DEUS É QUASE TOTALMENTE AMOR?
Deus é amor, mas nós não cremos nisto de verdade. Nada poderia nos ser mais favorável. Todavia, parece que para muitos de nós não é. Deus ser amor!… assim… sem acréscimos… parece algo perigoso… e que é contra nós. Pelo menos contra os que controlam a cabeça dos outros, construindo uma “Idéia de Deus” para os que não “pensam e não entendem”, segundo eles próprios. Na realidade quase sempre quando ouço algum Teólogo ou Pregador confessar que Deus é amor, tal declaração se faz acompanhar de um “mas”. Sim, sempre há um “mas”, como se Deus ficasse incompleto sendo amor. Seria como se Deus fosse “somente apenas amor”. Por isso, em geral, quando se diz que Deus é amor, se acrescenta com um “mas também é”, que Deus é sempre relacionado a “justiça e santidade”… visto que os demais “atributos”, como eles designam—todo poder, todo saber, e todo ser-estar—, já parecem estar convenientemente bem definidos. Afinal, sem eles, não haveria “um Deus”. A impressão que me dá é sempre a de que se está tentando fazer Deus mais forte, mais parecido com a gente, que somos juizes e santarados, e somos aqueles sem os quais “Deus nada pode fazer na Terra”. Diz o Homem a Deus: Sem mim nada podes fazer! Eu sou a Videira, Tu és o Ramo! Ora, de repente apenas crer que “Deus é amor” deixa tudo livre, fora do nosso controle, sem a nossa ajuda ou necessidade, sem que tenhamos que nos preocupar com nada… E nem nos deixa ao menos o imperativo da vingança, da luta, da guerra, da defesa, da honra, da desonra, do juízo, da verdade comprovada, do saber vaidoso, da conquista gloriosa. Afinal, no amor, conforme ele mesmo, “sem amor… nada aproveita”. Mas “Deus é amor” soa fraco, romântico, desautorizador de despotismo, demolidor de juízos fixos, e parece elevar demais o padrão dos “fiéis”, tirando-os do espírito de juízo e religiosidade, para o nível do entendimento misericordioso, o que, para a maioria, é a tarefa mais desagradável possível. “Deus é amor, mas é também justiça e santidade”, dizem a fim de não deixar as coisas fáceis; ou pelo menos para não serem infiéis na descrição de uma Formula de Deus ou um Retrato Teológico de Deus. Pregadores e Teólogos são os que mais sofrem dessa necessidade de acrescentar um “mas” ao simples “Deus é amor” de João. Os teólogos, que são os alquimistas que estudam a formula da natureza da divindade, querem enuncia-la com clareza química aos alunos. Já os pregadores, que são os pintores do Retrato Popular de Deus, desejam apresenta-Lo de uma maneira a faze-Lo parecer semelhante a eles mesmos. Por essa razão Deus tem que ser injusto, exigente, impiedoso, e interessado em dinheiro. Ora, isto tem que ser assim porque simplesmente viver na graça do amor é um “caminho estreito” demais para as naturezas auto-justificadas, e, sobretudo, para aqueles que de fato nunca conheceram a Deus, que é amor. Isto apesar de pregarem em casamentos e dias mais poéticos acerca do “caminho sobremodo excelente”. Dessa forma, tanto o enunciado da “Formula Deus” quanto também o “Retrato de Deus” precisam se parecer com nossas formulas e nossos próprios retratos humanos: santidade de aparência e justiça perversa. Nós achamos que damos conta do recado da justiça e da santidade, e fugimos do amor. Para nós amor só serve para cantada, mas não é bom pra viver e conhecer. Todos temem o encontro arrebatador com o amor! Por isso, sempre há o tal do “mas”. Deus é amor. E Ponto Eterno! Jamais Parágrafo! Ele é amor, pois somente o amor é justo, posto que somente Aquele que é amor a tudo discerne, e, portanto, é também Ele mesmo Aquele que realiza a justiça como Justificação, visto que aquilo que já está Entendido, também já está Justificado no próprio amor que o discerniu. Só não justifica quem não viu com amor total, pois quem o fez, esse sempre encobre multidão de pecados. Deus é amor, pois somente o amor julga sem passionalidade, e a falta de passionalidade, sempre realiza, no mínimo, uma justiça elevadora, pois no amor de Deus a justiça faz melhor até o justiçado. E o amor regozija-se com a verdade. Ele é amor, pois somente o amor passa por todos os caminhos sem se poluir com nada, e sem deixar que seu curso seja desviado por qualquer que seja a tentativa, sendo, portanto, impoluível, e, indesviável; e, desse modo, Santo, Santo, Santo. O amor de Deus não se alegra com a injustiça, por isto jamais pune para sempre, pois, punir para sempre não é da natureza de Deus, posto que não é amor, visto que seria uma justiça sádica e uma alegria injusta praticar tal justiça, a menos que haja no tempo algum mal maior que o bem da eternidade. No amor não existe medo porque o amor triunfa sobre qualquer juízo. O amor tudo sofre, tudo crê e tudo suporta porque o amor já sabe o fim. O amor vence! Deus é amor! Ponto Eterno! Bem-aventurado quem nada tiver a acrescentar! Caio 23/07/05