ESTOU APAIXONADA PELA MINHA AMIGA CASADA

—–Original Message—– From: Estou apaixonada pela minha amiga casada Sent: segunda-feira, 6 de outubro de 2003 To: [email protected] Subject: Lésbicas? Mensagem: Meu amado pastor, Sou crente em Jesus desde ao meu nascimento. Aprendi desde pequena e de uma forma bem ortodoxa sobre a Lei de Deus. Cresci, cheia de dúvidas e perguntas a respeito de muitas questões doutrinárias, e sou capaz de recitá-las com a maior facilidade. Só que muitas delas não condizem com a minha consciência, apesar de ensinar na Escola Dominical e falar de forma veemente e empolgada. Como és um homem extremamente preparado e sábio, já deve ter pelo menos desconfiado que este e-mail vem de uma crente pentecostal problemática, e cheia de questões freudianas. Mas, eu não me sentiria à vontade pra me aconselhar com nenhum outro pastor do meu conhecimento como faço agora com o senhor. Isto porque, infelizmente, muitos ministros do evangelho não têm ética, e parece que sentem um imenso prazer em relatar sobre as confissões de suas ovelhas que os procuram cheias de vergonha, angústia, medo ou com qualquer outra coisa do gênero. Na verdade, toda essa introdução é pra confessar algo que tem me consumido há pelo menos há três meses. Sou uma pessoa extremamente apaixonada por gente, me envolvo profundamente com elas, tenho muitos amigos, adoro estar em comunhão com os meus irmãos, e principalmente não dispenso uma boa conversa; respeito muito os seres humanos, principalmente no que tange a sua humanidade e todas as implicações disso; como saber de suas fraquezas, desejos, anseios, medos, etc. Assim que terminei a faculdade no Rio, resolvi ir morar no interior do Brasil, numa cidadezinha muito pacata, cheia de pessoas apaixonantes. Assim, fui congregar numa igreja maravilhosa, com irmãos adoravelmente simpáticos, muito receptivos e carinhosos. Uma verdadeira benção. Tive oportunidade de desenvolver meus talentos e dons nesta igreja de uma forma jamais imaginada por mim. Como a igreja era muito carente de pessoas preparadas pra o ministério de ensino, eu como sempre fui estudiosa e apaixonada pela Bíblia, decidi aceitar o convite do pastor da igreja para auxiliá-lo no departamento de ensino o que rendeu muitos frutos. Mas, o que eu não contava, me aconteceu. Uma onda de paixões alastrou-se na igreja por mim. Dos adolescentes a até mesmo a mais triste e dolorosa paixão de uma grande amiga e irmã muito ativa na igreja. Todos se apaixonaram pela minha pessoa. No caso dessa irmã, trata-se de uma mulher muito bonita, simpática, alegre, bem-humorada, inteligente, prestativa e muito carente afetivamente também. Eu me apeguei a ela pra valer. Sou amiga de toda a familia dela, dos filhos, uma amizade como a de Davi e Jônatas.(ligação de alma) Ela tem 44 anos, casada, mãe de três filhas. Sou professora de literatura, tenho 32 anos, sou solteira circunstancialmente, e não por escolha. Na verdade essa irmã tornou-se a minha melhor, e amiga a mais íntima. Comigo ela se abria, pra falar de suas frustrações, infelicidade, e o que mais a fazia sofrer é que desde a lua-de-mel, nunca teve uma vida sexual ativa e bacana com o marido. Ele, desde jovem, sofria de impotência sexual; e nunca admitiu que precisava de tratamento. E ela, como uma mulher saudável, não podia sequer falar dos seus desejos sexuais. Então passou a reprimi-los dos 20 até agora aos 44 anos. Bem, descobriu-se depois de 10 anos de casamento, que o marido tinha um tumor muito raro. Não o matou, mas foi mais uma bomba na cabeça dela. Como boas amigas, ela normalmente não me escondia mais nada de sua vida. E eu sempre muito atenciosa, amável,…sou assim naturalmente com todas as pessoas…acho que exagerei na dose; e com isso foi nascendo dentro dela uma grande atração, fascínio, amor, paixão dela por mim, e de forma recíproca. Eu também fui ficando cada vez mais fascinada por ela também, e um amor muito profundo acabou nascendo entre nós. Mas, que abruptamente e sorrateiramente virou uma imensa paixão, incontrolável, e um desejo grande de querer ficarmos sempre juntas. Quando ela criou coragem e me contou, confesso que fiquei muito chocada e assustada, porque eu também sentia as mesmas coisas; só que fiquei em silêncio; afinal, aquele amor era impossível por todas as razões já conhecidas. Mas, quando eu via seu olhos tristes e súplices me olhando, eu não tive a menor reação de desprezo, ou rejeição. Simplesmente eu amei ouvir tudo aquilo. Isso para o meu desespero, porque hoje estamos profundamente envolvidas. Eu me mudei de cidade, mas não fico um dia sem falar com ela pela internet. Eu não sei, e não consigo, e acho que no fundo eu também não quero deixar de ouvir as coisas bonitas que ela me fala. O que me desespera é que eu não sinto culpa por amá-la; e às vezes acho que Deus até permitiu toda essa história porque ela nunca foi feliz sexualmente; eu até poderia fazê-la feliz, nem que fosse por uma vez apenas… Acho que estou maluca, e me tornando uma herege. Por favor, pastor me ajude. Estou mergulhada num mar de confusões mentais, acho que estou doente na alma. Tudo o que eu aprendi e ensinei da Bíblia parece que fugiu da minha mente. Tenho outra concepção a respeito do amor. Depois disto, começo a achar que o amor não tem gênero. Mas, eu nunca desejei ou olhei pra mulher alguma. Eu não sinto e nunca senti atração por mulher alguma. É a minha primeira paixão homossexual e dela também. Meu Deus! Pastor, será que você pode me ajudar? Eu sei que o cristianismo não permite o amor entre duas pessoas do mesmo sexo. Mas por que? Será que não tem solução pra nós? Estamos longe, separadas, mas o sentimento que temos uma pela outra é forte, intenso e muito bom. Será que fui vitima da vaidade? Ou foi a história dela que me comoveu? Ou somos lésbicas mesmo? Ou porque somos no fundo duas pessoas carentes e problemáticas? Sabe o que é mais terrível, não sinto culpa. Ou é apenas um mecanismo mental de minimizar a dor imposta pela realidade? ou alienação consciente pra não enxergar o erro? Mas no fundo sei que estou cometendo pecado. Será que um dia ficarei livre de tudo isso? Se Jesus voltasse agora eu e a minha amiga não subiríamos com Ele? Estou muito confusa e precisando de ajuda. Tenho muito medo que a nossa história que até então é mantida em segredo, venha a público. Eu na verdade sinto medo dos homens e não de Deus.Porque sei que Ele é amor.Mas, também tenho dificuldade em compreender o amor de Deus. Estou muito encrencada mesmo!!! ___________________________________________________________________ Resposta: Minha querida amiga em Cristo: Amor e Graça sobre você! Primeiramente gostaria de dizer que sua Carta parece escrita por duas pessoas diferentes. Há uma mulher lúcida, e também uma que pergunta: será que se Jesus voltar eu vou ficar? Mas levando em consideração apenas o que você perguntou, ái vai minha resposta. O texto de I Samuel 18 fala da possibilidade do amor genuíno entre sexos iguais. E fala acerca disso sem “constrangimento”. E por quê? Ora, é que a Bíblia não é freudiana, a religião judaico-cristã sim! “Freudianos” são os problemas acerca dos quais a Bíblia, muitas vezes, trata. Mas ela não coloca o amor como problema, mas como solução. Você disse que acha que o Amor não tem gênero. É claro que não tem. Amor, em sua forma sublime, não tem gênero; e é justamente por essa razão também que não tem no sexo um problema e nem uma questão. Essa é a razão do texto de Samuel ser tão liberto. Leia o texto de Samuel: Ora, acabando Davi de falar com Saul, a alma de Jônatas ligou-se com a alma de Davi; e Jônatas o amou como à sua própria alma. E desde aquele dia Saul o reteve, não lhe permitindo voltar para a casa de seu pai. Então Jônatas fez um pacto com Davi, porque o amava como à sua própria vida. E Jônatas se despojou da capa que vestia, e a deu a Davi, como também a sua armadura, e até mesmo a sua espada, o seu arco e o seu cinto. A palavra hebraica “ligou-se” corresponde a cicatrização de duas bandas de uma carne, que antes estavam rasgadas, mas que agora fizeram sua própria união pela “natureza”. De fato, a palavra original é “aglutinou-se”. Note, no entanto, que foi a alma de Jônatas que se ligou a de Davi. Davi o amou de modo “correspondente”, mas não se pode dizer que o que aconteceu a Davi foi exatamente a mesma coisa que aconteceu a Jônatas. Jônatas o amava como à sua própria alma—diz o texto. Ora, Jônatas via em Davi tudo o que ele, Jônatas, poderia esperar de bom num homem. Assim, Davi entra na alma de Jônatas como uma idealização dele, Jônatas, acerca da figura de um homem que, naquele caso, diferia da imagem que ele mesmo tinha do próprio pai, Saul. Davi e Jônatas tiveram um caso. Mas não um caso de “homossexualismo”, como desejam alguns. Foi um caso de amor. Amor entre dois machos. Entre dois homens. Ora, nesse sentido, eu tenho casos de amor com amigos que eu amo. E, muitos deles me amam como às suas próprias almas. Sou gay? Sinceramente nunca fui e nem tive o menor desejo de saber como é ser gay, nem nos meus dias de maior loucura e permissividade, na juventude. Ora, é justamente porque eu estou tão certo de quem sou e do que gosto e desejo, que posso amar e ser amado por outros homens sem susto e sem medo. O que rola é amor, é respeito, é afinidade, é dignidade, é confiança, é masculinidade elevada ao nível da alma e do espírito. Ora, quando você sabe quem você é, você não teme o outro. Não o teme como adversário, e muito menos como sedutor. Foi por esta razão que o texto diz: E Jônatas se despojou da capa que vestia, e a deu a Davi, como também a sua armadura, e até mesmo a sua espada, o seu arco e o seu cinto. Jonatas não desejava a Davi. Ele amava a Davi. E a prova disso é que ele se entrega como macho a outro macho. Toma de suas armas, vestimentas e proteções, e as dá a ele. Ele não se dá como homem a Davi. Ele dá aquilo que um homem usa contra outro homem àquele que ele sabe que jamais será uma ameaça a ele. Assim foi o caso de amor dele. Um amor entre homens, entre machos. E, justamente por isso, foi tão aberto e claro. Somente mentes freudianizadas pela neurose sexual é que vêem sexo naquele encontro. Eu só vejo alma, masculinidade, macheza, e coragem de ser—sem reservas e sem sombras! O amor de ambos sobreviveu a tudo. Distanciaram-se pelas circunstancias, mas nunca se separaram. Viveram vidas longe da vista um do outro, porém sob o olhar um do outro. Jônatas conseguiu amar a Davi sem trair o próprio pai, que o odiava. E tal foi sua sinceridade de amor para com Davi e de lealdade para com o pai, Saul, que viveu longe de seu amigo-amor, e morreu ao lado de seu pai-dissabor. Leia: Depois da morte de Saul, tendo Davi voltado da derrota dos amalequitas e estando há dois dias em Ziclague, ao terceiro dia veio um homem do arraial de Saul, com as vestes rasgadas e a cabeça coberta de terra; e, chegando ele a Davi, prostrou-se em terra e lhe fez reverência. Perguntou-lhe Davi: Donde vens? Ele lhe respondeu: Escapei do arraial de Israel. Davi ainda lhe indagou: Como foi lá isso? Dize-mo. Ao que ele lhe respondeu: O povo fugiu da batalha, e muitos do povo caíram, e morreram; também Saul e Jônatas, seu filho, foram mortos. Perguntou Davi ao jovem que lhe trazia as novas: Como sabes que Saul e Jônatas, seu filho, são mortos? Então disse o moço que lhe dava a notícia: Achava-me por acaso no monte Gilboa, e eis que Saul se encostava sobre a sua lança; os carros e os cavaleiros apertavam com ele. Nisso, olhando ele para trás, viu-me e me chamou; e eu disse: Eis-me aqui. Ao que ele me perguntou: Quem és tu? E eu lhe respondi: Sou amalequita. Então ele me disse: Chega-te a mim, e mata-me, porque uma vertigem se apoderou de mim, e toda a minha vida está ainda em mim. Cheguei-me, pois, a ele, e o matei, porque bem sabia eu que ele não viveria depois de ter caído; e tomei a coroa que ele tinha na cabeça, e o bracelete que trazia no braço, e os trouxe aqui a meu senhor. Então pegou Davi nas suas vestes e as rasgou; e assim fizeram também todos os homens que estavam com ele; e prantearam, e choraram, e jejuaram até a tarde por Saul, e por Jônatas, seu filho, e pelo povo do Senhor, e pela casa de Israel, porque tinham caída à espada. Perguntou então Davi ao jovem que lhe trouxera a nova: Donde és tu? Respondeu ele: Sou filho de um peregrino amalequita. Davi ainda lhe perguntou: Como não temeste estender a mão para matares o ungido do Senhor? Então Davi, chamando um dos seus jovens, disse-lhe: chega-te, e lança-te sobre ele. E o jovem o feriu, de sorte que morreu. Pois Davi lhe dissera: O teu sangue seja sobre a tua cabeça, porque a tua própria boca testificou contra ti, dizendo: Eu matei o ungido do Senhor. Lamentou Davi a Saul e a Jônatas, seu filho, com esta lamentação, mandando que fosse ensinada aos filhos de Judá: Tua glória, ó Israel, foi morta sobre os teus altos! Como caíram os valorosos! Não o noticieis em Gate, nem o publiqueis nas ruas de Asquelom; para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para que não exultem as filhas dos incircuncisos. Vós, montes de Gilboa, nem orvalho, nem chuva caia sobre, vós, ó campos de morte; pois ali desprezivelmente foi arrojado o escudo dos valorosos, o escudo de Saul, ungido com óleo. Do sangue dos feridos, da gordura dos valorosos, nunca recuou o arco de Jônatas, nem voltou vazia a espada de Saul. Saul e Jônatas, tão queridos e amáveis na sua vida, também na sua morte não se separaram; eram mais ligeiros do que as águias, mais fortes do que os leões. Vós, filhas de Israel, chorai por Saul, que vos vestia deliciosamente de escarlata, que vos punha sobre os vestidos adornos de ouro. Como caíram os valorosos no meio da peleja! Angustiado estou por ti, meu irmão Jônatas; muito querido me eras! Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres! Como caíram os valorosos, e pereceram as armas de guerra! Ao contrário do que se imagina, na poesia acima não há uma declaração homossexual de amor, porém uma expressão de amor supra-sexual: Maravilhoso me era o teu amor, ultrapassando o amor de mulheres! Todos nós sabemos que o “negócio” de Davi eram as mulheres! Parte de sua “história” passa por esse seu interesse inescusável. Daí ele poder dizer que “aquele amor altrapassara o de mulheres”. Quando um homem gosta sexualmente de outro homem esse amor não ultrapassa o amor de mulheres. Ao contrário, igualasse àquilo que um homem que gosta de mulheres sente por elas. Isto porque um ser humano que fez uma escolha ou tem uma inclinação homossexual ama um outro homem assim como um homem ama uma mulher. Portanto, não há o que ultrapassar. Há, sim, o que igualar. Bem, então você me pergunta: o que isso tem a ver com meu “caso de amor”? Ora, na minha opinião, tem tudo a ver. Você é uma menina que gosta de gente, que desperta paixões-relacionais de todos os tipos, e não falou de ter namorado nenhuma vez na vida. Isto eu achei muito estranho! Já a sua amiga é uma mulher carente, mal casada, sexualmente irrealizada, louca para conhecer um sentimento de ternura, e que encontrou em você a única pessoa para quem ela pôde entregar “a capa que vestia, a armadura, e até mesmo a sua espada, o seu arco e o seu cinto”. Numa linguagem feminina seria assim: ela deu a calcinha, o sutiã, as pinturas e mostrou a você toda a carência interior. E amou você como a própria alma dela. E teve em você “correspondência”. O problema é que a gente vive num mundo sexualmente obcecado, e numa “igreja” tarada. Então, até aquilo que não é, não sendo comum, passa a ser algo mal. E na seqüência das “associações”, surge logo o elemento “sexual” a fim de explicar a “atração”. Ora, você mesma disse que “atrações” você desperta em todos, até nas velhinhas da igreja. Uma viúva sentiria o desejo de tê-la como filha. Um velho sentiria a atração de tê-la como neta. Homens, possivelmente, desejariam “conhecer” você como mulher. E assim vai… Sua amiga apenas misturou as coisas. Se no meio cristão houvesse a liberdade para uma crente mal casada do interior ficar amiga de um homem, certamente, à esta altura, eles já estariam tendo uma caso, mesmo que não se amassem. Todavia, o nível de “fixação sexual” é tão grande que qualquer intimidade tem que virar sexual. Ou seja: existe a tirania do amor se expressar sexualmente para todos os lados! No entanto, eu vejo em você uma coisa a ser resolvida. De fato, você parece ter um imenso prazer nesse “harém de relações platônicas”. Daí você dizer com tanta insistência que todos se apaixonam por você, ao mesmo tempo em que você se diz circunstancialmente solteira, não por opção. Qual é a circunstância? O harém relacional e platônico? É isso que impede a opção? Estará você casada com toda a fascinação que desperta nos outros? Será que você substitui sua falta de resolução sexual pela diluição disso no “harém fraterno?” Se for assim, devo dizer que conheço muita gente como você, especialmente nos ambientes “religiosos”. Gente que ama a poligamia fraterna, e se nutre de manter um harém de amores e paixões alegres e platônicas a fim de evitar encarar a si mesma. Ora, esse é o outro pólo da obsessão sexual. Há aqueles que só pensam “naquilo”. E há aqueles que nunca pensam “naquilo” simplesmente porque “aquilo” virou tudo—ou seja: dissolveu-se como “sexo” e espalhou-se como “sexualidade permeadora” de todas as relações. Se eu tivesse que abrir o jogo, diria mais duas coisas: 1. Esse seu desejo de fazer sua amiga feliz “pelo menos” uma vez, fala de duas coisas, pelo menos: a) de você mesma, de sua vontade de conhecer a sim mesma–nesse caso pode ser que você é que não queira admitir sua inclinação homossexual, e esteja “usando” a carência de sua amiga como álibi; b) de seu senso de “messianidade psicológica”: essa sensação de poder fazer a felicidade dos outros, o que é doença também. Para mim essa é a coisa mais grave que está “rolando” aí. 2. Vocês duas estão precisando conhecer dois homens de verdade. Pelo menos esse é o caso de sua amiga. Vejo nela não um caso de lesbianismo, mas apenas de “pudor evangélico”, que também se manifesta com ares de pureza platônica, mas esconde pulsões mais básicas. Você não falou em momento algum se “conheceu” um homem. Daí eu dizer “vocês”, mas só você pode responder se esse é o seu caso. De fato eu acho que sua amiga está mais perto de saber o que ela quer do que você. Ela tem a vida que tem. Ou seja: ela tem todas as razões para desejar alguma forma de amor. E, certamente, você deu a ela essa compensação. Você, no entanto, está “transferindo” para a carência dela, a sua própria irresolução sexual. E não se engane com a idéia de que poderia ser uma “única vez”, e apenas para o bem da outra. Normalmente, seres humanos com tendência homossexual ficam sabendo que são assim desde sempre. Lutam com o conflito a vida toda. Sofrem aquela dor o tempo todo. Quando o desejo chega assim como chegou a vocês duas, em geral não é homossexualismo, é carência mesmo! Digo: esse deve ser o caso dela. Você não pode falar e interpretar por vocês duas. Se sua amiga tivesse seu próprio homem, provavelmente a amizade vocês seria a coisa mais linda do mundo, e vocês nunca teriam tais desejos passando pela cabeça. Coloque um monte de machos dentro de uma “cadeia” e depois de um tempo muitos deles vão estar desejando uns aos outros. E, nesse sentido, muitas vezes, as “cadeias” psicológicas fabricam desejos que jamais estariam presentes se as pessoas estivessem “livres”. Portanto, em minha opinião, vocês estão sofrendo a “síndrome das cadeias”, onde mesmo quem não se ama, passa a se desejar—no caso de você é o inverso: quem apenas se ama, passou a se desejar! Como sugestão digo o seguinte: Parem com a masturbação telefônica ou internetiana. Ela apenas tornará vocês mais adoecidas, fantasiosas, e idealizadoras de imagens que não necessariamente correspondem à realidade de nenhuma de vocês–ou, pelo menos, de sua amiga. De uma coisa eu sei: sua amiga precisa de um homem. E você precisa saber se é de homem que você gosta. Mas não a traga para dentro de sua própria irresolução. Nesse caso, ela é a carente. Você é a sedutora. Mesmo que tudo isso aconteça sob o signo do amor. Tenho ainda mais duas coisinhas a dizer: 1. Você começou falando de sua fé como Lei de Deus. Ora, quanto mais Lei você puser nisso, pior será. A Lei que nos salva das compulsões é a Lei da Graça. Portanto, relaxe. E leia um monte de coisas neste site que poderão ajudar você a entender isto melhor. 2. Responda às suas próprias perguntas com honestidade e você encontrará muitas respostas para você mesma. Lembra delas? _____________________________________________________________________ Será que fui vitima da vaidade? Resposta: Pode ser vaidade de ser “sedutora”. Ou foi a história dela que me comoveu? Resposta: Pode ter sido a “história” dela que deu a você a coragem de pensar em sua própria “situação” interior. Ou somos lésbicas mesmo? Resposta: Responda apenas por você! Ou será por que somos no fundo duas pessoas carentes e problemáticas? Resposta: Claro que são! Sabe o que é mais terrível, não sinto culpa! Ou é apenas um mecanismo mental de minimizar a dor imposta pela realidade? ou alienação consciente pra não enxergar o erro? Resposta: Quem faz a pergunta, quase sempre sabe a “resposta”. Mas no fundo sei que estou cometendo pecado. Será que um dia ficarei livre de tudo isso? Resposta: Depende. Diga a você mesma a quanto tempo você sofre disso ou foge disso! Se Jesus voltasse agora eu e a minha amiga não subiríamos com Ele? Resposta: Jesus sabe se você o conhece! _____________________________________________________________________ Bem, as respostas são as suas perguntas, com exceção de duas coisas: 1. Se você conhece a Jesus Ele não deixará você. 2. Você disse que sabe que é “pecado”. No seu caso, eu acho que é medo de não se encarar. Chegou a hora da verdade. O maior pecado é fugir da verdade, detê-la contra nós mesmos. A figueira sem fruto só foi amaldiçoada porque não dava fruto mais se apresentava cheia de folhas. Gostaria apenas que você me explicasse por que você é uma solteira circunstancial, e não por opção. Talvez aí esteja uma boa questão para ajudar você. Conte comigo para tudo. Mantenha-me informado. E não entenda as minhas palavras se não como amor! Nele, Caio 2003