E O MARIDO DELA? – Carta:



 


From: E O MARIDO DELA? – referente à resposta: “Fui buscar conselho e tive um encontro erótico-virtual”
To: [email protected]
Sent: Wednesday, June 07, 2006 10:10 AM
Subject: SOBRE UMA CARTA AQUI DO SITE…


Querido Pastor Caio, Paz!


Assim como faço diariamente, hoje acessei o seu site e me deparei com a resposta a uma carta, “FUI PEDIR UM CONSELHO E ACABEI TENDO UM CASO ERÓTICO-VIRTUAL”; e vieram uma série de questões à minha mente.

A primeira delas é: por que será que os homens, quando casam, ficam tão acomodados, deixam de passear com suas esposas, namora-las, cultivar o romance?
Será que eles acham que já cumpriram seu papel, já casaram, então está bom demais?

Muitas mulheres sofrem muito com essa situação. Geralmente começa a acontecer um distanciamento psicológico, emocional, e a mulher, mais sensível que o homem nesse ponto, começa a sentir um grande vazio, e por isso acha que se sair com o marido, se passearem juntos de mãos dadas, se fizerem alguma coisa diferente, tudo será como antes, como quando eram namorados.

Eu achei muito injusto – e fraco – o marido daquela moça. Pelo que ela contou, ele tem um temperamento frio, distante, racional demais. Não parece ser um homem carinhoso, e ela demonstra mesmo que está muito carente.

Então, pastor, alguns homens são muito injustos, afastam-se da mulher, e quando aparece alguém para lhe dar a atenção que eles não dão, a culpada é sempre a mulher, a traidora, a fraca, e por aí vai.

Muitos homens acham que casamento se resume a sexo — aliás, porque o sexo é tão importante? —  e fiquei impressionada de, no caso em questão, o relacionamento sexual deles ter melhorado, pois o marido quer deixá-la, mas para sexo ela ainda serve? Ou se a investida parte dela, ele não a recusa porque é macho? Esse comportamento dele é mais escandaloso que a traição dela.

As pessoas limitam muito o conceito de traição, que não é algo apenas sexual. As pessoas podem trair os sonhos que tiveram juntas, de amor, cumplicidade, companheirismo. E uma traição dessas é muito, muito séria!

Na verdade quem traiu quem? Ele a traiu primeiro quando deixou o relacionamento chegar aonde chegou, à frieza de sentimentos, ao ponto de expor sua esposa a uma situação de perigo, vexame, escândalo, pois as pessoas no seu trabalho poderiam ter descoberto tudo.

Onde está o verdadeiro amor numa hora dessas?

Porque ele não a protegeu, não a compreendeu na sua fraqueza emocional?

Porque seu orgulho de macho o permite deixá-la nesse momento de dor?

Ela disse que perdeu duas filhas gêmeas… será que isso não a fragilizou demais?
Porque a maternidade é algo muito especial para uma mulher. Isso pode ter gerado angústias muito profundas no seu ser. Será que o marido pensa nisso?

Eu achei a atitude daquele homem tão ou mais emocional que a dela. Onde está o lado racional dele? É racional só para ser frio com ela dentro de casa, mas para compreender os motivos da mulher, não é racional coisa nenhuma?

Se eu fosse essa mulher eu não ia me arrastar aos pés desse homem. Ela deve achar que ele é melhor que ela, mas não é. Ambos erraram, mas ele se protege debaixo de sua figura de macho traído. Muito cômodo para ele! O casamento acaba e ele ainda pode colocar a culpa na mulher!

A mulher está sendo moralmente apedrejada… mas onde está o marido?

Isso me leva a concluir que a maioria dos maridos são omissos, e por causa da sua omissão as mulheres sentem-se vazias, e acabam procurando atenção fora de casa, por culpa deles!

Aliás, porque será que numa hora dessas a maioria dos homens só pensa que as mulheres vão buscar sexo fora de casa, como se fossem taradas, fracas na carne, devassas?

Os homens têm uma fixação em sexo que eu não entendo. Pastor, a maioria dessas mulheres está em busca de amor, de atenção, de afeto, de um sentido para suas vidas, de reconhecimento de seu valor. Isso porque ainda não aprenderam a valorizar a si mesmas, precisam do olhar do homem para reconhecerem se valem algo ou não. Elas acabam indo pra cama porque se envolvem, ou para conseguirem poucos momentos de atenção, mesmo que ilusória ou passageira.  Muitos homens são como lobos devoradores. Só dão amor e atenção se houver o sexo como moeda de barganha. Am mulheres são tolas quando caem nessa armadilha.

Se eu tivesse respondido àquela mulher, eu diria a ela o que você disse, com mais algumas coisas: que ela se perdoasse, parasse de se culpar tanto, tirasse essa nuvem negra de cima dela, pois não errou sozinha; que seu marido também é culpado, pois é tão sisudo que não lhe dá a atenção necessária; que ela pare de chorar, de se ajoelhar aos pés dele, que se respeite, se valorize. Pior do que conversas eróticas no msn é uma vida sexual que melhora depois que o marido descobre tudo isso… Por que será? Ela não serve mais como esposa, mas para o sexo serve? Se ele não a quer, não a queira para nada. Acho que ela nem devia tentar aproximar-se sexualmente dele nesse momento. Devia se respeitar mais. Nada de tentar seduzi-lo, devia deixá-lo ir embora, já que é o que ele quer.

Se houver amor verdadeiro, ele vai conseguir perdoa-la; mais que isso, vai querer perdoá-la; porque ela é o seu amor!

Vai reconhecer seus erros; também vai lhe pedir perdão; pois de alguma forma ele também é culpado de toda essa dor imensa que ela está passando.

Ela não deve temer que ele tenha outras. Isso não quer dizer nada. Ele pode vir a sair com o mundo inteiro, mas se amá-la de verdade, ele voltará. E se não voltar, é porque preferiu o seu ego, a sua honra, ao amor. Então não era amor verdadeiro.

Ela está sofrendo uma dor imensa, mas deve aprender a caminhar sem ele nesse momento, deve aproveitar… essa pode ser uma chance para ela se desenvolver como pessoa. Nenhum homem valoriza uma mulher grudenta e dependente, que chora e implora atenção. No dia que ele voltar, se voltar, ela é que vai se perguntar se ainda vale a pena, depois de tanto ter sofrido por esse homem que não soube corresponder ao seu amor!

Só isso, Pastor. É apenas a minha opinião. Eu escrevi porque essa estória me tocou. Senti muita compaixão por aquela jovem. Se fosse um homem arrependido eu teria a mesma postura acerca dele. Num casamento ambos são responsáveis. Por ação ou omissão, nem que seja por neuroses de ambos.

Queria que ela se desse mais valor, e que começasse se perdoando de todo coração. Porque com certeza Deus já a perdoou!
 
Um grande abraço.
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Resposta:

 

Minha querida amiga: Graça e Paz!

 

Você é a segunda pessoa que me escreve acerca daquela carta falando a mesma coisa. E, de fato, vocês têm toda razão. Quando li a carta tive como primeiro impulso dizer algo acerca da “doença da relação deles”; porém, duas coisas me vieram à alma. A primeira é que ela, no momento, não está pronta para tal enfretamento em razão da confissão de desespero dela. Por essa razão, preferi dar a ela mais tempo para ficar sob o mesmo teto, visto que não existe nada melhor do que a experiência a fim de revelar as coisas para cada um. A segunda é que sei, por ampla experiência, que as pessoas recebem uma primeira resposta com posicionamentos menores que o todo, e, aí, escrevem de volta; em geral dispostas ao enfretamento da verdade.

Por outro lado, não sei se você notou que eu disse que havia muitas coisas aqui no site para serem lidas, e que eu notava que ela ainda não se familiarizara com os conteúdos do site; pois, se os conhecesse, haveria muitas outras coisas em relação ao problema dela, que já estavam respondidas, e que a iluminariam em muitas outras coisas. Ora, com isto eu estava fazendo duas coisas: a primeira era tentar fazer com que ela lesse o site e crescesse em percepção por ela própria; e a segunda é que a poupei de um encontro mais profundo entre ela e outras verdades, em razão da angustia dela; pois, eu também creio que para certas pessoas excessivamente leves, é necessário conhecer a gravidade a fim de dar mais densidade à consciência; e, no caso dela, existe uma certa dose de gravidade acometendo a sua alma no momento, a qual lhe é benéfica no processo de amadurecimento. Isto porque, “razões à parte”, ela não irá a lugar algum se não amadurecer no que diz respeito às conseqüências de seus atos. E, também, na opinião “dirigida a ela”; e também em relação ao que senti sobre ela — tudo tinha e tem como objetivo tratar a questão não como um “juiz” de direitos e deveres entre ela e o marido (ou você não lê o que digo aos homens?), mas apenas como a palavra de alguém que está preocupado com o crescimento humano da pessoa. E, no caso dela, antes do casamento, a situação mais importante, a meu ver, é a necessidade dela sentir a experiência dessa dor. Digo isto como homem que sabe a benção de viver a culpa como luto e o luto como culpa. E também de viver a abençoada dor de haver traído — e não ter fugido da dor do que fiz. E digo “abençoada dor” porque foi por ela que muitas coisas boas ganharam sua concreção dentro de mim. Tais experiências produzem mais rigidez na consciência no que diz respeito a obter o Entendimento. Ora, somente assim alguém pode crescer na vida: em capacidade de mensurar o significado de seus atos.

Ora, este é um lado da questão; e é desse lado que trato na resposta que dei a ela. E repito: a resposta é pessoal; e leva em consideração o que sinto que a pessoa pode suportar. Pois sei que em uma ou duas semanas, no máximo, sempre chega a carta da verdade de volta para mim.

O outro lado da carta, e que você colocou como questões relacionadas ao marido, e, numa generalização, a todos os homens — o que você afirmou em cada pergunta que fez, é o que penso também; posto que para cada questão sua, já havia a pressuposição de uma resposta, com a qual concordo numa generalização. Sim, eu concordo com todas elas; e prova disto é o que digo a cerca dos homens, de como andam, e tudo isto disponível aqui neste site.

Assim, para quem lê o site, duas pressuposições devem estar sempre presentes: a primeira é que, cada vez mais, respondo sempre o básico, pois, se em cada carta eu entrasse outra vez por todas as janelas de questionamentos e situações de problema que eu enxergo (mas que já foram por mim tratadas muitas vezes antes), o site seria de uma repetição insuportável; visto que, o conteúdo que nele existe, nele praticamente já se tratou da maior parte desses temas e questões; daí eu remeter tanto as pessoas para a leitura do site —; a segunda pressuposição é que se eu fosse, em cada carta, dizer tudo o que cada situação descrita enseja, eu não responderia mais a nenhuma carta; pois, o que me salva é saber que posso responder-remetendo a pessoa para o site, no qual ela poderá obter muitas outras percepções, as quais, em geral, acabam por produzir um entendimento novo na pessoa, o que a faz me escrever de volta de modo muito mais consciente.

Do contrário, bastar-me-iam uns cinco temas gerais, e, como decorrência e implicações em relação a eles, eu poderia escrever um site inteiro. Ou seja: se o site; com todo o trabalho que demandou de mim durante três anos de dedicação exclusiva, escrevendo nele até 16 horas por dia; hoje não puder me ajudar a ajudar as pessoas, melhor seria que a ninguém mais eu respondesse; pois, quanto mais respondo, mais me frustro; posto que cada questão, cada vez mais abre um leque imenso de outras, às quais já não posso mais responder pelo fato delas já existirem em fartura como resposta a outros (então mando ler o site).

O problema também é cada pessoa ainda está no nível de dor ou conflito no qual me escreveu, e não posso jamais me esquecer disto. No entanto, sou pacificado pela certeza de que se ele ou ela começarem a ler o site, bem lenta e conscientemente, eles mesmos começarão a enxergar que a arquitetura do problema tem muitas outras configurações.

Na realidade, quem lê as cartas, vê como não tenho nenhum compromisso apenas com as objetividades em questão, mas, sobretudo, com o que sinto ser o estado de alma da pessoa. E como o site existe para dar as informações, tanto as específicas, como as gerais, por meio das quais se pode criar um panorama de entendimento a cerca das mais variadas situações que se interconectem —; fico tranqüilo para responder o que julgo seja mais importante para a pessoa; crendo que a leitura contínua do site a ajudará a amadurecer no entendimento. 

A seguir, colarei uns três textos que retirei dentre dezenas de respostas ou propostas afins, todas do site, no interesse de mostrar a você exemplos do que lhe digo. Mas, sobretudo, elas bem ilustram o fato de que sinto como você e penso como você, no geral.

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1º Texto:


Hoje eu conversava com uma jovem linda e séria em seu caráter e sentimentos. Ela quer encontrar alguém legal e casar para sempre. No meio da conversa eu mencionei como crescia o número de opções femininas por canalhas e cafajestes. Ela então me disse que ainda havia homens legais, mas que o problema é que em geral eles eram muito tímidos, bonzinhos e meio sem visgo, sem charme.

É verdade que não dá para casar apenas com as racionalidades que nos convencem de virtude acerca do pretendente à união. Tem que haver a santa magia do amor, da paixão, do desejo, do enfatuamento, do romance e da admiração encantada.

O problema é que 90% dos homens charmosos e com borogodó, também são muito “galinha”. Assim, a maior parte dos homens interessantes e atraentes, por esse próprio fato, e, também, pela bestial obrigação masculina de enfiar onde lhe oferecem “guarida sexual”, acabam por virar seres inquietos e incapazes de um vínculo só. E como os charmosos são muito percebidos, e como junto com o charme vem o narcisismo e o espírito de garanhão — que nada mais é que um instinto animal dos mais primitivos —, então, no caso dos homens, acaba havendo um perverso processo de retro-alimentação desse estado de “quanto mais gostoso mais amargo para se amar”.

O problema é que o paradigma de charme também mudou na cabeça das mulheres, às quais, pela massiva indução de toda sorte de movimentos e ideologias, associados a uma forte propaganda de estereótipos de charme masculino, e que repetem o modelo do homem sedutor, gostoso, estiloso, gracioso, com boa “pegada”, e que seja bom de papo — é aquilo que justamente remete as mulheres para 90% dos caras que não estão aí pra nada mais sério (dada a abundância de ofertas), ou que têm um problema muito sério com casamento e fidelidade.

E aí? O que fazer?

De fato, para além de toda a massificação de imagens e estereótipos, é também verdade que a maioria dos caras que são sérios, pelo medo de se identificarem com os machos galinácios, acabam por assumir aquela atitude “Nerd” sem sal e sem graça; o que, na melhor das hipóteses, atrai apenas mulheres de igual perfil. O paradoxo é que o Nerd não quer se identificar com o “Dom Juan”, mas também não quer ficar com as meninas Nerds como ele mesmo.

Portanto, para quem acha que há muita mulher mal acompanhada ou sofrendo nas mãos sedutores de canalhas, ao invés de se recolher ao ar de Nerd e com cara de arroz brejeiro, o que deve fazer é desenvolver sua própria postura, com dês-inibição, com charme (que é algo que também se aprende a abrir, visto que todos têm o seu próprio charme, mas que na maioria das vezes fica preso pelo preconceito ou pela inibição); e, sobretudo, desenvolvendo atitude e objetividade, sem esquecer a bravura do espírito romântico.

As mulheres, por sua vez, precisam ver que seus paradigmas de homens e de significados estéticos ou de bossa pessoal, são coisas bastante relativas. O que hoje não é moda, ontem foi. De tal modo que o charmoso de hoje poderia ter sido uma abominação ontem, antes, há pouco tempo atrás.

Ou seja: o curso deste mundo é um moldador de estéticas, de tendências e, por final, de comportamentos; e quanto mais as mídias se tornam instantâneas e independentes, mais tais induções vão crescendo na alma como “arquétipo” a ser buscado como lei de sucesso.

Vide Bruna Surfistinha…

Minha proposta, portanto, é de equilíbrio. Os homens legais têm que deixar a nerdice de lado, pois ela é uma merdice do ponto de vista relacional; e buscarem a normalidade da vida, sem medo e sem fobia estética e de charme. Já as mulheres, precisam rever por que quanto mais “gatos” têm, mais frustradas se sentem; e, com tal analise, verificarem o nível de indução de natureza estética-escravizante à qual se deixaram prender.

Ora, garantido o fato de que esses elementos estão banidos em nós, o resto é deixar a magia santa do encontro seguir o seu curso natural.

Davi talvez seja o exemplo bíblico do homem charmoso e profeta que mais salte aos olhos. E mesmo ele, sob as influencias de seu próprio poder e charme, experimentou o significado de ter poder e ser atraente “para o mal”; visto que ele “pegou” a mulher de Urias, mas ela não parece ter sofrido com o fato nem antes e nem depois, posto que com amor, veio a se tornar sua mulher depois de toda a tragédia.

É também impossível não ver que Jesus era puro charme. Sim, porque charme é graça horizontal, carregada de simpatia, alegria, acolhimento, senso de propriedade e naturalidade em tudo. E ninguém foi mais assim do que Ele.

Estou dando aqui minha opinião sobre este assunto apenas porque vejo tanto desencontro e sofrimento e frustração entre os que tentam encontrar alguém, que decidi deixar aqui essa simples analise, com esse igualmente simples conselho.

A quem interessar, possa!

Sempre, Nele, até quando opino,

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2º Texto:


Os nomes que na Bíblia são postos por Deus ou por Ele trocados — como Jesus também fez com alguns de Seus discípulos —, sempre atribuem significados aos seus possuidores. E isto vem desde o início de tudo.

Por exemplo:
 
Adão – (Hebraico) – Adham, homem de terra vermelha.

Eva – (Hebraico) – Chavva, viver ou vida.

Assim, Adão é terra vermelha, talvez uma alusão ao pó da Mesopotâmia. Se fosse em Brasília ou no Paraná a vermelhidão do chão também chamaria atenção. Porém, Adão é mais do que terra vermelha, ele é matéria simples, é filho de onde pisa. Assim, ele é um ser mais deste mundo de coisas básica e instintuais. Em outra palavras: o homem é mais simples em seu ser; e mais: sua alma tem ligações com os fundamentos, e nem tanto com os tetos abstratos e subjetivos da existência.  

Eva, entretanto, não é terra, ela é viver ou vida. Afinal, ela é bem mais complexa, visto não vir direto do chão, mas do chão-já-feito-humano. E é da costela, do lado do homem feito, que em meio ao sono, ele sonhou com a projeção dela como sua própria alma: ânima.

Então a mulher sai de dentro dele pelas mãos de Deus. E sai de dentro dele mesmo, do mais profundo de seu inconsciente, pois “o Senhor fez cair profundo sono sobre o homem”.

Eva vem muito mais do Inconsciente do que da Costela!

Sem o “profundo sono-sonho” nenhuma Eva jamais apareceria, e jamais, em surgindo, geraria do homem o grito que somente dão aqueles que encontram o que há muito buscavam. “Até que enfim!” Ou: “Esta afinal é…!”

É por esta razão que “a mulher é a glória do homem”, segundo Paulo. Pois se a mulher foi tirado do homem, o homem nasce da mulher; para que haja interdependência.

“Gloria”, todavia, é aquilo que coroa e que aponta para algo superior. Assim, a mulher é a “coroa” do homem. Desse modo, pode-se dizer que a mulher é um ser mais ligado ao que é humanamente superior, enquanto o homem é mais ligado ao que é chão e terra.

É obvio que a antropologia psicológica tem uma boa explicação para tal fato, aludindo aos milênios de experiência do homem como um caçador ou agricultor; tendo, portanto, suas raízes bem vinculadas pela cultura à tudo aquilo que é de natureza prática e pragmática. Ou seja: com a simplicidade da terra. Além disso, enquanto uma mulher só pode ter um filho por ano, um homem, no mesmo período, caso deseje, tem potencial para gerar centenas de filhos; o que dá a ele uma prole genética, mas que não lhe garante evolução emocional e afetiva; a qual, é sempre resultado de alguma forma de vinculo que se ligue ao cuidado de alguém; no caso da mulher: ao filho (a).

A mulher, entretanto, pelas mesmas razões acima mencionadas, é aquela que ficou em casa, que desenvolveu habilidades sutis, e, sobretudo, aplicou sua alma ao discernimento do interior do homem e dos filhos. Assim, a relação da mulher é desde sempre com o viver ou com a vida; e isso tendo na vida o objeto de seu interesse explícito: o marido e os filhos.

A maternidade, por seu turno, coloca a mulher num ambiente no qual, dentro dela, surge um outro ambiente, com o qual ela se relaciona de modo silencioso: o filho no ventre. Além disso, por tal vínculo, cresce nela uma intuição que em muito sobrepuja a do homem, de um modo geral.

Desse modo, pode se dizer que a mulher é, quase sempre, um ser muito mais psíquico do que o homem; o qual é menos intuitivo e mais instintual.

Assim, a bondade da mulher é quase sempre mais profunda que a do homem, visto que a dedicação ao marido e suas coisas, bem como para com os filhos no dia a dia da criação, a põe numa escala de afetividade que raramente os homens conhecem.

Do mesmo modo, caso uma mulher se torne má e perversa, deve-se saber que na mesma medida em que pode ser boa, tornar-se-á mais perversa que a maioria dos homens. Isto porque a bondade e a maldade da ânima feminina são mais profundos e sofisticados do que o ânimus masculino.

Daí os ódios masculinos geraram brigas e desavenças estúpidas e braçais, o que é ridicularizado pelas mulheres. Todavia, quando “calha” de uma mulher se tornar vingativa e maldosa, nenhum homem terá o poder paciente de sua sutil e contínua perseverança na causa do ódio. Além do que, a maioria dos ódios masculinos têm profunda ligação ou com a disputa pela mulher; ou, outras vezes, se alimenta do ódio dela como “honra”.

Ora, digo estas poucas coisas apenas para lembrar que Adão e Eva são nomes de natureza simbólica e que bem expressam as naturezas de seus possuidores.

Paulo diz que o sentimento materno é a salvação da mulher. E é mesmo! Já o Gênesis diz que “o desejo da mulher é para o seu marido”; que foi a inclinação instintual que Deus colocou na alma da mulher a fim de salvá-la também como ser da vida. Do contrário, não teríamos mais a menor chance de traçar uma “genealogia” humana caso as mulheres variassem de parceiros sexuais e de procriação como por milênios fizeram os machos humanos.

Abraão só podia dizer que Isaque era seu filho porque na vida de Sara não houve um Hagar-macho.

Para mim o mais estranho de tudo é a identificação explícita que Jesus faz de Deus com a imagem do Pai.

Honestamente eu já tentei sentir o lado feminino de Deus; mas, para mim, não me foi possível até hoje. Aliás, toda a tentativa que os teólogos da “cultura do politicamente correto” fazem, me soa não apenas tolo, como também não encontra um único eco ou ressonância em minha alma. Até porque todas as supostas qualidades maternas de Deus, as quais aparecem aqui ou ali nas Escrituras, aparecem quase sempre de modo figurativo, enquanto a declaração da paternidade de Deus é chocantemente explicita.

Na minha maneira de ver a sugestão de Paulo em I Coríntios acerca da “interdependência” que há entre homem e mulher, não apenas estabelece o que declara estabelecer; mas, muito além disso, coloca o homem num caminho de desenvolvimento de sua ânima, na busca de encontro com sua mulher-alma-glória.

Resumindo, diríamos que o homem é um ser do chão e de suas praticidades mais simples, enquanto a mulher já nasce com ambições de natureza emocional e afetiva que raramente os homens conseguem compreender; visto que, na maioria dos casos, eles interpretam tal busca e interesse femininos como carência e fraqueza; quando, de fato, significam elevação e evolução humanos. Ora…, isto quando a semente feminina não apodrece; pois, em tal caso, não há homem que possa vencer a persistência do ódio, da amargura ou do espírito de vingança de uma mulher.

Pense nisso! Pois é só para pensar!


Nele, em quem homem e mulher caminham para ser um-sempre, tendo a Cristo como Cabeça de ambos,

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3º Texto: resposta a uma carta


 
—–Original Message—–
From: [email protected]
Sent: terça-feira, 29 de junho de 2004 01:01
To: [email protected]
Subject: O QUE ACONTECE COM AS MULHERES? SÓ QUEREM BAD BOY?

Amado Caio,
 
Sou um jovem na fé, que conheceu a Jesus de verdade há um mês apenas.

Não devia estar perguntando sobre algo tão insignificante diante de tantas dores e sofrimentos que nem sequer podem ser comparados ao meu caso. Mas mesmo assim, Deus me deu força para lhe perguntar, pois, muitos podem estar como eu, e talvez a sua palavra possa ser de alívio não só para mim como para muitos.
 
Amigo, me sinto um homem realizado em vários sentidos da minha vida. Conquistei muitas coisas embora não conhecesse de verdade o principal, Cristo.

Estou começando ainda que tarde a minha caminhada…
 
Caio, a minha vida toda convivi com fracassos sentimentais. Aos 37 anos ainda não me casei e não tive meu tão amado filho, que sonho um dia tê-lo. Conheci várias mulheres, cada qual de uma forma. Amei algumas vezes, 2 ou 3, mas parece que a minha forma de amar está errada.

Não posso ser bom, que o valor que tenho deixa de existir; não posso ser fiel, que não sou valorizado;  não posso ser carinhosos que o sentimento esfria…


Ao contrário, se desprezo, há um amor maior por mim; se não dou muito carinho, se apaixonam; se não sou aquele homem honesto e correto que gosto de ser, cada vez mais me dão amor e carinho e me levam a sério.
 
Ocorre Caio, que me sinto mal sendo assim. Quero amar com liberdade, ser feliz, sem medos, sem pensar antes de fazer um carinho. Porém Caio, tudo o que vejo é que os relacionamentos que mais me fizeram “feliz”, foram aqueles em que eu “tratei mal” a pessoa a quem amava.

Que mundo é esse Caio? O que há de errado comigo? Estou fadado a maltratar para “ser feliz”?
 
Todos os meus relacionamentos são maravilhosos no início, enquanto eu sou o homem que não sou, que despreza, que não é fiel, que não dá muita atenção, que não é carinhoso, que às vezes é ríspido… Ao me tornar amigo, honesto, sincero, fiel, carinhoso, dedicado, perde-se o interesse por mim.
 
Tenho a minha vida pronta para montar a minha família, mas não consigo concretizar meu sonho de amar e ser amado sem barreiras, sem máscaras.

Isso me deixa muito deprimido Caio, e estou a cada dia desanimando em ser feliz no amor, e estou quase partindo para me conformar de que não fui feito para ter uma família alegre e feliz…
 
Um abraço irmão, como aquele que me destes no Café no último dia 23/6.
 
Seu amigo novo na fé,
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Resposta:

Meu querido amigo,

Primeiro quero dizer que nós, homens, estamos comendo de nosso próprio veneno. Tratamos as mulheres muito mal durante toda a nossa existência, e elas resolveram ficar como nós. Agora, quando algum de nós se “converte ao homem”, elas não acreditam, ou se sentem inseguras, ou acham que não é verdade, ou ficam com vergonha das amigas; visto que é o bad boy que está na moda.

A segunda coisa que tenho a dizer é que os homens que querem fazer um outro caminho, conforme o seu sonho—e que é sadio—, acabam indo para o pólo extremo, posto que uma coisa é ser bom, outra é ser “bonzinho”. A recomendação da sabedoria bíblia é não ser nada demais…nem mesmo justo demais…pois, acaba-se destruindo a si mesmo.

A Virtude, num mundo caído, habita o paradoxo. Assim é que Jesus manda “ser simples como as pombas, e prudente como as serpentes”. Bem, é verdade que Ele não disse isto em relação ao vinculo homem-mulher, mas sim com respeito ao nosso encontro com o mundo hostil. No entanto, deve-se admitir que todo encontro — incluindo o namoro — acontece na “cultura” desse mundo hostil.

Desse modo, eu não hesitaria em dizer a você que essa equação — simples como as pombas, e prudente como as serpentes —, é um conteúdo a ser buscado para tudo nesta vida e neste mundo.

Trazendo esse paradoxo (pombas e serpentes) para a vida e no encontro com o sexo oposto (no seu caso, com as mulheres), a implicação é saber que quem é só pomba, é apenas “bonzinho”; e quem é só serpente, é só “desconfiado” demais.

A síntese é que é maravilhosa, pois cria a categoria do Bom!

Ora, o bom é generoso, mas não é bobo; é solidário, mas não é otário; é amigo, mas não mole; é cortês, mas não é freguês; é carinhoso, mas não paparica; é cavalheiro, mas não é “cavalo”; é fino, porém grave; é doce, mas forte; é confiante, mas não é desatento; é amoroso, mas não é manipulável; é homem, mas nunca deixa de ser sensível; é macho, mas é sempre afetuoso.

Isto é ser simples como as pombas e prudente como as serpentes na abordagem, construção, e manutenção de um relacionamento, até que ele se estabeleça sobre as bases de uma consciência adulta de amor.

Mas nunca se precipite nem com os bons sinais. Há de se comer “um bom sal” antes de se saber quem está ao nosso lado. E se há uma coisa para a qual não precisa haver tanta pressa é casamento. Conhecer bem antes, é muito melhor do que desconhecer logo depois…

O que me preocupou na sua carta foi o “papo do filho”, e que é sadio, mas não como motivação para o casamento. Aliás, o casamento bom é que deve deflagrar o sonho de filhos, e não o contrário. Isto embora seja sadio que você, desejando ter filhos, os tenha. Mas esse desejo tem que ser menor do que o de encontrar a sua mulher. Quando se encontra a mulher da gente, os filhos da gente seguem… Seguem até quando a gente os tem sem que tenha sido o fruto do amor maduro, quanto mais quando o é!

Então, não se preocupe. Filhos vêm. O difícil é encontrar aquela que nasceu com potencial de complementariedade para conosco, mas que a gente ainda não sabe quem é, ou onde está.

Ande tranqüilo que você vai encontrar. E se ainda não encontrou, saiba: foi a seu favor.

Nele, em Quem o equilíbrio é Graça,

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Continuando:

Na realidade, respondendo a sua carta, também tentei explicar a você e a todos os que lêem o site, quais são as minhas pressuposições pessoais todas as vezes que respondo uma carta.

Muito obrigado pelas palavras, e, também, pelo maravilhoso ensejo que me deu de, em respondendo a você, pudesse também responder a muitos mais.

Um abraço carinhoso!

 

Nele, em Quem estão todos os tesouros da sabedoria, do conhecimento, do discernimento, e de todas as coisas,

 

Caio