É Natal. O Natal mais murcho que já vi. Um Natal de perus e de Noéis cabisbaixos. Um Natal sem alegria e sem gentileza. Um Natal conforme os tempos frios de amor nos quais vivemos. Sim, este está sendo um Natal cruel em todo o mundo!
Que Natal é este?
Este é o primeiro Natal não-cristão da humanidade ocidental nos últimos mil e setecentos anos.
Falava-se de “mundo pós-cristão” desde muito tempo atrás. Também se falava de “pós-modernidade” desde há muito. No entanto, mesmo que o “fenômeno” já fosse uma realidade cultural e religiosa, não havia ainda se tornado algo afetivo e emocional.
Ou seja, nas últimas duas décadas, mesmo já sendo este um mundo “pós-cristão”, cultural e religiosamente falando, ainda se tinha a energia inercial dos romantismos fraternos dos natais cristãos, a qual se manifestava ainda em muitas expressões de espírito de reconciliação e de fraternidade.
Neste Natal, entretanto, quase que de um modo geral, sente-se a desafeição do ano inteiro prevalecente como espírito, nas ruas, nas casas, nos olhares, nos gestos, nos desinteresses, no congelamento das afeições — conforme o que se vê o ano todo.
A humanidade ocidental, agora, começará a saber como é viver num mundo no qual as Festas da Cristandade não têm nenhum significado além do termo que a própria Casa Branca, dos crentes americanos, já adotou. Ao invés do Merry Christmas de sempre — o que ainda remetia para a cristandade —, agora, pelo segundo ano, adotou o politicamente correto Happy Holidays.
Jesus não nasceu no dia 25 de dezembro. Mas isto não tem nenhuma importância, visto que a maravilha da Encarnação deve ser a loucura nossa de cada dia.
O que sinto falta é da gentileza que parecia ressurgir dos mortos ante o romantismo do dia do “Nascimento de Jesus”.
E não sinto falta disso para mim mesmo, mas apenas como lamento de quem vê como as pessoas vão ficando a cada dia mais geladas.
Meu Natal é o ano inteiro, pois quem quer que deseje viver o espírito do Evangelho viverá da fé na Encarnação em cada segundo de seu existir.
A Era Glacial começou!
Bem-aventurado seja todo aquele que não se deixar gelar!
Só há um antídoto contra o Natal de Gelo: o amor que se dá, e que também valoriza pai, mãe, irmão, amigo, família, e, sobretudo, a paz.
Feliz Natal Interior!
NEle, que só nasce em corações,
Caio