Estou Abrasado!

—–Original Message—– From: Rapaz Desejoso! Sent: segunda-feira, 4 de agosto de 2003 To: [email protected] Subject: Estou Abrasado! Mensagem: Caro Caio, Tenho 25 anos, e estou começando a conhecer você agora, pois, estou lendo “Confissões do Pastor”; e sua história está me impactando muito. Creio em Jesus desde os cinco anos, mas só tive experiências de andar no Espírito em 98. O problema é que, desde a adolescência, tenho problemas com masturbação. Algumas poucas vezes consegui abstinência por dias, mas depois eu não consigo me segurar. Apesar da idade, sou virgem, namoro há dois anos e, em pouco tempo pretendo me casar…talvez em uns dois anos. Apesar de algumas intimidades que experimentamos, não transamos nem fizemos sexo oral ou coisa assim… Freqüentemente me arrependo e me reconcilio com Deus, com o propósito de parar de vez, mas sempre caio de novo. Fico numa gangorra espiritual torturante, e acabo achando que, como diz Paulo, só casando. O problema é que não quero esperar até lá… Sei que você pode me ajudar, pois não conheço nenhum pastor que reconhece ter tido as experiências que vc teve, superando tudo. Já conversei com pastor da minha igreja, mas ele é solteiro e, acho, um pouco inexperiente, pois, sua opinião foi dúbia e quase a favor da masturbação… Aguardo seriamente sua resposta. Deus continue abençoando você e sua família! ****************************************** Resposta: Querido amigo : Paz! Você falou de casar ou viver abrasado. O perigo maior é esse. Muitos jovens cristãos casam-se para resolver um “problema”, e acabam criando um outro muito pior: um casamento A primeira coisa, portanto, é nunca casar porque se está abrasado, mas apaixonado e com certeza de amor…e não se espera que essa “certeza” seja nada além do amor. O que está acontecendo com você, é mais que natural. Um homem de 25 anos “está a perigo” desde há muito tempo. É claro! Negar sua natureza humana e seus desejos, não ajuda. É preciso ser honesto com a nossa condição humana a fim de que se aprenda a ser honesto com Deus. A maioria das pessoas que eu conheço já estaria “subindo as paredes”. E nesse sentido, eu não poderia ser hipócrita dando-lhe um conselho que eu, e 90% dos seres humanos normais, não conseguiriam praticar. Não sou fariseu. Jamais poria sobre você um peso que eu nem com um dedinho conseguiria tocar. Ou seja: estou dizendo que “eu”–ninguém mais precisa se unir a mim em tal confissão–jamais conseguiria, aos 25 anos, praticar abstinência sexual. Só se fosse obra do Espírito; e, se fosse, não haveria nem este e-mail e, muito menos, o seu conflito. Dizer o que você deve fazer, não creio que seja o meu papel. Mas posso lhe dizer uma coisa: Considerando a sua situação, pensar que você hoje estaria se sentindo diferente, seria impossível, a menos que você fosse assexuado, e, nesse caso, melhor seria nem casar. Namoro ou noivado sem desejo, não gera um casamento satisfatório. Só para os assexuados! Portanto, você deve saber o que você quer, e, então, decidir. E não estou deixando vago por falta do que dizer a você. Posso apenas dizer a você que o que lhe está acontecendo não é nada que não seja natural. A única coisa não normal, considerando a sua idade, é a masturbação. Escandalizado? Bem, na minha experiência, o que vejo é que seres que se acostumam à masturbação desenvolvem um certo infantilismo sexual—sem falar que abre um caminho de duas possíveis vias: ejaculação precoce; e satisfação virtual e fantasiosa. A masturbação é a mãe dos fetiches sexuais! Essas duas coisas—ejaculação precoce e satisfação virtual e fantasiosa—,eu observo acontecendo toda hora como resultado da masturbação adulta masculina. Além do que, a masturbação constrói um ser idealizado para transar no espaço virtual da imaginação, que nem sempre corresponde a nenhuma pessoa real. Daí vêm as piores frustrações pós-casamento! Estou falando a verdade que é compatível com a normalidade da condição humana, e todos os que estão vivos, e são sinceros, sabem que o ideal não é a verdade num mundo caído. Vivemos nas condições de nossa própria existência. E não cheguei até aqui para falsificar os fatos esmagadores de nossa própria realidade humana. Sugiro que você e sua noiva conversem sobre o assunto e depois me escrevam. Sexo sem responsabilidade sempre banaliza qualquer vínculo. Sexo sem amor sempre dissolve o ser do praticante e tira dele a benção de uma prazer focado, que só é filho do amor. Sexo sem desejo é uma tirania maligna, acaba gerando promiscuidade ou amortecimento sexual. Sexo com amor, é verdadeiro casamento. Sexo por medo de perder “o outro” caso não pratique— e isto acontece com muitos que “praticam” por mera insegurança—, gera um ser inafetivo e fraco, com incertezas eternas e ciúmes sem cura. Até aqui eu posso ir. O mais, sinceramente, você terá que escolher por você mesmo, e com a consciência em paz. A fé é sua. O que não provém de fé, é pecado. E eu não ousaria ir além do que está estabelecido pela verdade de Deus no coração de cada um. Um faz distinção entre dia e dia. Outro considera iguais todos os dias. Cada um discirna por si mesmo. Tentar diferente é imbecilizar a alma dos irmãos e oferecer-se para ser um “aio”, tomando a criança pela mão e levando-a pelo caminho. Espero que vocês conversem, e, juntos, me escrevam. Que Deus os abençoe e guarde; e que Ele mesmo lhe dê o discernimento do que seja saudável para a alma. Um beijão, Caio