—– Original Message —–
From: POR FAVOR, ME RESPONDA ANTES…
To: [email protected]
Sent: Monday, June 05, 2006 8:01 AM
Subject: Um conselho, por favor!
Oi Caio, tudo jóia?
Desculpe a familiaridade, mas é que para mim, você tem me parecido muito familiar ultimamente, um irmão próximo…
Tenho mergulhado em muitas de suas palavras, que espelham o Evangelho da Graça em Cristo Jesus. Tenho tido muitas crises e creio que em breve sairei do ministério pastoral denominacional, por causa da inquietação que tem se abatido sobre minha alma depois de confrontado por este Evangelho que você tem pregado.
Gostaria muito de poder conversar com você, um dia desses, pra falar sobre tudo o que penso; e pedir os conselhos que preciso.
Me sinto só… muitas vezes! Converso com pastores, mas não sou convencido do contrário…
Meu maior inimigo tem sido eu mesmo. Se sair do ministério, não será por causa disto, como já falei, mas meu temperamento almático me faz brincar com coisas sérias, às vezes, diante da igreja. Sou daqueles que falam e depois pensam. Por causa disto, sempre expresso minhas opiniões; e muitas vezes sou mal interpretado.
Tenho visto que não posso ser mesmo pastor denominacional, por exigir muita seriedade e temperança; mas ao mesmo tempo não quero deixar de ser eu mesmo. E creio que se Deus realmente me deu o dom de pastor e mestre, Ele pode me usar fora de uma instituição, usando o meu “jeitão”.
Por ser almático, depois de começar a absorver o que escreve, tem sido muito difícil permanecer na igreja que trabalho. Tenho achado muitas coisas idiotas e sem sentido e estou me “segurando”.
Não é fácil sair do sistema agora. Já que recebo um bom salário e estou há anos fora do mercado de trabalho.
Mas quero estar com minha consciência livre e limpa. Creio isto ser o mais importante.
Teria muito mais pra compartilhar e se for possível, ainda farei.
Gostaria muito de ter uma palavra sua.
Abraço.
Nele,
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Resposta:
Meu querido irmão: Graça e Paz!
Obrigado pelo seu carinho e confiança!
Que Deus o encha de todo entendimento na verdade!
Sobre sua carta, alguma coisa ou eu ou você não compreendemos bem. E o que é isto? É que você disse duas coisas: a primeira é que por causa de sua consciência, você estaria pensando em sair de onde está; a segunda é porque você diz que é “almático” — e, portanto, uma pessoa que, às vezes, machuca a igreja com coisas ou modos que você mesmo considera que contrariam “a sobriedade e a temperança”.
Ora, se você está saindo porque você tem a consciência de que não é bom para o homem tentar ser qualquer coisa contra a sua própria consciência — então é bom. Mas se você também diz que fica devendo à temperança e à sobriedade, então, suas razões não se justificam; pois, ou o que você chama de “sobriedade e temperança” é o “jeitão de crente” apenas, então, você ainda não sabe o que é “temperança e sobriedade”; posto que esse “jeitão de crente” não é nada além de um estereótipo.
Digo isto porque se a questão é apenas relacionada ao “jeito de ser”, então, em nada é relacionada à temperança e à moderação — se estivermos apenas falando de um modo de ser nas expressões de comunicação. Mas se por “temperança e sobriedade” você entende aquilo que se relaciona à essência do ser, no caráter de sua consciência, então, tanto faz se você estará dentro ou fora da instituição religiosa, pois o Evangelho demanda a mesma coisa de todos nós, sempre.
Se você é daqueles que fala primeiro e só depois pensam, então, saiba: há algo profundo a ser mexido em “seu jeitão”. Pois, segundo o Evangelho, todos nós devemos, com qualquer que seja o “jeitão”, buscar sempre pensar antes de falar; assim como manda que sejamos prontos para ouvir e tardios para falar.
Portanto, meu querido amigo de jornada, veja bem quais são suas reais motivações antes de qualquer coisa.
Veja se ao invés de olhar antes de tudo o seu próprio coração, você não achou mais fácil olhar para fora, para “os outros”? Veja se sua vontade de deixar tudo isto é provocada pela sua consciência-consciente acerca do Evangelho? — Ou se é algo que se mistura à sua incapacidade de exercer mais domínio próprio em muitas áreas de sua vida?
Ou seja: se é consciência ou conveniência!
Paulo diz, escrevendo aos Coríntios, que devemos ser homens-pneumáticos (espirituais) e não homens-psíquicos, ou “almáticos”, ou “carnais” — o que, para ele, seria algo a ser buscado. Sim, ser movidos pelo espírito, em entendimento, e não pela alma, pelas reações, pelas emoções e impulsos.
Ou seja: sermos menos movidos pelas pulsões da alma, e mais dirigidos pelo entendimento espiritual, em cada um de nossos discernimentos.
Assim, meu querido irmão, antes de dar a você qualquer que seja “o conselho”, gostaria de ouvir suas respostas às minhas questões. Isto porque não tenho o que dizer antes de ouvir você; e isto depois de você se ouvir!
Um grande e carinhoso abraço!
Nele, que não nos botou em contato por acaso; pois Nele não há acasos em nenhum de nossos casos,
Caio
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—– Original Message —–
From: É CONSCIÊNCIA OU CONVENIÊNCIA? (I e II)
To: [email protected]
Sent: Friday, June 16, 2006 5:44 AM
Subject: Um conselho, por favor!
Graça Caio!
Estou reenviando uma carta que já enviei estes dias, mas como não obtive resposta, pensei de ter tido algum problema no recebimento.
Como você pediu uma resposta minha para me dar um conselho, aí está…
Vou aguardar agora.
Um abraço,
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Em resposta à minha resposta: “POR FAVOR, ME RESPONDA ANTES…”
Caio
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Alegria e saúde pra você Caio!
Agradeço pela resposta, obrigado. Com certeza não foi por acaso que você pôde conhecer o meu caso…
Vou tentar explicar um pouco sobre mim pra tentar desenvolver nossa conversa.
Tenho 29 anos, sou casado, não tenho filhos. Formado bacharel em teologia desde 2003. Em 2004 assumi o ministério com jovens e adolescentes na atual igreja. Logo, sabia que estaria entrando num “colegiado”, e que deveria ser submisso ao pastor-coordenador-senior que a igreja tinha.
Neste ponto, idealizei um trabalho de parceria/amizade/mentoria com este pastor, porque eu o conhecia de ouvir falar, e falar muito bem. Como nossas idealizações são baseadas em crenças irreais e/ou ilusórias, descobri que estava trabalhando com um “político de primeira”. E por ser assim, tudo que fosse para agradar a todos em todo tempo era aceito e apoiado — inclusive idéias totalmente opostas — e inserido na nossa realidade como “igreja”.
Frustrei-me muito por ver o neo-pentecostalismo entrando, a disputa de poder por cargos, a falta de transparência nas finanças da igreja, a manipulação política e a espiritualização do que convém.
Mas o pior pra mim começou há um ano atrás quando o esse pastor levou a liderança da igreja pra um encontro do G12.
Depois de lá virou uma “salada de fruta” maior ainda. Entrou literatura do Keneth Hagin e Beny Hin, Mike Shea e Neuza Itioka na área de batalha espiritual — e que ‘corre’ na igreja até hoje; o que pra mim foi difícil por ter uma fé mais “reformada”.
Comecei a bater de frente com a liderança, e ir contra a maioria destas coisas; o que, segundo o secretario executivo da denominação no estado, era “tudo problema de relacionamento” — ganhando alguns opositores e o desagrado da liderança. E agora depois de um tempo sem pastor na igreja (quase um ano), chegará em julho um pastor que percebi que é da ala neopenteca… Já fico sofrendo por antecipação. Li o Enigma da graça, o site, escutei as mensagens do site e olhei os dvds do I Encontro das Estações, dos quais tenho gostado demais e me têm feito pensar muito na Consciência Segundo o Evangelho; que a chave para interpretação das Escrituras é Jesus; em não julgar mais quem quer que seja; na liberdade que a Graça nos dá pra vivermos livres amando a Deus.
Tenho pensado seriamente em fazer o que você sugeriu no Encontro, que é pregar o Evangelho e ver no que vai dar; mas temo que os resultados não sejam muito agradáveis…
Respondendo sua pergunta “se é consciência ou conveniência?” — creio ser mais por consciência que quero sair do ministério do que por conveniência. Aliás, por não querer abafá-la é que estou nessa situação. Também creio não ser conveniência, porque neste tempo recebi dois convites de outras igrejas para pastorear, mas não aceitei.
Quanto ao meu jeitão ninguém ainda disse-me que era inapto ao ministério, mas eu e minha esposa conversamos que eu deveria mudar e me segurar mais pra não falar demais.
Estava planejando de arranjar um emprego e sair do ministério antes que o pastor chegasse, pois já ouvi que ele ouviu rumores — nada para mim mesmo — de que sou rebelde e vou contra os pastores. Em assembléia, foi falado que eu teria tudo pra dividir a igreja; então que fosse feito tudo “na benção”.
Em síntese, por isso tudo tenho pensado em sair antes da chegada do novo pastor, para que no futuro não houvesse qualquer tipo de divisão, já que realmente existe um pequeno grupo que anda comigo e pensamos da mesma forma.
Não sei direito o que fazer. Penso em sair e ter um grupo despretensioso pra estar junto e estudar a Bíblia, já que não acredito muito na mudança do sistema e nas doutrinas que não concordo… Não quero investir minha vida em algo que não valha a pena…
O que me diz? Consegui te explicar melhor?
Um grande abraço.
Foi bom encontrar suas palavras neste tempo da minha vida.
Naquele que nos aceita cheio de crises,
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Resposta:
Querido amigo: Graça e Paz!
Obrigado pela resposta às minhas questões. Agora me sinto mais seguro e próprio em qualquer que seja a resposta que lhe dê.
Diante do exposto, sendo seu “jeitão” não uma “atitude hostil”, mas um posicionamento de consciência; e sendo sua decisão algo que tem a ver com suas convicções, e não com qualquer forma de conveniência ministerial, digo-lhe o seguinte:
1. Eu também não ficaria em lugar algum onde o G12 fosse o meio-mensagem de tudo; com todas as doenças de abestalhamento, imbecilização, de fabricação e introjeção de “doenças interiores” na prática da suposta “cura interior”; e, sobretudo, de controle e manipulação perversos. Além disso, as pessoas que você mencionou e a mensagem que trouxeram para o Brasil são também algumas das principais responsáveis pelo que havia restado de igreja entre nós fosse para o buraco das ilusões e das fabricações adoecidas. E todos os mencionados têm sua responsabilidade. E é grande a responsabilidade que está sobre eles, pois grande é o estrago que têm causado.
2. Quando a alma de alguém fica como a sua está, em termos de desejo, sonho, ideal e percepção —, não há mais conciliações possíveis a fazer. Você pode tentar. Pode dar o seu melhor. Pode até colocar uma mordaça na boca. Mas, depois de um tempo, seu odre vai arrebentar… E grande será o estrado. Não tente colocar vinho novo em odres velhos, pois Jesus já disse o que aconteceria…
3. Se você desejar nossa ajuda no “Caminho da Graça”, algumas coisas devem ser feitas: A) você não deve sair provocando divisão e nem tampouco convidando ninguém. Quem desejar ir ou vir com você, que venha; mas não faça “proselitismo”; pois é contra o espírito do Evangelho. B) Leia o site todo; leia os meus livros; e ouça tudo o que puder do que eu prego; pois, meu mano, não somos a verdade (Deus nos livre de tal loucura!), mas temos o direito de dizer que quem quer que deseje andar conosco no caminho da fé que estamos fazendo no Caminho, que venha apenas se concordar antes; pois, de fato, não tenho tempo e nem disposição de ficar tentando convencer quem quer que seja de qualquer coisa. Assim, se desejar vir, venha; e você terá todo apoio, mas venha sabendo do que se trata, e qual é o espírito do caminho que, em fé, percorremos. Ora, aqui no site todos os aspectos essenciais à caminhada que fazemos estão completamente explicitados; de modo que ninguém pode dizer que veio enganado. Digo isto porque o que tenho dito, uma vez que a pessoa diga que deseja vir e participar, não está aberto para decisões de assembléia, e, menos ainda, para a “média evangélica ponderada de doutrinas”. Ou seja: não há barganhas a fazer; e quem pensa diferente, que ande conforme a sua fé; mas faça sua própria jornada; visto que essa é a liberdade que cada um tem; mas deve viver com as conseqüências.
Pense no que lhe disse, e me volte com outra resposta!
Sobre Ele nos aceitar nas “crises”, saiba: crise, no grego, é um juízo de oportunidade; crise é algo bom; pois nos põe no chão das possibilidades; aliás, a crise nos força a decidir.
Nele, que tem só um povo, embora nem todos saibam como é bela, livre, leve, e profunda a vida no Caminho; e também como as crises são adubos para a vida,
Caio