DEUS ESTÁ ME PUNINDO POR CAUSA DE VOTOS NÃO CUMPRIDOS?



—–Original Message—– From: DEUS ESTA ME PUNINDO? Sent: sexta-feira, 3 de setembro de 2004 18:53 To: [email protected] Subject: O QUE EU FAÇO? Querido Reverendo Caio, Tenho sido um freqüentador do site, o qual, eu acredito, tem sido uma bênção para milhares de pessoas, e quero parabenizá-lo pela simplicidade e fartura de alimento espiritual. Tudo é bem simples e bem cheio de riquezas reveladas pelo Espírito-Bendito seja Deus por esse canal de bênçãos.!!! A razão pela qual escrevo é que tenho uma grande dúvida, e gostaria que você esclarecesse para mim. Quero que saiba que antes de lhe escrever fiz uma pesquisa no site, em Cartas, Reflexões e Devocionais, e como não encontrei algo que falasse direto ao assunto, tomei a iniciativa de lhe escrever. Todavia, se houver alguma coisa que trate do assunto, no site, por favor, é só me dizer onde está e irei lá. Combinado assim? Gostaria que você esclarecesse para mim a questão de “votar” a Deus. Sei que a Bíblia diz que “se votares, é melhor que cumpras, porque Deus não se agrada de sacrifício de tolos “. Com essa afirmativa bíblica tenho sentido uma tristeza profunda na alma porque tenho sido tolo diante de Deus por ter votado a Ele, e não ter cumprido. E o pior é que não foi uma vez só… E, então, penso que Deus esta me punindo por isso de alguma forma, pois tudo que tenho tentado fazer, não dá certo… nada mesmo… sinto que existe uma maldição no ar… sinto que Deus se opôs a mim de uma forma que tudo que tento não dá certo… mas tudo mesmo. E como resultado, caí em depressão, e, agora, até pra levantar da cama está difícil, porque já sei que qualquer coisa que eu tentar não vai da certo. Mas isso foi depois de muito tentar, e como tentei… Gostaria de saber como Deus trata esse assunto, e o que eu devo fazer no caso dos votos não cumpridos… Devo considerar as tempestades da minha vida sendo Deus me cobrando? E para que você saiba os problemas que estou atravessando, lhe digo que eles vão de problemas de saúde à problemas financeiros. Tenho visto minha vida e meus negócios irem morro abaixo… Não sei o que fazer… Fico procurando razão pra tamanho fracasso, procuro fazer as coisas dentro do máximo da perfeição, mas, mesmo assim, não funciona nem que a vaca torça o rabo. Tenho até considerado o suicídio uma opção. Na verdade não sei se teria coragem para tal, pois sempre foi uma coisa que abominei; e o engraçado é que hoje entendo perfeitamente o porque uma pessoa se suicida; antes eu não entendia de jeito nenhum; hoje chego com misericórdia diante de tal pessoa… Os amigos sumiram, as contas aumentam cada dia mais, telefonemas de cobradores que faltam pouco me matar, saúde em decadência! O que me resta? Tenho 35 anos e sou solteiro. Como dizem: “Não tenho um pombo para dar água”; e diante dessa situação, a pressão tem sido tanta…a ponto de considerar o suicídio um escape… Você consegue me entender? Quero deixar claro que a razão pelo qual eu lhe escrevo não é pra que você, como dizem em inglês, “talk me out of suicide”. Esse não é o ponto… Eu gostaria de saber se você tem um “clue”, uma pista, do que esta acontecendo comigo.Ou seja: se Deus pune quem vota e não cumpre. Fale-me também como é a provação de Deus. Espero ansioso uma resposta sua. Um grande abraço, __________________________________________________________ Resposta: Meu amado amigo no Senhor da Vida: Seja a vossa palavra sim, sim, e não, não! Jesus disse para não jurar jamais. E um voto é um juramento de realização, dádiva, ou de renuncia. A razão que o Senhor deu para que não se jure nem pelo céu, nem pela terra, nem pelo templo, e nem por qualquer outra coisa, é porque nenhum de nós tem poder sobre nada, nem sobre as nossas pestanas e cabelos. “Pode um homem acrescentar meio metro ao seu caminho?”—perguntou Jesus em Mateus 6. O Velho Testamento fala de votos, especialmente nos Salmos, algo do tipo: “O que votei, pagarei”; ou: “Cumprirei os meus votos ao Senhor”. No Novo Testamento, entretanto, somente se fala do voto de Paulo, quando de passagem por Jerusalém, e que foi algo que ele fez como quem concedia aos outros a certeza de que ele não era contra os judeus que se congregavam com Tiago, e que eram “zelosos da lei”. E mais que isto: foi um voto que tinha a ver com jejum e raspar a cabeça, conforme o costume judaico antigo, e que era uma espécie de “consagração”. No entanto, não havia naquele voto nenhum espírito que não fosse devocional, além de ser também uma concessão dele à consciência fraca dos crentes de Jerusalém. Todavia, no Novo Testamento não existem mais votos a serem feitos a Deus. Sim, no N. Testamento o voto foi feito por Deus, e, nesse voto Ele declarou que não apenas a Lei havia sido consumada e finalizada em Cristo, mas também declarou que está Tudo Pago, na Cruz. E desse juramento Ele não se arrependerá! Ora, se o “escrito de dívidas que havia contra nós, e que constava de ordenanças” foi inteiramente cancelado e removido, tendo sido encravado na Cruz, como haveria lugar para votos sacrificiais, se todo sacrifício já foi feito e consumado em Jesus? De fato, meu irmão, não há mais sacrifícios a serem feitos como sacrifício meritório diante de Deus. Fazer votos nessa perspectiva é tolice, e é também ignorância, visto que Jesus já pagou todo preço, já fez todo sacrifício. E somente pelo sacrifício Dele que eu tenho meu sacrifício realizado, e de uma vez para sempre. Além disso, em Jesus nós temos o “Amém de Deus” para a nossa vida, não precisando, portanto, requerer de Deus que diga outros “améns”, se ele já disse um Amém eterno na Cruz em nosso favor. Portanto, com relação ao seu voto, apenas peça perdão a Deus pela sua ignorância e presunção. No entanto, saiba: o que lhe está acontecendo não é em razão de uma perseguição de Deus contra a sua vida. Esse “Deus” que persegue os crentes inadinplentes é uma criação da “igreja”, e isto a fim de manter os “fiéis” sob vigilância, culpa, controle, e dependência dos que dizem o que é e o que não é “pecado”. Se Deus fosse assim, saiba, ele seria o diabo! Veja o diabolismo de sua situação. Você fez votos que não cumpriu, se sentiu culpado e endividado, os negócios começaram a ir mal, e você atribuiu tudo a um acerto de contas de Deus com você—um Deus que não perdoa quem deve a Ele, enquanto Ele mesmo manda a gente perdoar quem vota, e não nos paga—, e, por conta disso, você até tem pensado em se matar. Pergunta: Quem vem para matar, roubar e destruir? Um dia João ficou com raiva dos samaritanos e perguntou a Jesus se ele poderia mandar fogo cair do céu sobre a cabeça deles. Jesus respondeu: “Não sabeis de que espírito sois; pois o Filho do Homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las”. Pergunta: Esse seu “Deus”—que pune quem não cumpriu um voto—parece com Jesus? Você vê Jesus tratando alguém assim? Sim, olhe para o Evangelho e veja o jeito de Jesus lidar com a vida, e se pergunte: O Jesus do Evangelho—não esse “Jesus-criação-da-igreja”—me trataria assim? Ora, Deus estava em Cristo, e em Cristo está Deus. De modo que eu só sei de Deus em Jesus, e nenhum Deus que não se pareça com Jesus, saiba, NÃO É MEU DEUS. Você me pergunta: O que, então, aconteceu comigo? Ou melhor: O que está me acontecendo? Bem, eu não posso falar de seus negócios, até porque nem sei o que você faz, e muito menos ainda como você faz as coisas. No entanto, você me disse que busca fazer com perfeição. Ora, apenas com base na sua carta, quero expressar as seguintes possibilidades, e todas elas não levam em consideração a natureza de seu negócio, nem seus métodos administrativos, e muito menos ainda o mercado—coisas essas importantíssimas quando se trata de negócio. No entanto, falarei sobre o mecanismo psicológico que pode ter se instalado em você, e que é tão ou mais forte que o mercado, e as demais coisas relacionadas a um negócio em-si. Você é do tipo perfeccionista. E como todo perfeccionista, você acredita que um sistema bom, e gerido com excelência, é a chave do sucesso. No entanto, é esse mesmo perfeccionismo que também deflagra a resposta de natureza psicológica que você está tendo. Isto porque perfeccionistas, quando frustrados, tendem a buscar um culpado para explicar tudo o que dá errado. Nesse caso, quando você olhou em volta e procurou uma resposta plausível para os seus insucessos tanto no negócio e quanto no mercado, e não encontrou, imediatamente você se voltou para você mesmo, e disse: “Eu sou a causa desse desastre, e isso só pode ter a ver com os votos que não cumpri.” Ora, se você não tivesse cumprido os seus votos, mas apesar disso tudo estivesse dando certo, você nem teria se lembrado dos votos. E mais: há um monte de gente nas Igrejas da Prosperidade—onde tais coisas são incentivadas—que faz votos, não os cumpre, mas tudo dá certo assim mesmo. Portanto, essa reflexão acerca do pecado de seu voto não cumprido, só lhe ocorreu em razão dos insucessos nos negócios. O que acontece é que não há nada pior para os negócios de um ser humano que a culpa. Um homem vivendo em culpa está fadado a se dar mal em tudo quanto fizer. A culpa carrega em si uma profecia de auto-cumprimento. Ou seja: a culpa se encarrega de mexer com toda a energia do individuo, e, com isso, ela des-constrói o sistema de sinergia, harmonia, e naturalidade com a qual as coisas são feitas por ele, e isso é um desastre. Na minha maneira de ver você está sendo vitima dessa culpa, realidade essa que o não cumprimento do voto estabeleceu como medo de Deus. Ora, quem pode produzir algo nessa vida achando que Deus está contra ele de dia e de noite? De fato, Deus não está perseguindo você. É você quem se persegue, e é você quem se desautoriza em relação a ser bem-sucedido no que quer que faça em razão de que você se sente em débito para com Deus. Ora, Deus mesmo não está lhe pedindo nada, posto que Ele mesmo entende a sua ignorância e ingenuidade ao ter feito o tal voto. Você, todavia, se tornou, pela culpa, seu próprio adversário, e, assim, inconscientemente, boicota a si próprio em tudo quanto faz. O que fazer então? 1. Saiba que sua ignorância já está perdoada. 2. Saiba que na Cruz que todo sacrifício foi feito. E seu voto não cumprido também já está pago na Cruz. 3. Receba pela fé a libertação de sua consciência, posto que, em Cristo, você já não deve mais nada. 4. Agradeça a Deus pela lição que você aprendeu com você mesmo, e, assim, pare de ficar olhando para Deus como se Ele fosse o boicotador de seus planos. 5. Não proponha a Deus nenhuma barganha do tipo: “Tira-me dessa que eu prometo que vou cumprir meus votos.” Não, não faça isto. Não há barganhas com Deus. Deus é do Deus da Graça—favor imerecido—, e não o Deus da troca e do negócio. Não há negócios a serem feitos com Deus. 6. Receba a paz que vem da fé no amor de Deus, descanse nela, e levante-se para fazer o seu trabalho sem culpa. Você está perdoado. As coisas boas que eu vejo acontecendo como resultado dessa experiência, são as seguintes: 1. Você aprendeu o poder da culpa irreal. Sim, a culpa que você está experimentando é psicológica—e, portanto, não vem de uma convicção de Deus, mas de sua justiça própria—, e é dela que vem essa desarmonia interior que tem bagunçado não só a sua cabeça, mas tem se irradiado como energia psicológica de des-construção nos seus negócios. Ora, eu falo isto porque, em mim mesmo, já tive que lidar com essa força, e sei o poder destrutivo que ela tem no dia a dia de um homem de negócios. 2. Você aprendeu a misericórdia. Agora você já sabe que não pode julgar ninguém, visto que, você mesmo, já ficou sabendo que o desespero e a culpa podem tirar a lucidez até do sábio. Assim, meu amigo, esse suicídio está repreendido em nome de Jesus, e você está livre e perdoado para andar em paz. Todavia, fique sabendo: não vem de Deus nem a persuasão dessa culpa, como também Dele não vem esse desejo de morte. Há somente mais uma coisa que desejo lhe dizer por hora. Você está psicologicamente muito fragilizado, e está necessitando de ajuda psico-terapeutica. Ora, por mais difícil que seja esse estado—e eu o conheço muito bem, e sei o que ele significa em escala monumental—, nada nele justifica você entrar nesse buraco auto-destrutivo. Portanto, essa experiência também foi boa para você se conhecer e se tratar com mais generosidade, carinho, cuidado, e muito menos cobrança. Também aproveite essa chance para tratar desse perfeccionismo exacerbado que hoje perturba a sua alma. Nada há mais perfeito num ser humano que suas próprias imperfeições. Pense no que lhe disse, e me escreva outra vez! Receba meu beijo e carinho. Nele, em Quem nossas dívidas estão pagas, a fim de que a gente tenha paz para trabalhar e pagar as dívidas que temos com os homens, Caio