continuar, já que eu queria agradar a Deus e me santificar. Logo depois desse namoro, dentro da igreja vieram outros namorados, e com todos eles eu “caí sexualmente”…apenas uma vez com cada um… Um deles era divorciado e tinha uma filha, ele era homem de Deus. Ficamos noivos, e no decorrer do noivado eu tinha sempre duvidas se era ou não de Deus a gente casar (pelo fato dele ser divorciado e ter uma filha). Fui me aconselhar com o pastor da minha igreja e ele me encaminhou para uma psicóloga cristã. Fiz terapia durante uns meses e lá descobri que escolhera o meu noivo porque ele representava um pai pra mim…ele tinha 40 anos, era mais velho que eu, eu tinha 18 anos. Com essa descoberta, faltando apenas meses para casarmos, nós resolvemos terminar. Foi uma decepção total pra mim… A partir daí eu declinei na fé, voltando a fumar esporadicamente, a beber, não lia mais a Bíblia, porém continuava na igreja, congregando. Não me desviei, apenas não queria mais fazer tudo certinho, por pura revolta, sentimento de fracasso e desvalorização. Na época do término eu fiquei uns meses na casa de uma amiga da igreja, a fim de esquecer o ocorrido…meu pai me deu de presente essa estada na terra natal. Depois voltei… Tentava me recuperar, estava indo até bem…mas sempre praticava a masturbação, e entrava em sites pornográficos a fim de me satisfazer sexualmente. Passei meses sem namorar ninguém, quando de repente, me interessei por outro rapaz crente. Dessa vez eu tinha certeza que não me enganaria e que fizera a escolha certa. Quando já estava envolvida sentimentalmente descobri que o rapaz era separado e que tinha filho. Apesar dos conflitos que passei em minha alma (mais um divorciado em minha vida?????), resolvi largar o preconceito de lado e assumir um compromisso com o rapaz. No primeiro mês de namoro já começamos ter uma vida sexual, a qual se tornou ativa e perdura até os dias de hoje. Temos alguns meses de namoro e não conseguimos parar de fazer… Já nos aconselhamos com pastores, já fizemos inúmeros compromissos com Deus, já terminamos o namoro, e piorou a situação. Piorou porque caí na promiscuidade, fui para uma boate e fiquei com um cara do mundo. (Aqui sou eu, Caio. Leia em Cartas um texto que diz Só Não Pode Dançar. Continuando). Voltamos a namorar, mudamos de igreja e hoje estou passando por lutas espirituais. Dor na alma por causa do pecado. Incertezas, dúvidas, medos, opressões… Sentimentos de fracasso, vontade de suicidar, vontade de largar tudo e ir para o mundo… Preciso urgentemente de um conselho sábio, de um refrigério para minha alma, para o meu coração. Pastor Caio em Nome de Jesus, me ajude!!! Não agüento mais só errar, errar e errar. Sei que Deus perdoa quando pecamos, que a graça Dele nos basta e tudo mais… (Bem, eu, Caio, de novo: Depois de tudo o mais… não há “mas”. Mas prossiga!) Mas cair sempre nos mesmos pecados e nas mesmas escolhas erradas, é burrice. O que há de errado em mim?? Porque não sou próspera na minha vida afetiva??? Tenho o desejo de casar, ser fiel, ser feliz e fazer alguém feliz, mas sempre dá tudo errado…tudo em vão, todo esforço vai por água abaixo, e frustra o meu coração. Há solução pra mim?? Há um futuro com esperança para alguém que só quer ser feliz?? Porque só escolho homens divorciados e problemáticos, mal resolvidos como eu??? Preciso de respostas…estou muito desiludida…. Deus me esqueceu ou o meu pecado é que fez Ele se afastar de mim e parar de me abençoar??? Preciso de soluções práticas…o senhor acha que devo terminar o meu namoro e esperar Deus agir na minha vida??? Será que Deus quer que eu case ou namore??? Sou uma mulher muito carente, carente de toque, de palavra de afirmação e cobro muito isso das pessoas que namoro. Também sou muito agressiva, nervosa e extremamente ansiosa, já cheguei a agredir fisicamente muitos de meus namorados (tapa no rosto, arranhões)… Todos eles reclamavam que eu cobrava muito deles…cobrava atenção, romance….o que há de diferente em mim em relação a outras mulheres normais e comuns??? Isso é doença, patologia? Como mudar??? De onde vem isso, meu Deus??? Desculpa, Pastor, o desassossego do meu coração, mas é assim que me sinto: triste e abandonada por Deus. Depois de todo esse desabafo, eu gostaria de finalizar dizendo algo: Apesar de tudo isso que estou passando, eu amo a Jesus de todo meu coração e quero que Ele seja o Senhor da minha vida, estou disposta a fazer o que Ele me mandar, me mostrar, mas preciso de ajuda, conselhos sábios!!! Amém! Te agradeço desde já, aguardo sua resposta, Pastor Caio. Sem mais… *************************************************** Resposta: Bem, vamos do começo. Você tem 24 anos, é menina, está nascendo como mulher agora. Converteu-se há quase cinco anos. Ou seja: você chegou na igreja com cerca de 18 anos, menina mesmo! Além disso, pelo que percebi, você tem um problema com a figura paterna, nem tanto em razão do namoro com o cara de 40 anos, mas pela sua carência, que é evidente. Sua fixação no tema dos homens divorciados também é interessante. O que houve? Seu pai saiu de casa em razão de se separar de sua mãe? Você está tentando “reconquistá-lo” pra sua mãe até hoje? Ou será que ele saiu magoado com sua atitude ante a separação, e você agora deseja fazer um “resgate” desse valor que a atormenta como culpa? Ou quem sabe, ele se distanciou de você e você ainda não sabe como “reconciliar-se” com ele, então, busca reencontrá-lo em homens que tenham o mesmo perfil dele, incluindo o tema do divórcio? E suas atitudes para com sua mãe? Não seriam também pela mesma razão? Digo: razões invertidas. Ou seja: você não gosta dela porque ela não “teve competência” pra segurar seu pai em casa pra você? Bem, são apenas elucubrações pra fazerem você pensar. Afinal, é impossível negar que certas coisas viram maldições psicológicas até a terceira e quarta geração—até que alguém, pela vida do discernimento na verdade, quebre o ciclo da cultura psicológica adoecida! E isto só tem a ver com o diabo porque ele come o pó da terra que a gente levanta com nossos próprios pés. O resto, minha querida irmã, é apenas conseqüência. Repito: apenas conseqüência! É obvio que uma menina que chega na igreja com 18 anos e com toda essa “carga” na alma, e, além disso, encontra um ambiente onde tudo é extremamente grave e proibido—ou seja: onde até o namoro é questão de vida ou morte e,portanto, não se pode errar!—, só vai ficar baratinada mesmo. Não vejo outra saída. Enquanto a igreja for assim, assim será; tanto com ela como também com muitos de seus filhos… Neste site não há nada que signifique “média”. Não sei fazer média. Media é para medío-cres. Quero a verdade, para mim e para todos. Todavia, há coisas que se diz a uma mulher de vinte e dois ou vinte quatro anos que não se pode dizer a uma menina de dezesseis. Quando eu era menino… Quando cheguei a ser homem… Desisti…. Sei que você entende a diferença e, também, espero que todos entendam. Aliás, só os fariseus não entendem a diferença. Cada um ande conforme foi chamado… Agora, ouça-me. 1. Você está neste estado por uma razão simples: há muitas coisas não resolvidas em sua afetividade, e, com a conversão, sua afetividade não ganhou equilíbrio, mas apenas repressão. E, como você poderá ler aqui neste site—sugiro que você navegue nele todo—, toda tentativa de criar um bloco solidamente moral nas estruturas conscientes a fim de se viver pela lei, apenas gera o efeito oposto: abre-se uma enorme fenda no inconsciente, por onde saem os demônios psicológicos antes acorrentados…parece coisa do apocalipse, só que acontecendo nos ambientes da alma. Isto é o que você deve saber como base de tudo. Quer ter só uma prova? Por que é que quando você se chateou com a “repressão” correu pra aleatoriamente se dar pra um desconhecido? Será que não dá pra ver que um rego chama uma fenda, e que a fenda chama um buraco, e que o buraco chama um abismo, e que o abismo cria um Cânion? 2. O que você deve fazer? Bem, há muito o que fazer. Porém, há algumas coisas bem simples que você tem que começar a fazer agora. 2.1. Não namore mais quem você não gosta. Essa coisa de casar com a fé acaba em… Nunca cheira bem. No fim, todo mundo diz que você encontrou uma “varão”, mas só você sabe o gravetinho de nada que levou pra casa. Aqui no site falo muito desse tema. Navegue… 2.2. Honestamente acho que sexo é como coceira; se começar, tem-se que coçar. Daí eu não ter nenhuma ilusão que alguém que já coçou muito, possa não sentir mais a coceira apenas porque se converteu. Quem quiser mentir, escolha outro pra mentir, mas não eu. O que pode acontecer é apenas aquilo que acontece de modo natural. Eu já havia coçado muito, mas quando encontrei o Senhor, todas as minhas energias foram para a paixão da pregação. Mas isto não é saudável. 2.3. Seu problema não é o sexo com o namorado. Seus problemas são outros: a) a culpa de estar fazendo sexo com o namorado enquanto se condena naquilo que faz; b) o histórico de promiscuidade, que leva você a promiscuir até aquilo que não é promiscuo; c) sua nuvem de testemunhas sexuais: pastores e mais pastores; irmãos e mais irmãos—meu Deus! Com tanta gente em cima dessa cama nem Davi e Bate-seba teriam chegado ao fim… d) sua insistência em “parar” o que você não consegue, e ainda trazer para a “cama fraterna” toda essa “nuvem de testemunhas”, além de ser neurotizante, é também brochante e auto-punitivo. Ou seja: acaba o que você tem, chama a outros para serem expectadores, tira todo a alegria do encontro, e que vira somente culpa; e, pior: promove um auto-boicote permanente para a sua possibilidade de felicidade e de encontro verdadeiro com quem quer que seja. 2.4. A prova disso é que sabe que se você tiver um namorado, cristão, sem separações, ex-esposas, filhos, etc…no currículo; ainda assim, vai ser a mesma coisa. E por quê? Porque é assim que você se pune. Esse é o seu castigo. Você o determinou pra você mesma. E digo, sem medo de ser leviano—afinal, sei as conseqüências de se ensinar o engano—, que seu problema é você, e que Deus não tem nada a ver com ele. Aliás, Ele está louco pra ajudar você a entender isso, a fazer você parar de se punir, e deixar de lado também a sua imagem de menina crente admirada pelos crentes. O que sinto é que você carrega uma imagem muito pesada de menina-crente-sabe-tudo. Estou errado? Sinceramente não acredito. Senti que você deve ser daquele tipo que sabe, teoricamente, mais que os outros—pode até ser uma conselheira disponível!—, mas ainda não aprendeu a saber em seu próprio favor. 2.5. O que fazer? a) Fique com o atual namorado com tranqüilidade apenas e tão somente se você gostar dele mesmo. Do contrário, não é por mais nada, simplesmente não vale a pena. b) Descanse num fato inamovível: a Graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens, não imputando a nós as nossas transgressões. Por isto, eu não me resolvo para ser salvo, eu sou salvo para ir desenvolvendo a minha salvação como crescimento de auto-resolução na graça de Deus. c) Procure ajuda psicológica aí onde você está. De preferência ache alguém que não queira ser psicólogo e pastor para você ao mesmo tempo. Dois em um só quando são uma só carne. E três em um, só em Deus. No mais, que o psicólogo seja psicólogo; e o pastor, se conseguir, que seja pastor. Mas não busque gente que mistura as estações porque é freud. Acaba com a cabecinha santa de qualquer um. d) Trate a sua sexualidade como algo normal e que esta presente em tudo: da comidinha que você gosta à roupa que você escolhe; da forma de linguagem que você prefere às formas estéticas que você admira. Tudo está pervadido de sexualidade. Quando a gente aceita a sexualidade de tudo—ou quase tudo—o que gostamos e fazemos, estranhamente, o sexo vai para o lugar certo. Paulo descobriu isto há muito tempo. Ele disse que esse negócio de não pegar aqui, não tocar ali, não olhar pra acolá, tem aparência de pureza e santidade—e é uma falsa humildade, que de fato já é cinismo—, pois, quando chega a hora “H”, a gente logo descobre que essas coisas não tem valor contra a idolatria dos sentidos, que é a sensualidade. A conotação negativa de “sensualidade” só existe como idolatria dos sentidos, quando as energias todas da sexualidade se concentram no sexo como sentir único; e. assim, perde a sensorialidade ampla, que é fruto de se possuir uma sexualidade que não é reprimida na sua expansão natural pela vida. Agora, terminando por hoje, quero pedir que você ore comigo essa oração: Cordeiro de Deus, eu sei que tu foste imolado por mim desde antes da fundação do mundo. Hoje eu estou aqui, afundada num mundo onde parece que nada foi pago por mim. Tu conheces todas as minhas carências e também os pecados que decorrem de minha ansiedade. Livra-me dessa ansiedade de encontrar. Livra-me dessa obrigação de parecer ser. Ajuda-me a confiar, a descansar e não buscar angustias pra minha alma. Senhor Jesus, o Senhor é meu Advogado contra qualquer causa que haja contra mim. Eu apenas crerei que já não há condenação, e, por Tua Graça, caminharei apenas em Tua Graça. Amém! Leia, pense, e me escreva. Mas, enquanto isto, pare de ficar dando explicações a Deus. Você é um flagrante total para Ele. Apenas seja, e seja Nele. Só assim você encontrará o melhor de você! Caio Ps: “Há solução pra mim ou estou sujeita ao inferno?”—foi assim que você começou. Eu digo: O que você acha de parar de falar essas besteiras menina? Você está em Cristo. Não há “paradas” no Inferno quando a gente anda Nele. E nem há esse risco. Quem quiser o risco de ir para o inferno, fique bem longe de Jesus. Do contrário, tenho uma ameaça a lhe fazer: Você já está salva, e já passou da morte pra vida. Sinto muito!