Semana passada conversei longamente com duas distintas senhoras de mais de setenta anos—ambas viúvas—e deleitei-me em observar a vivacidade sábia que elas expressaram.
Uma delas esteve em coma por mais de uma semana. Relata experiências humanas tão reais quanto a realidade material pode ser percebida. Como se estivesse num mundo concretamente igual a este, porém, paralelo. Obviamente que as explicações para o fenômeno são muitas, mas não interessa ao momento.
O certo é que a senhora que esteve em coma me disse ter sido exposta nessa experiência acerca da diferenciação entre o amor de Deus e o amor de Cristo. Alguém, numa das cenas paralelas que ela visitou durante o coma, teria dito que o amor do Pai era maior.
E aqui abro um parêntese para dizer que uma das coisas que sempre me impressionaram no meio cristão foi a percepção de que muitos cristãos elegem que divindade da Trindade que elas gostam mais.
Tem gente que gosta mais do jeito do Pai. Tem gente que se identifica mais com o Filho. E há aqueles que apreciam mais os indecifráveis humores do Espírito Santo.
Parece que são três deuses e que se pode optar por uma devoção mais carinhosa pelo jeito de ser do-daquele deus.
Minha resposta à senhora foi a mais simples possível.
“Nada pode nos separar do amor de Deus que está em Cristo Jesus”—foi tudo.
O resto foi comentário.
Deus é Um. Não Uns.
Deus é Deus. Revela-se como gosta de se revelar.
Eu sou um nada-quase-quase-nada-mesmo-nada.
Se há um só Deus e Ele decidiu se expressar como desejou—amém! Eu amo cada nuance nos sentimentos revelados, mas sei que esse jeitão todo fez Sua síntese absoluta em Jesus Cristo.
Em Romanos 8 Paulo faz questão de embolar desembolavelmente o Pai, o Filho e o Espírito Santo. E faz isso de modo tão natural e sem necessidade de explicação que, com isso, ele dá toda a explicação, a saber: Deus é. Ame-o como Ele é. Pois nada pode separar você do amor de Deus que está em Cristo Jesus. Ele sabe quem você é. A sua melhor oração é a intercessão Dele. E o Pai que poderia condenar, deu o Filho de Graça, e com o Filho todas as coisas. O Filho, que poderia julgar, decidiu Advogar as causas perdidas. E o Espírito sonda a mente de Deus, pois, é segundo a vontade de Deus que Ele intercede pelos santos, conforme também a essência dos santos. Saber disso faz você ficar à vontade com Deus—e é do conhecimento desse Deus que vem a fé-certeza de que nada pode nos separar dele; afinal, esse amor se encarnou em Cristo Jesus. Deu prova histórica de estar falando sério até a morte e morte de Cruz.
Deus estava em Cristo. Nele, Jesus, habita corporalmente toda plenitude da divindade. E tudo acontece no amor do Espírito de Jesus Cristo, Filho de Deus, que é Pai, Filho e Espírito Santo.
Portanto, não é para explicar. É para conhecer em Graça.
As duas senhoras parecem ter entendido. Espero que para você faça algum sentido como verdade, não como explicação.
Caio Fábio