DANDO AS PÉROLAS AOS PORCOS!
Prezado pastor Caio Fábio,
Sempre acesso o seu site e leio principalmente suas cartas e reflexões. E fico pensando se eu escrever será que ela vai responder? Bem não sei, já que deves ter inúmeras cartas e compromissos, mas talvez somente o ato de escrever possa diminuir minha tremenda angustia.
Sabe não sei se deve colocar identificação ou não e nem sei bem como formatar minha carta, mas aqui vai um coração angustiado e sabedor do meu erro.
Olha Caio, sou evangélica a 14 anos, tenho mãe e tia não evangélica e moro com elas. Sou solteira e tenho 32 anos. Nunca fui uma pessoa de ter muitos amigos, ser aquela adolescente com a casa cheia de amigas, talvez pelo fato de ter perdido meu pai muito novo quando tinha 8 anos de idade e minha mãe sempre falar “somos pobres e único meio de melhorarmos é você estudando”, e foi o que fiz: estudei. Hoje trabalho mais de 8 horas por dia, sou professora, e as amizades da época de estudo não gostavam de estudar. Assim fiquei distante delas, e assim foi sem muitos amigos nem muitos amores. Quem escolhia meus namorados, ou seja, com quem pode e quem não pode, era minha mãe. E assim foi até que aos 28 anos de idade me vejo apaixonada por um homem casado mais velho do que eu 7 anos. E confesso entreguei-me por completo a esse amor. Nesses 4 anos menti, arrumei compromisso que não existiam para poder passar momentos com esse homem. Só que com 3 anos de relacionamento começo a percebê-lo diferente distante e do nada criando conflitos que não existiam. Minha inteligência dizia esse homem iria partir e meu coração gritava e se iludia.
Via, mas não queria enxergar; sentia, mas não queria sentir. Como sofri ano passado! Via-o dando em cima de uma colega de trabalho e minha amiga e vendo a reciprocidade. Quando o questionava meu coração falava mais alto e engolia as explicações. Só que eu via e sentia. Até que neste janeiro estávamos de férias (trabalhamos juntos os 3), nos encontramos e o chamei para ir para praia passarmos o final de semana juntos. Deu a desculpa que ainda não tinha ido com a esposa, mas no outro final de semana iria. Acreditei e fui sozinha para casa de amigos. Só que no outro dia liguei para seu celular e descobri que o mesmo estava na casa dessa minha amiga com a esposa (essa amiga é casada). Discutimos por telefone e no outro dia [confesso!] fui até onde ele estava e ficamos eu, ele, a esposa e alguns amigos; e comecei a tomar vinho; e nas conversas vinham as provocações… Até que num momento ele, ao falar comigo, trocou meu nome; e olhei para ele na frente da esposa e soltei: “Não gosto que troque meu nome, principalmente na cama”. Quando tomei consciência do meu ato fui embora. Só que o mal já estava feito. Houve confusões… E uma semana depois a esposa dele liga para essa outra menina falando que eu tinha insinuado que ela tinha um caso com ele, só que Caio posso ter bebido, mas tenho consciência do que falei; e isso eu não disse. Só que ele confirmou para a amiga! Está um clima bem constrangedor. Mas veja Caio: este constrangimento entre eles passou rápido; pois os vejo entre os cantos se entreolhando e com conversar baixas.
Bem o que vejo é que eu me expus, sou o alvo principal; ou seja: o foco; e agora eles ficaram livres. O que muitas vezes me deixa tremendamente perturbada.
Sabe, das outras vezes que brigávamos ele sempre era agressivo comigo, agora não: trata-me com gentileza! Não tocamos no assunto e nem sei se vou tocar. Gostaria de transformar essa tragédia em uma oportunidade para livrar-me dessa situação, apesar que vou confessar ainda tenho amor por ele. Mas sei que nunca deveria ter me envolvido (isso quem fala é o racional ). O que faço ? Como proceder ? Talvez veja em minha carta um embaralhado de informações. É como eu estou no momento: embaralhada.
Digo também que existe um jovem na igreja que começo a me interessar por ele e ele por mim, mas estou com medo de querer me apegar a ele como fuga e não com o sentimento de bem querer que deve existir.
Ajude-me a colocar meus pensamentos em ordem.
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Resposta:
Minha amada amiga: Graça e Paz!
Uma pessoa boa se corrompe quando aceita viver um papel na vida que negue seus valores e princípios. Sim! Mesmo a pessoa boa absorve as energias dos sentimentos que passam a habitá-la em razão dos papeis que aceite.
Assim, uma menina criada até com rigores excessivos, e que revela no que diz ter doçura na alma [ainda], por aceitar sair da condição de menina virgem e presa para o de amante assumida do colega de trabalho, mente, e vai vivendo de mentiras; engana, e vai sendo enganada; trai, e é traída; faz escondido, e vê agora tudo nas sombras.
A coisa toda revela tanto a inconsistência do que existe entre você e esse homem, que o que posso lhe dizer é que você é apenas mais um caso dele; e que para ele é um orgulho ser casado e ainda ter uma ex-virgem [por ele desvirginada] como amante há quatro anos. E mais: para ele, agora, melhor do que ter como amante uma menina solteira e que está começando a perder a linha, é ter uma amante casada, a qual também tem razões fortes [como ele] para trair sem contar.
Veja a si mesma! Você veio de uma família simples e crente [apesar dos rigores excessivos!] e hoje está numa mesa de traição, fazendo o papel da mulher louca, e que diz coisas como a que você disse.
Você não disse com palavras totais que tem um caso com ele. Mas o que disse somado às energias das demais formas de comunicação contou a história toda. E você sabe disso, e defende-se apenas por estar culpada.
Minha filha, você é gente boa. Não corrompa a sua alma desse modo. Pare com isso enquanto você pode.
Não force o homem, não insinue nenhuma ameaça, não cobre nada dele. Apenas saia. E sai já. E saia para sempre.
Sei que o fato de trabalhar com ele atrapalha muito. Mas se você decidir mesmo, apesar do trabalho em comum você conseguirá sair desse laço de morte.
Aí na sua cidade há um grupo pequeno do “Caminho da Graça”. Se desejar participar entre no site, no link “Caminhando”, ou mesmo no Blog do Caminho, e veja os endereços das Estações e grupos.
Mas lembre: saia disso enquanto pode; e não volta nunca mais para nada assim!
Sobre o menino que está interessado em você, dê um tempo, converse muito com ele, veja se existe chance de reciprocidade real em você, e, em havendo, e em sendo ele gente boa, dê uma chance calma e simples, mas não vá com sede ao pote.
Nele, em Quem somos chamados a nos amarmos a nós mesmos a fim de podermos amar os outros,
Caio
20/02/08
Lago Norte
Brasília
DF