E SE EU FICAR COM O
Querido Pr Caio,
O novo site realmente ficou muito bom, cheio de novas opções…Parabéns a todos.
Sei que como antes ele continuará me abençoando.
Escrevo para lhe fazer uma pergunta e contar uma história.
Antes procurei no site se falou sobre isso em algum lugar e não encontrei. Assim, fiquei mais aliviada em falar desse assunto “de novo” no site.
Há três anos casei cheia de dúvidas, e sem certeza de amar meu marido. O tempo passou e tentei fazer de tudo para Ter um casamento bem sucedido, mas tudo era em vão… As coisas não engrenavam, parecia que eu nunca tinha casado com ele.
Esse ano me envolvi com outra pessoa. De início foi uma amizade profunda e sincera; mas há alguns meses nos envolvemos emocionalmente também, e acabamos nos encontrando fisicamente em três ocasiões.
Segui seus conselhos de me afastar da pessoa em questão para investir no casamento, e tentei muito fazer isso.
Aconselhamentos, orações, depressão, psicólogo, antidepressivos…. Enfim… Tentei tudo.
Ele acabou descobrindo o envolvimento que tinha tido com a outra pessoa, e mesmo assim queria tentar continuar.
Percebi que não conseguiria mais ficar casada com alguém a quem eu não amava; por isso estamos nos divorciando.
A pergunta que lhe faço é se posso me re-envolver com a outra pessoa…
Ele não foi a causa primária do fim do relacionamento. Nunca me senti casada. Mas de todo jeito me envolvi com ele, apesar de estar casada, mesmo que por pouco tempo.
O Senhor abençoaria essa nova relação?
Gostaria de perguntar se é possível ter uma relação-casamento com alguém com quem eu adulterei?
Abraços fraternos meu querido pai-stor.
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Querida amiga,
Sem amor nada aproveitará, com quem quer que seja, e no que quer que seja!
As pessoas estão tão acostumadas a fazer tudo sem amor—trabalham sem amor, vivem sem amor—que acham que é possível viver um casamento sem amor, ou sem alguma forma de amor.
Possível é. Só não é vida.
A humanidade casou e gerou filhos sem amor a maior parte das vezes. Talvez pelo fato do casamento ter sido sempre muito “arranjado” é que as grandes histórias de amor da civilização humana sejam feitas de casos de amor impossível. Tragédias!
Ou seja: o que torna o casamento mais que possível—mesmo desejável!—, é o amor. E, como o casamento na maioria das vezes (durante toda a história humana) foi sempre algo formal, envolvendo vários interesses, muitos deles morais, econômicos e culturais; acabou que o amor se vinculou à impossibilidade; ou seja: à tragédia.
Na hora de casar a gente consulta inconscientemente tantos “bancos de dados” e tantos “bancos de experiências traumáticas” (nossas e dos outros), que, muitas vezes, acaba por não ouvir o próprio coração.
Para mim, sinceramente, o casamento merece todas as considerações de investimento deste mundo quando gerou filhos. No entanto, não tendo gerado filhos, um casamento ruim, a meu ver, deve ser terminado logo, antes que grandes amarguras se criem, e, também, antes que imensas possibilidades de traição aconteçam.
“You have got to be cruel in order to be good!”—diz o ditado ingles.
E quando é que alguém deve ser “cruel a fim de poder ser bom”?
Ora, quando o provérbio diz “cruel”, ele não fala de fazer maldade com ninguém, mas apenas expressa o que Jesus disse a Judas: “O que tens de fazer, faze-o depressa”. Ou seja: “Já que vais fazer, que faças logo!”
Portanto, alguém tem que ser cruel a fim de ser bom quando o que será feito já está feito; assim, deve ser feito logo, para que não seja um “tratamento de canal sem anestesia”. Quanto mais rápido, melhor… Ou: menos ruim.
Sobre sua questão, leia II Samuel 12: 24, que diz que “após” tudo o que aconteceu de ruim—o adultério de Davi e Bate-seba; a morte de Urias; o visita do profeta Nata; e a repreensão divina—, Davi perfumou-se, comeu, bebeu, levantou-se, e foi consolar a Bate-seba—que tinha acabado de sepultar o filho que nascera do “caso”—; e diz que ele a amou, a consolou, a confortou, e que ela dele ficou grávida, vindo a lhe dar um filho, chamado Salomão, e a quem “Deus amou”.
Creio que essa simples leitura já a ajudará a discernir o entendimento da misericórdia de Deus sobre essa questão—sendo que aquela, a de Davi, é carregada de gravidades infinitamente maiores que a sua ou da maioria.
Na realidade, minha querida, de acordo com o Salmo 32—que se faz repetir por Paulo em Romanos—, pecado é o que “Deus imputa” aos homens. Portanto, é possível que mesmo casado um homem se torne abominável a Deus se o seu casamento for feito de perversidade, maldade, frieza, tortura psicológica, tirania, abuso, etc… isso sem que nunca tenha havido traição ou adultério.
Mas vá com calma. Você está muito apressada.
E mais: em geral essas pessoas que entram na vida de alguém que está num processo ruim no casamento—e estou falando de vínculos como o seu: sem história e sem profundidade com o seu amigo—; essa tal pessoa acaba sendo apenas o elemento catalizador dos problemas já existentes; daí, em geral, esses vínculos súbitos não perdurarem depois que a pessoa se separa. Ou seja: nessa hora muita gente se apaixona pela vontade de se apaixonar, e não ama de fato a pessoa em questão. Por essa razão, a maioria não fica junto depois que o casamento (s) que impedia a relação vem a terminar. Com isto não digo que todos os vínculos que começaram antes de uma separação não perduraram porque não houvesse amor, mas sim porque, muitas vezes, esses relacionamentos ficam carregados de cargas muito pesadas dos outros—familiares, amigos, parentes, “exs”, etc…—; e de tal modo, que não encontram ambiente favorável para o estabelecimento do vínculo, e, assim, separam-se em dor. Mas a maioria não é assim. Na realidade os vínculos que acontecem durante um casamento (e paralelo a ele), tendem a ser paixões pela paixão; e desejos pelo desejo; e, por essa razão, acabam apenas por separar os que já estavam separados, sem conseguir unir os que antes diziam se querer.
Pense no que lhe disse, e seja calma.
Nele, que quer tudo o que é bom para nós,
Caio