Davi, com Mateus (sobrinho) e com Hellena (filha)
DAVI: Davizinho, Vico, Viquinho, Vicoso
Quando você nasceu senti que eu tinha sido abençoado.
Quase não cheguei vivo para receber você. O avião que me trazia da tribo dos Yskarianas ia cair, mas Deus o susteve.
Eu pedi a Ele para que você me visse como pai-vivo, mas do que eu mesmo precisava ver você. Sentia que se você nascesse sem me ver eu não ficaria em sua memória. Mas se eu não visse você, mesmo sem sua imagem, eu levaria você em meu coração.
Cheguei e você me esperava antes da hora marcada. Mais de um mês antes de ter chegado, você chegou. Ia nascendo em casa, tão suave foi sua entrada em nossa vida. Parecia que o seu nascimento dizia que você seria sempre um homem da casa e da família.
Você nasceu e dormiu. Dormiu meses. Abria a boca para mamar apenas. Mas quando acordou, aos sete meses, em Portugal, sacudiu a cabecinha e ficou esperto.
Aos 18 meses você quase morre. Caiu de uma escada de dois metros e oitenta. Direto com a cabecinha no chão. Tofff. Aquele som surdo. Gritei
Quando de andante você passou a correr, quase me matava de rir. Eu e seu avô Caio riamos sem nos controlar, ao vermos você, gordinho, se espremendo para correr, quase que fazendo uma força de natureza fecal.
Depois você emagreceu e ficou lépido. Logo a bola foi lhe ficando intima, amiga. E você fez de sua bola uma pelota botafoguense apaixonada. Herança honrosa, porém dolorida esta que lhe deixei.
Você dizia sempre que me amava. Desde mínimo. E eu sentia seu amor e sua admiração devotada para comigo. Você já nasceu responsável, mas leve. Seu senso de responsabilidade não carregava julgamento acerca de ninguém.
Você era criança, mas Lukas e Juliana receberam de você atenção de amor maduro, apesar de você ainda ter sete anos quando começou a cuidar muito deles, com todo amor, carinho e alegria. Cuidado que jamais cessou.
Carrego na memória as cenas fortes de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, quando você e Ciro vieram à frente naquele apelo que fiz no Estádio, na 1ª noite. Você estava com os olhinhos de oito anos esbugalhados de emoção ante a Palavra da Cruz.
E a Cruz marcou você, seu coração, seu caráter, sua macheza, sua hombridade, sua dignidade e sua solidariedade para com todos.
Você quase nasceu dentro da Vinde. Assim, desde criança a amava, e nela trabalhava. Matava aula para trabalhar escondido, sob a cumplicidade dos funcionários, até que eu descobri. Repreendi você com orgulho e alegria. Hoje como pai você entende.
Depois de fazer 15 anos você se aboletou lá. E só saiu aos prantos quando acabou…
Guardo a carta que você me fez um dia depois do Episódio Cayman, chorando letras, e me dizendo que você, seus irmãos, seus amigos, e todas as pessoas, todas, apenas queriam que eu fosse quem eu sempre fora: um homem de Deus que apenas pregava o Evangelho.
Obrigado meu filho! É isto e somente isto que estou vivendo para ser!
Durante aqueles anos trabalhando comigo tive sempre muita alegria
Você amava o que fazíamos. Era meu grande parceiro e amigo. Como era bom trabalhar com você meu filho!
Quando a “casa caiu” você não correu do telhado. Ficou. Sofreu. Foi humilhado. Mas suportou. E ainda casou e inventou, com a Tati, a maravilha da Hellena. Que Graça de Deus ela foi e é para todos nós!
Hoje você é um homem de trinta anos, mas que já tem mais de trinta anos de caminhada no coração.
Que bom é ver que você continua a acordar cantando. Você canta não porque cante, mas porque acorda cantando. E sua voz e viola carregam essa graça, esse mel, essa doçura de seu ser. Você é a canção, meu filho.
Eu, sua mãe, e sua boadrasta amamos você. Seus avós o amam. Seus irmãos o amam. Seus irmãos enxertados o amam. Seus titos e primos amam você. Seus amigos o amam. Seus funcionários o amam. E, sobretudo, sua mulher e sua filhinha angelical amam você, meu filho.
Pode um pai desejar ver alegrias maiores do que essas?
Ora, eu, como seu pai, ouso desejar ver mais de Deus em sua vida, e muitas outras graças da misericórdia eterna encherem sua vida e sua casa — Davi, Davizinho, Vico, Viquinho, Viçoso do pai.
Amamos você!
Davi, que em hebraico significa “Aquele a quem Deus ama”, ou, simplesmente “Amado de Deus”.
Eu, Caio, seu pai e dad
20/04/07
Lago Norte
Brasília
Com uma vontade danada de estar em sua casa, aí.